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4.2 ANÁLISE DOS TEXTOS

4.2.3 Texto 3 (3, M, 5º ano)

TEMA: TV, internet interferem ou não no comportamento de crianças e adolescentes?

TV e internet influenciam a vida dos adolescentes e das crianças?

Em um episódio de picapau, Homero tenta derrubar uma árvore para em seu lugar construir uma estrada. Mas um morador da área não o deixa fazer isso, e em sete minutos Homero, leva uma surra de cassetete, é jogado numa betoneira, explode com uma bomba que lhe cai nas calcas e é atropelado, calma, isso é normal em desenho. A televisão nos últimos tempos tem sido excluida na vida de muitos adolescentes e pré-adolescentes, mas espera aí! Na primeira versão de “O chapeuzinho vermelho” o lobo mau mastiga e comia a vovozinha e a chapeuzinho vermelho, e nossos tataravós não se tornaram maníacos matadores.

Segundo Ives de la Taille, especialista no assunto “a agressividade é um dom natural”, portanto não podemos culpar a TV ou a internet, que também está nesta lista, por toda violencia acontecida na nossa sociedade.

Mas a internet não é tão ruim assim. Pelo contrario, é muito boa, igual na TV tem canais bons e ruins, na internet tem sites bons e ruins, é só saber escolher, bons sites, ou criá-los, como fez Murilo Araújo, eleita pela segunda vez consecutiva a melhor homepage pessoal do brasil. Ele tem apenas 15 anos.

Em setembro recebeu uma medalha de honra ao mérito, pela primeira vez conferida a um adolescente.

Jovens das classes a, b e c já possuem o computador em casa, isso quer dizer que o computador não influencia a matar e a violência, porque não é todo dia que você vê uma pessoa matando outra. Concluindo, a internet e a TV não fazem mal a sua saúde, se você souber escolher, mas porque não escolher? Tem tanto canal e site bom aí, porque só os piores?

O título dado ao texto pelo aluno já apresenta, numa análise baseada na RST, a relação retórica de preparação, na função de satélite, pois antecipa para o leitor o assunto que será abordado no núcleo (que é todo o texto), o que não deixa de ser instigante, principalmente pela temática proposta.

Já o trecho [...] em um episódio [...] até [...] nas calças [...] apresenta a relação retórica de background, pois este trecho fornece ao leitor informações para que ele possa prever e interpretar o texto que será apresentado, além de mostrar a construção de um cenário – pano de fundo – que cria expectativa no leitor sobre a intencionalidade do autor. Repentinamente, o aluno interrompe a narrativa para chamar a atenção do

leitor, como se conversasse com ele, mas espera aí! , estratégia que instiga o leitor, através da relação retórica de preparação.

No trecho seguinte, ele faz uma apresentação mostrando um fato que traz em si uma opinião, utilizando-se da relação de elaboração; e mais uma vez, convida o leitor para uma conversa; A televisão nos últimos tempos tem sido excluída da vida de muitos adolescentes e pré-adolescentes, mas espera aí! . A partir da expressão sublinhada grifo meu) podemos esperar mais informações, principalmente pela carga argumentativa do operador mas , muito presente na explicitação da relação retórica multinuclear de contraste , que traz uma relação de oposição, à ideia anterior. Primeiro ele faz uso de história literária antiga, utilizando-se de uma estratégia de ilustração ao que ele pretende defender. Na primeira versão de Chapeuzinho Vermelho, o lobo mau mastigava e comia a vovozinha e Chapeuzinho Vermelho, e nossos tatatravós não se tornaram maníacos matadores . Percebe-se aí um tom de ironia na construção de uma relação de justificação, principalmente ao fazer uso de personagens fictícias para se justificar de algo do mundo real, apresentando, dessa forma, um novo argumento.

Percebe-se, também, neste mesmo trecho A televisão nos últimos tempos [...] o uso da relação retórica de interpretação, que auxiliam o leitor, através de uma afirmação temporal, sobre qual a situação que será apresentada, ou melhor, um ponto de vista começa a surgir e direciona o leitor sobre a intencionalidade e o objetivo do autor. Aqui observa-se a relação retórica de antítese, se entendermos que o autor apresenta uma situação que remete a um determinado argumento, mas logo depois leva o leitor a acreditar em outro argumento. Para tal ele usa a relação retórica de avaliação do que é dito anteriormente. Trata-se de uma ideia que ele não privilegia. Com o uso da expressão a televisão nos últimos tempos [...] o autor consegue motivar o leitor – relação retórica de motivação- pois acrescenta uma informação com o objetivo de aumentar o desejo do leitor em executar a ação de prosseguir com a leitura.

Novamente no trecho O Chapeuzinho Vermelho [...] até [...] matadores , o aluno apresenta um argumento situacional através da relação de propósito, ou seja, usa como estratégia argumentativa um dado histórico, com tom irônico, mas a intenção aparece nas entrelinhas. Aqui ele faz uso, com muita propriedade, da voz da autoridade Segundo Ives da La Taille a agressividade é um dom natural ou do fenômeno da polifonia para salientar o mais característico dos argumentos de prestígio, a partir dessa declaração que ele usa como prova; a relação retórica de propósito é a que mais se

adequa a este trecho. O autor faz uso de uma informação que tem como objetivo fazer com que o leitor concorde com a afirmação apresentada com uma intenção bastante clara e com muita habilidade.

No trecho [...] portanto não podemos [...] até [...] nesta lista. emerge uma solução para o leitor ao que foi citado anteriormente. É a relação de solução, marcada pelo uso do conector portanto o que se pode interpretar, também, como uma ideia conclusiva.

Na porção textual [...] mas a internet [...] até [...] matando outra [...] emergem várias relações retóricas possíveis. A primeira é a de concessão, pois apresenta uma ideia contrária ao que todos pensam . Podemos denominar esse argumento como uma situação inconsistente às suas justificativas anteriores. Outra relação é a de elaboração, pois ele cita um bom exemplo do uso da internet, utilizando-se da estratégia da exemplificação que ajuda a reforçar a tese defendida por ele. O aluno desdobra e elabora o exemplo usado- Ele tem apenas anos. Em setembro recebeu uma medalha de honra ao mérito, pela primeira vez conferida a um adolescente. -que é outra estratégia argumentativa- e explora essa ideia como mais um argumento para defender seu ponto de vista.

Chegamos ao final do texto com uma expressão de fechamento Concluindo [...] , encontramos nesse trecho a relação retórica de resumo, pois o autor retoma a sua posição inicial concluindo tudo o que foi dito; e provoca o leitor com uma relação retórica de solução construída por meio de perguntas o que parece ter a intenção de persuadir, mas de forma que permita e leve o leitor a uma reflexão. Concluindo, a internet e a TV não fazem mal a sua saúde, se você souber escolher, mas porque não escolher? Tem tanto canal e site bom aí, porque só os piores? Neste final, é nítida a operação de negociação que ele cria com o leitor, pois além de envolver a utilização de uma variedade de recursos linguísticos para a retomada e defesa de sua opinião, ele faz uso de recursos cognitivos por meio dos quais o aluno demonstra reconhecer a existência de pontos de vista alternativos e objeções à sua posição e empenha-se em conseguir a adesão de seu interlocutor ao seu ponto de vista, abrindo um espaço para as interrogativas.