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O Pólo Turístico da Chapada Diamantina

6.2 Histórico da Chapada Diamantina

Como em quase todo o interior da Bahia, a Chapada Diamantina também teve sua ocupação, após a “descoberta do Brasil”, ligada à expulsão das populações nativas e a exploração dos seus recursos naturais. A partir do século XVII os bandeirantes levaram a dita “civilização branca” para a região, que até então era habitada pelos índios Maracás (LEONY, 2000, p. 59).

Tempos depois, com o advento da mineração, a Chapada Diamantina foi, finalmente, ocupada. Esta ocupação ocorreu com a descoberta do ouro em duas regiões distintas: em 1701, no extremo norte, onde hoje se localiza o município de Jacobina, e em 1720, no sul da Chapada Diamantina, na região de Rio de Contas e Brumado (MPE, 2005). Este ciclo de riqueza, responsável pelo envio de muito ouro para a Coroa Portuguesa, desenvolveu-se durante aproximadamente cem anos, sendo a então vila de Rio de Contas o grande entreposto comercial daquela época. Com o declínio da produção aurífera, devido ao esgotamento das jazidas, e, com o decreto de 1731, onde a Coroa Portuguesa proibia a actividade mineradora por 100 anos – devido ao baixo preço cotado no mercado externo – o ciclo do ouro e toda a região a ele ligado sofreram um grande declínio que culminou com uma, quase total, estagnação económica regional (LEONY, 2000, p. 59).

Em 1820, próximo a data em que findaria o já referido decreto de 1731, uma expedição realizada por dois alemães naturalistas – Spix e Martius, confirmou o potencial diamantino da Serra do Sincorá. Assim, a partir de 1832, ano em que foram liberados a extracção e o comércio de minérios, verificou-se uma verdadeira e frenética corrida em busca dos diamantes (MPE, 2005).

Esta corrida aos diamantes foi responsável pelo surgimento das cidades de Mucugê, Andaraí e Lençóis, esta última vindo a tornar-se a Capital do Diamante. O ciclo do diamante proporcionou ainda um progresso rápido e expressivo à região de Lençóis. Em 1851, esta área, que até então era apenas a margem do Rio Lençóis, passou à categoria de vila, até 1864 quando passou à categoria de cidade.

Existem duas vertentes a respeito da origem do nome da cidade de Lençóis. A primeira defende que o nome desta cidade vem dos costumes dos garimpeiros que armavam suas barracas de toldo, parecendo lençóis estendidos, às margens dos rios mais ricos em diamantes, e a segunda vertente afirma que o nome vem da aparência do leito do rio que descia a serra espumando, aparentando um lençol bordado (MPE, 2005).

Após 25 anos de intensa exploração houve o esgotamento parcial da lavra na Chapada Diamantina e consequentemente a decadência das cidades. Este esgotamento parcial das jazidas foi agravado pela descoberta de novas fontes no sul da África, que fizeram com que os preços de mercado do diamante baixassem abruptamente e ficassem inviáveis os gastos despendidos para sua procura.

Além disto, durante o século XIX o sertão da Bahia sofreu com várias secas prolongadas. Estima-se que entre os anos de 1807 e 1808 teriam falecido perto de 500 pessoas no entorno de Rio de Contas devido a seca. Outras grandes secas ocorreram nos períodos 1828-1832, 1857-1861 e 1888-1890, porém a calamidade maior ocorreu em 1860, quando morreram de fome milhares de pessoas em todo o nordeste brasileiro. A Chapada Diamantina, apesar de toda fortuna produzida, foi das regiões mais atingidas (PDRS, 1997, pp. 22-23).

Entretanto, no final do século XIX e início do século XX, iniciou-se, na região, um novo ciclo económico: do carbonato. Esta pedra possuía uma estrutura bastante semelhante ao diamante, coloração negra e densidade muito elevada, além de ser encontrada abundantemente. Considerado um excelente abrasivo industrial, o carbonato foi muito utilizado no fabrico de máquinas que deram suporte a Revolução Industrial na Europa (Projecto Gambá, 2005).

Durante este ciclo de mineração, uma nova estrutura de poder floresceu na região – o coronelismo. Surgiu após a Proclamação da República de 1889, coincidindo com o fortalecimento da economia local, que dela passou a depender, de maneira recíproca, fazendo estabelecer, na Chapada Diamantina, no início do século XX, as grandes oligarquias regionais. Entretanto, após sofrer com intensas guerras internas entre famílias que disputavam o poder local, o coronelismo desapareceu, destruindo, de maneira avassaladora, qualquer perspectiva de retomada económica, ficando, assim, a

região bastante desestruturada social e economicamente, chegando a beira do abandono (LEONY, 2000, p. 61).

As alternativas económicas que se seguiram não foram suficientes para fixar a população regional. Porém, a partir de 1960, surgiram duas opções de desenvolvimento económico para a região que competiam entre si: a revitalização da actividade garimpeira e o turismo.

A revitalização e modernização do garimpo foram responsáveis por uma grande destruição ambiental. O que anteriormente era realizado manualmente por homens que peneirava o cascalho em busca do diamante, passou a ser realizado por máquinas, denominadas de dragas, que trabalhavam com a sucção do cascalho, o transporte deste material para outras máquinas onde seria realizada a separação do cascalho das pedras mais densas. Este processo resultou não só num grande desmatamento, como em erosão, deslizamentos de terras e assoreamento de rios. A actividade acabou proibida e encerrada em 1996, quando o Governo da Bahia, visando os benefícios da actividade turística, acabou com os garimpos da região (LEONY, 2000, p. 62).

Assim, a recente recuperação económica da Chapada Diamantina tem acontecido lentamente e deve-se, ao desenvolvimento do turismo e à implantação de pólos de agricultura moderna. A partir da década de 1980, a Chapada Diamantina passou definitivamente a fazer parte dos roteiros de ecoturístico nacional, mas ainda não apresenta o nível de planeamento turístico adequado para o desenvolvimento sustentável e integrado da actividade (PDITS, 2004).

6.3

Caracterização da Chapada Diamantina