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A cidade de Bauru situa-se na região centro-oeste do Estado de São Paulo, a 330 km da capital, numa altitude média de 526 metros, com área total de 675,2 km². Atualmente a população é estimada pela prefeitura local em 335 mil habitantes. Nasceu de um entreposto em um importante entroncamento rodoferroviário e tem sua economia baseada no comércio, na indústria crescente e na prestação de serviços.

Destaca-se como pólo universitário, contando com os campi da Universidade de São Paulo (área odonto-médica), da Universidade Estadual Paulista (áreas de ciências exatas e humanas), e de várias instituições superiores de ensino particulares, algumas estabelecidas há mais de quarenta anos. A Região Administrativa (RA), de Bauru, é composta por 39 municípios e ocupa uma área de 16.105 km², em 2002 contava com uma população projetada de 984 mil habitantes, 2,6% da população total do Estado. Os dados econômicos da RA são apresentados na Tabela 13.

Tabela 13 – Dados da Região Administrativa de Bauru

Fonte: Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados, 2001. Área Total (Km2) Número de

Municípios

Produto Interno Bruto (2003)

PIB per capita (2003)

Região Estado Região Estado Região Estado Região Estado

16.105 248.600 39 645 R$ 9,8 bilhões R$ 494,8 bilhões R$ 9.800 R$ 12.780 6,5% 100% 6,0% 100% 2,0% 100% - -

A economia da RA de Bauru é bastante diversificada, e em seu parque industrial se destacam agroindústrias alimentícias, sucroalcooleira e de óleos vegetais. A existência do maior entroncamento rodo-hidro-ferroviário do interior da América Latina nessa região cria condições para um desenvolvimento econômico auto-sustentado, favorecendo não apenas a atividade industrial e agropecuária, como também os empreendimentos turísticos, contribuindo para a diversificação da economia local.

A cidade de Bauru particularmente ressente-se economicamente da privatização de várias empresas dos setores ferroviário, de energia elétrica e de telecomunicações que ali mantinham suas sedes administrativas regionais. Prestadora de serviços, sem um parque industrial forte, tem agora a perspectiva de se tornar um importante centro integrado de logística.

8.1.1 Situação dos resíduos na região administrativa de Bauru

Dados da CETESB (2007a) apontam certa dispersão da eficácia de tratamento dos resíduos sólidos pelas prefeituras da RA. Alguns pequenos municípios como Avaí, Borebi, Itajú e Piratininga apresentam índice superior a 9,0 para seus sistemas de aterro sanitário. Já os municípios de Itapuí, Macatuba e Lins apresentam as menores notas da região, inferior a 5,0. Os dados de 2006, último levantamento publicado, apresentaram a distribuição apresentada na Tabela 14, para os municípios da regional de Bauru da CETESB.

Quanto à prática da compostagem, também avaliada na pesquisa da CETESB, pode-se verificar que somente quatro municípios da região a praticam: Bocaina, Lençóis Paulista, Uru, e Pongaí, que não dispõe de facilidade própria, compostando em Uru. Das três instalações avaliadas, nenhuma atingiu a nota adequada. Cafelândia praticava a compostagem até no ano anterior, com avaliação inadequada, não constando mais avaliação no último relatório.

A Tabela 14 apresenta os dados de avaliação da CETESB para a região administrativa de Bauru.

Tabela 14 – Classificação dos Aterros na Região de Bauru

Município ton/dia - 2006 IQR* - 2005 IQR* - 2006 Índice 2006 Observação

Agudos 12,9 6,4 7,2 C Arealva 2,2 8,3 8,9 A Areiópolis 3,5 8,4 8,3 A Avaí 1,3 8,9 9,3 A Balbinos 0,4 8,4 8,7 A Bariri 11,4 6,9 6,0 I Barra Bonita 15,1 3,7 5,4 I Bauru 211,7 7,7 8,7 A Bocaina 4,1 7,7 7,4 C Boracéia 1,4 8,8 8,0 C Borebi 0,7 9,3 9,8 A Cafelândia 5,3 7,2 8,0 C Dois Córregos 9,0 7,9 8,8 A Guaiçara 4,1 8,8 8,7 A Guarantã 2,1 8,9 8,9 A Iacanga 3,0 8,8 8,5 A Igaraçu do Tietê 9,4 8,4 8,5 A Itajú 0,7 8,7 9,5 A Itapuí 4,2 4,7 4,7 I Jaú 60,2 5,5 5,5 I Lençóis Paulista 24,0 8,6 8,4 A Lins 27,8 4,0 3,7 I Macatuba 6,7 4,4 4,3 I Mineiros do Tietê 5,0 10,0 8,8 A Pederneiras 14,9 7,3 7,4 C Pirajuí 6,8 8,5 7,6 C Piratininga 3,8 10,0 9,5 A

