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Processo de criação : os rastros da poética do Louco

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE EDUCAÇÃO

TÂNIA VILLARROEL ANDRADE

PROCESSO DE CRIAÇÃO:

OS RASTROS DA POÉTICA DO LOUCO

CAMPINAS 2019

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PROCESSO DE CRIAÇÃO:

OS RASTROS DA POÉTICA DO LOUCO

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em

Educação da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas para obtenção do título de Mestra em Educação, na área de concentração em Educação.

Orientador: Prof. Dr. Adilson Nascimento de Jesus ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELA ALUNA TÂNIA VILLARROEL ANDRADE, E ORIENTADA PELO PROF. DR. ADILSON

NASCIMENTO DE JESUS.

CAMPINAS 2019

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE EDUCAÇÃO

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

PROCESSO DE CRIAÇÃO:

OS RASTROS DA POÉTICA DO LOUCO

Autora: TÂNIA VILLARROEL ANDRADE

COMISSÃO JULGADORA:

Prof. Dr. Adilson Nascimento de Jesus Profa. Dra. Ana Luisa Fernandes de Moraes Prof. Dr. Ernesto Giovanni Boccara

A Ata da Defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no SIGA/Sistema de Fluxo de Dissertação/Tese e na Secretaria do Programa da Unidade.

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Dedico este trabalho ao meu pai Aquiles Villarroel Villarroel, pela coragem de estar vivo e ao meu filho Iago Villarroel Eleutério, por despertar o melhor de mim; e a ambos por me fortalecerem no que preciso perante os desafios que parecem insuperáveis.

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grupo de formação de professores, com quem pratiquei narrativas docentes, coordenado pelo Prof. Guilherme do Val Toledo Prado; e todos os encontros organizados por Cathia Cantusio nos quais pude usufruir de aulas com Mahaila Zayn e todos os convites para dançar por ela estimulados.

A saber, apesar de não estar dentro do planejado, as oficinas que dei para iniciar pessoas como palhaço através dos aromas com o tarot – “Louco por aromas” intitulada - foram essenciais para que eu observasse e compartilhasse modos como as pessoas se deixam conduzir por uma energia sutil para criar improvisando – é disso que muito me alimentei para falar dos óleos essenciais como me refiro a eles hoje; a oficina de Dança do ventre e aromas que ministrei na Casa do Lago para a comunidade na UNICAMP também foi fundamental para que eu revisse como eu lido com os movimentos básicos na elaboração da minha poética – e como junto essa referência com o Teatro; a formação de tarot particular que ministro também me ajudou em diversas percepções; a disposição que algumas pessoas se comprometeram nos meus atendimentos atraindo muitas sincronicidades – aqui, em particular, me refiro a Paloma Avendanho, Elaine Martins, Fernando Stevaux e Ana Lu Moraes, que foi a primeira pessoa que topou com total confiança minha proposta de atendimento como processo criativo e criador; e a formação que eu recebi de cone hindu – por Alex Mitzakoff, que foi ferramenta de forte influência para remover, conscientizar bloqueios emocionais e permitir que os aromas atuassem em toda sua potência em mim e nos meus atendidos com importantes relatos – as percepções de Mercia Silva e Gabriela Freitas foram importantes para prosseguir atuando com algumas práticas; as formações de tarot com Marcelo Ribeiro dos Santos – Tarot Fractal – e com Cesar Ramos Caminha – Tarot do Crowley; os cursos que retomei em linguagens teatrais que enfatizaram o corpo também foram de grande auxílio – me refiro ao curso ministrado por Vinícius Piedade, “Ator atormentado” e ao curso da Confraria da Dança, facilitado por Diane Ichimaru e organizado por Marcelo Delabio Rodrigues intitulado “Corpo criador: entre o caos e o limite”; os encontros semanais tanto no GEDAN – com o Prof. Adilson Nascimento de Jesus – como os aliados às disciplinas e encontros com o grupo de estudos; como também os encontros

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percepções e criações. Sou grata a Wellington Alves que fez a arte do Tarot da Criação – oráculo resultante deste trabalho.

Meu contato com o povo kariri-xocó, mediado pela Profa. Alik Wunder, também foi de extrema importância para dar sentido cotidiano e palpável a vários textos de Mircea Eliade, Carlos Castañeda e Mike Williams. Da mesma forma, considero de profunda importância, as experiências sensíveis com a voz, como prática de canto espontâneo, tidas com Pawanã Kariri-Xocó, como puxador de ciranda e como professor de cantos de rojão; e o workshop com Nina Heder, em Típica Tango – espaços criativos ambos onde eram observadas muito mais as qualidades de vibração da intencionalidade emocional manifestada na voz do que propriamente a afinação dentro da escala ocidental.

Na relação com as plantas e substâncias orgânicas em enfoque vibracional, não teria conseguido alcançar a dimensão que alcancei sem os cursos de aromaterapia feitos e ministrados, me refiro à convivência com Maria (Angélica) Ábramo, Atílio Liceti, Carla Véscovi, Fabián Laszlo, Beatriz Yoshimura e Emilia Kyiohara – estas duas últimas sérias estudiosas me provocaram a elaborar um curso chamado “Mestre com aromas”, parte da grade das disciplinas da formação da Aromaflora, em São Paulo. E a minha homeopata Vera Gabriel com quem fiz um curso de florais do sistema Universal Healing, criado por ela e onde se associavam músicas aos preparados com flores para ampliar a energia de cura das plantas.

Esse projeto foi feito com leituras e mestres da escrita, mas foi também feito por pessoas, partilhas, encontros, saraus – me refiro aqui aos saraus: Arabesque – o organizado e concebido por Helô Fernandes e Rebeca Bayed, Sarau das Deusas – organizado e concebido por Bete Medeiros, Casa da Kalila, Garatuja – organizado por Pamela Villanova, e Quanto vale o show – organizado por Cathia Cantusio; espetáculos: Espetáculo Metamorfoses, organizado e concebido por Rosângela Mônaco e Espetáculo Danças do mundo III, organizado e concebido por Kamilla Mesquita; oficinas, workshops e espaços para discussão de livre pensamento na UNICAMP, onde cada um expressou tudo que pensava com total autonomia, podendo eu exercer toda a busca acadêmica de pensamento que vasculha e

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Luiz Claudio Cândido e Herbert Henrique.

Agradeço a confiança de Altair Kalil e Kelly Pereira nas vivências junto ao tarot como experiência formativa; à Jaqueline Bisse, Mariana Roveroni e Lígia Aguillera, por tiragens coletivas intensas; e a Flavio Aoum por significativas conversas sobre o ato de oracular. Tenho gratidão por pessoas que me ampliaram o olhar sobre ervas e indígenas que traziam dimensões de outras localidades: a chilena, Lucy Torres; e a colombiana Carolina Tamayo – que por essa afinidade de respeito ao ser humano se tornaram minhas amigas.

Quero agradecer a pessoas que tiveram uma leitura muito atenta do meu trabalho, são elas: Aline Andrade e Verônica Fabrini – e que me fizeram sugestões que revelaram que o teor autobiográfico deste trabalho ainda precisava de aprofundamentos e que elucidaram qual caminho sensível eu queria realmente acatar no meu coração. São relatos de vida o que vai ser encontrado aqui, em contato com o mundo.

Faço aqui considerações sobre a empatia do meu orientador, sem ele, minhas loucuras não seriam possíveis – ele definitivamente amplia o campo energético, responsável pela minha autenticidade. Garante, junto ao grupo de estudos que, observações e questionamentos se tornem contundentes aprendizagens compartilhadas. Estimulou também partilhas em cursos de extensão – agradeço aqui, com carinho, a Beatriz Tonglet, que propôs com iniciativa corajosa o curso “Corpo e Educação”.

