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Análise do Programa Polis do Cacém

No documento O impacte do programa polis (páginas 160-175)

Capítulo 6|Caso de Estudo Agualva-Cacém

6. Análise do Programa Polis do Cacém

Figura 46| Edificado Demolido, Escala 1:5000 (Fonte: Elaboração da Autora)

Rua D .Maria II Rua De A ngola Largo D.Maria

Figura 47| Estrutura Viária em 2000, Escala 1:5000 ( Fonte: Elaboração da Autora)

Rua D .Maria II Rua De A ngola Largo D.Maria

Figura 48| Estrutura Viária Após 2011, Escala 1:5000 (Fonte: Elaboração da Autora) Rua D .Maria II Rua De A ngola Largo D.Maria

Através da figura 47 é possível ter a noção da quantidade de edificado que foi necessários demolir, cerca de 173 edifícios, que correspondem a 16 920,14 m2 para que fosse possível criar as condições essenciais previstas pelo Programa Polis. Ainda é nos possível aperceber os locais em que o Programa Polis pretende criar as áreas centrais na freguesia de Agualva-Cacém.

Nas figuras 47 e 48 apresentam-se a estrutura viária anterior ao Programa Polis, em que as vias principais centravam-se à volta do largo de D. Maria II, visto ser um dos largos emblemáticos da zona, e partir deste encaminhavam-se, as restante três vias principais, para a baixa do Cacém, para a freguesia de Rio de Mouro ou S. Marcos. As vias secundárias eram as ruas que auxiliassem o automobilista a escapar do trânsito local. A nova hierarquização de vias elaborada pelo Programa Polis, veio beneficiar muito o trânsito local, tendo apenas, em alguns casos, mudado a direcção da via como foi o caso da Rua de Angola e a Rua D. Maria II, relativamente a estas duas ruas e necessário destacar que a Rua D. Maria II tornou-se numa rua pedonal, tendo sido modificado a materalidade do pavimento. Relativamente, às vias principais giram em torno do quarteirão principal, onde se localiza o mercado e a rua D. Maria II, sendo que estas vias distribuiem-se de uma forma mais coerente e simples, que acaba por facilitar o acesso às freguesias vizinhas (Agualva, tendo dois acessos o Túnel de Agualva e a Avenida dos Bons Amigos; Rio de Mouro; S. Marcos). As vias secundárias criadas possibilitam um melhor escoamento e facilitam ligação à parte mais baixa do Cacém, onde se localizam a nova estação do Cacém, a nova creche e o percurso pedonal ao longo de todo o parque.

Figura 50| Espaços Verdes Anteriores a 2000, Escala 1:5000 (Fonte: Elaboração da Autora) Rua D.Mari a II Rua De A ngola

Figura 50| Espaços Verdes Após 2011, Escala 1:5000 (Fonte: Elaboração da Autora) Rua D .Maria II Rua De A ngola Largo D.Maria

