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Animal de poder ou poder do animal

CAPÍTULO 6 PANTERA COR DE ROSA

6.2. Animal de poder ou poder do animal

Figura 33: Apresentação Acadêmico Belly Dance

Foto: Wellington Alves.

Era uma vez. E não era uma vez. E não foi só uma vez que ela tinha feito isso. Se vestido de bicho para se transformar, para entrar em contato com seu lado mais primitivo. Com sons que desfaziam as palavras e, por isso traziam entendimento grunhindo o mundo poético presente ali e despertando alguma célula- instinto-perdida-pelo-corpo.

Um ano ali, dançando e interpretando e cantando e criando poderiam equivaler a 9 anos ou até mais. Conta da vida de bicho sempre é mais longa e rápida do que de gente. Inacreditável como gestar um processo criativo está na

percepção de mínimas coisas que vão se somando para um dia parir algo significativo artisticamente – é como se todo o tempo estivéssemos na obra, mesmo nos descuidos. A criação é um portal de chagas que se tornam bálsamos ao olharmos para elas verdadeiramente: por acolhermos tudo primeiro dentro de nós – antes de qualquer partilha efetivada com o outro, o profundo do entendimento emocional em nós. Se possível, brincando com nossas dificuldades, porque todos nós as temos.

Gata, tigresa, pantera, não importa – sempre felina. Sempre em processo de vida, em processo criativo. O que a vida havia feito com ela, as artificialidades das técnicas jamais fariam. Amadurecera. Se desfazera, se refazera, inventando-se como mulher. Sem separar vida de arte. Com saudades de si mesma, retomava os trabalhos. Mas como gata era muito comum e não tinha nada de tão criativo, decidiu ser pantera cor-de-rosa, personagem sem fala, teimosa persona156 dançando - que

sobrepunha dança do ventre com ficção; coreografia com gesto, teatro com movimento- e usava guarda-chuva no lugar de bengala.

A roupa: feita por ela. Cada pelagem suada na ponta de uma agulha grossa. Não haveriam linhos finos que passassem pelos buracos facilmente, mas a conquista era refinada, sem força, invadindo frestas do cotidiano e extrapolando convites de última hora na urgência de dançar. Do bastão da dança típica – a dança do bastão, ela tirava da cartola um guarda-chuva.

E assim, sobrepondo narrativas e substituindo objetos e músicas na sua psicomagia157 arteira e em busca da sua própria poética, alinhava as quatro funções em seu próprio ritual - que juntava dança, silêncio, música, subtextos e teatro – com um aroma para fazer um mesmo conteúdo transbordar outras conexões neurais inimagináveis até então, mas muito possíveis para quem quisesse se entregar a uma experiência sensível. Esse aroma escolhido era a conexão com o público o

156 Também é possível construir uma persona através da sobreposição de um personagem famoso, no caso a Pantera Cor-de-rosa, com sequências de movimento que criem um sentido para essa criação que não está no contexto original.conceito já apresentado na nota 98.

157 Psicomagia é um conceito criado por Jodorowsky, para dizer da intensidade de criar rituais que nos colocam em contato com o nosso inconsciente muito direta e profundamente, para curar enfermidades do corpo e da alma. Da mesma forma que considero esse conceito uma apropriação de princípios teatrais e de práticas xamânicas, peço licença poética para usá-lo em meu trabalho com alguns desdobramentos, do que, a partir dele, fazem sentido para mim. (JODOROWSKY, 2013)

aumento do campo energético a dilatação da diversidade interpretativa tanto deles para ela como dela para eles.

Sim, porque se em aquecimentos diversos em infinitas aulas de improvisação, já tinha tentado incessantemente ser apadrinhada por vários bichos, a pantera a adotou. Tomou seu corpo naquele momento fecundo. Pois, às vezes acredita-se que se consegue domar felinos: provavelmente não. Previsivelmente, a gente não manda neles, nem nas improvisações; são surpresas da criação - isso de quem escolhe quem, é como o medo de todos nós de que alguém possa nos controlar por alguns instantes, ele não deixará de existir, inclusive poderá ser ele que me move.