E, junto com ele, teço consideração ao estímulo da bolsa de mestrado, pois o presente trabalho foi realizado com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001, o que foi estrutural para tornar a pesquisa relevante e tendo espaço de tempo disponível de dedicação na vida pessoal, com a qualidade merecida.

Agradeço aos colegas de estudo que também prestaram apoio e disposição a aprendizagens conjuntas em pontuais momentos, refiro-me a elaboração da oficina “Olho de Hórus”, criada para um movimento interno de temas de grupos de estudo

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diferenciais sobre a pesquisa: são elas Ananda Marchetti, pela presença na oficina que ministrei “Louco por aromas”; e Isabel Ramos, tanto pela presença na citada oficina e na frequência dentro dos encontros na Casa do Lago onde também colaborou com sua experiência como contadora de histórias. Agradeço a Marcos Henrique por ter me estimulado em momentos especialmente difíceis.

Aos estímulos às realizações de minhas oficinas se faz necessário que eu agradeça a Daniela Dionísio, Inês Bragança, Gabriela Tebet, Adriana Varani, Alik Wunder, Alessandra Viveiro, membros do GEPEC e organizadores do 8º. Fala outra escola e a equipe da Casa do Lago: Davi William Amâncio – coordenador - Stella Cadeu Moreria, Anaisa de Oliveira Pinto e o Luiz, da portaria.

Meus agradecimentos são também atravessados por gentilezas de funcionários (as) que além de me esclarecerem de muitos procedimentos sempre senti que torciam por mim: a bibliotecária Marcia, Vilma, Pitágoras, Taigor e Romão (in memoriam).; e as meninas da secretaria Nadir, Claudia, Tassiane e Vivi.

Preciso ressaltar que, no fim do processo, foi de fundamental importância a parceria do coletivo Espaço Cultural Mantra, mas em especial ao Zen (Luis Fernando), pois lá pude ensaiar meu processo criativo e ter a calma necessária para finalização desta etapa.

Por último - mas não menos importantes - agradeço a toda influência afetiva dos familiares e amigos (as), o que vale muito mais que um apoio, é com quem partilhamos os momentos mais difíceis e fazemos pedidos de ajuda nos momentos mais insólitos – quem faz o cuidado do miúdo, pessoas que dão importantes conselhos para que não se desista dos próprios sonhos – aqui vale citar Carla Clauber, Adriana Barcellos, Laisa Guarienti, Iris Filomena, Zezé Oliveira, Raulito Ramos Guerra Filho, Mariana Parro, Lauro Mota e Nadia Massagardi. Simone Albuquerque e Renata Adriane Nogueira também prestaram apoio afetivo em experiências aromáticas, com confiança ou leituras atentas de textos iniciais.

Agradeço aos meus colegas de disciplina que sempre me estimularam a terminar ciclos de aprendizagem com cenas: refiro-me aqui a Luis Gustavo

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Sou profundamente grata a quem faz ou traz comida na hora em que o tempo urge para condensar os aprendizados – agradeço aqui, em especial à minha mãe, Nelda Andrade, que é cozinheira de mão cheia e tornou essa parte uma delícia, em lugar de sacrifício.

Minha gratidão maior, expresso às pessoas que dão apoio nas oficinas e momentos de liderança que precisamos ocupar para dar visibilidade ao nosso trabalho, coisas assim bem desafiadoras mesmo que vão aparecendo pelo caminho – falo aqui, sem nenhuma restrição ou vergonha, do apoio do meu filho, tão pequeno quando comecei a materializar este sonho e sempre de coração tão grande e disposto, que ajudou em múltiplas funções: indicou animais para cada aroma, foi meu primeiro aluno de tarot e mais aplicado, elaborou materiais para o curso de palhaço, fez desenhos talentosos para minhas criações e assistiu ensaios.

Grata também a todas as vezes que meu pai não desistiu de mim e me fez a lembrança do quão importante era que eu voltasse a estudar.

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influência de múltiplas linguagens que afetam a improvisação: teatro, tarot e aromaterapia. O disparador desta criação foi o arcano maior do tarot, o Louco – e, a partir dele, foram intuídos aromas de óleos essenciais para direcionar a trajetória sensível que foi se desdobrando na criação artística. Esta sobreposição de materiais diversificados deu origem a um baralho - o Tarot da criação – que com apenas 12 cartas, compõe uma licença poética sobre os Arcanos Maiores, que, tradicionalmente, tem 22 cartas.

Esta narrativa foi inspirada pelo conto de nacionalidade romena “O gato”, analisado no livro “O gato: um conto de redenção feminina”, da autora Marie Louise Von Franz. A pesquisa elucida a importância de reflexão sobre nosso próprio trabalho artístico; como ele nos conscientiza de que o que criamos está embebido de discursos pessoais indiretos e das imagens do inconsciente: nossa mitologia pessoal.

É uma autobiográfica que valoriza o conhecimento empírico do artista e tenta alcançar profundidade pela diversidade de materiais, propondo que o leitor também possa fazer associações criativas no exercício da experiência de leitura literária desta dissertação.

Palavras-chaves: processo criativo, improvisação (representação teatral), cartas de jogar, aromaterapia, mitologia.

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influence of multiple languages that affect improvisation: theater, tarot and aromatherapy. The trigger of this creation was the Major Arcana of the tarot, the Fool - and from it, essential oils scents were intuited to direct the sensitive trajectory that was unfolding in the artistic creation. This overlapping of diverse materials gave rise to a deck - the creation Tarot - which with only 12 cards, composes a poetic license on the Major Arcana, which, traditionally, has 22 cards.

This narrative was inspired by the Romanian nationality tale "The cat", analyzed in the book "The cat: a tale of feminine redemption", by the author Marie Louise Von Franz. The research elucidates the importance of reflection on our own artistic work; how he makes us aware that what we create is imbued with indirect personal discourses and images of the unconscious: our personal mythology.

It is an autobiographical that values the empirical knowledge of the artist and tries to reach depth by the diversity of materials, proposing that the reader can also make creative associations in the exercise of the literary reading experience of this dissertation.

Keywords: creative process, improvisation (theatrical performance), playing cards, aromatherapy, mythology.

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Fig.2: Hexagrama T’ai. ... p.25 Fig.3: Hexagrama Wei Chi... p.25 Fig.4: Visão geral da versão do Tarot de Marselha, arcanos

maiores... p.55 Fig.5: Carro após capotar, visão da parte traseira. Foto: Tânia

Villarroel... p.60 Fig.6: Carro após capotar, visão da parte dianteira. Foto: Tânia

Villarroel... p.60 Fig.7: Carta zero do Tarot da Criação. Arte: Wellington Alves... p.71 Fig.8: Foto de apresentação no 7º. SPA-USP. Foto: Maurício Maas... p.75 Fig.9: Molécula de cariofileno... p.80 Fig.10: Molécula de patchoulol... p.80 Fig.11: Foto da planta de patchouli... p.80 Fig.12: Molécula de cineol... p.82 Fig.13: Foto da planta alecrim... p.82 Fig.14: Apresentação no Fórum de Taro – Brasil. Foto: Lauro Motta... p.83 Fig.15: Apresentação no Congresso da ABRACE. Foto: Marianne Dias. p.83 Fig.16: Apresentação na Casa da Kalila. Foto: Du Veríssimo ... p.83 Fig.17: Carta X do Tarot da Criação. Arte: Wellington Alves... p.84 Fig.18: Imagem fundadora da filosofia taoista... p.89 Fig.19: Apresentação na terceira edição do Sarau Arabesque, onde representei o Joker, pela primeira vez, no capítulo “Religião”, de Kalil Gibran... p.91 Fig.20: Desenho da representação de bufão que inspirou movimentos do processo criativo... p.91 Fig.21: Imagem da representação de bufão que inspirou movimentos do processo criativo ... p.91 Fig.22: Molécula de cadineno... p.92 Fig.23: Foto da planta de olíbano... p.92

