• Nenhum resultado encontrado

Análise SWOT

No documento O impacte do programa polis (páginas 81-86)

Capítulo 4|Instrumentos de Planeamento Concelho de Sintra

1. Tipos de Planos

1.2. Planos de Âmbito Municipal

1.2.5. Plano de Desenvolvimento Estratégico Sintra

1.2.5.1. Análise SWOT

Agualva e Cacém estão inseridos na unidade geográfica correspondente ao Corredor Urbano. Um dos pontos fracos presentes é o facto de a mancha urbana de Sintra ter aumentado, no período de 1991 a 2001, este crescimento foi sobretudo causado pela migração e a imigração. Assim cerca de 80% dos habitantes de Sintra não são naturais do concelho. Uma grande parte da população provém de outros países, ou seja, tem outras culturas bastante distintas da cultura portuguesa. A entrada rápida de um número substancial de pessoas levou ao sentimento de falta de pertença e de desconhecimento dos valores culturais e sociais. Os elementos que determinam esta descaracterização social é a carência de equipamentos colectivos como estabelecimentos escolares, equipamentos de saúde, equipamentos culturais, entre outros. Estas carências levam a que esta unidade geográfica, se polarize em torno de outros concelhos com esse tipo de estrutura. Visto que o concelho de Sintra apresenta carências estruturais, acaba por anular-se e ter como referências as áreas metropolitanas adjacentes.

Outro aspecto menos positivo está relacionado com o crescimento desordenado. Este crescimento não teve qualquer tipo de acompanhamento em termos de infra-estruturas e equipamentos (espaços verdes, estabelecimento escolares, transportes públicos, vias de acesso), o que causou problemas de estrangulamento nas infra-estruturas e nos equipamentos existentes. Importa referir também a elevada volumetria das habitações e situações específicas de urbanizações realizadas sem sustentabilidade física, com erros urbanísticos que causam elevados custos, o que demonstra a falta de planeamento urbano cuidado.

Esta falta de acompanhamento de infra-estruturas e de equipamentos coletivos proporcionou a desvalorização dos preços das habitações e também a desvalorização dos terrenos urbanizáveis circundantes. Este tipo de construção deriva principalmente pela falta de planeamento cuidado das zonas que se urbanizavam. A carência de infra-estruturas, áreas verdes, lugares de estacionamento e equipamento traduziram-se numa baixa dos preços das habitações. Os agentes económicos, respondendo às exigências do mercado imobiliário adaptaram-se a oferta ao produto imobiliário que fazia economicamente mais sentido, a construção de baixo preço (Relatório Fundamentado de Avaliação da Execução do PDM de Sintra, 2011).

Um elemento crítico é a falta de segurança, que advém do fenómeno da exclusão social. Na população suburbana existem uma grande diversidade de exclusão social, quer dizer existem vários jovens sem qualquer tipo de ocupação nos seus tempos livres, principalmente no período de tempo compreendido entre o final das aulas e a chegada dos adultos à residência após o trabalho. Nestes mesmos períodos muitos jovens não têm forma de ocupação desportiva, social ou cultural devido à carência de equipamentos e à falta de rendimentos dos extractos familiares para acederem a espaços privados existentes, o que torna mais permeável a situação de delinquência e criminalidade (Relatório Fundamentado de Avaliação da Execução do PDM de Sintra, 2011).

Outro aspecto é o insucesso escolar que conduz à desistência precoce dos jovens da escola, este fenómeno carece de uma resposta social, para prevenir este insucesso escolar, quer na reintegração social, quer na reintegração escolar ou até mesmo na oferta de alternativas profissionais ou ocupacionais. Por vezes os imigrantes sentem algumas dificuldades, como a barreira linguística, a falta de benefícios ou até direitos sociais, o que proporciona que algumas vezes sofram com situações de racismo ou xenofobia em vários domínios sociais. Por outro lado, muitos imigrantes preenchem vagas em empregos com pior qualificação, com piores garantias e com salários reduzidos. Todas estas situações levam a uma sensação de injustiça e revolta social, e os jovens acabam por se exprimirem através da música, graffitis, para além dos fenómenos de violência, vandalismo e criminalidade (Relatório Fundamentado de Avaliação da Execução do PDM de Sintra, 2011).