Uma cobra, em certa montagem de Yerma158, já havia se tornado sua melhor amiga. Como quando não se sabe quem hipnotizou quem, ela se tornou uma com ela. A cobra quis imitar a mulher tanto quanto a atriz quis imitar a personagem. Transformava o esperado, mesmo quando adivinhava o desejo de algum espectador, era sem querer. Seu texto, seu guia, com alma desobediente, ansiosa por qualquer mudança que promovesse surpresas mútuas, espelhamentos distorcidos com pequenos pontos de contato: gostava da experiência tanto de empatia como faíscas de discórdia com seu público; todas eram criativas.

Mas gata. Gata, ela nunca tinha sido, muito menos pantera, que dirá cor-de- rosa... Na vez da cobra, se lembra de ter tido um sonho de entrar numa caverna, porém cheia de cobras, no meio de suas pernas, todas de uma vez enroscadas – porém, não sentia medo. Sua cena começava então de um movimento que nascia do som de cobra, dizendo quão seca Yerma se tornara, sem saber se a responsável pela falta de fecundação era ela ou o marido infértil, ou se a união de ambos é que era infrutífera.

Seu filho sonhava sempre com gatos. Gatos sendo mortos, sofrendo acidentes, sendo machucados. Mas há de não ser surpresa nenhuma que, quando os filhos são pequenos e a mãe deixa de se ocupar criativamente dela mesma, são eles que sonham e canalizam o que nós, mães, é que deveríamos ter sonhado - e que também os afeta. Os filhos são como nossas obras de arte: não se sabe onde

158 Personagem protagonista da peça teatral de mesmo nome, cujo autor Federico Garcia Lorca, dramaturgo espanhol, põe em questão a fertilidade do casal representado na obra e a fidelidade ao matrimônio.

começa um e onde o outro termina, o único certo é que a obra já nascida, sempre será invenção de si e por ela mesma. Certa vez, enquanto a mãe dançava a pantera, ele desenhava a própria gata que, alguns anos depois daria cria.

Para ela, talvez não importasse tanto o bicho, porém desta vez percebera algo valioso por conta de unir o papel da atriz com as atribuições xamânicas poetizadas – o animal de poder: se a atriz se aquecia despertando bichos; e sonhos com bichos podem nos reconectar com importantes propósitos - nada disso seria tão aleatório assim.

Como Castañeda159 que não duvida da história das mulheres que se transformam em cadelas, o público mergulha porque não se importa com a verdade, mas com descobrir como pulsa o espírito do imaginário. Num filme de terror, mesmo que eu saiba que algo vai acontecer ou de que monstros não existem, o mais importante é saber como me sinto em relação àquela imagem e não à outra qualquer. De fato, não importa em quantos animais um xamã pode se transformar ou um ator pode se transfigurar, importa quantas almas foram tocadas, quantas pessoas-crianças ele convenceu e transportou para outro espaço-tempo fora do mundo visível. Isso é o poder xamânico.

A atriz, que se experimenta dançarina. Se antes era escolhida por bichos, hoje era ela quem escolhia a roupa deles e a qualidade de seus movimentos. Mas isso não garantia que ela não fosse tomada por tal energia quando improvisasse. Talvez ela não quisesse isso. Talvez não quisesse comprovar nada. Talvez quisesse apenas brincar de projetar materialmente campos de algodão infinitos no céu, como nuvens que se perdem em imagens, adivinhadas pelas crianças a sua maneira nunca predeterminada. O aroma poderia ajudar a fazer um contorno transitável de criação – seguro emocionalmente e com algumas liberações que conectam o espírito quando intensificadas com materiais artísticos.

