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Metodologia Científica

4.4 Avaliação da Metodologia

Após concluído o processo de recolha de dados, torna-se necessário analisar o método utilizado, no intuito de detectar os pontos fortes e fracos da metodologia adoptada no decorrer deste estudo. A análise do método tem também por objectivo julgar se a metodologia aplicada foi adequada para a consecução dos objectivos propostos.

Ao iniciar o processo de investigação foi detectado que apenas o uso de informações secundária não seria suficiente para realizar a análise proposta – do planeamento turístico do Pólo da Chapada Diamantina, visto que não existem documentos que comprovem a realidade do planeamento turístico da região estudada.

No entanto, foi visto na secção 4.3.6, que alguns autores defendem que a entrevista é o instrumento de recolha de dados ideal quando se tem necessidade de obter dados que não podem ser encontrados em registos e fontes documentais. Sendo assim, neste caso, a utilização da entrevista com os secretários de turismo dos municípios seleccionados na

amostra, como forma de levantamento de informação primária para complementar as informações obtidas com a pesquisa documental de fontes secundárias, foi considerada adequada.

Foi detectado também, após encerrar o processo de recolha de informações, alguma desproporção entre a fase empírica e a fase teórica desta dissertação. A parte empírica encontra-se substancialmente maior que a parte teórica devido a necessidade de realizar a análise do planeamento turístico brasileiro em três níveis – nacional, regional e local, correspondido no Brasil, respectivamente, ao federal, estadual e municipal. A necessidade dessa extensa análise decorre da cadeia de planeamento estratégico brasileiro, na qual o Ministério do Turismo traça as directrizes ao nível nacional que devem ser seguidas pelos níveis regionais e locais. Assim, a parte empírica desta dissertação foi dividida em dois momentos distintos: a primeira parte de pesquisa e analise documental (informação secundária) a respeito dos principais planos e programas nacionais de turismo (ao nível nacional e estadual); e a segunda parte da realização de entrevistas com os responsáveis pelo desenvolvimento do turismo ao nível local (informação primária), de forma a complementar as informações adquiridas. A pesquisa documental realizada na primeira fase da parte empírica, teve como objectivo levantar e analisar os principais programas e projectos de planeamento turístico do Brasil. Para isto foram analisados, além dos dois últimos Planos Nacionais de Turismo, o Prodetur, o PRT, o Programa “Brasil, Meu Negocio é Turismo” e o já extinto PNMT. Esta análise teve como base de informações os sites oficiais do Ministério do Turismo, as deliberações do Ministério e sites de parceiros (como por exemplo o Banco do Nordeste do Brasil no estudo do Prodetur). Os objectivos desta fase da pesquisa foram levantar os pontos fortes e fracos dos programas ou projectos nacionais seleccionados, além de conhecer as suas directrizes para o planeamento e desenvolvimento do turismo ao nível local.

Em seguida, de forma complementar a primeira fase da parte empírica, foi realizada uma pesquisa e análise em âmbito regional sobre os mesmos programas e projectos já analisados ao nível nacional. Esta pesquisa foi realizada através de busca documental realizada tanto na Internet como em documentos oficiais e entrevistas com pessoas responsáveis pela implantação e execução dos mesmos ao nível estadual. O objectivo

desta fase da pesquisa foi averiguar quais as acções propostas pelo planeamento estratégico do Brasil que estão a ser efectivamente aplicadas ao nível regional.

Nesta fase foi detectado que o programa turístico nacional “Brasil, Meu Negócio é Turismo” estava atrasado quanto as directrizes nacionais, pois ainda encontrava-se em fase de implantação. Não foi possível obter junto da Bahiatursa (órgão estadual responsável pela aplicação do mesmo) informações credíveis e actuais sobre a implantação do mesmo nos municípios baianos.

Ao nível municipal, a análise das directrizes do planeamento turístico estratégico nos municípios do Pólo Turístico da Chapada Diamantina não pode ser realizada através da pesquisa documental, como foi realizado nos níveis nacional e estadual. No âmbito municipal (local) foi detectado que não existe documentação satisfatória disponível para a pesquisa. A maioria dos municípios da Chapada Diamantina ainda não possui acesso à Internet e, consequentemente, sites oficiais da prefeitura. Devido a essa falta de material de análise, o método utilizado para concluir a análise proposta nos objectivos desta investigação foi a utilização de entrevistas com os secretários de turismo dos municípios turísticos do Pólo de Turismo da Chapada Diamantina. A entrevista, segunda parte da fase empírica desta dissertação, serviu então para averiguar se as informações levantadas nas duas primeiras fases da investigação se confirmavam ao nível local. O primeiro contacto para a aplicação da entrevista ocorreu por telefone com as prefeituras dos municípios de Rio de Contas, Lençóis e Mucugê. As três prefeituras demonstraram interesse em colaborar com o estudo e, até certo ponto, pode ser observada muito boa vontade por parte dos contactados. No caso da Prefeitura de Lençóis, a coordenadora de turismo informou que no momento a prefeitura se encontra sem um secretário de turismo. O último secretário ocupou o cargo até Dezembro de 2005 e a previsão para a substituição era de Março de 2006. Após a explicação que a entrevista iria focar os programas e projectos turísticos que englobaram a região desde 2003 até aos dias actuais, a coordenadora ofereceu-se para contactar o ex-secretário de turismo para marcar a entrevista.