Pongaí 1,2 8,5 8,8 A Dispõe em Uru

Pratânia 1,2 9,7 9,0 A Presidente Alves 1,3 4,6 6,3 C Reginópolis 1,5 8,3 8,9 A Sabino 1,7 8,0 8,3 A São Manuel 14,8 9,2 8,9 A Uru 0,4 8,5 8,8 A Total da Região 473,8 - - -

*IQR - Índice de Qualidade de Aterro de Resíduos

A = Condição Adequada; C = Condição Controlada; I = Condição Inadequada Fonte: CETESB, 2007a.

8.1.2 Auditoria ambiental no município de Bauru

A Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SEMMA), de Bauru, estima que são encaminhados ao aterro sanitário local em média 220 t/dia de resíduos (um pouco acima do identificado pela CETESB), atualmente. O município de Bauru tem um aterro sanitário e uma central de triagem de materiais recicláveis. Verificam-se na cidade alguns problemas em relação aos resíduos, tais como o lixo reciclável misturado com lixo comum, disposição inadequada dos resíduos e outros. Como centro médico regional, a geração de resíduo de serviços de saúde é significativa e requer atenção especial das autoridades (RINO; VENTURINI, 2005).

Segundo a SEMMA, 65% da zona urbana da cidade são contempladas pela coleta seletiva, que é realizada por equipe uniformizada e, durante os trabalhos de campo, todos usam equipamentos de segurança. É feita semanalmente, com horários predeterminados e divulgados por meio de folhetos e jornais. A central de triagem, ponto de recepção oficial de material reciclável coletado, tanto pelo caminhão quanto por catadores e comunidade, está situada próxima ao almoxarifado da Prefeitura Municipal, possui um escritório, banheiros e um refeitório. É nessa central que, após a coleta, realiza-se a separação ou triagem dos materiais para posterior venda. O processo é todo manual, deposita-se o produto da coleta diretamente no chão e separam-se seus componentes. De acordo com a SEMMA, a maior dificuldade enfrentada é a atividade dos "catadores de rua", que passam antes dos caminhões de coleta e levam todo o material reciclável, possivelmente para depósitos não legalizados. Os catadores de rua se antecipam aos caminhões da coleta seletiva, pegam os sacos do lixo, e os levam para um terreno baldio, para separar o que interessa e depois queimam ou descartam inadequadamente ali mesmo o restante (RINO; VENTURINI, 2005).

8.1.3 Dados complementares

Foi inicialmente entrevistado o sr. Rubens Trentini Duque, diretor de Limpeza Pública, que apresentou os seguintes dados:

• O aterro de Bauru recebe em média 220 t/dia, com pico de 260 t/dia no início da semana e que cai para 180 t/dia nos últimos dias da semana;

• Existe uma dificuldade logística pelo fato da coleta seletiva ser efetuada de maneira independente, e às vezes conflitante, da coleta regular. Está tentando um acordo com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente para coordenar esforços;

• O atual aterro opera desde 1994, está na terceira camada e tem autorização para abrir a quarta camada, desde que conclua o projeto da lagoa de chorume, com aplicação da manta impermeabilizante;

• O atual aterro dista cerca de 15 km da região central do município e atende as normas específicas da CETESB;

• Ressaltou a necessidade de melhoria da estação de separação da coleta seletiva, com a incorporação de uma esteira para automatizar o processo;

• Comentou que o aterro de Bauru teve sua pontuação reduzida em 2005 para 7,8 em virtude de um problema com os queimadores de gás, assunto que já foi resolvido;

• Tem conhecimento do projeto de recuperação de gás para transformação em energia, mas o projeto não está sendo trabalhado em sua diretoria, e considera que não foram recebidas propostas firmes ainda por parte de empresas interessadas, uma vez que ainda não saiu o edital.

