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Etapa 2 Registro das propostas de identificação de perigos e riscos

5. Modelo para Implementação de SGST

5.2. Apresentação do Modelo

5.2.2. Etapa 2 Registro das propostas de identificação de perigos e riscos

Esta etapa, particularmente deriva-se diretamente da proposta de se ter um registro mapeado das atuais propostas de planejamento e cuidados com relação aos riscos e perigos

presentes dentro da organização, de acordo com o que se tem registrado. Por se tratar de itens em específico, deve-se ter uma maior atenção, pois quando mal conduzidos levam a estragos dentro da organização que muitas vezes são irreversíveis. Para esta análise, como dito anteriormente, toma-se risco como sendo a “combinação da probabilidade e da(s) conseqüência(s) da ocorrência de um determinado acontecimento perigoso e não desejado” (OHSAS 18001, 1999).

A fase de “verificação de registro” será tratada mais adiante, e, apesar de na etapa anterior ter-se mencionado estes no questionário de levantamento, é nesta etapa que se pretende levantar as principais criticas acerca da identificação de perigos e riscos relacionados a atividade laboral. Deve ser deixado claro que os pontos positivos a cerca deste devem ser lembrados mais adiante nas etapas seguintes (cada contribuição pode ser levada em consideração para diversas outras empresas, sendo a vivência e a prática profissional ferramentas indispensáveis para um maior aproveitamento). A maneira de “o como” lembrar podem ser feitos através de notações ou mesmo da incumbência de um membro destinado apenas a fazer o apontamento acerca daqueles, o que não é tarefa que deve ser menosprezada.

De acordo com Alberton (1996), a classificação e identificação dos riscos e perigos dentro de uma planta é um fator crítico em qualquer situação que envolva a gestão de ST, porém, diversas são as técnicas que existem atualmente que possibilitam fazer uma adequada leitura a esse respeito, ainda mais quando são complementadas por crescentes bancos de dados sobre acidentes, incidentes, riscos, etc, os quais permitem uma melhor determinação de riscos e perigos e com uma maior exatidão.

A utilização da ficha de avaliação de perigo apresentada na figura a seguir, é uma guia que poderá ser acrescida de acordo com as observações que forem pertinentes e com as características da empresa, porém, como está projetada, demonstra-se adequada a realidade a que se destina, abrangendo as questões principais que devem ser levadas em consideração para o correto planejamento e controle dos riscos laborais pertinentes ás mais diversas atividades da organização. A figura 5.7 a seguir demonstra a tabela desenvolvida a partir de outros sistemas de avaliação e reconhecimento de riscos e perigos cujas características particulares podem ser vista no capítulo 2.

Figura 5.7 - Ficha de avaliação de perigo do PROTEGER

Os itens constantes na Ficha de Avaliação de Perigo (FAP) do PROTEGER devem ser preenchidos da esquerda para direita seguindo tal orientação para que não se passe por algum item sem preenchê-lo, apesar de que Munari (1997) e Baxter (2000) apontam uma dinâmica diferente quando se tem que descrever procedimentos aleatórios ou quando existe o envolvimento de grupos de discussão acerca de assuntos que possam fazer parte de um

brainstorming, onde algumas vezes é possível antever etapas mesmo sem ter-se todo o

procedimento definido, ou seja, em algum ocasião durante o preenchimento da ficha, pode ser identificado uma sugestão para um perigo que ainda não tenha sido detectado, seguindo o processo inverso. Desta forma, salvo esta observação com sua subsecutiva argumentação, o procedimento deverá ser feito como descrito inicialmente.

Na primeira coluna à esquerda, onde consta “Perigo Percebido” devem ser alocados todos os perigos quanto possam ser identificados. O modelo fornece uma lista inicial de possíveis perigos que podem ser apresentados na tipificação. A listagem de possíveis perigos ou ameaças para os sistemas encontrados normalmente dentro de algumas organizações e sobretudo na indústria, conforme Robson et al (2007), Mikkelsen e Saksvik (2004), Nytro, Saksvik e Torvatn (1998) e Pearse (2001), pode ser evidenciada na parte inferior da FAP do PROTEGER, que não se restringe apenas aos riscos evidenciados na tabela 5.11, podendo ter quantas observações quanto forem possíveis em inclusão aos que são mencionados, devendo ser levado em consideração aqueles perigos provenientes de singularidades específicas de cada organização. A lista tenciona ser um guia de facilitação para esta etapa, não sendo exaustiva.

Na segunda coluna, para cada um dos perigos percebidos, deverão ser apresentadas as suas “Possíveis Fontes”, por mais básicas que sejam. Estas poderão envolver tanto as falhas inerentes a cada equipamento como também as causas provenientes de falhas ou erros de operação e/ou manutenção por parte dos seus operadores.

Seqüencialmente devem ser registrados todos os meios pelos quais cada perigo pode ser observado, como “Modo de Percepção”, sendo este uma ferramenta de identificação do perigo, e assegura que, se determinada característica for observada futuramente esta pode ser um indicativo de um perigo eminente, e as ações para sua extinção podem ser gerenciadas mais facilmente. Não é uma ferramenta preditiva, mas sim, preventiva.