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Fig.25: Carta I do Tarot da Criação. Arte: Wellington Alves... p.100 Fig.26: Foto tirada no 20º.COLE – Congresso de leitura, em

apresentação de trabalho ... p.103 Fig.27: Apresentação na Casa da Kalila, no encontro de Ano Novo:

Festa do Branco... p.110 Fig.28: Foto da planta de bergamota. ... p.118 Fig.29: Imagem mais famosa do filme “Dirty Dancing”, de Emile

Adorino... p.120 Fig.30: Desenho de uma bicicleta... p.121 Fig.31: Molécula de limoneno... p.121 Fig.32: Carta II do Tarot da Criação. Arte: Wellington Alves... p.122

Fig.33: Apresentação de finalização de curso e

formatura do Intensivo Acadêmico Belly Dance, produzido por

Cathia Cantúsio e ministrado por Mahaila Zayn... p.129 Fig.34: Desenho da planta de palmarosa. ... p.136 Fig.35: Foto da planta de palmarosa... p.136 Fig.36: Carta III do Tarot da Criação. Arte: Wellington Alves... p.139

Fig.37: Apresentação de inauguração do espaço de

encontros do coletivo de teatro DESCON ... p.146 Fig.38: Arcano Maior Papisa, versão Rider-Waite... p.147 Fig.39: Arcano Maior Imperatriz, versão Rider-Waite. ... p.147 Fig.40: Arcano Maior Imperador, versão Rider-Waite... p.147 Fig.41: Arcano Maior Hierofante, versão Rider-Waite... p.147

Fig.42: Exercício de improvisação em sala de

ensaio na UNICAMP... p.147 Fig.43: Foto da planta de tea tree... p.148 Fig.44: Carta IV do Tarot da Criação. Arte: Wellington Alves... p.151 Fig.45: Apresentação do espetáculo Danças do Mundo

III, concepção de Kamilla Mesquita, no Espaço Casarão em

Campinas. Foto: Ivana Cubas... p.156 Fig.46: Foto da planta de cipreste, variedade lusitânia. ... p.158 Fig.47: Foto da planta de cipreste, variedade semprevivens. ... p.158

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apresentação de dança. Foto: Iago Villarroel... p.169 Fig.50: Apresentação no Sarau Garatuja. Foto: Luis

Gustavo Guimarães... p.170 Fig.51: Foto da planta de Artemísia... p.171 Fig.52: Molécula de artemisinina. ... p.171 Fig.53: Carta VI do Tarot da Criação. Arte: Wellington Alves... p.171 Fig.54: Filhotes da minha gata Lilith. Foto: Elaine

Martins... p.177 Fig.55: Apresentação no Sarau das Deusas, personagem Durga. Foto:

Sidney Lima... p.180 Fig.56: Molécula de anetol... p.182 Fig.57: Criança em amamentação... p.182 Fig.58: Molécula de geraniol. ... p.182 Fig.59: Foto da planta de gerânio... p.182 Fig.60: Foto da planta de funcho-doce... p.183 Fig.61: Carta VII do Tarot da Criação. Arte: Wellington Alves... p.184 Fig.62: Apresentação de finalização do curso de Dança

e Cultura, ministrada por Beatriz Villarroel, no colégio

Lourenço Castanho, em São Paulo... p.193 Fig.63: Foto da planta de eucalipto... p.198 Fig.64: Molécula de eucaliptol, visão superior... p.202 Fig.65: Molécula de eucaliptol, visão lateral... p.202 Fig.66: Carta VIII do Tarot da Criação. Arte: Wellington Alves... p.203 Fig.67: Apresentação onde dancei o Joker (Morte) na Casa da

Kalila. .Foto: Du Veríssimo... p.208 Fig.68: Deusa Sheila Na Gig, versão do Oráculo das Deusas... p.210

Fig.69: Apresentação na inauguração do espaço de

encontros do coletivo de teatro DESCON. ... p.212 Fig.70: Apresentação no Congresso do Jung. Foto: Lauro Mota... p.212 Fig.71: Apresentação de finalização da oficina “Dança

do Ventre e Aromas”, ministrada por mim na Casa do Lago

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Fig.74: Molécula de linalol... p.214 Fig. 75: Foto da planta de lavanda... p.214 Fig.76: Carta IX do Tarot da Criação. Arte: Wellington Alves... p.215 Fig.77: Apresentação do Sarau das Deusas, personagem Bastet. Foto:

Patty Monteiro... p.224 Fig.78: Molécula de azuleno... p.228 Fig. 79: Molécula de camazuleno... p.228 Fig. 80: Foto da planta da camomila, variedade romana... p.228 Fig.81: Foto da planta da camomila, variedade alemã... p.228 Fig.82: Cena do filme “O espelho”, de Andrei Tarkoviski... p.229 Fig.83: Cena do filme “Coraline”, de Henry Selick... p.230 Fig.84: Carta XI do Tarot da Criação. Arte: Wellington Alves... p.237 Fig.85: Apresentação do Lançamento do Calendário Lince Negro,

personagem Anúbis. Foto: Hellyo Reis... p.238 Fig.86: Imagem da deusa Hécate... p.240 Fig.87: Imagem da deusa Têmis... p.240 Fig.88: Imagem da personagem mítica Andrômeda... p.241 Fig.89: Imagem da Lavadeira, versão I. ... p.241 Fig.90: Imagem da Lavadeira, versão II. ... p.241 Fig.91: Imagem da Lavadeira, versão III... p.241 Fig.92: Imagem da Lavadeira, versão IV... p.241 Fig.93: Imagem da personagem mítica Medusa... p.242 Fig.94: Imagem da Pietà, escultura de Michelangelo... p.242 Fig.95: Carta do Tarot do Crowley, Rainha de Discos... p.243 Fig.96: Carta do Tarot do Crowley, o Diabo... p.243

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Fig.99: Ploc Monsters, visão parcial do álbum de coleção... p.246 Fig.100: Carta zero do Tarot da Criação... p.275 Fig.101: Arcanos Maiores da versão do Tarot de Marselha... p.277 Fig.102: Carta X do Tarot da Criação... p.281 Fig. 103: Arcano Maior XII, O Enforcado do Tarot de Marselha... p.283 Fig.104: Arcano Maior V, O Papa do Tarot de Marselha... p.284 Fig.105: Carta I do Tarot da Criação... p.287 Fig.106: Arcano Maior II, A Papisa do Tarot de Marselha... p.289 Fig.107: Arcano Maior VIII, A Justiça do Tarot de Marselha... p.290 Fig.108: Arcano Maior VI, Os Enamorados do Tarot de Marselha... p.291 Fig.109: Carta II do Tarot da Criação... p.295 Fig.110: Arcano Maior I, O Mago do Tarot de Marselha... p.297 Fig.111: Arcano Maior XX, O Julgamento do Tarot de Marselha... p.298 Fig.112: Carta III do Tarot da Criação... p.301 Fig.113: Arcano Maior VI, O Carro do Tarot de Marselha... p.303 Fig.114: Arcano Maior IV, O Imperador do Tarot de Marselha... p.304 Fig.115: Arcano Maior III, A Imperatriz do Tarot de Marselha... p.305 Fig. 116: Carta IV do Tarot da Criação... p.308 Fig. 117: Arcano Maior XV, O Diabo do Tarot de Marselha... p.310 Fig.118: Carta V do Tarot da Criação... p.313

