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Caso da Cidade de Berlim

No documento O impacte do programa polis (páginas 44-49)

Capítulo 2 |Espaço Público

4. Caso da Cidade de Berlim

É importante salientar o caso da cidade de Berlim devido a ser uma cidade em que o seu desenvolvimento urbanístico foi totalmente diferente do de Portugal.

Berlim após ter sido devastada na II Guerra Mundial sofreu uma grande transformação urbanística, no qual foram reconstruídos e reabilitados edifícios históricos e foram criados novos bairros e zonas verdes, contudo as zonas anteriormente ocupadas pelo murro foram aproveitadas para a população usufruir. Esta transformação urbanística teve como principal intuito promover a criação de espaços públicos verdes, ajudando a criar zonas de permanência e estadia (Louro, 2006). Segundo Andreas Geisel, a cidade de Berlim, considerada como cidade verde, resulta da sua história a qual mais nenhuma outra cidade europeia possui. A guerra e a reconstrução, divisão e renovada, a convergência da cidade não deixou qualquer rasto. Na cidade, encontram-se evidenciadas diversas “cicatrizes” do passado, isto é, tudo o que ocorreu no tempo do muro de Berlim manteve-se com o propósito de demonstrar todos os erros que foram feitos naquela época, daí serem vistas como contínuas projecções das memórias. Estas rupturas históricas dão lugar a oportunidades para os espaços públicos, por exemplo o facto do muro ter caído criou áreas com novos usos ao longo da antiga faixa de fronteira. A entrega das zonas industriais e das instalações ferroviárias também ofereceram a oportunidade de desenvolver novas áreas verdes, o que significava que a própria cidade tinha mais liberdade de criar espaços públicos e verdes do que as outras capitais de tamanho comparável (Louro, 2006).

A ideia da cidade museu pretende espelhar a memória e a nostalgia de Berlim como um paradigma da história moderna e símbolo do séc. XX. Esta necessidade de demonstrar a sua história pretende assumir como determinante na questão universal de valores, noções do presente, de modernidade e de mudança (Louro, 2006)

Nos últimos 25 anos, o crescimento da cidade (estradas, infra-estruturas, entre outros) anteriormente dividida cresce novamente junta, tornando possível estabelecer espaços públicos em locais internos da cidade, concretamente naqueles lugares onde a natureza tem algumas particularidades.

Em relação aos seus espaços públicos existe uma grande diversidade, de parques e jardins, praças e ruas verdes com uma grande diversidade de formas e tamanhos que caracterizam a própria cidade. Devido à grande variedade de espaços, encontram-se presente nos parques e jardins históricos, uma elevada qualidade de vida, interesse e vivência o que cria uma abundância de exemplos de projectos. Alguns destes espaços foram posteriormente definidos por Martin Wagner e

Herman Jansen (PROFÉ, Beate; RENKER, Ursula; THIERFELDER, Holle; WUNNECKE, Anke; HAUN, Galene; 2005).

Nos últimos anos foi possível expandir a estrutura histórica de espaços verdes e públicos ainda existentes. O grande coração do sistema de espaços abertos da cidade é Grober Tiergarten, que conta com inúmeras instalações verdes, parque público, pequenos jardins e cerca de 5 memoriais. Este desenvolvimento dos espaços verdes e públicos permitiu garantir um ambiente mais saudável para os moradores da cidade, assim sendo elaborou-se o programa “ Berlim Urban Landscape Strategy” que promove este desenvolvimento no contexto do futuro ordenamento do território. Este programa coloca a questão da ligação dos espaços públicos, com o propósito de conseguir um equilíbrio no clima da cidade. Dos 16 grandes projectos elaborados para este programa apenas 14 deles foram realizados ou estão em fase de planeamento. A grande parte destes projecto foram criados para compensar a construção em natureza e paisagem (PROFÉ, Beate; RENKER, Ursula; THIERFELDER, Holle; WUNNECKE, Anke; HAUN, Galene; 2005).

Segundo Andreas Geisel (2015), Berlim oferece espaços públicos para os mais diversos interesses e expectativas, assim sendo existem espaços adequados para a acção, desporto e jogos, bem como para estar quieto vivenciando a própria natureza. Estes espaços públicos são especiais devido a serem adaptados para reforçar a atractividade

da cidade e também apoiar o seu desenvolvimento social, ecológico e sustentável. Contudo para se preservar estes espaços é necessário manutenção. Esta manutenção permite que a população consiga construir uma relação com os próprios espaços, o que serve como motivação para cuidar dos mesmos.

Sobre o “Futuro de Berlim” pretende-se dar 1 continuidade à criação de novos espaços públicos visto ser uma factor de localização na “competição” entre as outras metrópoles. A sustentabilidade na construção urbana, assenta principalmente nos espaços públicos e verdes da cidade. No contexto das alterações climáticas, o cuidado dos espaços de uma cidade assume uma nova urgência, como a contribuição na protecção ambiental.

PROFÉ, Beate; RENKER, Ursula; THIERFELDER, Holle; WUNNECKE, Anke; HAUN, Galene,

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Stadtgrün in Berlim Urban Green Spaces in Berlim - Raum für Freizeit und Naturerleben Recreation (2005) Figura 3|Espaço Público Do Bairro Governamental

(Fonte: Profé, Beate; Renker, Ursula; Thierfelder, Holle; Wunnecke, Anke; Haun, Galene, 2005)

A permanência de espaços abertos ajuda a regular a temperatura urbana e a própria vegetação (PROFÉ, Beate; RENKER, Ursula; THIERFELDER, Holle; WUNNECKE, Anke; HAUN, Galene; 2005).