Avenida Dr. Miguel Freire da Cruz Rua Nova do Zambujal

Rua Dr. Cust ód io B rites

No que diz respeito ao espaços verdes anteriores ao Programa Polis (figura 48), averigua-se que a existência de espaços verdes ou de espaços pensados para a interacção com a população eram muitos poucos, e as poucas zonas verdes que existiam não continham o factor apelativo, ou seja, pareciam que esses espaços não tinham uma grande preocupação com a qualidade e funcionalidade. O Programa Polis veio dar uma nova vida à freguesia de Agualva-Cacém, tendo requalificado alguns dos espaços verdes já existentes e criado novos espaços verdes que dão uma nova valorização à ribeira das jardas (figura 49). Porém o Programa Polis não veio apenas criar novos espaços, também preocupou-se como as ruas e as praças seriam vivenciadas pela população, deste modo a rua D.Maria II, rua Dr. Custódio Brites, avenida Dr. Miguel Freire da Cruz, estrada de Paços de Arcos, Rua Nova do Zambujal e a Rua João de Deus passaram a ser ruas arborizadas, o que ajuda a atenuar o ruído, a existir uma maior valorização imobiliária e um melhor conforto térmico. No que diz respeito, ao elemento praça foi criada uma praça junto ao mercado do Cacém com o propósito de apelar a população a vivenciar este espaço, contudo hoje em dia esta praça passa apenas por ser um local de passagem até ao novo parque linear. Mas o espaço verde mais prestigiado é o novo parque linear que incorpora a Ribeira da Jardas, este espaço verde veio caracterizar a freguesia de Agualva-Cacém. O programa pretendia que a articulação fosse feita através dos espaços públicos, pelo facto que iria ajudar a definir uma malha no sistema de espaços públicos e criar uma nova realidade urbana à freguesia de Agualva-Cacém. Este grande espaço verde que privilegiava a ribeira, pretendia transformar esta zona num canal verde, em que fosse possível circular pedonalmente e de bicicleta e ainda ter um percurso que estimula-se a prática de exercício físico.


Figura 52|Período de Construção, Escala 1:5000 (Fonte: Elaboração da Autora)
 Rua D .Maria II Rua De A ngola Largo D.Maria

Avenida Dr. Miguel Freire da Cruz Rua Nova do Zambujal

Rua Dr. Cust ódio Bri tes

Figura 54| Edificado Não Construído, Escala 1:5000 (Fonte: Elaboração da Autora)
 Rua D.Mari a II Rua De A ngola Largo D.Maria

Avenida Dr. Miguel Freire da Cruz Rua Nova do Zambujal

Rua Dr. Cust ód io B rites

No que diz respeito à proposta do Programa Polis para a freguesia de Agualva-Cacém, esta veio acelerar o processo e torná-lo mais consistente, abrangente e ambicioso. Como se pode ver na figura 53, o Programa Polis não assentou apenas nos espaços públicos e na hierarquização de vias também preocupou-se em criar mais habitação apesar de ter diminuído a população, cerca de 2 040 pessoas (no período de 2001 até 2011), criar uma nova estação e interface, criar um equipamento cultural e uma nova creche. O edificado proposto pelo Programa Polis não tencionava apenas criar nova habitação para quem viesse viver para a freguesia, mas também realojar toda a população a quem tinham demolido as suas casas. E necessário ter em conta, os períodos de construção de cada parte do programa, pelo facto que inicialmente o programa incluia a nova estação e o novo túnel de Agualva, mas estes projectos foram direcionados para outras entidades mas sempre englobados no programa. Através da figura 50, pode-se verificar que grande parte da proposta foi construída no período de 2001 até 2008, embora o viaduto do lagar tenha sido construído em 2007, grande parte do programa foi construído no período planeado, devido à nova estação e ao novo túnel de Agualva terem ficado responsáveis por outra entidade levou a que a sua construção começasse em 2008 e se alonga-se até 2011, assim entende-se que a construção de todo o programa se extende-se até 2011, mais três anos do que estava estipulado.

Com esta última figura 54 é nos possível ver que grande parte do edificado proposto pelo programa não foi construído, cerca de 19 edifícios correspondente a 24 412,75m2 não construídos, um dos edifícios propostos ao fundo da rua D. Maria II não foi construído pelo facto de uma propriedade ser privada. Conclui-se que o Programa Polis conseguiu assegurar tudo a que se tinha proposto, contudo existem alguns espaços que hoje em dia não tem qualquer tipo de utilidade extra, como já foi referido a praça do mercado, e o facto de a rua D. Maria II ter o carácter pedonal veio tirar a vivência da própria rua, e é pouca a população que utiliza esta rua. Referente, aos espaços públicos todos foram construídos e ao longo do tempo têm sido adicionados alguns elementos urbanos, como bancos, iluminação e um parque infantil. Esta valorização ambiental destinada para esta freguesia de Agualva-Cacém, o novo parque linear, veio beneficiar muito a qualidade de vida da população, permitindo que a população interagisse com natureza. Hoje em dia este local é bastante vivenciado pela população, por vezes é utilizado como um local de passagem para quem vai para a estação, mas principalmente é utilizado para fazer-se caminhadas e exercício físico, embora também seja um local de ponto de encontro e de permanência.