Então, quando em algumas cenas escolhia maçãs para pôr em cena, não se dava conta de que as palavras escolhidas como oráculo da maçã eram dadas pela

159 Carlos Castañeda, autor do livro “Erva do diabo: as experiências indígenas com plantas alucinógenas reveladas por Dom Juan”, que foi um mestrado pioneiro nesta linha dos saberes indígenas, no qual se romantizou um personagem – Dom Juan – para registrar e refletir de forma empírica sobre estes saberes tradicionais dentro da academia sobre as plantas e a cultura oral em que elas estão inseridas.

relação com o filho que ajudava a preparar os materiais - e de que processos criativos trazem curas profundas sobre a maternidade não ser a causa da falta de tempo para criar, pois criamos o tempo todo, tentando encontrar uma solução para algum problema novo, apesar de cotidiano para todas as outras mulheres, exercendo e exercitando a maternagem na criação. Integrando assim, dentro do cotidiano e seus sentidos mais profundos, o medo de não se saber se o que fazemos hoje tem consequência segura no porvir: seguindo e aceitando a incerteza dos passos, permanecendo assim no estado de estar-se sendo.

Maçãs-sabedoria, maçãs-alimento, maçãs-coração. Maçãs acreditando-se biscoitos da sorte. Maçãs-palavras, frutas-portais, alimento-insano-e-repleto-de- paganismo. Maçãs que também já foram espalhadas pelo mundo, atiradas com pontaria certeira na cabeça dos incrédulos, e derramadas no chão - espalharamando sentidos no espaço de um cenário temporário pelo olhar de um palhaço que não sabia o que improvisar. Um palhaço mudo de tanta emoção. Com medo de não ser aceito, de não poder mais inventar. Medo de que as maçãs se inventassem tomates, caso ele não correspondesse ao riso público. E que depois de morder a maçã, percebeu-se grávido de seis meses num só golpe. E por isso, tocou o coração do público. Deixou-se impactar pela vida pulsante dentro dele mesmo – parou de respirar por apenas um segundo, permanecendo no conflito, permitindo a dúvida, colocando em suspensão - concebeu a controvérsia do outro a partir do seu próprio desespero, por apenas uma troca de olhar. Sensibilidade desnascida do paradoxo, onde os anjos do picadeiro garantem o parto do inesperado. Parto-maçã.

As palavras escritas e coladas nas maçãs eram as qualidades do filho, que ela esquecera que também eram dela mesma, sob outros ângulos. Provocavam sua existência manifesta de outro jeito, de uma maneira que ela nunca poderia ter adivinhado. Pois os filhos são desdobramentos de nossos talentos, mas autônomos, deles mesmos. Uma oportunidade de afastar a própria sombra num abraço – diferenciando-se para integrar.

Por isso mesmo, o bicho era a gata do conhecido conto, mas também era invenção dela, por isso pantera. No conto tradicional, a gata encontra um imperador: eles se apaixonam e ela lhe pede, por estar doente, que lhe corte o rabo – é quando ela se transforma em meia gata e meia mulher. Ela lhe implora uma atitude mais

radical e ele então lhe corta a cabeça, possibilitando que, ela se torne completamente mulher. O conto não fala de relacionamento, mas de como lidamos com o lado feminino e masculino em nós, porque nos relacionamos com as pessoas. Era a cena pantera, nascida de escuta-silêncio, de vontade de voltar a criar, mas com querências de integrar-se a própria família felina, apesar da discriminação dela mesma com as próprias sombras.

Compreendeu alguns enigmas através da conversa com os irmãos – aqueles com quem dividimos um único reino – e, foi assim, que ela deixou de se importar se a transformação era debaixo para cima ou de cima para baixo, se o objetivo era se tornar metade pantera e metade mulher, que isso se manifestasse da melhor maneira que o corpo entende essa dinâmica. O fato era que entrar em contato com pessoas no mundo dos sonhos era óbvio: lá estavam animas, animus e sombras160,

tão evidentes. Mas com os bichos, a camada era mais subterrânea e não conseguir nem ser bicho e nem gente era possível naquele universo do inventado. Não era mais aberração, podia ser uma etapa dessa aceitação criativa e criadora – essa vibração tão autoral e autônoma, a um só tempo.