Temos como exemplo de espaços públicos o bairro governamental de Berlim, que é definido através de edifícios e das suas praças representativas. Este mesmo é caracterizado pela sua arquitectura e história contemporânea. O Platz der Republic em frente ao parlamento, o fórum entre o edifícios da Chancelaria Federal e Paul Haus são espaços abertos que se encontram ligados com o Parlamento. Este parque pode ser experienciado em dois níveis: através de um caminho panorâmico que é direccionado para a vista da cidade construída e o outro

que permite olhar para a margem do rio Spree.

Outro espaço público é o memorial muro de Berlim que tem cerca de 1,5 quilómetros, nesta faixa de norte foi preservada toda a sua área e sucessivamente transformou-se num memorial ao ar livre, de modo a espelhar a história. Este espaço com cerca de 4,2 hectares, em que demonstra as fortificações de fronteira, espaços de exposição e estar relacionadas com o tópico que oferece a informação em diversas formas (áudio, vídeo, fotografias e documentos). Também são visíveis alguns contornos de edifícios demolidos e as rotas de túneis de fuga (Plantas em Anexos).

Uma das praças mais reconhecida é o Lustgarten que se tornou um foco no centro de Berlim. Esta é vista como um exemplo de planeamento urbano, embora muito criticada. Foi construída baseando-se num modelo histórico, actualmente é constituído por 2,3 hectares quadrado num espaços urbano revigorado. Esta praça foi criada em 1649, contudo sofreu diversas alterações ao longo dos anos, hoje em dia é caracterizada pela sua fonte e pelas suas zonas verdes modeladas (PROFÉ, Beate; RENKER, Ursula; THIERFELDER, Holle; WUNNECKE, Anke; HAUN, Galene; 2005).

Figura 4|Espaço Público Do Memorial Muro De

Berlim (Fonte: Profé, Beate; Renker, Ursula; Thierfelder, Holle; Wunnecke, Anke; Haun, Galene, 2005)

Figura 5|Praça Lustgarten

(Fonte: Profé, Beate; Renker, Ursula; Thierfelder, Holle; Wunnecke, Anke; Haun, Galene, 2005)

5. Síntese

Neste capítulo, referente ao espaço público, percebemos que este conceito é complexo pelo facto de abranger vários factores, como social, cultural, económico, ambiental entre outros. O espaço público contém, também, um carácter organizador que permite relacionar todos os aspectos fundamentais para a criação destes espaços públicos. Para que um espaço público satisfaça todas as necessidades ou que corresponda à grande diversidade de culturas e estilos de vida presentes em cada realidade, é fundamental que estes espaços tenham qualidades; qualidades essas que devem assentar em diversos princípios fundamentais, nomeadamente um bom desenho que demonstre as directrizes claras dos objectivos estabelecidos e sobretudo estar adequado na zona onde se localiza e da sua envolvente. Assim sendo os espaços públicos devem ser espaços que pretendem equilibrar o edificado e os espaços abertos, preocupando-se com as necessidades da população, proporcionando o bem-estar, o conforto, a segurança e a qualidade de vida às populações.

Nem todos os espaços públicos têm as mesmas características e funções, daí existirem várias tipologias, como no tecido urbano, a praça, a rua, espaços verdes e os vazios urbanos. Como já referido cada tipologia tem a sua função, ou seja, no tecido urbano encontram-se todas as variedades de malhas urbanas, o que permite observar toda a evolução do traçado existente na cidade. Desta forma é possível compreender a criação de praças, das ruas e dos espaços públicos e privados. As praças surgem após diversas acções intencionais, que procuram proporcionar diferentes espaços e vários usos. Estas destacam-se pelo facto de reforçarem a sua identidade de espaço ao longo do tempo.

O elemento rua é visto como um corredor que cumpre a função de passagem e suporte do edificado, isto é, um elemento linear e contínuo dos espaços público da cidade. Para planear uma rua deve-se ter em conta a interacção do peão com o veículo, a densidade de utilização e a sua configuração.

Relativamente aos espaços públicos e privados, consideram-se espaços públicos todos aqueles em que a população pode-se deslocar livremente, com isto pretende-se dizer que são espaços criados a pensar no bem-estar, no conforto e na interacção que a população terá com eles, à semelhança do que acontece nas praças, ruas, espaços verdes, entre outros. Os espaços privados retratam espaços mais particulares, onde a população não está tão exposta, isto é, existe um maior grau de intimidade, pelo facto de estes serem controlados e geridos por quem usufrui deles ou por quem neles vive durante alguns períodos.

O termo vazio urbano pode ter diversas conotações desde espaços degradados, abandonados, sem qualquer utilidade são considerados espaços inúteis, são espaços que atravessam vários períodos e que incorporam grandes potencialidades para seres modificados. Porém existe uma grande probabilidade de estes espaços existirem devido à dificuldade de colmatar a variedade de tecidos urbanos presentes na cidade, o que acaba por ser uma oportunidade para serem implementadas várias possibilidades de construção.

No que diz respeito ao espaço público e colectivo, concluiu-se que os espaços colectivos é um conceito mais amplo e abrangente comparativamente ao conceito de espaço público, pelo facto que apenas uma parte do espaço colectivo é considerado espaço público. Neste momento existe a preocupação de reajustar, recuperar e reinventar o espaço público como um espaço colectivo, com o intuito de criar uma ligação com mais proximidade da envolvente.

O caso de Berlim mostra a diversidade de espaços públicos que podem existir numa cidade.

Capítulo 3|Contextualização das Políticas Urbanas em

No documento O impacte do programa polis (páginas 44-49)