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P ROCESSOS PROPOSTOS PELA TBD:

3 Procedimentos Metodológicos

3.4 Análise e interpretação dos dados

A análise dos dados realizada nesta pesquisa foi de natureza qualitativa. Portanto, é coerente com a abordagem qualitativa adotada no estudo.

Dados podem advir de fontes diversas tais como transcrições de entrevistas, registro de observações, respostas a itens de perguntas abertas, imagens e vídeo com vistas a identificar mensagens explícitas ou implícitas em determinado texto (JULIAN, 2008).

Serviram de base para a análise as transcrições do conteúdo da entrevista, as respostas do roteiro de entrevista online, os registros feitos no diário de campo e o material encontrado na pesquisa documental. Para se analisar os dados advindos dessas fontes, adotou-se a Análise de Conteúdo definida como um conjunto de técnicas de análises de comunicações, que, mediante procedimentos sistemáticos e objetivos buscaria descrever o conteúdo das mensagens, permitindo ao analista a inferência de conhecimentos sobre as condições sob as quais tais mensagens foram produzidas e recebidas (BARDIN 2004). Definida como um processo intelectual, a técnica permitiu o agrupamento dos dados qualitativos em categorias conceituais (JULIAN, 2008). Sendo assim, os dados foram reduzidos e em seguida buscou-se extrair significados deles com o propósito de identificar padrões ou relações entre temas ou categorias (JULIAN, 2008). Estas são definidas por Chenail (2008) como unidades analíticas que organizam conceitualmente achados relativos a determinado fenômeno ou experiência humana sob investigação. Para Bardin (2004), categorias seriam uma espécie de classe que agruparia determinados elementos sob um título genérico em função daquilo que é comum a tais elementos.

Segundo Bardin (2004), o critério de categorização poderia ser semântico (categorias temáticas); sintático (verbos, adjetivos); lexical (classificação de palavras por sentido, por sinonímia ou sentidos próximos) ou expressivo (relativo a “perturbações” na linguagem). Adotou-se o critério semântico com suporte no referencial teórico para a realização da análise. Julian (2008) define que as categorias podem ser definidas a priori quando predeterminadas em função da resposta para a pergunta de pesquisa ou ser definidas posteriormente à medida que emergem dos dados em um processo iterativo no qual o

pesquisador criaria ou revisitaria categorias previamente identificadas, as combinaria ou dividiria diversas vezes à medida que o texto vai sendo analisado. Segundo Julian (2008), ao se dar nomes às categorias, estes deveriam conter a mesma linguagem consistente com aquela utilizada no texto que está sendo analisado com vistas a se manter fiel à fonte do texto.

Para a criação das categorias nesta pesquisa buscou-se seguir os critérios de qualidade apontados por Bardin (2004): exaustão, exclusão mútua, objetividade e congruência conceitual. Buscou-se, portanto, abranger todos os dados relevantes da pesquisa; manter o mesmo princípio de classificação para organizar as categorias, não permitindo que um mesmo elemento do conteúdo apareça em categorias diferentes; criá-las de forma precisa no sentido de se evitar ambiguidade; e adaptar as categorias aos objetivos da pesquisa.

Nesta pesquisa, a definição das categorias se deu a priori com base na fundamentação teórica e a posteri. As categorias definidas por intermédio de indicadores baseados nos objetivos específicos da pesquisa e no referencial teórico são apresentadas no quadro 10 a seguir:

Quadro 10 – Dimensões e categorias da pesquisa

DIMENSÕES CATEGORIAS

Planejamento da avaliação pelos atores envolvidos

Atores Proponentes (a posteriori) Preparação do Professor (a posteriori) Relação entre o AVA e o processo

avaliativo

Recursos disponíveis;

Ferramentas de Cooperação e interação; Ferramentas específicas de trabalho; Ferramentas de Coordenação; Ferramentas de Monitoramento; Modelo avaliativo praticado na IES Tipos de avaliação

Agentes da avaliação Momentos da avaliação Feedback da avaliação Critérios

Estratégias Comparação do Modelo praticado na IES

com a literatura

Verificação da implementação do processo avaliativo sob a ótica da Taxonomia de Bloom Digital (2009)

Objetivos da aprendizagem;

Instrumentos avaliativos sob a ótica da Taxonomia de Bloom Digital

O processo de análise passou pelas etapas definidas por Bardin (2004): (1) a pré- análise durante a qual se organiza todos os materiais que são utilizados para a coleta de dados e que possam ajudar a entender melhor o fenômeno; (2) a descrição analít ica na qual se aprofunda no corpus da pesquisa fundamentando-se no referencial teórico; e (3) interpretação que se refere a análise propriamente dita. Nesta pesquisa, a pré-análise ajudou na criação das categorias que por sua vez auxiliaram na interpretação dos dados coletados.