8.1.4 Entrevista com o presidente da EMDURB Bauru

Tendo em vista a validação do modelo proposto, além da entrevista com o diretor de Limpeza Pública, foi realizada entrevista com o presidente da Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano de Bauru, conforme descrito a seguir.

Nome: Carlos Alexandre Barbieri

Função: presidente (desde janeiro de 2007) da Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano de Bauru (EMDURB), que tem entre outras a responsabilidade de estabelecer diretrizes para o setor, coletar o lixo urbano e gerenciar o aterro municipal de Bauru, desde janeiro de 2007. Anteriormente foi secretário municipal da SEMMA. É ex-diretor da Associação Nacional de Administradores de Meio Ambiente (ANAMMA-SP), Seção São Paulo, entidade nacional que congrega secretários municipais do meio ambiente e sugere políticas para o setor.

Aplicação do Questionário

a) Qual o problema enfrentado pela comunidade de Bauru quanto aos resíduos urbanos (dimensões quantitativas e qualitativas)?

O entrevistado afirma que falta ao município uma política única para coleta, tratamento e destinação final que abranja todos os tipos de resíduos. Os resíduos de serviços de saúde (RSS) vão hoje para uma vala séptica, numa área especial dentro do aterro municipal, especialmente preparada para isso. No entanto, essa área está se esgotando, e a CETESB vem dificultando a abertura de novas valas sépticas, o que torna difícil a expansão dessa solução. O resíduo industrial, de responsabilidade do gerador, usualmente vai para o ESTRE em Paulínia, distante 240 km, mas há uma pressão constante da indústria para que o aterro municipal receba também esse resíduo. Do ponto de vista organizacional, o município sente falta de uma política única que defina o que cada ente deve tratar: a coleta regular e a varrição de ruas, por exemplo, estão por conta do Departamento de Limpeza Pública (DLP), da EMDURB; a coleta seletiva e o recolhimento dos entulhos de construção civil estão a cargo da SEMMA, e não há nenhuma diretriz comum que defina a cooperação e responsabilidades de cada órgão.

O entrevistado começou a trabalhar nessa integração quando era secretário da SEMMA; no entanto, agora do outro lado, na direção da EMDURB, com as novas responsabilidades, afirma que ainda não pode finalizar o processo. O desafio principal é terminar bem essa atual administração e deixar para o município uma política, o que faz falta ao município.

O entrevistado também afirma que sente falta de compromisso da cidade de Bauru em relação ao serviço de coleta e tratamento de resíduos. O munícipe entende que o lixo é um problema dele só enquanto o está gerando. Entende que, ao dispor o saco de lixo na porta de sua casa, o seu problema acabou. Que não é mais responsável pelo seu resíduo, não se responsabilizando por aquilo que gerou. Informa que são feitas campanhas massivas sobre a questão do lixo, mas não existe um retorno adequado da população. Complementa que, do ponto de vista institucional, o município acaba sendo refém de situações. Vem o Estado e determina, o município obedece, ou regulamenta o que Estado determinou, porém, muitas vezes, no ato de determinar regras, o município acaba por afetar interesses locais. Fica difícil se aprovar determinadas leis, como as de Resíduos Sólidos Urbanos, que afetam interesses locais. A tensão acaba por chegar até a Câmara Municipal, onde vereadores defendem interesses

diversos. Ao se onerar, por exemplo, o setor produtivo, gera-se um impasse entre os vereadores. A imposição de um Decreto Municipal pode não ter o peso de uma Lei, o que dificulta a sua adoção em larga escala.

Quanto à possibilidade de uma política, ou enfoque regional, considera que os municípios da região têm que caminhar muito para atingir o desempenho de Bauru (que teve uma nota abaixada pela CETESB no inventário de 2005, por razão de um episódio com os queimadores do gás emitido (flares), problema que já foi resolvido e a nota subiu para 8,7 em 2006).

O presidente da EMDURB lembra que, segundo a CETESB, a cidade vizinha Jaú, tem nota 5,2, Lins tem nota 4,0, e Marília ainda está no estágio do lixão. A CETESB recomenda a todos esses municípios que se espelhem nas técnicas adotadas em Bauru. Considera que embora o aterro de Bauru seja antigo, necessita abrir agora uma quarta camada, mesmo assim é o melhor da região.

