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Selecção da Metodologia de Investigação

Metodologia Científica

4.3 O Processo de Investigação 1 O Planeamento de Investigação

4.3.4 Selecção da Metodologia de Investigação

Todas as ciências caracterizam-se pela utilização de métodos científicos; em contrapartida nem todos os ramos de estudo que empregam este método são ciências. Portanto, pode-se concluir que a utilização de métodos científicos não é exclusiva da ciência, mas não existe ciência sem o emprego de métodos científicos (LAKATOS e MARCONI, 2001, p. 83).

Assim, o método científico pode ser entendido como o conjunto das actividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objectivo – conhecimentos válidos e verdadeiros –, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando nas decisões a serem tomadas (LAKATOS e MARCONI, 2001, p. 83).

Os actuais métodos utilizados em busca do conhecimento científico evoluíram a partir de duas correntes distintas: o método indutivo, que parte da observação dos fenómenos até chegar a princípios gerais e depois testá-los; e o método dedutivo, que parte da formulação de princípios gerais (base teórica) para chegar aos particulares (DENCKER, 2000, pp. 24-25).

Este processo de evolução da ciência moderna, definido por Dencker (2000, p. 25), teve início entre os séculos XVI e XVII com a aplicação do método empírico. Nesta altura, Galileu estabeleceu as bases do método, que persiste até os dias actuais, e que consiste em formular hipóteses e submetê-las à prova experimental. Portanto, uma teoria poderia ser considerada como científica caso fosse comprovada através de métodos empíricos. Até ao século XVIII, as divergências situam-se em torno da forma como se obtém o conhecimento, entre o empirismo ou o racionalismo. Com a Revolução Francesa iniciou-se o período do conhecimento neutro, independente dos valores éticos e morais, com características das correntes positivistas que pretendiam dar objectividade às ciências humanas.

Porém, nas décadas 20 e 30 do século XX, pensadores questionaram a infalibilidade do conhecimento científico e, assim, deram origem à corrente neopositivista. Esta perspectiva afirma que a lógica, a matemática e as ciências empíricas são suficientes para o domínio do conhecimento possível do real. Como consequência desta corrente neopositivista, surge o modelo hipotético dedutivo, que propõe a prova da hipótese, não para a verificação, mas sim para a refutação desta.

De forma resumida, pode-se afirmar que cada um dos métodos – indutivo, dedutivo e hipotético-dedutivo – está ligado a uma determinada corrente que se propõe a explicar o processo de conhecimento. Assim, o método dedutivo está ligado ao racionalismo, o indutivo ao empirismo e o hipotético-dedutivo ao neopositivismo (DENCKER, 2000, p. 25).

O método escolhido para nortear a investigação deste trabalho foi o hipotético-dedutivo. As etapas seguidas neste método são: o levantamento do problema, com base num conhecimento prévio acerca do assunto; levantamento de hipóteses que consistam numa conjectura (nova teoria), passíveis de serem testadas; e, finalmente, as tentativas de negação. Para os neopositivistas, um único caso negativo concreto será suficiente para

falsear a hipótese. Caso contrário, se resistir a testes severos, estará fortalecida, ou até mesmo confirmada temporariamente, pois poderá surgir um facto que venha a invalidá- la no futuro (LAKATOS e MARCONI, 2001, pp. 95-99).

No que se refere aos tipos de pesquisas realizadas, têm-se os modelos exploratório, descritivo e explicativo. Segundo Gil (2002, p. 42), esta classificação é realizada de acordo com o objectivo geral do estudo, mas Pardal e Correia (1995, p. 23) consideram esses tipos de pesquisas como subdivisões do método de estudo de caso.

A pesquisa exploratória tem como objectivo principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições. O seu planeamento é bastante flexível, de modo a possibilitar a consideração dos mais variados aspectos relativos ao facto estudado. A pesquisa descritiva tem como objectivo central descrever as características de determinada população ou fenómeno e uma das suas características mais significativas está na utilização de técnicas padronizadas de recolha de dados, tais como o questionário e a observação sistemática. Por fim, a explicativa, forma de pesquisa dominante desta dissertação, que tem como preocupação central identificar os factores que determinam ou contribuem para a ocorrência dos fenómenos. Este é o tipo de investigação que mais aprofunda o conhecimento da realidade, pois explica a razão, o porquê das coisas (GIL, 2002, p. 42).

Esta dissertação segue a investigação explicativa dado que tem como objectivo entender o processo de gestão do planeamento turístico brasileiro, e identificar os factores pelos quais o planeamento estratégico da actividade não atinge os objectivos propostos nos municípios turísticos da Chapada Diamantina. Porém, mesmo fazendo uso da investigação explicativa, a investigação descritiva foi amplamente utilizada no decorrer do estudo para detalhar alguns factores fundamentais ao objectivo do estudo.

4.3.5 A Amostragem

Segundo Pardal e Correia (1995, p. 32), nas ciências sociais, geralmente, não é possível inquirir a totalidade dos membros do conjunto – universo – que se pretende analisar. As dificuldades inerentes a tal facto podem ser ultrapassadas através do uso de técnicas que permitam a construção de uma parcela – amostra – daquele mesmo universo. Portanto,

uma amostra, quando bem construída, tem condições de substituir o universo em análise e é, em muitos casos, o único meio de o conhecer com razoável segurança.

Há, ainda, duas grandes divisões no processo de amostragem: a não-probabilística e a probabilística. A amostragem probabilística baseia-se na escolha aleatória dos investigadores, significando o aleatório que a selecção se faz para que cada elemento do universo tenha a mesma probabilidade de ser escolhido para integrar a amostra. Já a amostragem não-probabilistica está fundamentada apenas nos critérios do investigador (LAKATUS e MARCONI, 2001, p. 224).

Para analisar a eficácia do planeamento turístico estratégico nos municípios do Pólo Turístico da Chapada Diamantina, foi seleccionado o tipo de amostragem não- probabilística. O critério utilizado na escolha da amostra tem por base a classificação da EMBRATUR, quanto aos municípios turísticos e potencialmente turísticos, publicados na Deliberação Normativa nº 432, de 28 de Novembro de 2002.

Segundo a Embratur (2002), são considerados Municípios Turísticos (MT) os municípios que possuem uma actividade turística consolidada, determinantes de um turismo efectivo, capaz de gerar deslocações e estadas de fluxo permanente. Os Municípios Potencialmente Turísticos (MPT) são considerados aqueles possuidores de recursos naturais e culturais expressivos, mas que ainda não possuem uma actividade turística estabelecida.

Segundo a classificação da Embratur (2002), dos 28 municípios do Pólo Turístico da Chapada Diamantina, apenas 3 são considerados turísticos (Lençóis, Mucugê e Rio de Contas) e 10 são considerados potencialmente turísticos (Abaíra, Andaraí, Jacobina, Miguel Calmon, Morro do Chapéu, Ourolândia, Palmeiras, Seabra, Utinga e Wagner). Os municípios classificados como Potencialmente Turísticos não possuem uma actividade turística representativa e, portanto, não são considerados prioritários no planeamento turístico ao nível nacional. Por este motivo, a amostra seleccionada para realização da pesquisa de campo são os Municípios Turísticos do Pólo Turístico da Chapada Diamantina. Estes municípios, além de possuírem uma actividade turística já estabelecida, são considerados como prioridade de desenvolvimento no Plano Nacional de Turismo.