A validade e a confiabilidade são elementos essências na análise de conteúdo realizada em uma pesquisa qualitativa. Segundo Julian (2008) a fidedignidade e a credibilidade da análise advêm da busca pela confirmação dos dados por meio da apresentação de evidências para as conclusões tomadas e da triangulação, definida por Vergara (2006) como estratégia de pesquisa que se utiliza de diversos métodos para investigar um determinado fenômeno.

Após a explicação de como foi realizada a análise dos dados, segue-se com a apresentação das limitações desta pesquisa.

3.5 Limitações

Este estudo apresenta certas limitações gerais no que tange à metodologia adotada além de outras relacionadas com as técnicas de pesquisa e análise de dados utilizada. Segundo Ogden (2008), a pesquisa qualitativa pode ser influenciada pelo viés do pesquisador. Tal viés pode vir a comprometer a coleta, a interpretação e a apresentação dos dados e pode permear toda a pesquisa desde o momento da escolha do tópico ou da teoria que vai fundamentar a pesquisa, por exemplo, bem como a seleção e utilização dos instrumentos de pesquisa (OGDEN, 2008). Com o intuito de gerenciar esse viés, o pesquisador deveria estar autoconsciente, durante todas as etapas da pesquisa, dos seus valores e pressupostos e buscar

dados contraditórios, opor os dados encontrados e estar aberto a interpretações alternativas destes, levando em consideração sua subjetividade (OGDEN, 2008). Dessa forma, seria importante considerar a qualidade da interpretação e até que ponto esta poderia ser considerada verdadeira, correta e confiável no intuito de se preservar a sua validade e o seu rigor, que, na pesquisa qualitativa, se daria por meio da presença do pesquisador, do tipo de interação entre o pesquisador e os participantes, da triangulação dos dados, da interpretação das percepções e da descrição da pesquisa (LINDOLF; TAYLOR; 2002; MERRIAM, 2009).

Portanto, seria importante buscar diminuir as limitações trazidas pelas escolhas feitas pelo pesquisador, sejam elas ontológicas, epistemológicas ou metodológicas, em relação ao fenômeno estudado utilizando-se algumas estratégias apontadas por Merriam (2009):

 Triangulação – utilizar diversos investigadores, fontes de dados ou métodos no intuito de confirmar os achados da pesquisa;

 Checagem pelos membros – apresentar os dados e as interpretações realizadas aos que contribuíram para a sua coleta e saber se acham estes verossímeis;  Observação de longo prazo – realizar observações de longo prazo no ambiente

estudado ou repetir as observações;

 Exame pelos pares – solicitar que colegas comentem sobre o que se encontrou na pesquisa;

 Modos participativos ou colaborativos de pesquisa – envolver os participantes nas diversas fases da pesquisa, desde a escolha do assunto estudado ate a elaboração do relatório final; e

 Vieses do pesquisador – tornar claros os pressupostos, a perspectiva e as orientações teóricas do pesquisador.

Com vistas a manter o rigor e a validade nesta pesquisa, que é de natureza qualitativa, buscou-se adotar as estratégias de triangulação, observação de longo prazo e os esclarecimentos dos vieses do pesquisador.

Aponta-se como limitação neste estudo, além da questão do viés do pesquisador, a impossibilidade de se entrevistar todos os atores identificados como responsáveis pela elaboração e implementação do processo avaliativo da IES. Dessa forma, informações relevantes que poderiam, por meio da entrevista estruturada com os responsáveis pelo processo, esclarecer determinadas questões relativas à avaliação da aprendizagem na IES ficaram restritas ao que foi dito pela coordenação da IES e as respostas dadas pelos dois professores que responderam ao guia de entrevista. Contudo, para minimizar essa limitação, buscou-se observar, no AVA, como a prática avaliativa foi de fato realizada e verificar, por meio de diversas leituras dos documentos encontrados, além das entrevistas com os dois coordenadores e da participação dos dois professores, como a avaliação foi conduzida.

Apesar das limitações, buscou-se utilizar as estratégias mencionadas no sentido de buscar maior explicação para o fenômeno estudado. Acredita-se que, apesar dos obstáculos, os procedimentos adotados tenham ajudado a responder à questão proposta e auxiliado na busca de uma melhor maneira de descrever o fenômeno estudado.

Após serem apresentadas as limitações deste estudo, segue-se, no capítulo seguinte, com a apresentação e a análise dos resultados.