Já participou de reuniões do Conselho de Desenvolvimento Regional (CODER), um dos órgãos que arbitra essa questão, onde têm assento também a FIESP e a CIESP. Sua percepção é de que há pessoas que acabam por influenciar certas decisões, sem que se discuta realmente com os municípios qual seria a melhor política para o grupo. Já participou de reuniões em que os dados apresentados sobre geração dos resíduos, por um professor da UNESP, não correspondiam à verdadeira situação de Bauru, que conta com o único aterro licenciado da região.

A grande preocupação com Bauru é no sentido de impedir que a cidade retroaja ao estágio desses municípios vizinhos. Entende que ao se formar um grupo, todos têm que se deslocar em conjunto, para atingir um estágio mais avançado, sem que Bauru, que está no estágio mais avançado, perca posição. Mas acredita que as coisas podem ter evoluído, e poderia se retomar essa discussão conjuntamente.

Outro grave problema é o da coleta seletiva, com a prática de um modelo que não se mostra sustentável. O município gasta R$ 500 mil ao ano e gera uma receita para as famílias de R$ R$ 100 mil ao ano. Seria mais econômico se a prefeitura simplesmente subsidiasse essas famílias. As cooperativas de catadores são ineficientes no trabalho de separar o material

proveniente da coleta seletiva, entregue pela prefeitura, e então de auferir renda. Existe uma grande ineficiência do atual sistema.

Talvez a solução esteja em abrir totalmente, passando a responsabilidade para essas cooperativas, com terceirização total da coleta seletiva, por conta do rombo anual de R$ 400 mil. Hoje além de todo o prejuízo do processo, as Cooperativas pedem que a prefeitura pague por encargos sociais desses trabalhadores, que têm uma função autônoma. Se houvesse uma usina de separação profissional, com esteiras e um processo bem definido, talvez a situação fosse melhor.

Existe ainda o conflito com os catadores, que se antecipam à coleta seletiva. Como as rotas dos caminhões são previamente divulgadas para que a população se prepare, eles passam antes da coleta seletiva oficial. A situação desses trabalhadores também é preocupante, inclusive com possibilidade de trabalho escravo nos depósitos de reciclagem, não obstante o presidente da EMDURB, junto com o representante do Ministério Público local, tenha trabalhado para coibir estes abusos e diminuir a problemática dos depósitos clandestinos.

O entrevistado afirma que a solução da coleta seletiva deve passar por um acordo com as cooperativas, que devem essas assumir responsabilidades para a melhoria da eficiência. E em não havendo acordo, será pedido a elas que assinem um termo em que se declarem afastadas do processo, dando a liberdade ao município para trabalhar sua política, incluindo a possibilidade de trazer a iniciativa privada para operar a coleta seletiva profissionalmente. Quem vier a oferecer mais benfeitorias ao município, poderá vir a assumir essa operação. Mesmo tendo o atual modelo passado pela Conferência das Cidades, ainda não atingiu estágio de eficiência. Conclui afirmando que o modelo praticado no Brasil ainda não está acabado, precisando ser aperfeiçoado.

b) Quais as forças que favorecem a resolução dos problemas?

O entrevistado considera que a força que mais contribui para a resolução do problema dos resíduos urbanos em Bauru é o fato de o atual modelo estar esgotado e não dar mais para esperar. Ainda nesse ano, 2007, pretende que o município tenha uma nova política para o setor. Independente de movimentos da região, Bauru terá que se movimentar para achar o seu modelo de gestão. A situação chegou num ponto em que o município precisa resolver. Essa

força está empurrando para que encontre uma solução (no momento da entrevista o presidente da EMDURB foi convocado para uma reunião com o Ministério Público, na tentativa de conciliação com o Sindicato dos Trabalhadores da Limpeza Urbana, prestes a decretar greve por reajuste salarial).

No momento têm vários caminhões de coleta quebrados, não se consegue investir na frota, e os trabalhadores pedem reajuste salarial, tudo isso faz com que as engrenagens estejam travadas. Considera que a Prefeitura terá que investir no tratamento de resíduos e que a sociedade deve ser chamada a participar da solução do problema.

O Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP), que congrega os geradores de resíduos industriais, entende o problema, e é parceiro. A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) também participa das discussões, e a Câmara Municipal está sensível ao problema. Tudo deságua para uma solução política do problema, definindo inclusive se continua ou não com o aterro sanitário, ou parte para outras tecnologias. Precisa decidir se monta uma estação de tratamento para a reciclagem, ou se terceiriza todo o processo, ou ainda se deve ou não ser feito compostagem.