A falta de condições de habitabilidade dos edifícios, a falta de equipamentos, o desemprego, a inequidade de direitos sociais leva a uma separação social profunda entre estes locais desfavorecidos e o resto do concelho, que acabam por ser difíceis de cicatrizar.

Outro ponto fraco encontra-se relacionado com a escassez e o mau estado de conservação dos espaços verdes. Existem vários espaços verdes com um elevado valor ambiental, que encontram- se numa situação de abandono e degradação. Estes acontecimentos provêem da falta de ordenamento territorial que afectou o corredor urbano. Os espaços verdes que resistiram à

expansão urbana são propriedades ou antigas quintas em situação de abandono, isto é, partes de manchas florestais não integradas e zonas verdes que acompanham os cursos de água poluídos que atravessam o corredor urbano.

Esta ausência de espaços verdes qualificados influência a qualidade ambiental necessária em áreas densamente urbanizadas. É notória a carência de equipamentos relacionados com o ambiente, como parques, jardins e matas que podem servir a população urbana para fins lúdicos.

Outro problema bastante evidente é a falta de estacionamento nos núcleos que compõem o corredor urbano. É importante realçar o desacompanhamento do ordenamento urbano face ao aumento de número de viaturas particulares, devido à expansão urbana e ao aumento do rendimento disponível. Muitos espaços urbanos acabam por ser dotados de áreas de estacionamento insuficiente e ergueram-se muitos edifícios para habitação desprovidos de garagens ou espaços de estacionamento próximo (Relatório Fundamentado de Avaliação da Execução do PDM de Sintra, 2011).

Em relação às ameaças presentes no concelho de Sintra são a pressão urbana sobre recursos (paisagem, ambiente e património construído) e o aumento de minorias étnicas - possível risco de conflitos sociais.

A ameaça de ordenamento urbano é algo que em Sintra assume uma expressão muito significativa, visto que o concelho sofreu bastantes transformações no passado, sobre os seus recursos paisagísticos, naturais e patrimoniais.

Devido à sua dimensão os espaços de expansão são entendidos como inesgotável, visto que mais de 75% do concelho não utilizado para uso urbano. Um dos principais pontos de pressão urbana situam-se em zonas onde seja possível a construção de infra-estruturas viárias, visto ser um dos maiores estrangulamentos para a expansão urbana. Esta situação recorda a questão imobiliária ao longo dos corredores urbanos, onde serão construídos os IC 16 e 30, contudo também será modificada a linha do Oeste para se adaptar ao tráfego suburbano.

Embora as manchas urbanas continuem a sua expansão urbana, continua presente o efeito destruidor dos recursos naturais, históricos e arqueológicos nas zonas de expansão e também o efeito de maior pressão sobre as infra-estruturas e equipamentos colectivos que auxiliam os aglomerados urbanos.

No que diz respeito aos pontos fortes, presentes no corredor urbano, o grande impacte foi a melhoria do transporte ferroviário em frequência, infra-estruturas e condições das estações. Devido ao crescimento populacional houve a pressão de melhorar as condições da Linha de Sintra. Esta pressão proporcionou-se devido ao crescimento populacional, e visto que a qualidade de serviço prestado estava a degradar-se.

Com esta realidade, desenvolveu-se uma resposta que se dividia em dois momentos de intervenção: o primeiro momento representa o prolongamento e a elevação do cais das estações, para que pudessem suportar uma maior capacidade; o segundo momento é representado pela remodelação das estações pela quadruplicação da linha até ao Cacém e também pela adopção de novos sistemas de segurança.

No caso do projecto do Cacém encontra-se estabelecido a construção da nova estação do Cacém, o interface de transportes públicos e também um silo automóvel para além de arruamentos que fará a ligação entre a estação e as vias estruturantes da Cidade.