Tabela 5.11 - Lista de possíveis perigos encontrados dentro das empresas

1. Ambiência térmica

inadequada 12. Fonte de energia

23. Queda de alturas (ferramentas e materiais) com dano a pessoas 2. Cansaço físico 13. Iluminação insuficiente 24. Queda de alturas (ferramentas e

materiais) sem dano a pessoas 3. Cansaço mental 14. Incêndio e explosão 25. Queda de alturas (pessoas)

4. Sobrecarga de trabalho 15. Instalações físicas 26. Sinalização aérea inadequada

5. Contusão 16. Sinalização de piso inadequada

27. Levantamento / movimentação manual de ferramentas e materiais 6. Trabalho monótono 17. Trabalho por turnos 28. Chãos com superfície escorregadia 7. Elementos que possam

causar dano aos olhos 18. Perigos biológicos

29. Elementos aerodispersóides (que podem ser inalados ou absorvidos) 8. Equipamento e

ferramentas 19. Perigos ergonômicos

30. Obstáculos / barreiras dentro de trajetos no local de trabalho

9. Trabalho repetitivo 20. Perigos físicos 31. Escorregões / quedas ao mesmo nível (pessoas)

10. Falta de guarda corpo em escadas e rampas

21. Veículos internos e externos

32. Perigos provenientes de fatores humanos (erros, tensão, etc) 11. Falta de manutenção 22. Perigos químicos 33. Violência com os funcionários

Fonte: adaptado de Robson et al (2007), Mikkelsen e Saksvik (2004), Pearse (2001) e Nytro et al (1998) A quarta e quinta colunas, as quais se referem às disfunções operacionais e humanas respectivamente, agregam valor ao sentido de que, sabendo-se o que pode ocorrer ao sistema como um todo e aos funcionários é muito mais fácil mensurar os danos e prejuízos causados pela fonte de perigo, bem como sugerir medidas de minimização e extinção dos mesmos. Fica claro que estas conseqüências derivam-se da soma das possíveis fontes do perigo com o seu modo de percepção, sendo este um efeito indesejado.

Para o “Tipo de Ocorrência”, “Grau de Severidade” e “Ponderação do Risco” (sexta, sétima e oitava colunas respectivamente), considerar-se-á a leitura abaixo, desenvolvida e baseada através da Análise Preliminar de Perigos e no HAZOP segundo Hyatt (2003) e Broder (2006) e de acordo com os conceitos de Jordan (1998) acerca de comportamento frente a situações de acidentes e perigo, os quais demonstram um alto grau de adequabilidade com a proposta do PROTEGER.

Fazendo uso da Escala de nível de condição de severidade presente no modelo PROTEGER (vide figura 5.5 na página 160) a categoria de ocorrência é dada a partir da leitura aproximada de sua observância dentro de um limite de tempo de 10 anos (desconsiderando-se fins de semana) como demonstrado na tabela 5.12 e figura 5.8 a seguir.

Tabela 5.12 - Categoria de ocorrência segundo o PROTEGER

Nível Categoria Descrição

01 Remota Aproximadamente 0 a 10 observações para cada 10 anos 02 Ocasional Aproximadamente 11 a 30 observações para cada 10 anos 03 Baixa Aproximadamente 31 a 50 observações para cada 10 anos 04 Regular Aproximadamente 51 a 80 observações para cada 10 anos 05 Alta Chance acima de 80 observações para cada 10 anos Fonte: O Autor (2007)

Figura 5.8 - Razão entre a observância da ocorrência de eventos e o tempo segundo o PROTEGER

Fonte: O Autor (2007)

A tabela 5.13 a seguir demonstra a taxonomia para o grau de severidade de acordo com o modelo PROTEGER para leitura em relação ao perigo identificado e para definição posterior do grau de risco. A descrição está sempre relacionada diretamente aos danos à equipamentos, propriedade e/ou meio ambiente, bem como aos funcionários (próprios ou prestadores de serviço e terceirizados), clientes ou qualquer individuo que se encontre dentro do ambiente organizacional.

Tabela 5.13 - Grau de severidade segundo o PROTEGER

Grau Classificação Descrição

1º Desprezível Falhas e/ou danos insignificantes, onde não são esperadas lesões, mortes, perda de produtividade ou deterioração da unidade ou do sistema.

2º Aceitável

Falhas e/ou danos leves e controláveis, existindo uma pequena deterioração do sistema, sem comprometê-lo seriamente e com possibilidade de lesões leves, com pequena parada da unidade.

3º Moderada

Falhas e/ou danos substanciais, provocando lesões regulares, requerendo ações preventivas e corretivas em médio prazo e conduzindo a uma possível parada da unidade ou sistema.

4º Urgente

Falhas e/ou danos com deterioração severa, resultando em grande perda e conduzindo a lesões mais graves levando a incapacitação de membros e parada do sistema.

5º Crítica

Falhas e/ou danos permanentes, resultando em sua perda total, conduzindo a lesões gravíssimas ou em mortes, com parada total do sistema e grande perda de produtividade.

Fonte: O Autor (2007)

Com relação à ponderação do risco esta é observada pela confluência do tipo de ocorrência com o grau de severidade que forem observados, e desta forma não é dada pela opinião do agente que aplica o modelo. A matriz a seguir (figura 5.9) define essas categorias e podem direcionar as ações acerca de cada perigo identificado através de uma hierarquização que poderá ser acompanhada dos resultados da etapa 01 do modelo PROTEGER.

Figura 5.9 - Matriz de risco conforme modelo PROTEGER

Para a última coluna, devem ser alocadas as medidas de proteção recomendadas pela equipe e as observações pertinentes, quando estas existirem, que possam ser utilizadas para evitar e/ou minimizar os eventos indesejáveis e as suas conseqüências..

Os registros acerca destas avaliações devem ser mantidos e todos os procedimentos relevantes a ST devem estar devidamente documentados como será visto na etapa 6. Estes devem estar em plena consonância e integrada na declaração de segurança da organização, devendo ser entregues ao conhecimento de todas as pessoas envolvidas.