O primeiro passo seria o estabelecimento dessa política, não a longo prazo, mas com ações a curto e médio prazos. O aterro está se esgotando em um ano, no máximo um ano e meio. Precisa ter uma solução, senão Bauru não terá onde pôr o lixo. Foi construída uma grande lagoa de estabilização do chorume, de recirculação, mas o custo da manta de revestimento é de mais de R$ 300 mil, dinheiro que hoje não está disponível na EMDURB, e a Prefeitura Municipal terá que apoiar. A quarta camada, que a CETESB prometeu liberar diante da melhoria em curso da lagoa de chorume, também dá uma sobrevida de apenas dois anos, quando o problema estará de volta.

Afirma que, em 2005, recebeu visitas de empresas privadas interessadas em operar um aterro em Bauru. Tentou-se instalar um projeto de emergência, que não foi bem recebido pela sociedade. Portanto, a solução de terceirizar, se for escolhida, tem que ser feita com calma e convencimento da sociedade.

Hoje, em 2007, afirma que, a proposição de qualquer tipo de terceirização pode ser contestada

política bem definida para o setor. Há uma questão moral envolvida, e o foco no momento é o do investimento, para manter o que se tem operando. Também existem várias empresas interessadas na coleta do gás do aterro, e também isso carece de uma política, antes da tomada de decisão.

c) Quais as forças que inibem a resolução do problema?

Com relação ao tratamento dos resíduos em si, o que trava o sistema é a falta de recursos. A situação financeira do município não é adequada, e da empresa que dirige, a EMDURB, pior, com uma dívida que exige o pagamento de R$ 280 mil por mês (quantia suficiente para comprar três caminhões de coleta de lixo) só de refinanciamento da dívida, conseqüência de decisões tomadas em gestões anteriores. Gostaria de investir numa autoclave para RSS, por exemplo, mas não é possível. Sobre as novas tecnologias, informa que conhece estudos empíricos do plasma, mas que não tem conhecimento como solução efetiva no tratamento de resíduos.

No caso da coleta seletiva o que trava é a participação massiva da população. O modelo atual pede a separação dentro da residência, o que só vai funcionar se todos aderirem. Só assim seria possível tirar os 40% a 60% de parcela reciclável do resíduo.

d) Com base nesta análise, quais são as três principais alternativas para resolver o problema de resíduos urbanos em Bauru?

• Estruturação de uma política para os resíduos sólidos do município;

• Deslocamento de recursos do poder público para o município vindos dos governos estadual ou federal ou mesmo de receitas do município para a EMDURB que opera o setor em Bauru;

• Parceira entre o município e uma organização que aportasse conhecimentos específicos do setor e que ajudasse o município a se direcionar para o melhor aproveitamento de soluções técnicas.

e) Adotando o modelo de decisão proposto para comparar as alternativas, qual aquela a ser escolhida?

Quando exposto o modelo, o entrevistado afirma que, como engenheiro florestal, e como administrador público, pensaria na adoção da solução mais eco-eficiente, manifestada numa planta de tratamento do resíduo por plasma, acompanhada de soluções de coleta seletiva para minimização do resíduo, de separação para aproveitamento de materiais, de aumento do poder calorífico e da transformação do resíduo em energia. Obviamente que há restrições de custo, que devem ser ponderadas, mas essa seria, pelo apresentado, a solução ideal, pois daria o melhor retorno ambiental para o município e diminuiria os encargos futuros que os aterros acabam por gerar, mesmo após a sua desativação.

Considerou muito útil, além da abordagem quantitativa do método, como as questões gerais podem ser trabalhadas qualitativamente, afunilando para a tomada de decisão.

f) Com base na aplicação do modelo de decisão proposto, quais são as dimensões críticas para sua implantação?

O entrevistado avalia que a possibilidade de chamar as forças sociais corretas para a participação nas decisões como ponto crítico do modelo. Acha que o modelo pode ser adotado no município para encontrar a solução de compromisso, diante das restrições financeiras atuais, delineando o futuro programa de tratamento de resíduos. Dispôs-se a oferecer seu município para implantar um programa piloto deste modelo de decisão. De ante-mão revela sua preferência pela tecnologia do processamento a plasma pelas suas características de