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4.2 ANÁLISE DOS TEXTOS

4.2.7 Texto 7 (7, F, 5º ano)

TEMA: Adolescentes ou aborrecentes ?

ADOLESÊNCIA

Sabemos que na adolesencia tudo muda e quanto muda. Trocamos as bonecas por computador, bolas por vídeo-game, as roupas de babadinhos por roupas fashion, a criancice vai embora, e a adolesencia chega.

Para nós, aquelas festinhas com palhaços ou mágicos, já são coisas de bebês.

Aquelas decorações de quarto com ursinhos, bonecas, palhacinhos e carrinhos não estão mais no nosso dia-a-dia. Agora são festas com muita roupa nova e músicas. Até que uma coleção de adesivos ainda passa.

Por outro lado, também é legal jogar bola, pois jogamos vôlei e futebol (coisas que até os adultos fazem).

Muita gente diz que esta fase é fogo, pois com a modernidade até esquecemos os estudos e a responsabilidade, mas é mentira, pois é depois dos estudos que vamos nos divertir. Mas não sei se todo adolesente é assim, mas devia ser.

Com tudo isso, eu acredito que temos é que aproveitar bem a adolesencia, e no meu caso a pré-adolesencia.

Numa primeira leitura percebe-se que o texto apresenta-se bem estruturado em termos de introdução, início e fim, o que produz um efeito de coerência construída pelo leitor. O texto evidencia a ação do principio da explicitude para explicar, através da estrutura retórica de elaboração, o que significa tudo muda e o quanto muda , na sua primeira frase do texto. Sabemos que na adolesencia tudo muda e quanto muda.

Trocamos as bonecas por computador, bolas por vídeo-game, as roupas de babadinhos por roupas fashion, a criancice vai embora, e a adolesencia chega. Para nós, aquelas festinhas com palhaços ou mágicos, já são coisas de bebês. Aquelas decorações de quarto com ursinhos, bonecas, palhacinhos e carrinhos não estão mais no nosso dia-a-dia. Agora são festas com muita roupa nova e músicas. Até que uma coleção de adesivos ainda passa.

A frase introdutória é o primeiro enunciado que já demonstra onde ela quer chegar com o desenvolvimento de sua tese. Em quase todo o texto ela usa de argumentos baseados na estrutura do real e da comparação para explicar como acontece a fase da adolescência, o que é, segundo Toulmin (1993), uma das estratégias principais para se construir uma boa argumentação.

Outro aspecto conferido a esse texto tem a ver com o próprio universo da aluna; afinal ela já se expõe como se fosse uma adolescente ao fazer uso da primeira pessoa do plural, como se estivesse falando de suas próprias vivências.

Em alguns trechos ela parece querer dispersar o seu pensamento, causando uma espécie de dúvida, Até que uma coleção de adesivos ainda passa. Por outro lado, também é legal jogar bola, pois jogamos vôlei e futebol (coisas que até os adultos fazem , como se não estivesse tão convencida assim que ser adolescente é modificar totalmente os seus gostos. [...] uma coleção de adesivos até passa. , o que chega até a ser uma expressão de efeito cômico , de inocência, por parte da autora. Essa é a leitura que faço desse trecho, ressalvando, como usuária da língua, que este é um processamento textual estratégico em que utilizo de uma informação dada para chegar a uma (hipótese de) interpretação. Em outras palavras, a informação é processada on-line .

A orientação argumentativa dada a esse texto é apreendida pelo fato de a maioria de seus enunciados levarem a uma determinada conclusão e marcarem efetivamente o que ela deseja, ou seja, a sua intenção.

No trecho Muita gente diz que esta fase é fogo [...] a autora já mostra o lado oposto de sua argumentação, que logo é refutada com uma palavra forte, o substantivo abstrato, mentira , numa oração de oposição a quem pensa de modo diferente do dela.

O fato de ela citar a modernidade como um contra-argumento ao dela já dá ao texto, mesmo que de modo frágil, a demonstração de um conhecimento mais amplo ou mesmo uma certa maturidade diante do assunto em debate, do que só utilizar os exemplos do início do texto,um argumento pragmático. Também o uso dos substantivos

estudos e responsabilidade , já caracteriza um progressão semântica tanto em termos linguísticos como em termos de maturação cognitiva.

A oposição às suas ideias é construída com o operador pois desencadendo, mais uma vez, o processo de textualidade marcado pela coesão, pois com a modernidade até esquecemos os estudos e a responsabilidade , [...] mas é mentira, pois é depois dos estudos que vamos nos divertir. Ela emprega os operadores argumentativos com propriedade para justamente direcionar a sua enunciação discursiva. O que se torna curioso neste trecho é, que além de refutar uma ideia contrária, ela apresenta uma dúvida ao trecho anterior quando afirma pois é depois dos estudos que vamos nos divertir. , mais uma vez fazendo uso do operador mas , fazendo-se valer da força argumentativa que tal operador apresenta. Mas não sei se todo adolesente é assim, mas devia ser. Do mas [...] ao [...] mas [...] ela constrói um enunciado que pode ser interpretado como um conselho, um juízo de valor.

No trecho Com tudo isso, eu acredito que temos é que aproveitar bem a adolesencia, e no meu caso a pré-adolesencia. , a autora chega ao final do texto retomando tudo o que foi proferido acima e, mais uma vez, colocando-se no texto, com uma expressão que provoca uma surpresa ao leitor, – e no meu caso a pré- adolesencia. –, pois ela dá a entender, durante todo o desenvolvimento, que já é uma adolescente, mas na verdade é uma pré-adolescente.

Apesar da seleção vocabular da autora não ser tão madura, bem como a elaboração de suas frases (diferentemente do texto a seguir sobre o mesmo tema), ela conduz bem a argumentação no sentido de defender que os adolescentes passam por mudanças mesmo e que essa fase da vida deve ser bem aproveitada.

Por fim, as relações retóricas de elaboração, interpretação e comparação são as mais expressivas no texto, além de possibilitarem a construção de sua coerência.