A primeira entrevista ocorreu em Salvador com o Secretário de Turismo da cidade de Rio de Contas. Posteriormente, os representantes das cidades de Lençóis e Mucugê foram contactados pelo telefone para marcação da entrevista na sua própria cidade, o

que proporcionou ao pesquisador, além da entrevista, o conhecimento da realidade turística dos dois municípios.

Em relação às perguntas realizadas na entrevista, não foram identificadas nenhuma resistência ou dificuldade relacionadas com conteúdo das mesmas. Existiram algumas observações a respeito de algumas perguntas fazerem referência ao PNT no enunciado. Para os três representantes de turismo o PNT é algo que ainda não chegou a Chapada Diamantina.

4.5 Conclusão

Neste capítulo de Metodologia Científica foi possível esclarecer o processo de investigação realizado no decorrer desta dissertação. A secção 4.2 explorou, sobre a opinião de diversos autores, o que vem a ser investigação científica e de que forma se deve conduzi-la. Nesta secção, foram explorados ainda o conhecimento científico e a importância do método e das técnicas utilizados na investigação científica.

Na secção seguinte foram apresentados e discutidos o processo de investigação desta dissertação, esclarecendo, na secção 4.3.2, o tema da dissertação, o problema que originou a investigação e os objectivos traçados. Na secção 4.3.3 foram definidas as hipóteses e as variáveis envolvidas. Nas secções 4.3.4 e 4.3.5 foram apresentados e justificados, respectivamente, os métodos e a amostra seleccionadas.

O tema desta dissertação é Planeamento e Desenvolvimento em Turismo – Uma análise do planeamento turístico da Chapada Diamantina. Assim sendo, o objectivo geral do estudo é analisar como está a ser desenvolvido o planeamento turístico da região sob a óptica dos principais planos e programas nacionais de turismo. Como objectivos específicos foram seleccionados: analisar os pontos fortes e fracos dos principais programas e projectos turísticos nacionais que envolvem a região, levantar quais as acções do planeamento turístico estratégico estão a ser efectivamente implementadas na região, analisar a eficácia da implementação dos principais programas e projectos turísticos nacionais que envolvem a região, e identificar as principais dificuldades

enfrentadas pelos municípios do Pólo Turístico da Chapada Diamantina na implementação das directrizes do Plano Nacional de Turismo 2003-2007.

Ao estudar a realidade da actividade turística no Brasil, pode-se observar que o objectivo macro do planeamento turístico nacional é o desenvolvimento do turismo ao nível municipal de forma integrada e sustentável. Para isto, são desenvolvidos ao nível estratégico planos, programas e projectos voltados para a descentralização do turismo nacional e fortificação da capacidade municipal de gestão e planeamento da actividade turística. Porém, apesar das acções realizadas nos dois últimos Planos Nacionais de Turismo, pode-se observar que o turismo desenvolvido na área objecto de estudo está longe de ser considerado sustentável e integrado. Diante da dicotomia que engloba a existência do planeamento nacional e a realidade do turismo local é que foi levantada a seguinte indagação como problema de pesquisa: O planeamento turístico da Chapada Diamantina tem na sua prática as directrizes de desenvolvimento da actividade turística traçadas pelo PNT 2003-2007?

Diante deste problema foi levantada a hipótese de que apesar dos programas turísticos nacionais apresentarem preocupações com a qualidade e sustentabilidade da actividade turística, os mesmos programas acabam por não atingir os objectivos propostos, dado que, ao nível local, as acções não são postas em prática de forma adequada. Tendo em vista a hipótese levantada, foram escolhidas as variáveis consistência dos planos turísticos, grau de acções efectivamente implementadas e eficácia da gestão municipal na implementação do planeamento turístico.

Foram escolhidos como amostra para a investigação os municípios classificados pela Embratur como Municípios Turísticos. São eles: Lençóis, Mucugê e Rio de Contas. O método utilizado para a recolha de dados foi a entrevista semi-estruturada, realizada com os responsáveis pelo planeamento turístico desses municípios. Por se tratar de uma amostra reduzida, acredita-se que o método escolhido obteve resultado satisfatório. A entrevista foi utilizada de maneira complementar às informações obtidas pela pesquisa documental e foram obtidos resultados esclarecedores, visto que não existe documentação acerca da incidência do planeamento nacional nos municípios estudados.

Capítulo 5