As modificações estruturais foram bastante notórias para a circulação pendular Sintra- Lisboa, que acabou por proporcionar uma redução dos tempos das viagens efectuadas, um aumento da frequência das viagens e também notou-se a grande melhoria da qualidade das estações e das carruagens. Através destas modificações, permitiram que a linha corresponde-se ao crescimento explosivo da procura de transporte ferroviário.

Uma das oportunidades foi o Projecto PolisCacém, que partiu de uma iniciativa governamental, em que pretendiam melhorar a vivência em várias cidades pelo meio de intervenções urbanísticas e ambientais, com o propósito de melhorar a atratividade e a competitividade dos núcleos urbanos que sejam relevantes a nível regional e nacional. A Cidade de Agualva-Cacém foi sujeita a esta intervenção devido a ser a maior cidade do concelho.

Este projecto tenciona melhorar a requalificação urbana da cidade, introduzindo instrumentos que organizem o espaço público. Procura criar novas centralidades em cinco pontos da cidade, superando e integrando a linha de água que a atravessa, a Ribeira das Jardas, de modo a regularizar o seu leito e melhorar a rede viária interna e externa. Será o PP de Agualva-Cacém que irá definir a forma rigorosa desta mesma intervenção. Este apenas será a base para a sua execução, permitindo reformular e equilibrar o espaço urbano e melhorar o ambiente da cidade. Ainda estão incorporados ao Polis e ao Plano de Pormenor projectos concretos de requalificação urbana, recuperação ambiental (projecto da requalificação da ribeira das jardas), e a criação de espaços verdes e de lazer (projecto parque linear).

Outra das oportunidades centra-se no potencial de melhorar as acessibilidades, tendo como base o plano rodoviário nacional 2000, que previu a construção de quatro itinerários complementares para servir o concelho de Sintra (IC18, IC19, IC16 e o IC30). Estas vias são fundamentais para a organização do tráfego de Sintra e da AML, permitindo ser um novo rumo ao desenvolvimento urbano e económico, melhorando a circulação externa e interna de Sintra. Como resultado prático tenciona-se melhorar o tráfego pendular de Sintra-Lisboa, o descongestionamento

da linha de Sintra, a melhoria dos serviços de transportes públicos colectivos optimizando os tempos de deslocação, o números de utilizadores tornando melhor a qualidade de vida.

Para que estas vias funcionem bem será necessário que sejam complementadas com outras vias, tendo como exemplo as vias a nascente e poente na área do Cacém, que auxiliam na movimentação do tráfego nos núcleos urbanos do corredor urbano, facilitando as ligações alternativas a outros concelhos, tais como ao concelho de Oeiras e Cascais. Esta facilidade de movimentação ajudará na atracção de emprego, visto melhorar as acessibilidades, assim sendo irá ajudar a actividade económica sintrense e também irá contribuir na redução do tráfego diário. É visto como uma grande oportunidade o potencial de aproveitar e dinamizar zonas ecológicas, arqueológicas e patrimoniais já existentes. Anteriormente, o corredor urbano foi visto como uma mancha urbana contínua, este facto revela um valor arqueológico, histórico e ambiental bastante elevado. Temos como valor histórico o Palácio de Queluz e o Aqueduto das Águas Livres que trespassa o corredor urbano em Queluz e Belas bem como um conjunto de quintas. Como elementos arqueológicos existem jazidas de pegadas de dinossauros (Carenque) e a anta de Belas. Em relação ao valor ambiental é importante mencionar o conjunto de cursos de água desaproveitados, que necessitam de ser recuperados. Existe uma grande variedade de espaços verdes na zona urbana como: matas situadas entre núcleos urbanos (Antigas quintas, Quinta da Belavista do Cacém, Monte da parada). Estes espaços mencionados que sobreviveram ao avanço urbano, deveriam ser preservados e tornados acessíveis para a população. Caso exista uma integração por parte destes espaços na vida urbana como espaços de lazer, desporto e cultura terem um efeito positivo para a qualidade de vida da população.

No documento O impacte do programa polis (páginas 81-86)