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Análise do Texto II da professora-pesquisadora

3.5 UMA PRIMEIRA EXPERIÊNCIA

3.5.2 Análise do Texto II da professora-pesquisadora

O Brasil na Copa

As copas de 58 – 62 – 70 e 94 foram vencidas pelo Brasil e neste mundial de 98, o Brasil pode ser penta.

No Brasil, país do futebol, a mobilização provocada pelo esporte é ainda maior que nos outros países, pois os brasileiros acreditam muito em mais essa conquista.

Mas nem todo mundo pensa assim, como o Falcão, por exemplo, um dos melhores jogadores que já representaram o Brasil pela seleção. Segundo ele, Zagallo está muito confiante no time, e apesar do favoritismo, ficou provado, contudo, que nome e tradição não ganham jogo, como aconteceu na péssima campanha da Copa Ouro e nos amistosos também.

Outra pedra no sapato da seleção serão os nossos fortes concorrentes, como a Alemanha, que sempre fez o Brasil suar a camisa, a França, que joga em casa e pode ganhar seu primeiro título, a Espanha, que tem uma dupla de goleadores infernal, a Itália, que quase sempre provoca um mal-estar nos técnicos brasileiros e pânico na torcida verde-amarela, sem falar na equipe africana da República de Camarões, que anda surpreendendo o mundo todo.

Outro fator que é contra a seleção brasileira é o sistema defensivo, que tem preocupado bastante. Para corrigir esse problema, bastava Zagallo mudar o posicionamento dos jogadores, mas como ele é muito teimoso...

Mesmo se todos esses fatores não prejudicassem o Brasil, há também um outro vilão: o próprio favoritismo, que faz com que os outros times joguem na retranca, havendo o perigo de um contra- ataque.

Portanto, se o Zagallo ficar atento, o Zico colaborar em sua nova função, os jogadores não jogarem de salto alto e por fim, tudo correr bem, o Brasil conseguirá mais este título, tendo mais uma vez, o esforço e a concentração da torcida brasileira ao seu lado!

Aqui também se analisa a possibilidade de o Brasil vencer o campeonato mundial de futebol em 98. Neste caso, o tema (ou tese) principal é subdividido em vários itens38.

Os dois primeiros parágrafos servem como pano de fundo para a introdução da hipótese a ser defendida, que aparece logo no início do terceiro parágrafo: Mas nem todo mundo pensa assim, [...] , onde assim retoma o sentido de toda a oração anterior39 [...] os brasileiros acreditam muito em mais essa conquista. A partir daí, em cada parágrafo, introduzo um obstáculo específico a ser vencido pelo time brasileiro antes de se tornar campeão. Para facilitar a leitura, aponto cada obstáculo, utilizando as seguintes expressões, na ordem em que aparecem, do terceiro ao sexto parágrafo, respectivamente:

 como o Falcão, por exemplo, [...]. Segundo ele;  outra pedra no sapato da seleção;

 outro fator que é contra a seleção brasileira;  há também um outro vilão.

Cada novo argumento aparece como tema principal do parágrafo encabeçado por ele. Para ganhar variedade, no terceiro e sexto parágrafo o obstáculo foi introduzido como um rema objeto da preposição como e objeto do verbo haver . Finalmente, um quinto argumento é introduzido no parágrafo de conclusão, quando questiono a colaboração de Zico na nova função de coordenador técnico. Nesse último parágrafo, retomo dois dos argumentos previamente mencionados – a confiança excessiva de Zagallo e a arrogância dos jogadores – para enfatizar que é remota a chance de o Brasil vir a ser campeão. Como recurso expressivo, submeto essa chance a nada menos que quatro condicionantes. O título deixa em aberto a minha posição sobre o tema, com o efeito de não soar ofensivo, por se tratar de uma posição contrária à da maioria àquela época.

A minha desconfiança quanto a um resultado favorável ao Brasil fica clara ao longo do texto a partir das seguintes expressões sublinhadas aqui:

 mas nem todo mundo pensa assim;

 ficou provado, contudo, que nome e tradição não ganham jogo;  como aconteceu na péssima campanha da Copa Ouro;

 e nos amistosos também;  pedra no sapato;

 fator [...] contra a seleção;  outro vilão;

 perigo de um contra-ataque;  portanto, se.

Por isso, tais expressões ajudam a estabelecer a orientação argumentativa do texto no nível da frase.

Neste segundo texto, mantive um tom pessimista numa linguagem informal, ancorada não só nas expressões acima, como na escolha vocabular em geral, que inclui, ainda:

 mal-estar;  pânico;  infernal;  muito teimoso.

Finalmente, demonstro os aspectos coesivos presentes neste texto. Ao contrário do primeiro – Em Busca do Penta – aqui a progressão sequencial foi bem mais trabalhada que a progressão referencial, por ser a base da estrutura argumentativa, com a divisão da tese em subteses.

O recurso de subdividir o tema é repetido para estruturar o terceiro parágrafo do texto, quando menciono cada um dos fortes concorrentes do time brasileiro, que constitui o tema desse parágrafo.

Mais uma vez, utilizo o presente do indicativo por todo o texto, fora uma única ocorrência do futuro – ambos, tempos verbais próprios do discurso reflexivo, como é o caso deste artigo de opinião.

Destacam-se também, na organização de três parágrafos consecutivos, casos de paralelismo (KOCH; ELIAS, 2009, p. 164): uma construção do tipo X, que Y...

 a Alemanha, que sempre fez o Brasil suar a camisa;  a França, que joga em casa;

 a Espanha, que tem uma dupla de goleadores infernal;

 a Itália, que quase sempre provoca um mal-estar nos técnicos brasileiros;

 sem falar na equipe africana da República dos Camarões, que anda surpreendendo o mundo todo;

Quanto à progressão referencial, algumas anáforas indiretas (KOCH; ELIAS, 2009, p. são empregadas, retomando o tópico futebol: goleadores , sistema defensivo ,

posicionamento dos jogadores , retranca e contra-ataque .

Neste texto, ao contrário do primeiro, utilizei de pronomes de vários tipos: ele , este , esse , essa , seu , etc. O encadeamento por conexão explícita é também mais recorrente. Alguns exemplos são: mas , se , mesmo se , mais uma vez , ainda maior ,

por exemplo , segundo ele , para , portanto , e por fim , como aconteceu em ...

3.5.3 Análise por comparação e contraste entre Texto I e Texto II da professora-