• Nenhum resultado encontrado

A Gestão do Processo do Planeamento

3.4 Políticas Públicas de Turismo

As políticas públicas são o conjunto de acções empreendidas pelo Estado, dirigidas a atender às necessidades de toda a sociedade. No caso do turismo, essas políticas são responsáveis por todas as directrizes a serem seguidas dentro do processo de planeamento turístico. É onde estarão esclarecidos os objectivos do planeamento e as maneiras de atingi-lo.

Existem diversas definições do que venha a ser política. Segundo Hickorish e Jenkins (2000, p. 224), política é “uma consideração sensata de alternativas”. No Mini- dicionário Aurélio da Língua Portuguesa (1977, p. 373), o conceito de política é tratado como: “1.Ciência dos fenômenos relativos ao Estado, 2. Arte de bem governar os povos e 3. Habilidade no trato das relações humanas”.

Levando-se em conta que a maioria dos países têm recursos escassos, a melhor definição de política para o uso de uma nação deveria ser a “a arte de bem governar”. Esta definição enquadra-se no uso público visto que uma das questões centrais da política deve ser exactamente identificar a melhor maneira de utilizar os recursos públicos, para satisfazer os objectivos gerais da nação.

De acordo com Dias (2003, p. 121), as políticas públicas podem ser definidas como o conjunto de acções executadas pelo Estado, enquanto sujeito, dirigidas a atender às necessidades de toda a sociedade. Embora a política possa ser exercida pelo conjunto da sociedade, a política pública é um conjunto de acções exclusivas do poder público. São linhas de acção que buscam satisfazer ao interesse público e têm que estar direccionadas ao bem comum.

Já a Política de Turismo, segundo Beni (1998, p. 101), deve ser compreendida como o conjunto de factores condicionantes e de directrizes básicas que expressam os caminhos para atingir os objectivos globais para o turismo do país. Deve também ser estruturada

por três grandes condicionamentos: o cultural, o social e o económico, aos quais, segundo Dias (2003, p. 123) pode ser agregado o ambiente.

Para Goeldner, Ritchie e Mcintosh (2002), uma definição mais completa de Política Pública de Turismo é (citado por DIAS, 2003, p. 121):

Um conjunto de regulamentações, regras, diretrizes, diretivas, objetivos e estratégias de desenvolvimento e promoção que fornece uma estrutura na qual são tomadas as decisões coletivas e individuais que afetam diretamente o desenvolvimento turístico e as atividades diárias dentro de uma destinação.

Beni (2001, citado por DIAS, 2003, p. 120) destaca a importância da implantação de uma Política de Turismo ao afirmar que

é a espinha dorsal do ‘formular’ (planejamento), do ‘pensar’ (plano), do fazer (projetos, programas), do executar (preservação, conservação, utilização e ressignificação dos patrimônios natural e cultural e sua sustentabilidade), do reprogramar (estratégia) e do fomentar (investimentos e vendas) o desenvolvimento turístico de um país ou de uma região e seus produtos finais.

O Estado (conforme analisado na secção 3.2.2), enquanto participante do processo de planeamento turístico, deve exercer o papel de controlador da actividade, mantendo em seu domínio, entre outras, as suas funções de coordenação, planeamento, legislação e regulamentação. Assim, o planeamento, em conjunto com a execução e o controle, representa uma das funções básicas da administração pública ou privada, em seus diversos níveis, para direccionar os recursos de que dispõe em prol de seus objectivos (ACERENZA, 2003, p. 44).

Em geral, cabem aos órgãos públicos de turismo ao nível federal a formulação das directrizes e a coordenação dos planos de âmbito nacional e dos que se projectem para o exterior. Aos órgãos estaduais e locais cabem, com o apoio federal, a concepção dos programas e a execução dos projectos regionais e locais (BENI, 2003, p. 102).

Na ausência do poder público e da política por ele adoptada, o desenvolvimento turístico dá-se à revelia dos interesses difusos, ou seja, permite que iniciativas e interesses individuais possam sobressair, desencadeando inevitavelmente um desequilíbrio nos destinos turísticos (WWF Brasil, 2004).

Assim, o objectivo central das Políticas Públicas de Turismo deve ser coordenar os interesses dos diversos participantes da actividade turística, procurar minimizar os seus efeitos negativos, maximizar os positivos e manter a actividade funcionando nos seus melhores índices de aproveitamento, principalmente no que diz respeito à melhoria de vida das populações receptoras da actividade.

3.4.1 Planos Turísticos

O planeamento turístico e as políticas públicas de turismo produzem um resultado imediato que é o plano turístico. O plano é o produto do planeamento turístico, é o meio pelo qual a política de turismo pretende ser posta em prática. Para Chiavenato (2000, p. 199) o plano constitui o evento intermediário entre os processos de elaboração e implantação do planeamento.

O plano de turismo é então a organização dos programas, projectos e actividades aprovadas na área de turismo, que se pretendem por em prática durante um determinado período – embora seja permitida, e indicada, a realização de revisões parciais periódicas. O plano turístico pode ser ainda realizado em âmbito internacional, nacional, regional e local e deve orientar a utilização dos recursos e especificar as metas a serem alcançadas (BENI, 2003, p. 102).

O Plano Nacional de Turismo é o meio pelo qual a Política Nacional de Turismo é posta em prática. É considerado o produto mais elevado na hierarquia do planeamento, e os seus programas e projectos constituem unidades menores que servem para detalhar a execução do plano (DIAS, 2003, p. 98).

A indefinição e/ou a formulação apressada e desestruturada de uma Política Nacional de Turismo tem como consequência directa a inadequação de seu instrumento de execução – o Plano Nacional de Turismo – e o comprometimento de todo o processo de planeamento turístico.

Na ausência, ou quando se verifica a existência de um Plano Nacional de Turismo inadequado, as consequência danosas do turismo ficam ainda mais evidentes. Inadequadas gestão de recursos, ausência de programas de preservação, conservação e

utilização sustentável do património natural e cultural, implantação desordenada de equipamentos e serviços em áreas de vocação turística, tentativas infrutíferas de conquistar o fluxo receptivo internacional e má aplicação da estratégia de marketing, são apenas algumas das consequências de um planeamento nacional mal formulado (BENI, 2003, p. 99).

É necessário, portanto, que sejam adequadamente delineadas directrizes básicas de uma política económica nacional para o desenvolvimento do turismo. Trata-se de definir a lógica de um Plano de Desenvolvimento Turístico ao nível global e regional. Esta prática evitará o prosseguimento de tantos erros que foram debitados ao turismo e ao seu desenvolvimento, responsabilidade, na realidade, que provém unicamente de uma carência fundamental de ordem teórica e institucional (BENI, 2003, p. 101).