• Nenhum resultado encontrado

Sobre os Sistemas Integrados de Gestão (SIG/SGI)

Atualmente o mundo está assistindo a uma revolução contínua nos mais diversos meios de produção, nas gestões organizacionais, na própria administração dos recursos humanos, e isso se reflete na necessidade de uma dinâmica renovada nos processos de controle e de decisão sobre os resultados econômicos e financeiros a se esperar. Sempre que se fala em sistemas e novos modelos de gestão, não se pode fugir a um assunto que está cada vez mais em alta: a integração de sistemas. Seja nas áreas de estratégia, seja nas demais áreas do saber.

A tendência por se procurar saídas estratégicas para situações sejam elas difíceis ou não, conduz ao pensamento de que não basta fazer o que já vem sendo feito, e sim, inovar. A utilização de Sistemas de Integrados Gestão (SIG) vem para preencher essa lacuna, onde ante só existiam sistemas isolados, ou em pouca consonância com outros, agora existe uma realidade na qual a junção sistematizada, ou integração sistêmica, leva a uma infinidade cada vez maior de possibilidades que não mais limitam as empresas e indústrias.

Certificadas ou não segundo as ISO 9000, milhares de empresas em todo o mundo estão descobrindo que os seus Sistemas de Gestão da Qualidade também podem ser utilizados como base para o tratamento eficaz das questões relativas ao Meio Ambiente e à Segurança e Saúde no Trabalho. Afinal, com a publicação da norma internacional ISO 14001 para Sistemas de Gestão Ambiental, e da especificação OHSAS 18001 para Sistemas de Gestão da SST, essa utilização do Sistema de Gestão da Qualidade está bastante facilitada. Aliás, tanto a norma ISO 14001 como a OHSAS 18001 foram feitas, propositalmente, para serem integradas aos sistemas baseados na ISO 9001.

Os SIG’s visam uma integração dos processos relacionados aos três sistemas, e dependendo das características e necessidades da organização, elas são mais enfáticas em um ou em outro processo. Com uma pressão cada vez maior dentro das empresas para se fazer mais com muito menos, várias vêem os SIG’s como uma oportunidade excelente para redução de custos com a manutenção e com o próprio desenvolvimento de sistemas em separados, ou de diversos programas que muitas vezes se superpõem e conduzem a gastos desnecessários e sem um retorno desejável.

Atualmente, está cada vez mais difícil e caro manter os três sistemas separados (Qualidade, Meio Ambiente e SST), tanto para uma empresa com 35 funcionários como para uma grande multinacional. Além disso, está ficando cada vez mais evidente que não faz muito sentido ter procedimentos similares para os processos de planejamento, treinamento, controle de documentos e dados, aquisição, auditorias internas, análise crítica etc.

Talvez o principal argumento que tem levado as empresas a integrar os seus processos nas três áreas é o efeito positivo que um SIG pode ter. As metas de produtividade, cada vez mais desafiadoras, requerem que as organizações maximizem a sua eficiência. De acordo com alguns autores, a citar-se Coutinho e Ferraz (1995), é muito mais simples obter a cooperação dos funcionários em prol de um único sistema do que para três sistemas isolados, daí a necessidade crescente frente a existência de um SIG. Além de que, a confluência de forças

que pode ser gerada por estes tipos de sistemas tem levado as organizações a um alto patamar em termos de níveis de desempenho a um custo, muitas vezes, menor.

2.5.1. Integração entre as normas ISO 14001 e OHSAS 18001

De acordo com Correia e Medeiros (2002), a integração é realizada para definir a correlação entre os requisitos destas duas normas e apresentar um modelo para correlação com os requisitos da norma ISO 9001, estabelecendo assim um modelo de gestão integrada, baseado nas três normas de referência. Verifica-se que os requisitos das normas são praticamente idênticos, diferenciando-se apenas nos pontos onde a norma ISO 14001 refere-se a aspectos e impactos ambientais e a norma OHSAS 18001 refere-se a riscos e acidentes, assim, acredita-se que elas apresentam uma forte correlação em todos os requisitos e itens das respectivas normas, facilitando o processo de integração desses sistemas tais como: política ambiental e política de saúde ocupacional e segurança, relacionadas no requisito 4.2 de ambas normas.

Portanto, pode-se definir uma única política de gestão que englobe os aspectos definidos pelos sistemas em estudo. Verifica-se também que o item 4.2, referente à política ambiental ou de saúde ocupacional e segurança (vide tabela 2.1. na página 43) pode está correlacionado com outros itens, tais como os itens 4.3.1, 4.3.3., 4.4.2, 4.4.3, 4.4.4 e 4.6, entre as normas ou para uma mesma norma. Observa-se também que os requisitos que apresentam correlação entre as duas normas, quando confrontados para uma mesma norma, tem este relacionamento ampliado, caso seja implementado apenas o sistema em questão.

A adoção integrada dos sistemas de gerenciamento da qualidade, ambiental e de saúde e segurança, tem permitido uma ação simultânea nos requisitos das principais normas relacionadas a estes sistemas. Esse gerenciamento integrado não tem como conseqüência uma preocupação relativa com os critérios de responsabilidade social.

Ao adotar um sistema de qualidade, a empresa deve integrar conjuntamente os princípios de responsabilidade social que estão inscritos em suas normas e padrões de operações. Esses sistemas de gestão podem ser considerados como guisas para desenvolvimento das questões de responsabilidade social, bastando que tais aspectos sejam observados, identificados e aplicados através da integração desses sistemas na administração dessas normas. A adoção de sistemas individuais de gestão pode ser um ato de responsabilidade social, porém, a integração dos sistemas através dos meios e práticas atuais pode ser considerada como sendo

uma validação da responsabilidade das organizações para com o social.

Segundo Schenini e Benedet (2004) os benefícios que traz uma integração dos sistemas de gestão podem ser ainda maiores quando forem aplicadas auditorias integradas de gestão, em uma perspectiva real destes aspectos relacionados a responsabilidade social, não apenas como uma ferramenta de marketing como já tratado anteriormente. Caso as normas relacionadas à qualidade, gestão ambiental, e segurança e saúde no trabalho sejam implementadas como indicadores de responsabilidade social, provavelmente as mesmas teriam resultados mais promissores.