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Fig.121: Arcano Maior XI, A Força do Tarot de Marselha... p.321 Fig.122: Arcano Maior XVI, A Torre do Tarot de Marselha... p.322 Fig.123: Carta VII do Tarot da Criação... p.325 Fig.124: Arcano Maior IX, O Eremita do Tarot de Marselha... p.327 Fig.125: Arcano Maior XVII, A Estrela do Tarot de Marselha... p.328 Fig.126: Carta VIII do Tarot da Criação... p.331 Fig.127: Arcano Maior X, A Roda da Fortuna do Tarot de Marselha... p.333 Fig.128: Arcano Maior XIII, Arcano sem nome (Morte) do Tarot de

Marselha... p.334 Fig. 129: Carta IX do Tarot da Criação... p.338 Fig.130: Arcano Maior XIV, A Temperança do Tarot de Marselha... p.340 Fig.131: Arcano Maior XIX, O Sol do Tarot de Marselha... p.341 Fig.132: Carta XI do Tarot da Criação... p.344

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CAPÍTULO 1 - Primeiros rastros ... 23

1.1. Louco no I Ching ... 23

1.2. Memorial: artista por ela mesma ... 34

1.3. Mergulho ... 40

1.4. Auto-retrato ... 41

1.5. Com a palavra, o Louco em que todos nós, habita ... 46

1.6. Confessional: a pesquisadora pelos olhos do Louco ... 51

1.7. Conceitos fundamentais estimuladores em doses vibracionais ... 66

a. Teatro de improvisação ... 66

b. Tarot...67

c. Aromaterapia ... 68

d. Mitologia pessoal ... 69

CAPÍTULO 2 – 2.1. BOBA: UMA LACUNA E ANTENA DE TRANSMISSÃO ... 71

2.2. Inverso do avesso ... 75

CAPÍTULO 3 - JOKER: ARCANO RELIGIÃO ... 84

CAPÍTULO 4 - Bufão, por ele mesmo ... 95

CAPÍTULO 5 – 5.1. A NOIVA: ARCANO ANIMA ... 100

5.2. O lado do negativo deste filme ... 110

CAPÍTULO 6 - PANTERA COR DE ROSA ... 122

6.2. Animal de poder ou poder do animal ... 129

CAPÍTULO 7 7.1. ARCANO VEDETE: DANÇA DO VENTRE OU STRIPTEASE? ... 139

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CAPÍTULO 9 – 9.1. ÁRTEMIS: A DEUSA DO PARTO E DA FLORESTA ... 163

9.2. Sobre o que não se fala ... 169

CAPÍTULO 10 – 10.1. DURGA E A MATERNIDADE: A FEMINILIDADE COMO PREDADOR ... 174

10.2. Do inconfessável feminino e do que ninguém conversa ... 180

CAPÍTULO 11 – 11.1.A PROFESSORA ESPERMÁLIA OU O CHAMADO DO XAMÃ ... 184

11.2. O xamã por ele mesmo ... 186

11.3. O xamã em mim ... 189

11.4. A foto revelada do avesso...193

CAPÍTULO 12 – 12.1. MORTE E SUAS DOBRAS OU SHEILA NA GIG ... 203

12.2. O outro lado da vulva, o nascimento no reino dos mortos ... 208

CAPÍTULO 13 – 13.1.BASTET OU A GATA PRETA DA FORTUNA ... 215

13.2. A sombra de toda criação ... 224

CAPÍTULO 14 - Poetisa por ela mesma: de gata a crocodilo sem trégua ... 230

CAPÍTULO 15 ANUBIS: ARCANO PÓSTUMO DAS SOMBRAS ... 237

CAPÍTULO 16 - Considerações e desdobramentos ... 249

Referências ... 251

ANEXO A ... 261

ANEXO B ... 349

ANEXO C ... 351

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INTRODUÇÃO1:

Entende-se que uma pesquisa autobiográfica, em excelência prima pela autoria das ideias, isto não significa não reconhecer que autores, mestres e professores (as) contribuíram para nossa formação. Apenas atenta para o fato de que verticalizar esta proposta é priorizar o como elaboramos tais conhecimentos, em lugar de localizar uma referência como única fonte de inspiração de um conceito. Até porque os conceitos vão se transformando à medida que, além de ler livros, frequentamos palestras, fazemos cursos, presenciamos aulas e conversamos com pessoas com a intenção de refletir sobre alguns conteúdos através da oralidade.

Por esta razão, tanto as imagens deste trabalho não são fonte de indicações de site; como as notas de rodapé são licenças poéticas e reflexivas na tentativa de elaborar de fato um conhecimento que cruzou com vários tipos de referências para além das escritas. Se as imagens são elementos inspiradores de forma a ilustrar uma reflexão que já vem sendo construída no discurso da dissertação; da mesma forma, as notas de rodapé, são tentativas de elaborar as referências, sempre em processo – que estão na bibliografia, na filmografia e em situações impossíveis de mapear a origem, no sentido de realmente localizar o ponto de amadurecimento de um conceito ou a fonte primeira sempre como um único autor ou uma formalização escrita isolada.

O exemplo que considero mais problemático neste trabalho é os (as) deuses (as) e os mitos, visto que são conteúdos que pesquiso há anos e faz tempo que me interesso sobre este tema – isso data desde que comecei a fazer teatro com 15 anos; ou seja, cada vez que me encontro com algum (a) deles (as) pesquiso diversas fontes e reelaboro o que penso sobre isso novamente. Por isso, o que está nas notas de rodapé são minhas releituras associadas a múltiplas experiências de criação que são anteriores a este trabalho. Mas, da mesma forma, isso me ocorre com referências de aulas e oficinas que fiz, formadores que encontrei e contribuíram para abstração de um conceito através de práticas – eu reelaborei parte do que foi

1 Os princípios éticos desta pesquisa são atendidos pela RESOLUÇÃO Nº 510, DE 07 DE ABRIL DE 2016, Art 1º., Parágrafo Único ítem VII, onde fica considerado que não serão registradas nem avaliadas pelo sistema CEP/CONEP trabalhos em que as condições se dão por uma “pesquisa que objetiva o aprofundamento teórico de situações que emergem espontânea e contingencialmente na prática profissional, desde que não revelem dados que possam identificar o sujeito”.

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percebido no tempo e espaço como algo pontual, isto é, estas referências estão conectadas com o atual trabalho – aqui e agora transformadas - apesar de terem sido disparadas em outro momento.

Também o modo como escolhi expor meus saberes me fizeram refletir sobre a ideia e o conceito de autoria em pesquisas autobiográficas no que tange a este como um conceito que permeia múltiplas experiências de linguagens diversas que não comportam o tempo e espaço de uma pesquisa de mestrado; como da mesma maneira, o gênero autobiográfico não se sustenta sob pilares apenas de referenciais, ele carrega em si mesmo uma necessidade de expressão do próprio pesquisador, como alguém que se afeta fenomenologicamente por outros e por ele mesmo – e tem algo a dizer e elaborar no seu próprio tempo e espaço.

Fala-se sobre “dar voz a outros” pela própria pesquisa, que tem mérito amplo, é legítimo e é uma conquista no histórico de dissertações e teses, porém ainda estamos engatinhando em falas mais autônomas, onde se confie no pesquisador como alguém que estuda outros, mas fala por si. O que considero, no caso do tema processo criativo, ter uma necessidade maior de acontecer.

Esta dissertação é, nesse sentido, um risco assumido, onde a pesquisadora digeriu algumas referências e reconhece sua importância, dizendo e refletindo a partir do processamento da própria experiência com a criação.

