• Nenhum resultado encontrado

A Figura 17 apresenta um gráfico de barras horizontais, obtido como o uso do software Logical Decisions, com as soluções avaliadas pelo seu grau de utilidade, ponderada pela média da percepção dos especialistas quanto à importância das variáveis (pesos atribuídos), conforme apontado nas figuras anteriores.

Legenda:

At - Aterro sanitário; CS – Coleta Seletiva; GEn – Geração de Energia; In – Incineração; Pl – Processamento a Plasma Térmico; RDF – Seleção Energética (refused derived fuel – RDF).

Baseado nos resultados mostrados nesse gráfico apresenta-se a seguir uma análise das sete composições melhor classificadas, e uma síntese sobre as composições que envolvem o uso do aterro sanitário.

• Coleta Seletiva, Separação Energética, Plasma e Geração de Energia (CS+RDF+Pl+GEn)

A solução de maior utilidade no ranking das soluções avaliadas é a coleta seletiva, seguida de separação energética, do processamento a plasma e da geração de energia. Essa solução traz uma imagem de seriedade em relação à prática da coleta seletiva com o envolvimento da população e ainda obtém uma das melhores receitas de venda de materiais e de energia elétrica. É uma solução que ocupa relativamente pouco espaço, não precisa ser localizada muito distante da área urbana e pode processar o lixo coletado, bem como eliminar passivos ambientais dos aterros anteriormente mal- operados. A potencialização da geração de energia ocorre com a prática da separação energética (RDF), o que obrigaria residualmente a tratar da matéria orgânica separada, o que poderia ser feito com uma solução de compostagem, ou a manutenção de uma área reduzida de aterro, e pondera vantagens de se obter créditos de carbono,

• Separação Energética, Plasma e Geração de Energia (RDF+Pl+GEn)

A segunda solução é idêntica à primeira, com exceção da coleta seletiva que não seria praticada, uma vez que, segundo a percepção obtida, a utilidade conquistada com a coletiva seletiva não é hoje plenamente paga. Alguns dos especialistas entrevistados apontaram ineficácia dos processos, embora traga uma imagem positiva para a prefeitura que a pratique. Como na solução aparece a separação energética, pode existir algum grau de recuperação de matéria-prima ou venda de materiais. A matéria orgânica poderia ir para compostagem ou para uma área reduzida de aterro, conforme a opção anterior.

• Coleta Seletiva, Plasma e Geração de Energia (CS+ Pl+GEn)

A terceira solução melhor classificada também é idêntica à primeira solução, porém sem o processo de separação energética (RDF). Essa solução economiza espaço, por

não haver necessidade de depositar ou processar matéria orgânica. Porém perde em eficiência, ao não praticar a separação e desperdiçar a matéria-prima que é convertida em energia. Além de, por permanecer muita matéria orgânica úmida na composição do resíduo, o poder calorífico é menor, portanto gera menos energia.

• Coleta Seletiva, Separação Energética, Incineração e Geração de Energia (CS+RDF+In+GEn)

Praticamente empatada com a solução anterior, em senso de valor, surge a solução que reúne a coleta seletiva, a separação energética, a incineração, e a geração de energia, com as mesmas vantagens já apontadas na primeira classificada, porém substituindo o processamento a plasma pela incineração. Isso reforça a percepção obtida das entrevistas que as soluções de incineração e de plasma estão hoje muito próximas, em termos de resultados. Nesse caso, em relação à primeira alternativa, deve-se ter mais cuidado com o controle dos gases emitidos. O processo de incineração apresenta gases mais variados e com a presença de material particulado, que o processamento a plasma, o que, conforme apontado na literatura internacional e obtido das entrevistas, levaria a solução de incineração ser mais cara do que a de plasma, daí a solução ter um senso de valor um pouco menor.

• Coleta Seletiva, Separação Energética, Incineração, Plasma e Geração de Energia

(CS+RDF+In+Pl+GEn)

A quinta solução apontada é a já praticada no Japão e na França, que reúne a incineração e o processamento a plasma. Talvez, trate-se da solução bastante efetiva, em termos ambientais; no entanto, no Brasil, para a maioria dos municípios fica prejudicada por razão de seu custo elevado.

A solução é mais adequada para em países que já tenham um parque instalado de incineradores, e que queiram continuar a aproveitá-los. Nesse caso o processamento a plasma eliminaria as cinzas e outros sólidos resultantes do processo de incineração.

• Separação Energética, Incineração, e Geração de Energia (RDF+In+GEn)

A sexta solução melhor classificada reúne separação energética, incineração e geração de energia. É idêntica à quarta solução, porém sem a prática da coleta seletiva.

• Coleta Seletiva, Incineração e Geração de Energia (CS+In+GEn)

A sétima solução classificada reúne coleta seletiva, incineração, porém sem o uso de seleção energética. É, portanto, uma solução de menor poder calorífico e geração de energia do que as demais soluções de incineração apresentadas anteriormente, embora associada à coleta seletiva.

• Soluções de Aterro

A primeira solução melhor classificada de aterro aparece em 12º lugar, associada a coleta seletiva, separação energética, processamento a plasma e geração de energia. Sem dúvida uma solução completa, mas talvez fora da realidade econômica dos municípios. Pode representar o modelo completo a ser atingido, porém não provoca o início da atuação do gestor, uma vez que soma todos os processos na solução.

Uma solução factível para o aterro, que aparece em 21º lugar, seria acompanhá-lo de coleta seletiva e geração de energia. Embora importante, essa solução tem uma baixa classificação, por manter a área degradada, por estar longe dos centros urbanos e por ter uma obtenção média de créditos de carbono, o nível de captura é de cerca de 50%. No entanto, como apontado nas entrevistas, pelo fato dos créditos de carbono ajudar a viabilizá-la, pode ser que essa solução seja a mais factível, no momento, para os municípios com baixa capacidade de investimento.

Diante desse quadro, pode-se traçar um diagrama da solução de melhor eco-eficiência conforme apresentado na Figura 18.

Aterro Sanitário Incineração Processamento a Plasma Coleta Seletiva (prefeituras e cooperativas) Seleção Geração RDF Geração de Energia Consumo das famílias Indústria e Comércio Produtos e serviços Coleta Regular Compostagem Venda de Subprodutos (materiais) Venda de Créditos de Carbono Limpeza de ruas Resíduo Serviços de Saúde Resíduo Industrial Coleta informal

(catadores e sucateiros) reciclagem

Âmbito do Município

Âmbito do Gerador

Triagem

Figura 18 – Melhor Composição de Soluções

A melhor composição de soluções passa pelos processos de coleta seletiva e triagem que devem ser promovidas pelas prefeituras; coleta regular e separação para seleção da parcela energética e retirada da parcela orgânica (RDF), compostagem dessa parcela para venda como fertilizante ao mercado ou não, a depender da sua qualidade; processamento a plasma dentro do conceito de waste to energy (WTE) – aproveitamento energético do lixo com geração de energia elétrica interligada à rede e uso das indústrias e famílias. Éviável ainda a venda de materiais para reciclagem, obtidos da coleta seletiva e triagem da coleta regular, além de rocha vitrificada para uso na construção civil. E é claro, é a solução que possibilita a obtenção de maior quantidade de créditos de carbono.