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Análise e principais resultados com a aplicação dos questionários no Brasil

4. PESQUISA DE CAMPO

4.2. Estrutura dos questionários para as entrevistas de reconhecimento

4.2.2. Análise e principais resultados com a aplicação dos questionários no Brasil

Para as entrevistas realizadas no Brasil, participaram o mesmo número de empresas que em Portugal (34 empresas) pertencentes à Região Metropolitana de Recife (RMR) e somado a este número, uma empresa certificadora de serviços de segurança e saúde no trabalho foi entrevistada, cujas informações foram absorvidas pela pesquisa dentro de seu desenvolvimento. Das empresas entrevistadas destacam-se a CIV, Refrescos Guararapes (Coca-Cola), Belga D.V. Quebecor, Unilever B.G.N., Master Foods, Pernod Ricard, entre outras dentro do setor da indústria de transformação. Os principais achados dentro do que foi analisado podem ser vistos nos gráficos a seguir (figuras 4.11 a 4.21).

No item relacionado ao número de funcionários, 35,2% (n = 12) possuía até o momento das entrevistas entre 100 a 249 funcionários, uma empresa afirmou possuir entre 750 e 1000 funcionários (2,9%), e apenas duas empresas possuía mais de 1000 funcionários (5,8%) conforme distribuição no gráfico da figura 4.11 a seguir.

Figura 4. 11 - Número de empresas entrevistadas de acordo com o número de funcionários

Fonte: O Autor (2007)

Sobre a presença de um SGSST dentro da organização (unidades entrevistadas), ao contrário do que se observa em Portugal, apenas 53% (n = 18) das empresas afirmou possuir um sistema de gestão em segurança e saúde do trabalho. Com relação às questões pertinentes às dificuldades enfrentadas com a implementação de um sistema dessa natureza (juntamente com uma certificação), (questões 4 e 18) percebeu-se que a maior parte das respostas (35,4%, n = 39) era originária de problemas de mudança cultural, que incluíam em sua maioria problemas relacionados de alguma maneira aos funcionários, seguidos pelo problema de falha

de comunicação (23,6%, n = 26), e pela consultoria externa requisitada no tocante aos requisitos e forma de adequação com as normas da empresa com (19,1%, n = 21).

Para a aplicação das entrevistas foi utilizada a escala de Likert, sem numeração, para avaliação de quatro questões (quando pertinentes a cada empresa) referentes às questões 07, 10, 11 e 12. Para a primeira delas (sétima questão), foi requisitado que o representante avaliasse a adequação da atual política de SST com as necessidades da mesma obtendo-se uma leitura conforme a figura 4.12 a seguir, que corresponde ao total de 18 empresas daquelas que possuíam um SGSST, tendo em vista que 16 empresas não possuíam um, e desta forma, não foram questionadas acerca desta questão. Para esses tipos de questões foram consideradas as seguintes categorias para leitura da escala:

• Nada adequado • Pouco adequado • Parcialmente adequado • Bem adequado

• Plenamente adequado

Assim sendo, percebeu-se que a maioria das respostas permaneceu sobre a faixa de “parcialmente adequado” como em Portugal, com 72,3% das respostas (n = 13) sendo esta a margem mais positiva, e os demais 27,7% (n = 5) das empresas afirmaram possuir um SGSST pouco adequado às suas necessidades.

Figura 4.12 - Grau de adequação da política de SST com as necessidades da empresa

Com relação ao controle de riscos, acidentes e ao atendimento a emergências dentro da empresa, referente à questão 10, percebeu-se que a maioria das organizações apresentava uma percepção de que o controle destes itens atuava de forma parcial junto à organização com 67,7% das respostas (n = 23), seguido de pouco controle (29,4%, n = 10). Apenas uma empresa (2,9%, n = 1) respondeu possuir um controle adequado com relação aos elementos citados, conforme pode ser percebido no gráfico da figura 4.13 a seguir.