E é com esse espírito de confiança que este trabalho deve ser lido, onde os saberes são parte da vida.; e onde vida e arte se misturam para o amadurecimento dos conceitos. Conhecimento elaborado onde cabe muito do que é humano, onde percepção não é erro e a apropriação desses saberes é corporal, portanto vibracional; e tornam a escrita uma experiência do mundo sensível. Escrita onde o dar corpo às ideias e ao universo das imagens está também nos sentidos: o protagonista da experiência, no caso do processo criativo, pode apenas narrar seus acessos ao mundo das sensibilidades – e nesse narrar, posicionar-se com afeição, ouvindo as vozes dentro da sua própria voz, dilatando a intuição como fonte de refinamento desses saberes.

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CAPÍTULO 1 - Primeiros rastros 1.1 Louco no I Ching2

“Se você quiser descobrir os segredos do Universo, pense

em termos de energia, frequência e vibração.” (Nicolas Tesla3)

O presente trabalho não fala de verdades definitivas, fala de um caminho: criativo, pessoal e intransferível, portanto não replicável - e sim, possível de partilha. Não há uma introdução, o que existe é um convite ao mergulho do outro com total liberdade de sensações. Não há conclusão, já que a imagem disparadora poderia ser qualquer um de nós antes ou depois da própria encarnação4, ou ainda num momento de crise, em suspensão - onde você sai da obviedade, da sua zona de conforto e busca uma solução inusitada, criativa, ainda não experimentada para resolver algo que realmente te atormenta.

Assim escolhi lidar com o registro do trabalho já que, no que diz respeito à narrativa do tarot, a carta do Louco é tanto o começo como o fim de tudo – como também todas as transições possíveis entre as configurações temporárias de fases e questões importantes para nós, configurando uma situação transitória e efêmera de oportunidades e aprendizagens intensas - que da mesma forma que é rapidamente desenhada pelas energias do universo, se esvai: feita da mesma qualidade da intervenção da deusa Lakshmi5, tal como se apresenta de forma inesperada, também passa adiante sem demora.

Acredito que essa oportunidade de mudança promovida pelo Louco seja a vibração traduzida em frequências imagéticas associadas ao imprevisível; que ocupa lugar com a mesma intensidade e rapidez tanto no número zero como no algarismo vinte e dois, iniciando e finalizando o tarot, da mesma forma que pode

2 Prática oracular chinesa, baseada na interpretação de comportamentos presentes na natureza que se associam ao estado anímico do consulente em hexagramas – figuras formadas por sequencias de seis lances de bambus associados aos dedos das mãos, originalmente que, depois eram designadas por moedas que eram lançadas no chão.

3 Inventor e cientista austro-húngaro, nascido na atual Croácia, deixou importantes contribuições para o desenvolvimento da tecnologia, inclusive de formas sustentáveis.

4Aos 15 anos, assisti uma palestra de tarot a partir do olhar da Cabala e, independente da crença que aqui posta, me parece interessante o olhar da encarnação como referencial de estar consciente dos atos, da experiência de estar vivo.

5 Deusa da abundância, conhecida por trazer a oportunidade pela passagem ligeira na vida das pessoas – não atende desavisados ou pouco atentos às sincronicidades.

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também migrar para qualquer transição entre todos os outros arcanos maiores e/ou menores, que se traduzem em portais, fendas e aberturas que não se encerram no significado linear de cada lâmina. Portal aqui também como um facilitador de um símbolo, ampliando percepções do inconsciente, geralmente inacessíveis no cotidiano.

Apesar de não ter sido objeto de estudo da presente pesquisa, percebo que o I Ching, como ancestral6 do tarot, também pode me oferecer uma forma para apresentá-la e, ao mesmo tempo, um modo de convidar à criação aqui relatada – localizando meu trabalho junto à importância de relacionar a psique com estados e energias da Natureza através de hexagramas – que determinam todo um código simbólico específico; e, observando as sincronicidades que se apresentam e se materializam no cotidiano a partir da reflexão aprofundada do seu significado espiritual, ou seja, o modo como se elaboram e se interpretam, os hexagramas me auxiliam a perceber o processo de criação como padrões simbólicos traduzidos por imagens.

Se CHI CHI é uma energia que se manifesta após a conclusão e desenvolvimento do hexagrama T’AI PAZ, isto é, uma qualidade muito similar à carta do Louco - e tudo pode estar no lugar que deveria estar, inclusive em detalhes, mesmo que temporariamente; ele também nos lembra que tudo e qualquer coisa entra em desordem a partir de um equilíbrio alcançado em perfeição - e que a vida com excessos, até mesmo de harmonia excedente, pode levar ao tédio e a estagnação - por isso mesmo, no equilíbrio há algo que está latente e pronto a precipitar a qualquer momento; para de forma generosa, mesmo que abrupta, voltar a nos colocar em movimento de vida, nos desacomodando perante atitudes nossas e de outros já conhecidas.

6 A forma de apresentação aqui proposta também é uma forma de validar o respeito a tudo que vem antes de nós e nos abre espaço para criar algo diferente ante ao que, de alguma maneira, foi herdado como conhecimento e forma de criação – por isso, ancestral. Tudo que nos antecede pode ser louvado como ancestralidade – e não só como possibilidade de concordância e submissão inquestionada.

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Figura1 - CHICHI

Fonte: Carta tradicional do I Ching

Figura 2 - T’AI

Fonte: Carta tradicional I Ching

E se, por outro lado, também existe um hexagrama para dizer que o momento E se, por outro lado, também existe um hexagrama para dizer que o momento antes da conclusão, o WEI CHI, a vida também pode apresentar-se como preparo para uma espécie de vazio, que nos espera em algum lugar da alma e, por isso, teremos que lidar com algo imprevisível quando tudo estiver prestes a nos encontrar em profundo equilíbrio e, ao mesmo tempo, todo término dá lugar ao recomeço de algo que se reconfigura de forma mais criativa e surpreendente do que era o esperado antes de nos lançarmos ao desconhecido – identifico aqui, princípios importantes da carta do Louco, muito presentes nas observações da natureza que o I Ching já propunha, em respectivos desdobramentos inclusive fragmentados em zero e vinte e dois, como facetas de um mesmo arcano: o Louco.

Figura 3 – Wei Chi

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Inicio essa viagem a partir do I Ching como maneira de expressar meu respeito às energias ancestrais e arcaicas que, tal como o sânscrito7 e a telepatia8 não podem ser traduzidas em palavras, mas percebidas como frequências e vibrações presentes nas manifestações do repertório de fases de vida e morte, no percurso de um ser em busca do seu próprio caminho.

Cada lâmina de tarot, tal como cada hexagrama do I Ching, determina um campo de possibilidades que só pode ser lido em relação afetiva com seu contexto energético – isso inclui a energia de quem atende, de quem consulta e todos os arcanos que conversam entre si na narrativa e modelo de tiragem que escolhemos, delineando assim uma cartomancia9 única – se trata de uma prática dialógica, receptiva, empática e/ou mediúnica10; como preferirem chamar – pois considera variantes sensíveis que implicam desde a personalidade do consulente até o entorno do mundo sensível que vem à tona como intuição de quem lê as cartas e suas inéditas combinações naquele contexto específico de encontro de duas almas inquietas pelo conhecimento em toda sua sincronicidade curativa mediada pela energia arcaica das lâminas numa tiragem.

