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A análise de decisão multiatributo, decorrente da teoria da utilidade, provê uma base matemática sólida para resolver o desafio de tomar as melhores decisões, pelos seguintes fatos:

• É baseada no senso comum, isto é, pensamento baseado em objetivos, alternativas, conseqüências e compensações (trade-offs) inteligíveis para muitas pessoas;

• Tem um fundamento formal em axiomas lógicos e seus resultados subentendidos; • Inclui procedimentos usáveis para implementar os conceitos;

• Simplifica decisões, quebrando-as em partes, sem super-simplificá-las, o que poderia levar a negligenciar a complexidade de decisões específicas; e aplica-se a todo tipo de decisões (KEENEY, 2004).

Análise de decisão não vai resolver um problema, não é essa a intenção. Seu propósito é produzir insights e promover a criatividade para ajudar a tomar as melhores decisões. O axioma da análise de decisão indica como analisar o problema da decisão e não de onde a informação vem para ser analisada. Se o problema da decisão é enfrentado por um indivíduo,

ou por um grupo, os elementos de decisão serão os mesmos. Por isso, a análise de decisão tem o potencial de produzir insight, tanto para a tomada de decisão em grupo quanto individual (KEENEY, 1982, 2004).

Para Clemen e Reilly (2001), que atuam com modelos prescritivos, existem quatro fontes básicas de dificuldades e a abordagem da análise de decisão pode ajudar a resolver essas dificuldades. O Quadro 6 mostra as vantagens de se utilizar esta abordagem para superar os problemas na tomada de decisão.

Quadro 6 – Vantagens da Utilização da Abordagem da Análise de Decisão

Dificuldades na Tomada de Decisão

Auxílio dado pela Abordagem da Análise de Decisão

Complexidade Provê métodos eficazes para organizar problemas complexos dentro de uma estrutura que pode ser analisada.

Incerteza Identifica importantes fontes de incerteza e representa essa incerteza de uma forma sistemática e útil.

Múltiplos Objetivos Provê um quadro de referência e ferramentas específicas para lidar com múltiplos objetivos.

Diferentes Perspectivas

Ordena e resolve as diferenças considerando o tomador de decisão como um indivíduo ou grupo de interesse com diversas opiniões.

Fonte: Adaptado de Clemen e Reilly, 2001.

Yu e Prado (2003) expõem que a literatura apresenta diversos modelos para a tomada de decisão, e que boa parte desses modelos apresenta grande semelhança. Apontam que o campo da análise de decisão pode ser classificado, de uma maneira simples, em duas partes:

• Modelos prescritivos: os pesquisadores que atuam neste campo estão preocupados em prescrever métodos para se tomar a melhor decisão;

• Modelos descritivos: os pesquisadores que atuam neste campo estão preocupados com as limitações sob as quais as decisões são tomadas.

Segundo Howard (1988), análise de decisão é uma disciplina que compreende a filosofia, a teoria, a metodologia e a prática profissional para formalizar importantes decisões.

Por outro lado, Keeney (1982) define-a de forma mais intuitiva, como a formalização do senso comum para problemas de decisão, os quais são muito complexos para o uso informal do senso comum.

Multi-Attribute Utility Analysis (MAUT) abraça um corpo de teoria matemática com uma faixa de técnicas de avaliação. Conforme delineado por Keeney e Raiffa (1976), as informações das avaliações são usadas para parametrizar a função valor, classificar as alternativas e fazer a escolha; e por outro lado, provê um profundo insigth do problema. Essa teoria matemática pode ser implementada por meio de diversas técnicas tais como AHP, MACBETH ou VFT, todas com uso do método aditivo linear, porém diferenciando na forma de entrada dos dados, e apresentação dos dados de saída.

4.3.1 Processo analítico de decisão (AHP)

Uma das formas de implementar a teoria multiatributo é o Analytic Hierarchy Process (AHP) desenvolvido por Thomas L. Saaty e inicialmente apresentado em detalhes em Saaty (1980). É uma abordagem para o endereçamento e análise discreta de alternativas de problemas com múltiplos critérios conflitantes. AHP começa, de maneira não usual, pela subdivisão de um problema numa hierarquia de objetivos gerais, critérios, subcritérios, etc., até que se tenha o nível de fundo de alternativas discretas.

4.3.2 MACBETH

A escola européia implementa a base matemática da teoria multiutilidade com a denominação de Multi-Criteria Decision Analysis (MCDA). Destaca-se entre os europeus o uso da técnica MACBETH (Measuring Attractiveness by a Categorical Based Evaluation Technique), desenvolvido pelo professor português Bana e Costa. Trata-se de uma abordagem de análise multicritérios de decisão que requer somente julgamentos qualitativos sobre diferenças de valor, para ajudar um indivíduo ou um grupo quantificar a atratividade relativa das opções. Mede o grau de preferência de um tomador de decisão sobre um conjunto de alternativas e, dessa forma, permite que se verifique inconsistência nos juízos de valores, possibilitando a revisão, caracterizando-se, portanto, como uma técnica de interatividade.

4.3.3 Value-focused thinking

A teoria da decisão por meio da abordagem matemática desenvolvida em Multi-attribute Utility Theory (MAUT) pode ser aplicada com a técnica Value-Focused Thinking (VFT). Essa técnica é recomendada para problemas que envolvam aplicações complexas com várias

alternativas, múltiplos objetivos, e múltiplos stakeholders. VFT consiste de cinco passos dependentes:

• Reconhecer o problema de decisão; • Especificar valores e objetivos; • Criar alternativas;

• Avaliar alternativas; e

• Selecionar uma alternativa do conjunto de alternativas avaliadas.

VFT converte um problema de decisão multiobjetivo com aspectos qualitativos em uma hierarquia quantitativa descritiva de valor. Uma vez completadas, as alternativas são avaliadas contra essa hierarquia (KEENEY, 1992).

Keeney desenvolveu a abordagem VFT e afirma que cada decisão de problema leva a uma oportunidade de criar alternativas baseadas em nossos valores. Valor deve ser a força que dirige a nossa tomada de decisão. A abordagem Value Focused Thinking (VFT) é útil, criativa é mais abrangente que sua similar o Alternative Focused Thinking (AFT), uma vez que dá ao decisor o poder de empenhar-se no sentido de obter o melhor resultado possível em relação aos seus valores (KEENEY, 1992).

Arvai, Gregory e McDaniels (2001) efetuaram uma comparação numa tomada de decisão sobre os riscos ao hábitat do salmão ribeirinho numa usina hidrelétrica. Seis grupos compostos de 7 a 10 membros participaram do método convencional “focalizado nas alternativas”, e oito grupos de igual tamanho participaram em workshop similar focalizado no valor. Segundo os mesmos autores os resultados demonstraram que a decisão estruturada em valor conduziu a decisões mais criativas e com melhores informações sobre os riscos envolvidos nas decisões. Os autores reclamam que infelizmente poucos estudos foram conduzidos para ajudar a identificar os componentes requeridos no processo de participação