7. Síntese

A freguesia de Agualva-Cacém era considerada um subúrbio de Lisboa, que apresentava um crescimento exponencial e desordenado desde os anos 70 do séc. XX. Todavia sofreu uma grande transformação funcional e tipológica o que fez que esta área fosse uma “área dormitório”, pelo facto que servia apenas como residência para os trabalhadores da cidade. Isto pelo facto que existiam transportes públicos que conectavam com a cidade, como a linha ferroviária e o troço de Queluz a Rio de Mouro do IC19, construída em 1991. Esta nova acessibilidade criada veio acentuar ainda mais esta transformação dando uma acessibilidade mais rápida e menos dependente da linha ferroviária. A conclusão da construção dos troços do IC19 coincidem com o aumento de população e com o crescimento urbano. Devido a esta grande transformação e o aumento do crescimento de população também houve a necessidade de ajustar as linhas ferroviárias aumentando-as, mais concretamente a quadruplicação das vias. É preciso ter em conta que esta transformação, desde a criação de novos arruamentos, equipamentos, indústrias e grande prédios não teve qualquer tipo de planeamento, foram surgindo devido às necessidades presente na altura, principalmente pelo o aumento significativo da população. Grande parte deste descontrolo surge pelo, bloqueio progressivo do leito da Ribeira das Jardas, o que veio dificultar a pouca diversidade de soluções de tráfego e estacionamento. Todos estes factores permitiram que a freguesia de Agualva-Cacém atingisse um limite, devido à sua densidade alta e desqualificada tendo um grande défice de espaços colectivos, equipamentos e serviços, com questões ambientais, ausência de actividades que dessem mais empregabilidade e a má qualidade de traçados.

Em 1998 recomendou-se a elaboração do plano de pormenor para a área central do Cacém com o intuito de encontrar soluções que resolvessem as dificuldades na zona, em que nas ruas existentes foram construídos edifícios que tivessem em conta a divisão de propriedade e dos interesses existentes, embora ainda não se expressasse a necessidade de refazer alinhamentos, ordenar os espaços públicos ou criar aberturas no tecido urbano. É necessário ter em conta que não existia fisicamente uma articulação da área do Cacém com a área de Agualva, os únicos elementos que geravam um núcleo urbano era a via-férrea e o elemento natural, a Ribeira das Jardas. Ainda neste plano surge a integração do plano de pormenor do Programa Polis que trouxe uma nova aspiração ao projecto, tendo três pressupostos que se focam nos meios financeiros necessários para a transformação da freguesia, na constituição de uma estrutura de gestão específica e no enquadramento político-legal que promoveu a análise conjunta e projectos, como: o IC 19, O projecto da hidráulico da ribeira e o projecto ferroviário. É de salientar que a freguesia de Agualva- Cacém foi escolhida pela Comissão Coordenadora para que fosse integrada no Programa Polis

como um caso exemplar, devido a ser uma zona degradada, quer em termos ambientais como urbanísticos. O Programa Polis do Cacém iria sofreu várias alterações, sempre com o propósito de melhorar a qualidade de vida da população, para que isto acontecesse um dos aspectos fundamentais passava por criar zonas centrais em Agualva-Cacém que iria auxiliar na resolução da hierarquia de vias e na valorização ambiental da Ribeira das Jardas. No fundo este projecto pretende reformular vários aspectos negativos do Cacém, desde a hierarquização de vias que consiste em melhorar a mobilidade e a acessibilidade, criar um crescimento urbano equilibrado tendo como base as novas regras de imobiliário e fortalecer a vida comunitária.