Nesta jornada não há conclusões possíveis visto que ninguém está perdido11 – estamos todos em passagem constante e variável dos desafios da vida - e não há nada de errado em ser quem se é e tentar buscar isso com a autenticidade que está disponível e ao nosso alcance em todo e cada momento. Alguns perfis de pessoas gostam de muitas coisas ao mesmo tempo e, às vezes, e sem querer, incomodam pessoas que são mais lineares ou querem respostas mais eficazes e imediatas para

7 Linguagem anterior à escrita. Acredita-se também, em alguns contextos ligados à religiosidade que é a língua dos anjos. O povo cigano é a única cultura que se sabe hoje ainda ter contato com esse conhecimento.

8Telepatia aqui pontuada como quando cotidianamente ocorre o que experimentamos como transmissão de pensamento.

9 Cartomancia, termo aplicado por alguns tarólogos, entre eles, Luciano Kravetz, que designa que a relação entre os arcanos é uma narrativa viva, sensível e singular – que se comunica entre si a cada tiragem, ou seja, não se encerra num significado linear – o que caracteriza o rico nível simbólico de cada lâmina. Mais detalhes sobre o trabalho do referido tarólogo acesse em: www.tarotcuritiba.com.br.

10 Leia-se “mediúnica” como possibilidade única de mediação entre duas almas que compartilham uma linguagem, onde o campo das sensibilidades se dilata para dar lugar a uma vazão intuitiva da realidade através de um universo simbólico compartilhado em vibração, por isso nem sempre coincidente em significados – onde a mediação ocorre pelo intercambiar dessas sensações.

11 Perdido é um adjetivo frequentemente associado à figura do Louco que pouco diz do seu conteúdo emocional para além dos esteriótipos: não espelha nem seu estado de busca pela liberdade e nem a multiplicidade de possibilidade que ele sugere.

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as demandas da vida. Outras vezes, temos direito a uma pausa partilhada, feita de interesses comuns com os outros, para tirar dúvidas, problematizarmos a nós mesmos nas nossas escolhas e para parar e tomar fôlego perante o próprio percurso: e reunir toda nossa energia intrínseca a várias fases e situações da vida, para que com essa condensação energética nos reposicionemos no nosso caminho criativo específico – alguns chamam isso de fracasso, visto que nesse tipo de sociedade que vivemos agora, raramente é possível um espaço para o que não esteja preenchido de eficácia; e isso não se aplica a um tipo de trajetória como a do Louco, em que cada um faz a sua e não poderá ser reproduzida, pois cada um tem a sua assinatura vibracional criativa única – tal como a nossa digital, íris dos olhos e DNA.

Esta é a história de uma pesquisadora que acreditou sempre estar instigada por algo infinito e ainda assim foi contemplada com o inusitado - a arte e os diferentes materiais e linguagens que ativam minhas sensibilidades, me lançaram para dentro do animal de poder do arcano zero e/ou vinte e dois, aonde eu via um cão12, não existia nenhum crocodilo13 – havia um gato14 cabalístico, para relativizar também qualquer tipo de domesticação, inclusive do pensamento.

Cada um encontra no caminho do tarot o que precisa para se revitalizar, não há segredos ou fórmulas, há um contato profundo com a própria psique e com um material simbólico que já estava disponível, principalmente em sonhos, mas não se prestou atenção nele. O tarot como identificador e catalisador da mitologia pessoal15,

12 O animal que acompanha o Louco no tarot de Marselha é um cachorro – animal domesticado pelas mulheres através do cozimento das carnes caçadas pelos homens. O que pode dar a pensar que o Louco pode ser um ser feminino: uma mulher, pois por estar com um cão seguindo-a e fazer parte do grupo que domesticou os cachorros pela circunstância citada. Da mesma forma, foi também atribuição pioneira feminina, o uso de ervas, pois quando os homens voltavam das caças machucados, a cura disponível na Pré-História era o costume de aplicar argilas locais misturadas com ervas mastigadas pelas mulheres que, unindo as propriedades das plantas junto à saliva e ao poder altamente anti-inflamatório das argilas eram bastante cicatrizantes. Disponível em PDF intitulado “Co-evolution of Humans and Canids: an alternative view of dog domestication: Homo Homini Lupus?”, de Wolfgang M. Schleidt e Michael D. Shalter.

13 No tarot egípcio, o animal que acompanha o Louco é um crocodilo.

14 Na Cabala, este mesmo animal, acompanhante do Louco, é um gato. Essa diversidade de animais me provoca algumas reflexões pessoais das possíveis relações entre o Louco e o papel dos xamãs e suas respectivas iniciações com animais de poder, como forças das personalidades a serem valorizadas e/ou desenvolvidas no percurso da vida, como condução energética iniciática e suas transmutações pelo poder pessoal adquirido.

15Mitologia pessoal, termo que ouvi por primeira vez, em aulas de Butoh com Flavia Pucci, refere-se ao repertório imagético pertencente a cada artista, que se manifesta em sonhos e/ou em processos criativos, incluindo práticas de improviso ou laboratórios de processos de composição.

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ou seja, o repertório de imagens específicas relacionadas aos nossos desafios pessoais para o amadurecimento do nosso processo de individuação, matéria-prima da criação e propulsor do autoconhecimento, com reverberações pessoais e coletivas, no que diz respeito à energia de vitalidade disponível e excedente no universo.

Eu partilho aqui o modo de elaboração da minha poética e o quanto não considero possível separar a vida da arte – é uma pesquisa autobiográfica com particularidades de verticalizações, inclusive dentro deste gênero, mas nem por isso, pouco conceitual – ou que desconsidere, por autoria, a influência de vários autores. E, apesar das suas especificidades estéticas, elas estão em fluxos complementares que se contaminam todo o tempo e de maneira favorável para aprofundamentos do autoconhecimento.

Conto como lido com meu processo criativo e me comprometo com essa causa, não por querer provar algo ou convencer pessoas de como se deve fazer ou lidar com arte, mas porque é um lado do artista tão rico quanto sua obra que, na maior parte das vezes, não tem um espaço ou lugar seguro para ser compartilhado como material igualmente digno de apreciação do mundo sensível. Penso na criação sem julgamentos pessoais ou morais, mas como fonte inesgotável de imagens, como área de conhecimento e como contato com material emocional humano, isto é, um modo de lidar com a forma mais direta de processar saberes: as emoções e toda sua escala de nuances e intensidades de fundamental importância em todas as suas transições – por isso, a escolha do arcano Louco.

Assinatura vibracional criativa16 é um conceito que apresento aqui como uma forma de expressão em diversas linguagens que corresponde à manifestação energética única e autoral presente em cada um de nós e que acelera a busca do nosso processo de individuação, que deve ser dinamizado quanto mais comprometimento haja com a nossa evolução como seres energéticos de afetividade, em busca do exercício e prática do amor: como uma postura ilimitada de

16 Adianto-me aqui na apresentação do conceito que criei, pois creio que será feita melhor apreciação do trabalho se inicio com o que descobri, trazendo o leitor comigo para fazer a trajetória convidativa de como um processo criativo provocou a elaboração dessa reflexão.

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criação a partir do aprofundamento do contato com o nosso self17, ressaltando o

nosso universo simbólico ativado. Isso torna possível a ampliação da nossa gama de sentimentos e das respostas criativas disponíveis perante o (inter) cruzamento de campos morfogenéticos18 que se (inter) cambiam no ato de reformular nossos afetos - que despertam tanto luz como sombra e, por isso, aumentam o nosso conhecimento e diversificam o modo como lidamos com as mesmas informações, reavivando algo que parecia já sabido e que não tinha mais movimento ou sentido diferenciado, em direção à vitalidade única presente em cada ser humano criativo e criador de realidades convergentes.