Figura 4.13 - Grau de controle de riscos, acidentes e atendimento a emergências

Fonte: O Autor (2007)

Com relação às questões 08 e 22 respectivamente, referentes ao que poderia ser melhorado acerca dos sistemas analisados e sobre as considerações mais importantes sobre a segurança e saúde do trabalho em cada empresa, houve poucas considerações acerca, e tal fato foi percebido como um entrave para o correto e pleno funcionamento dos atuais sistemas destas empresas. As respostas mais significativas foram de ordem de conscientizarão (melhorias nos métodos de conscientização e envolvimento dos funcionários, com 44,4%, n = 20) e relacionadas às avaliações de riscos (métodos mais adequados e viáveis para a indústria, com 17,7%, n = 8). Com relação à percepção da autonomia dos funcionários ligados diretamente aos seus representantes das questões de SST, a maioria destas empresas apresenta um grau de autonomia relativamente baixo, na opinião dos entrevistados (64,7%, n = 22 referente a “pouca autonomia”) seguido de 20,6% (n = 7) com relação a uma autonomia regular. Apenas uma empresa apresentou um grau de autonomia de seus representantes como sendo boa, e 11,8% (n = 4) indicou não existir autonomia alguma para estes conforme figura 4.14 na página seguinte.

Figura 4.14 - Grau de autonomia dos responsáveis por SST dentro das empresas portuguesas

Fonte: O Autor (2007)

Percebe-se na realidade obtida na RMR diante do quadro de empresas participantes das entrevistas que a maioria delas (61,7% n = 21) deixam a desejar no quesito de participação dos funcionários acerca das diretrizes e tomadas de decisões a respeito das políticas de SST dentro da organização, apontando para uma baixa (ou pouca) participação. Cerca de 18% apontam para nenhuma participação (n = 6) e o mesmo percentual para uma participação regular (n = 6), conforme gráfico abaixo na figura 4.15.

Figura 4.15 - Nível de participação dos funcionários em relação à SST

Quando questionados acerca da média mensal de acidentes de trabalho, com e sem afastamento, que a empresa apresentara nos últimos 12 meses, percebeu-se uma configuração relativamente baixa com relação a tais números, porém, todas as empresas apresentaram queixas de acidentes de trabalho de alguma natureza e além disso, a media é mensal, e não anual, o que deixa um alerta aos órgãos e entidades de segurança e saúde do trabalho. Ao todo foram 22 empresas (64,7%) com queixas de menos de três acidentes mensais, e os restantes 35, 3% (n = 12) de três a cinco acidentes. A figura 4.16 resume tal quadro.

Figura 4.16 - Média mensal de acidentes de trabalho nos últimos 12 meses

Fonte: O Autor (2007)

Vinte e três empresas responderam não possuir uma certificação como a ISO, OHSAS, entre outras. O fator mais agravante para o fato de não possuir uma certificação reside na total falta de interesse dos gestores em ter uma, onde aproximadamente 56,5% (n = 13), das empresas que afirmaram não possuir uma certificação apontaram esta opção. O fator relativo ao alto custo foi responsável por 39,1% das respostas (n = 9), e apenas uma empresa (4,3%) indicou que ainda estava em dúvida com relação a certificar algum sistema de gestão da empresa como outro fator. Das onze restantes, apenas duas estavam em processo de implementação, sendo uma relacionada à Gestão Ambiental e a segunda com relação ao seu Sistema de Gestão em SST.

Durante a ultima etapa da entrevista fora pedido uma hierarquização por grau de importância e sob o ponto de vista motivacional, produtivo e social, de como se comportaria uma certificação na área de SST em termos de benefícios e ganhos, chegando-se a conclusão de que, para estas empresas, o fator social ainda é o que mais predomina em primeiro lugar,

seguido do fator motivacional e por último o fator produtivo, ao contrário do que se apresentou em Portugal, onde apontou-se que os maiores benefícios seriam do ponto de vista motivacional.

O gráfico representado na figura 4.17 demonstra com maiores detalhes os resultados para este questionamento.

