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A ABRELPE atua no sentido de criar condições de contorno, influenciar os negócios de suas associadas, fazer a gestão do setor e influenciar legalmente. Estimulam e promovem ciclos técnicos, desenvolvem a consciência coletiva de prefeitos, órgãos técnicos. Divulgam as boas práticas. Não se fixam em nenhuma tecnologia específica, isso é problema do associado. Para a ABELPRE é importante que o processo seja bem montado, cuidado e elaborado. O problema não está na tecnologia, e sim como o empreendimento é montado e operado, e os sistemas de controle do Estado têm competência para verificar esse funcionamento. Quando sai licença da CETESB, é porque o projeto foi bem-feito. Mas nem sempre a implantação ou operação é adequada. Esse é o grande problema. Defendem a boa execução independente da tecnologia. A ABELPRE afirma que nunca se vai conseguir fugir da questão/equação econômica para decidir um sistema adequado. Esse é o drive que dirige a decisão pública. O fato do pólo calçadista de Jaú levar os resíduos industriais para o aterro da ESTRE em Paulínia, isso já é um avanço, pois o projeto do ESTRE é bem montado, e o lixão descontrolado é o real problema.

Nos casos do ESTRE e de Caieiras, a CETESB aceita a co-disposição: classe II – não perigoso pode ser colocado junto com o RSU na mesma célula, porque ela está preparada para isso, o nível de preparação é para o mais complicado. Nível de impermeabilização exigido de sanitário para classe II, um pouco mais restritivo, permitia a operação numa única frente. Sobre vazamentos consideram que não é a manta que faz o bloqueio, e sim a camada de argila de 60 cm com compactação de 10

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cm/s, onde uma molécula de água leva cerca de 350 anos para atravessar. Também há proteção contra choque mecânico para evitar rasgos na manta. Cidades acima de 500 mil habitantes até 1 milhão começam a ter viabilidade para um bom aterro sanitário, pois têm escala.

O aterro pode ser próprio do município ou terceirizado. A cidade com 1 milhão de habitantes gera 700 mil toneladas por dia de resíduos, colocados num aterro. Fica com custo adequado, e gera CC. Todas as grandes capitais brasileiras têm condição de ter um bom aterro, seja por PPP ou concessão. Mesmo em São Caetano, onde não há área disponível, considera como a melhor opção a terceirização da disposição de resíduos urbanos no aterro Lara, em Mauá, que já tem seu MDL aprovado em geração de energia. Incineração ou plasma térmico é muito caro. Além das alternativas tradicionais, a ABRELPE considera boa a tecnologia de aproveitamento de biomassa. É interessante uma planta multipropósito onde se tenha biomassa, que aproveite o carbono do lixo. No entanto complementa que já analisou três projetos e nenhum tinha uma taxa de retorno adequada.

No futuro deverá haver uma maior conscientização. Há cidades nos EUA onde é contratada a freqüência e o volume da coleta pagando-se adequadamente por isso. A prefeitura faz uma licitação para indicar quem vai ser o coletor, mas é o cidadão quem paga. O esquema de embutir o valor taxa de lixo no imposto territorial urbano (IPTU) não funciona, porque cai no caixa único. Na Alemanha se o cidadão jogar uma lata no lixo orgânico gera uma reação, porém é cultural. Não é possível um projeto de ponta para uma cidade pequena como Lençóis Paulista com 40 mil habitantes. Mas no Rio de Janeiro, o aterro Gramacho é crítico e está para cair na Baía de Guanabara, demonstrando que caberia uma solução mais complexa. A ABRELPE considera adequado PPP ou concessão, ressaltando que PPP é uma forma mais bem elaborada de concessão, num relacionamento profícuo entre estado e empresas privadas. O gestor público tem que dar uma prioridade para fazer uma boa gestão do resíduo. Partes das atividades de Estado devem ser delegadas às empresas. Acha que este é uma responsabilidade

que tem que ser retirada das prefeituras. A fronteira tecnológica está na captação de gases e obtenção energética. Nas questões de efluentes e tratamentos, todas as tecnologias estão consolidadas.

O CEMPRE afirma que dentro de sua visão de gestão integrada dos resíduos, as tecnologias não competem entre si. Uma parte do que está indo para a tocha de plasma de Piracicaba está sendo desviada do lixão, aliviando-o. Ressalta que não há solução a priori, o importante é trabalhar a gestão integrada. Neste aspecto acha a cooperativa de catadores imbatível, pois recoloca o lixo no sistema produtivo a baixo custo, com economia de energia. (Re)insere socialmente que estava excluído, trabalha a auto-estima e diminui os custos com saúde. E o ganho energético é enorme.

A professora aponta tendências de integrar todas as tecnologias em uma única planta para tratar todo o tipo de resíduo, incluindo o lodo de esgoto. Cita o caso de Tremembé, onde estaria aplicando esse método. No Brasil os tratamentos promovidos pelo governo ainda são isolados, demonstrando a parcialidade da responsabilidade, o que não ocorre quando se trata de investimento privado, com plantas que aceitam a co-disposição.

Finalmente afirma que o aterro sanitário da CAVO em Curitiba já recebe resíduos das classes II e III e industrial, e que há tratamento térmico para o solo contaminado com hidrocarbonetos dos postos de gasolina, bem como já tem previsão de tratamento para pilhas e baterias. Há ainda uma central de tratamento para solidificação de resíduos industriais. Quem opera aterro sanitário, também já está operando aterro classe I, e começa a completar a planta com outros equipamentos, com microondas ou outros sistemas para tratamento de resíduos de saúde. Quem está investindo são os grandes grupos trabalhando em consórcio. Tem um cinturão verde em volta com acesso e infra-estrutura, que estando pronta pode operar na mesma área as várias tecnologias.

Conclui apontando uma tese que orienta visando à recuperação do hidrogênio dos aterros para gerar combustível para células de hidrogênio. Ao se fazer a recuperação do metano, acaba por emitir CO2 que, embora menos agressivo, também causa aquecimento global. Portanto

considera que o hidrogênio pode ser a energia limpa do futuro, podendo ser extraído dos aterros.

7 APLICAÇÃO DA TEORIA DA DECISÃO

A pesquisa avalia três formas básicas de tratamento de resíduos sólidos, que permitem a obtenção de créditos de carbono:

• Disposição em aterro sanitário;

• Incineração;

• Processamento por Plasma Térmico.

Essas três formas básicas são trabalhadas acompanhadas de três soluções complementares:

Coleta seletiva;

• Recuperação energética;

Separação, processo de seleção do lixo para obtenção de refused derived fuel (RDF),

para transformar o resíduo em combustível, pelo aumento de seu poder calorífico.

Algumas prefeituras vêm praticando a separação antes da disposição em aterro, por meio de correias em que o material passa por ação de catadores, fazendo uma recuperação de materiais recicláveis antes da disposição final. Esse processo é uma extensão da atividade de coleta seletiva, e não caracteriza propriamente o processo de RDF, que visa potencializar a produção de energia, que se quer aqui ressaltar.

As soluções podem ser utilizadas em série para se obter soluções mistas, mais complexas e efetivas, totalizando 36 soluções combinadas, das quais duas delas não fazem sentido no modelo, quando se acrescenta a geração de RDF ao aterro sanitário.

Resultam, portanto, 34 soluções que são analisadas nesta pesquisa, conforme detalhado no Quadro 8.

Quadro 8 – Composição das Soluções em Análise