Proponho que nos relacionemos com a obra acadêmica do mesmo modo como um intérprete do corpo ou um artista plástico prepara o ambiente para receber seus espectadores, um leitor para mergulhar no universo simbólico de uma pesquisadora poderá sensibilizar seus sentidos para compreender melhor dentro do seu universo de entendimentos cada palavra poética que possa surgir dentro deste texto.

Também tem a ver com a forma como vejo as lâminas do tarot, é similar como quando percebo os aromas para compor um perfume: são notas que se misturam em sinergias, criando algo intermediário e harmônico, ao mesmo tempo. É como quando disponho de qualquer elemento teatral que esteja aliado a uma interpretação significativa que dialoga com a mitologia pessoal; e, por isso, consolida-se como algo que aprofunda uma associação simbólica. As três frentes escolhidas do trabalho: o teatro, o tarot e a aromaterapia - todas, sem exceção, são veículos, se comportam como carreadores19 para uma assimilação mais íntegra da condensação

17 É o conceito junguiano que se aproxima da totalidade da personalidade, da ideia do si mesmo, com tudo de paradoxal que isto implica, nos confrontando com limitações da cognição humana para assim compreender o ato de integrar conteúdos psíquicos como algo realmente além das dicotomias. 18 Campos morfogenéticos termo que Rupert Sheldrake usa para definir o que também pode ser chamado de campo energético em diferentes áreas do conhecimento, isto é, o que faz parte do nosso campo de possibilidades por vibração, traduzidas em frequências através da nossa memória afetiva alimentada pelo rico inconsciente e suas respectivas elaborações para o corpo como um todo. Acesse:https://www.youtube.com/watch?v=NdukeVtwat0&fbclid=IwAR0P8jC5l0GvperhQIe7NBPorzS YdYx5ZIS0zHuZ8_mBIDUMc-Xjs9sj3qI

19“Carreadores”, na Aromaterapia, são bases para diluição da mistura dos aromas que compõem a sinergia que criamos para a demanda solicitada pelo cliente/paciente, tais como, cremes neutros, álcool cereal, óleos vegetais (coco, abacate, linhaça, palmiste, copaíba, entre outros) e/ou bebidas alcoólicas para a confecção de florais para ingestão na água. Conceito aprendido na prática de criação de sinergias em curso com Beatriz Yoshimura.

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de componentes tão especiais e intensos do inconsciente na construção de uma poética autoral.

A elaboração do meu processo criativo afetou o que sei e percebo dentro dede cada uma dessas áreas. Por exemplo, da mesma forma que um aromaterapeuta20 decide aliar bases, tais como, cremes, álcool cereal e óleos vegetais ao número necessário de gotas para usufruir dos benefícios de um ou mais óleos essenciais, as lâminas do tarot são portais para conteúdos de aprendizagens emocionais que não são puras, elas se misturam com a vida e suas situações e fases para compor um campo de conhecimento que se desloca e modifica parâmetros dependendo de que posição ocupa na cartomancia21 da vida feita do nosso universo simbólico.

Um óleo essencial ao se misturar com outro, já não é o mesmo que quando está isoladamente, ele compõe uma energia chamada sinergia22 que só é possível no encontro daquelas substâncias específicas - somente naquela quantidade e sob as condições climáticas e ambientais que essas plantas constituíram seu quimiotipo23 e se manifestam de forma adaptogênica24, ou seja, respeitando a lógica

20 Aromaterapeuta como termo mais usual e conhecido da maioria, não como parte da discussão de que tal especialista não é terapeuta, mas um estudioso dos aromas e suas propriedades terapêuticas, portanto o nome mais adequado pudesse ser, aromaterapista. Aqui sempre se privilegiará o acesso mais simplificado de termos cotidianos, para se chegar ao aprofundamento de conteúdos que realmente interessam relativos à criação – o tema foco aqui averiguado. Discussão elucidada por Maria Angélica Ábramo em seu curso de Aromaterapia.

21 Cartomancia, conceito já explicado na nota 9.

22 Sinergia tem o mesmo sentido do conceito usual de trabalho em equipe, porém, com objetivos de cura, ou seja, a soma de dois elementos é imprevisível, não serve a uma lógica linear – quando se somam qualidades o resultado rompe o previsto para solucionar uma situação-problema que pode ser uma oportunidade de compartilhar qualidades. A sinergia funciona quando os elementos envolvidos são de natureza orgânica, isto é, tem diversas possibilidades de conexão entre elas e respeitam a natureza das moléculas, pois elas se unem segundo uma necessidade de contexto. Conceito exposto e exemplificado por Maria Angélica Ábramo em seu curso de Aromaterapia.

23 Quimiotipo é uma palavra para definir que uma mesma planta pode sofrer variantes na composição química, pois as diferentes condições ambientais, como clima, umidade, temperatura, qualidade do solo, podem influenciar nas propriedades da planta. Como exemplo, podemos citar o alecrim: o quimiotipo cineol, se presta mais para distúrbios da respiração e, geralmente, auxilia em processos de concentração; e o quimiotipo verbenona, que costuma ter resultados positivos quando os distúrbios são relativos ao fígado. A considerar que aqui, neste trabalho, o esforço é justamente de contar sobre o potencial criativo dos aromas de óleos essenciais, ou seja, de tentar quebrar o automatismo das lógicas de indicação, ou seja, não há indicação sem o contato com o cliente/paciente – pois, a personalidade de cada pessoa, tal como o contato com sua problemática e muitos outros fatores, influenciam na indicação de um aroma. Por exemplo, se alguém tem uma dor de cabeça, não será nem lógico ou amoroso que indiquemos o mesmo remédio/aroma, visto que, ela pode ter sido causada por sono, sobrecarga do estômago ou exaustão mental – isto somado as variações de personalidade e contexto, não poderá resultar num mesmo óleo essencial.Conceito bastante trabalhado por Carla Véscovi e Fabián Laszlo, ao ministrar cursos.

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de ligações energéticas em contato com o corpo que interage, na tentativa de tornar tudo o mais equilibrado possível para aquele momento, sem desrespeitar as tendências energéticas já presentes naquele contexto e valorizando a flexibilidade de cada um em se aliar com seus próprios talentos – para curar uma disfunção; tal como uma remissão, isto é, uma aceitação do desequilíbrio, para depois redefinir um padrão de vitalidade, em maior aproveitamento qualitativo25.

Da mesma forma acontece com uma música que se escolhe dançar, um figurino para vestir ou um objeto de cena para jogar – os aromas são parceiros de cena que também compõem mudanças e modificações significativas na energia do todo, sendo diferente a cada vez com alguns pontos de intersecção e potencialidades que se repetem, mas não se relacionam da mesma forma no encontro com o público e todos os outros fatores que influenciam o ambiente e o dia de um artista: é uma negociação energética, orgânica e emocional constante e com diversas variantes para a manutenção do equilíbrio vibrante.

Para isso, junto com o texto você receberá um jogo de tabuleiro que está dentro de uma caixa de madeira26 que contém: caixas menores – criações feitas no percurso todo da pesquisa, para acender um propósito maior: o foco da criação; um tarot, que chamei de “tarot da criação”; com fotos das cenas que foram criadas com os estudos de aromas dos óleos essenciais; aromas27 em diluídos em álcool, em pequenos vidros28, para que você possa sentir a energia que foi usada em cada

24Adaptogênica é uma atribuição de moléculas orgânicas que, diferentemente das sintéticas, negociam suas conexões muito mais ramificadas com o contexto, no caso dos óleos essenciais, na corrente sanguínea - por acesso pela inalação caindo no sistema límbico, parte do cérebro responsável pelas emoções; ou por contato na pele; ou ainda por ingestão, em casos mais severos – doenças graves ou padrões crônicos mais antigos. Conceito exposto por Maria Angélica Ábramo em seu curso de Aromaterapia e compreendido desta forma mais aprofundada em reflexões do grupo de estudos da UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas, ao lermos “Medicina Vibracional”. 25 Integrar não é excluir, é compreender a lógica de um antigo padrão viciado e encontrar uma solução criativa que caminha para a junção mais vital que o contexto pode proporcionar.

