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2 6 Abordagem Técnica do Planeamento

2.6.2 Tipos de Planeamento

Após analisadas as fases do planeamento turístico é importante conhecer os diferentes tipos de planeamento existentes para melhor se entender a totalidade do processo de gestão de um sistema turístico. Segundo Petrocchi (2001, p. 69), podem ocorrer dúvidas nas fronteiras entre os tipos de planeamento, mas o importante é que o gestor tenha consciência dos três níveis existentes: planeamento estratégico, planeamento táctico e planeamento operacional.

O planeamento estratégico, ou global, está relacionado com as direcções (diagnósticos, objectivos e estratégias) que a organização pretende seguir, e normalmente os resultados são obtidos a longo prazo. Numa empresa, o planeamento estratégico estaria relacionado com as decisões da alta administração e, no Estado, com as decisões dos governantes (PETROCCHI, 2001, p. 69).

No caso do Brasil, o planeamento estratégico está a cargo do Ministério do Turismo. A sua função principal dentro do processo de planeamento de turismo é a realização do diagnóstico da realidade turística nacional, o estabelecimento dos objectivos a serem alcançados em determinado período e as estratégias para atingi-los. Estas medidas (diagnóstico, objectivos e metas) devem estar previamente especificadas dentro do Plano Nacional de Turismo.

O planeamento táctico é formado pelos planos sectoriais que possibilitam chegar aos objectivos estratégicos da organização. Estes planos funcionam como planos específicos de departamentos e os seus resultados são esperados em médio prazo.

Já o planeamento operacional está directamente relacionado com as acções tomadas dentro do processo de gestão turística. O resultado esperado do plano operacional é um desempenho eficiente no rumo das acções estratégicas que foram estabelecidas e normalmente é conferido a curto prazo (PETROCCHI, 2001, p. 69).

Dentro de um país, o planeamento turístico pode ainda ser classificado em três níveis dependendo da sua área de influência: o nacional, quando as acções cobrem todo o território nacional de um país; regional, quando se refere apenas a uma região ou zona específica dentro do território nacional; ou ainda local ou urbano, quando se refere a um centro urbano (ACERENZA, 2002, p. 158).

O planeamento nacional tem que, por de regra, abranger todo o território de um país e, por se tratar normalmente de uma extensa área, a sua actuação restringe-se ao estabelecimento das directrizes gerais de planeamento. O planeamento turístico a este nível deve incluir as políticas de turismo, as estratégias de marketing, a estrutura de impostos, o esquema de incentivos e subsídios, a legislação, os investimentos, o desenvolvimento de infra-estruturas e a capacitação da mão-de-obra.

O foco do planeamento regional deve estar voltado para o desenvolvimento da política regional de turismo e dos elementos que facilitem o desenvolvimento da actividade turística, como por exemplo a melhoria dos acessos, a gestão das atracções turísticas, o desenvolvimento de infra-estruturas básica e turísticas, o desenvolvimento de estratégias de marketing regional, entre outros. Porém, as acções regionais não devem prejudicar os objectivos e metas gerais do planeamento nacional de turismo e, em termos ideais, deveriam funcionar em harmonia com os planos nacionais (COOPER et al., 2001, pp. 241 – 242).

Para a WWF Brasil (2004), cabe também ao órgão estadual obter e fornecer informações permanentes e actualizadas sobre a actividade turística nos âmbitos federal, regional e municipal (dentro do seu Estado), tomar conhecimento das políticas e programas federais, e cuidar para que estas alcancem os órgãos municipais. Ou seja, esta instância deverá ser o elo de ligação entre o federal e o local (ou regional). Além disso cabe ao órgão estadual do turismo promover o planeamento e a gestão do turismo regionalizada dentro de seu estado de forma a facilitar a adopção e implementação de políticas públicas.

Ao nível local o planeamento turístico deve cuidar de questões mais específicas como a protecção ambiental e cultural da localidade, determinar responsabilidades de planeamento turístico aos sectores públicos e privados e monitorizar frequentemente os efeitos positivos e negativos da actividade.

Quando leva-se em consideração uma expressão temporal, o planeamento ainda pode ser classificado como de curto, médio e longo prazo, dependendo do tempo em que se deseje obter os resultados (ACERENZA, 2002, p. 158). De um modo geral, os planos de até três anos podem ser considerados de curto prazo e decorrem da necessidade de sanar problemas urgentes. Os planos de médio prazo são os que se estendem por cerca de cinco anos e se ajustam de certo modo aos mandatos governamentais – nas mais variadas instâncias. Os planos de longo prazo são os que possuem duração aproximadamente superior a dez anos, e caracterizam-se por maior complexidade, podendo conter vários planos intermédios de curto ou médio prazo (DIAS, 2003, p. 92).

2.7 Conclusão

Foram abordadas neste capítulo questões fundamentais sobre planeamento e desenvolvimento do turismo, com objectivo de discutir temas essenciais para a fundamentação teórica da investigação proposta.

A princípio foi importante analisar, e até certo ponto, desmistificar os vários impactos (positivos e negativos) da actividade turística. Esta análise foi necessária também para justificar e fundamentar a necessidade e importância do planeamento para as regiões turísticas.

A abordagem da evolução do planeamento e a análise das diferentes orientações adoptadas pelo mesmo neste processo de evolução, foi fundamental para apresentar e explicar os conceitos de planeamento integrado e sustentável, tão utilizados actualmente no turismo.

Em seguida, ao analisar a evolução do conceito de desenvolvimento, foi necessário elucidar o significado actual deste termo. No decorrer da análise, pode-se observar que os conceitos desenvolvimento e crescimento económico muitas vezes se confundem, quando na realidade, em termos gerais, crescimento económico trata apenas do aumento da riqueza de uma localidade, enquanto que desenvolvimento resulta, entre outras coisas, na melhoria das condições de vida da população local.

Ainda relacionado ao desenvolvimento, foram aprofundadas as questões sobre capacidade de carga, sustentabilidade e integralidade entre os diversos sectores, sejam eles social, ambiental, económico e cultural. Como resultado desta abordagem pode-se observar que o desenvolvimento para ser considerado integrado e sustentável deve estar em sintonia com os diversos aspectos da localidade.

Ao abordar a parte técnica do planeamento turístico, foi possível identificar os vários níveis de planeamento existentes – estratégico, regional e local, e suas respectivas funções dentro do processo. Em relação as fases a serem seguidas dentro do planeamento, pode-se observar que existem variações de um autor para outro, porém fica claro que existem fases básicas que não devem ser esquecidas.

Portanto, o levantamento bibliográfico sobre planeamento e desenvolvimento do turismo leva a constatar que o planeamento, quando realizado do forma responsável pode minimizar os efeitos negativos da actividade, maximizar os resultados positivos e proporcionar o desenvolvimento das localidades de forma integrada e sustentável. Para tanto é necessário não somente elaborar um documento com respostas a problemas existentes, mas principalmente, estabelecer uma posição de prevenção e visualização do futuro, como forma de estabelecer os objectivos pretendidos, os prazos estabelecidos e a melhor forma de atingi-los.

Capítulo 3