Respondendo aos objetivos do trabalho a implementação do Programa Polis do Cacém veio proporcionar um novo rumo, à freguesia de Agualva-Cacém, tendo como intenção resolver as problemáticas mais urgentes devido à falta de planeamento urbanístico, o que acaba por evidenciar as necessidades de espaços verdes, espaços colectivos, equipamentos e serviços para além das problemáticas ambientais, isto é, a falta de preocupação com o meio ambiente e com a qualidade de vida da população. Dado que a criação do Programa Polis pretendia uma nova visão estratégica do ambiente e do ordenamento do território, baseando-se na requalificação urbana e na valorização ambiental das cidades, considera-se que houve a necessidade de responder a todas as problemáticas que fossem deste âmbito. Assim, consoante as necessidades presentes em cada caso de estudo, todas as intervenções pretendiam gerar espaços que melhorassem a qualidade de vida da população das cidades e que fossem espaços em que a população os utiliza-se.

No que diz respeito ao caso de estudo o Cacém, visto que o principal foco é a valorização ambiental, este preocupou-se com o elemento principal, a Ribeira das Jardas, em que acaba por transformar-se num canal verde tendo uma ligação da cidade no sentido norte. Este corredor verde veio tornar-se num ponto central e caracterizador da freguesia de Agualva-Cacém, onde existe a preocupação de criar espaços pensados para o usufruto da população, tendo cada espaço a sua funcionalidade e principalmente que sejam espaços que venham beneficiar a qualidade de vida da própria cidade e da população. Esta grande área verde não se destaca apenas pelo sua dimensão mas pelo facto de incorporar várias funcionalidades, desde percursos pedonais e ciclaveis, circuito de que pretende estimular a prática de exercício fisico, espaços destinados para as crianças entre outros mas que acima de tudo promovam a saúde e o bem-estar. Assim considera-se que todos os espaços verdes criados pelo Programa Polis proporcionaram um grande impacte na freguesia de Agualva- Cacém, mas principalmente geraram uma maior qualidade de vida à população, ou seja, criaram um conjunto de condições que vieram contribuir para o bem-estar fisico e mental dos indivíduos.

Relativamente à frequência de utilização pela população dos espaços públicos criados, constata-se que a maioria dos espaços públicos criados pelo Programa Polis são utilizados pela população.

Contudo algumas das zonas emblemáticas do Cacém, como o Largo de D. Maria e a Rua D. Maria II, que sofrem algumas alterações propostas pelo Programa Polis, passaram a ser zonas com pouco destaque, com isto pretende-se dizer que as alterações propostas não criaram nenhuma melhoria a estes espaços, antes pelo contrário retiraram-lhes o ambiente e a vivência que anteriormente tinham. Embora com menos destaque, o Largo D. Maria, continua a ser ponto de reunião dos habitantes mais antigos que se juntam à volta do chafariz. Neste locais o Programa Polis apresentou a sua função de requalificar os espaços.

Outro espaço que não corresponde ao que foi proposto é a praça junto ao mercado do Cacém, em que se pretendia que a população vivencia-se e usufrui-se desta. Apesar desta praça ser ampla, acaba por não ter qualquer tipo de utilidade para a população sendo que é utilizada apenas como um local de passagem que dá acesso directo á área central do Cacém, o novo parque linear. Devido à amplitude desta praça, por vezes, realizam-se pequenas feiras com o propósito de apelar à utilização desta, contudo não existe uma resposta por parte da população pelo que se pode questionar o que esta praça veio trazer de novo.

Uma vez que o Programa Polis do Cacém não foi construído na sua totalidade, há espaços que não tem qualquer tipo de funcionalidade como é o caso dos espaços verdes e do edificado proposto para a Rua Cabo Verde e a Avenida Dr. Miguel Freire da Cruz. Hoje em dia estes espaços não têm qualquer uso, apenas são ruas que têm estacionamento e que não proporcionam uma melhor qualidade de vida naquele local. Neste sentido pode-se concluir que alguns dos espaços não utilizados pela população está relacionado com a não conclusão do Programa Polis. 


No documento O impacte do programa polis (páginas 160-175)