Com os irmãos é que descobrimos os talentos, mesma forma de gerar, mas tantas formas de solucionar um mesmo problema. Se corto o rabo da pantera, ela perde o equilíbrio sai da sua zona de acomodação – isso é certo. Não está no conto tradicional161, mas na vida: quantas vezes, não cortamos as garras do felino que nos habita ou na urgência de não conseguir um autoboicote tão certeiro e ligeiro, não roemos as próprias unhas ao invés de morder alguém que representa nosso necessário posicionamento? Por isso mesmo, que o maior ato de amor é cortar a cabeça de quem se ama, quando ele pede, quando acredita estar pronto, cortando o mal dos vícios familiares pela raiz e dando oportunidade de que cada um se reinvente na relação, sendo quem se é na oportunidade mundo, sem

160 Conceitos importantes do psicólogo Carl Gustav Jung que se referem ao mundo simbólico dos seres humanos, como pistas para a elaboração de alguns conteúdos emocionais e arquetípicos importantes. A saber, anima, o lado feminino do homem, indicando como ele lida com a própria emoção e sensibilidade; animus, o lado masculino da mulher, indicando como ela lida com a objetividade e o logos perante o mundo; e a sombra é identificável pelo hábito de lançar projeções do que precisamos trabalhar de forma constante para superação do nosso processo de individuação em pessoas que nos mostram o que não nos agrada, que, geralmente, são expressos por críticas e responsabilização de outros pelos nossos próprios problemas. (JUNG, 2006)

161 Aqui me refiro ao conto tradicional, desmembrado e estudado na obra de Marie-Louise Von Franz, intitulada: “O gato: um conto da redenção feminina”. (VON FRANZ, 2000)

apadrinhamentos artificiais, ou uma ideia equivocada de filiação aliada com obediência. Não. A criação é desobediência. Não gratuita. Aliada a intuição, cavalgando ao lado da nossa assinatura vibracional criativa. Não irá jamais importar quantas vezes pessoas interpretaram gatos, panteras, guepardos, tigres ou leões, pois cada um o faz com seu timbre único – com seu modo de vibrar e existir.

Se na história do Gato de Botas enxergamos a parábola dos talentos, aqui o filho mais novo, é que vai à captura do linho que passa com facilidade no buraco de uma agulha, representa o equilíbrio dos opostos quando lidamos com todas as sombras dentro de nós. O primeiro e o segundo filho poderão ser da mãe ou do pai, mas o terceiro será obrigado pela vida a colocar forças inversas para conversar: será meio feminino e meio masculino, será meio gata, meia mulher. Tal como o intérprete do corpo, seja ator ou dançarino, homem ou mulher, que se veste de bicho e se pinta como o xamã que adivinha o animal de poder de um público desavisado da própria psique. Não importa se o público vai encontrar um cachorrinho e permanecer apenas dois meses fora de casa ou se encontraram um linho fino ou rude, delicado ou grosso – tal como na missão do conto dada pelo pai aos irmãos. O importante é que a mescla do gato com gente vai reconectar aquele que se abandonou pelo caminho, aquele que nem sonha mais e nem dança mais suas próprias imagens, pois foi saqueando a própria experiência de conexão com suas imagens. Essa junção do animal com ser humano permite que simbolicamente a pessoa volte a se conectar, caso se amplifique para isso. A relação que a atriz tem como o guarda-chuva é a relação que o público poderá ter com a dançarina com o figurino de gata.

O que a arte faz quando toca o outro é abrir o portal do inconsciente. O que o artista faz quando se veste do bicho de si e coloca para conversar com o outro é colocar-se num sonho lúcido, onde ele e o outro podem atuar nas imagens, deslocando sufocamentos desnecessários da nossa existência autêntica e abrindo fendas para desconhecidas frequências e vibrações que já estavam no nosso próprio timbre, esperando para serem usadas no momento certo – o presente dos deuses e deusas que recebemos na nossa jornada. Se então, é nossa criança que reage, ela nunca está desacompanhada, ela vem encharcada com a nossa inventividade, por isso nunca será uma defesa real, será uma integração. O que o