Figura 4.17 – Fatores que mais são beneficiados com uma certificação em SST

Fonte: O Autor (2007)

Além destas informações, os dados apurados durante as entrevistas in loco às empresas no Brasil demonstram que ainda existe uma grande lacuna entre os que é feito pelo governo e o que se diz ser feito, como ressaltado pela maioria das empresas entrevistadas.

4.3. Conclusões do capítulo

Durante a etapa de entrevistas in loco, foram abordadas questões diversas junto as empresas com o principal objetivo de reconhecimento de suas políticas de segurança do trabalho e a opinião sobre sistemas de certificação. A metodologia utilizada foi direcionada para que as respostas fossem adquiridas com o maior grau de fidedignidade possível, e desta forma se procedeu como entrevistas focadas a cada uma das 68 empresas (34 de Lisboa, Portugal, e 34 da RMR, Brasil), além daquelas especializadas em sistemas de certificações, que fizeram parte apenas para agregar conhecimento á pesquisa.

Deve ser evidenciado o fato de que as empresas foram escolhidas em detrimento daquelas que se dispuseram a participar do estudo, sendo previamente avisadas sobre os

objetivos do estudo e a sua importância. As entrevistas deram-se basicamente em três etapas, onde eram questionados assuntos de dados gerais da empresa, (primeira etapa), dados sobre política de ST (segunda etapa), e dados sobre certificação (terceira etapa). Além disso, buscou-se dentro destas questões a opinião sobre as melhorias que poderiam ser efetuadas dentro de cada organização para determinados elementos, como Sistemas de Gestão em Segurança do Trabalho, sistemas de certificações, etc., e com isso, adquirir informações importantes sobre tais elementos.

Dessa forma, tem-se que para a realidade confrontada pelas entrevistas entre Brasil e Portugal o que mais chama a atenção é com relação aos acidentes e ao tratamento com os funcionários, onde a maior problemática para Portugal apresenta um percentual alto para a relação com os funcionários das empresas entrevistadas, enquanto que para o Brasil o que mais chama a atenção é para a relação direta com o controle de métodos e procedimentos e aqueles ligados com a relação da gerência com os seus funcionários de uma forma geral.

No Brasil há uma relação mais pessoal com os funcionários onde podem ser destacados ainda alguns pontos fortes não encontrados em Portugal, tais como:

• Normalmente os funcionários passam por reuniões e cursos de capacitação;

• Existe uma grande preocupação com pesquisas de satisfação dos clientes, tanto interna quanto externamente;

• As dificuldades de implementação parecem ser menores, porém, possuem menos certificações, sobretudo acerca da OHSAS.

Por outro lado, Portugal apresenta algumas evidencias diferentes, sobretudo acerca de: • Há um diagnóstico de implementação desse sistema.

• Conhecer o quanto deve ser melhorado no sistema de gestão da empresa

Fornecer diretrizes para implementação de Normas

Executar a transição de uma norma para outra;

Ainda existe um grande número de empresas com presença marcante de acidentes de trabalho. Poucas vezes percebia-se durante as entrevistas uma maior preocupação com a extinção de tal componente, considerado dessa maneira como parte integrante dos sistemas produtivos das empresas analisadas. Tal fato demonstra que ainda existe muito o que se fazer por estas e outras tantas organizações, que apesar de entenderem que o acidente é fator de desmotivação, improdutividade e baixa qualidade de vida e de trabalho, e que ainda assim têm feito muito pouco para reverter tal quadro. Deve ser evidenciado que em momento algum a tese teve a intenção de comparar os dos obtidos nas duas aplicações de entrevistas, e sim,

realizar uma análise para obtenção de dados que tornassem o modelo mais embasado tendo em vista as respostas obtidas com as entrevistas.

Nos capítulos a seguir será demonstrado o modelo desenvolvido nesta tese através do uso dos resultados ora analisados e dos recursos disponibilizados, sua concepção, desenvolvimento e etapas, bem como a sua aplicação prática dentro da indústria através de estudos de caso, em Portugal e no Brasil.

CAPÍTULO 5