ator faz com o figurino, ou o que uma dançarina faz com o véu é criar com ele, a partir dele, nascendo com ele, como se dando vida a uma segunda pele de transparências psíquicas manifestas no mundo simbólico. Junto, fluindo com o pulso do corpo e com a história do espaço e dos presentes. É como o centauro, metade- metade, com feridas de Quíron162 – o caminho com o outro, a partir de si, é a própria cura. Ninguém precisará ser medicalizado se crio a partir de mim. Se existem estágios de percepção e conexão nos sonhos: se sonho com gente estou próxima do possível entendimento, se sonho com bicho a conexão é mais subterrânea; e se sonho com minérios ou plantas e ainda sensações, estou mais distante do consciente, então ver arte com pessoas que se transvestem, poderá ser uma nova chance de reconectar-me com o inconsciente tanto para o intérprete como para o público, que voluntariamente partilham um mesmo campo energético. O gato, a pantera e toda família do reino felino terá sido apenas e sempre um pretexto.

Figura.34: Desenho da planta de palmarosa.

Imagem Ilustrativa

Figura 35: Foto da planta de palmarosa

Foto Ilustrativa

E o aroma de palmarosa, apenas um veículo – como Hermes163 que apenas transmite um recado que Zeus164 poderá encaminhar para a realidade dos seres humanos. A palmarosa é uma espécie de geraniol desobediente, com mais personalidade, menos submissão. Autoestima concentrada, autenticidade de existência. Revolta direcionada, um tom acima, uma nota a mais, um sustenido com sétima. Quem sabe um signo de Aquário consciente de si, que já não precisa

162 Quirón, já citado na nota 46.

163 Hermes, deus ferreiro casado com Afrodite, dado de presente por Zeus para ela. Afrodite filha de Zeus nascida dos colhões de Zeus jogados ao mar.

contestar. Alguém que não foi lembrada para se convidar para festa familiar e mesmo assim foi e se tornou indispensável para o riso. Uma Malévola165 ao contrário. Malévola que sabe que sua rejeição não foi fruto de alguma atitude sua. Uma fada que se vinga com o intenso significado do amor e suas intensidades, esbanjando a companhia da sua personalidade. Personagem decantada que não se nutre de ódio porque tudo está certo para as profundas aprendizagens da existência partilhada - a consonância do sentir com o outro, sempre inclui expectativas que se frustram mais ou menos pelo caminho, mas podem ser transmutadas. Foi na festa para deslocar preconceitos, ser a contrapelo, ser diferente sem ser de propósito e tão intensa. Subversiva e subvertida pelo próprio potencial de afetos.

Considerando que é o aroma de rosas ou jasmim que sai do útero da mulher quando concebe uma criança, a palmarosa poderia ser o cheiro teimoso que sai da vagina quando a gravidez não foi planejada; ou quando a mulher ainda tomando anticonceptivos fica grávida. Ou, quando, apesar de sabermos que o filho homem é fruto de uma fecundação rápida e a filha é fruto da sobrevivência de espermatozoides resilientes; uma palmarosa poderia ser a manifestação de uma gravidez sem explicações óbvias ou lógicas, seria fruto de algo que “se fez nas coxas” e deixou um hímen complacente não provar a virgindade de alguém inocente. A palmarosa é fecundada sem ruptura, porque ela já é uma urgência invasiva de existência a partir de si. Isto equivale a dizer que ela tem a energia não exatamente rebelde, mas absolutamente resistente e indubitável da permanência pela vida, uma urgência de penetração nas experiências, uma busca pela profundidade, resultado de entrega na íntegra, daquelas que promovem o entendimento pela inversão da polaridade das experiências, um olhar avesso do que foi vivido por aprofundamento, mas com a mesma qualidade em tempo reduzido.

Poderá servir a pessoas que quando fetos foram confundidos em seu sexo biológico, na época em que não era possível saber se o bebê era menina ou menino – ou se o bebê também já se movimenta de modo a não revelar o que a mãe pode canalizar pelo mundo sensível e intuitivo. Toda mãe que se conecta sabe o sexo do filho, é um aroma que poderá ajudar quando a gravidez não foi tão tranquila. Pelo seu grau de intensidade em nominar altos e baixos da vida, a palmarosa é também