26 Isto caso você esteja acessando a versão da biblioteca. Caso não seja este caminho que você fez para estar em contato com esta dissertação, tudo está disponível no site wix: https://tanitcha.wixsite.com/website. Os posts sobre tabuleiro em específico: “Tabuleiro, espaço dos desejos”; “Tabuleiro, continente processo criativo”; e “Tabuleiro, artesão de pequenices”.

27 Caso não tenha acesso à versão da biblioteca, você pode adquirir os aromas, em lugares confiáveis como Botica da Terra, Magispharma ou Aromaluz, caso esteja em Campinas; Aromalife, caso esteja em São Paulo; ou pelo site da Aromalândia, pelo correio, caso você esteja em qualquer lugar do mundo. As marcas que indico e que considero confiáveis são: Laszlo, Bioessência e Terra Flor.

28Os vidros que estiverem diluídos com alecrim ou hortelã, podem ser usados para interromper o efeito de algum dos outros aromas de algum dos outros aromas que não for de seu agrado. Aproveito aqui para reforçar que os óleos essenciais são orgânicos, em princípio, sem contraindicações em

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cena criada. Acompanha nos anexos, um pequeno livreto, explicando este jogo de tabuleiro, onde no início estará o conto que dialoga muito com esse trabalho; um breve glossário de palavras importantes para o entendimento mais fluído de cada carta do citado tarot criado e o desdobramento de cada carta do “tarot da criação” como interpretação mais direta, focada não no relato do processo criativo vivenciado, mas com outras referências que apontam para conceitos também importantes que serão, provavelmente, desenvolvidos com a merecida profundidade em futuros trabalhos – por isso, estão em função do jogo proposto na caixa e não no corpo do texto, ou seja, servem a funções lúdicas e criativas do tabuleiro para tiragens individuais ou coletivas, e para que você experimente a sensação de jogo proposto pelo tabuleiro independente da leitura da dissertação. O livreto também dá vazão para correspondências do processo entre os aromas e materiais relacionais de diversas linguagens – são elas: danças, músicas, poemas, aromas, personagens e filmes que resultaram nesse primeiro impulso de integração de alguns conceitos relacionados a cada experiência de cada cena.

Sugiro que para que você possa desfrutar melhor de cada capítulo, ao iniciar a leitura de cada um deles você sinta o aroma correspondente de cada cena através do uso dos borrifadores guardados dentro desta caixa, ampliando as conexões neurais provocadas em seu sistema límbico por cada substância – pois foi assim que as cenas e cada capítulo foram elaborados: tudo criado pelo efeito de cada aroma para amplificar a possibilidade de representar um campo morfogenético, como parte de uma escala dramática, ou seja, como se a dissertação fosse uma partitura sensível e criativa de diversos tipos de emoção – tentando promover a leitura como se ela fosse uma experiência performativa multidimensional; e assista no link do youtube a cena que também foi criada a partir das propriedades sensíveis presentes em cada óleo essencial.

Boa viagem e que a jornada te presenteie com belas surpresas perante a sua própria psique acionando repertórios simbólicos de forma diferenciada e criativa; e sensibilizando igualmente para novos conteúdos emocionais que podem ser aprofundados pelas ramificações inéditas abertas no sistema límbico através dos

diluições– com o objetivo apenas de sensibilizar os sentidos na leitura da dissertação. Porém, como prática de cuidado, não indico o uso do alecrim para pessoas com pressão alta ou epilepsia; e de funcho doce para pessoas com algum tipo de câncer.

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aromas. Você também pode, após ler a introdução, sortear o capítulo que quer ler manualmente, sem usar o tabuleiro, pois eles são independentes e não são pré-requisitos para o entendimento do seguinte. Tal como o Tarot de Marselha, apesar de não possuir 22 arcanos maiores e 52 arcanos menores, ele é um livro, no sentido de nos conectar com a imaginação através de uma prática literária e de organizar nosso inconsciente através de símbolos.

Desejo que o efeito possa ser similar ao quando fazemos uma tiragem de tarot para alguém e o encontro do nosso repertório simbólico com o do consulente traz percepções valiosas de cura para ambos – configurando assim que o tarólogo é apenas um facilitador de informações simbólicas e poéticas que diz respeito ao encontro das pessoas ali envolvidas, experiência sensível que não mais se repetirá. Tampouco este é um texto histórico sobre a origem da Dança, do Teatro, da Aromaterapia ou do Tarot, ele desenha o caminho que fiz para integrar esses conhecimentos como processo criativo. E, para isso, fiz cenas, mas muitas outras práticas também afetaram o como me refiro a todos esses conteúdos.

Não considero este material, um guia de replicação científica, para indicações sem critério, como um manual que dispensa as relações humanas ou característica específica de cada caso a ser estudado. Mais bem o considero como um caminho vibracional percorrido que pode servir de referência sensível e criativa com infinitas interpretações sobre os aromas, incluindo um direcionamento de campos e energias, ou seja, tal como na música existe a nota dó e muitas variantes, tais como dó maior, menor, com sétima e sustenido, por dar alguns exemplos, um aroma cuida de uma rede de contatos energéticos que formam um tema que implica dimensões físicas, emocionais, psíquicas e espirituais. E este não é um desmerecimento científico do tipo de estudo que elaborei, mas uma localização do tipo de conhecimento que produzi.

Aproveito para frisar também que a conquista da profundidade em lidar com conceitos está na relação que estabeleci com eles, em apropriar-me deles no meu discurso: é uma dissertação autobiográfica com tons ensaístas. Já revelo de antemão que a especificidade deste trabalho não são citações de outros que me influenciaram, pois considero que louvá-los é capturar a alma do conceito e

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transmutar tudo que foi integrado e compreendido para fins cotidianos com compreensões minhas diferenciadas do primeiro contexto – isso amplia as possibilidades da criação de novos conceitos ou novas maneiras de se enxergar ou lidar com os já vigentes. Não faz falta observar que, da mesma forma, este não é um reforço no desmerecimento de outros trabalhos, apenas uma tentativa de fortalecer outros tipos de discurso de caráter mais narrativo, onde se valorizam saberes mais empíricos e não replicáveis, porém recontextualizáveis.

1.2 . Memorial: artista por ela mesma

Gostaria de contar como fui parar do bastão do Louco à bengala de professora; e como me encantei com feitiços de varinha mágica29 pelo olhar que transita entre a Dança do Ventre e o Teatro ou como o Teatro também se tornou passagem para todo tipo de linguagem que eu queria incluir na minha prática poética.

Em 1999, após ter ingressado e aproveitado minha graduação por um ano, meu pai recebeu um convite de trabalho, que incluía ir morar na Colômbia. Entre os filhos, a única pessoa que poderia ir, eu. Não queria, estava animada com a faculdade; no entanto, apesar de tão esperta paulistana, nunca tinha saído nem do meu bairro, que dirá de meu país.

Começava ali, uma experiência considerável de percepção importante: quando pensamos que não estamos em situação formativa é quando mais se aprende. E isso ficou um pouco mais pronunciado quando me tornei estrangeira do meu ambiente cotidiano. Aprendemos quando estamos em horas de descuido30.

29 Aqui aproveito para ressaltar uma imagem que me ajudou a criar um memorial que traziam estas e não outras lembranças e que revistei recentemente por sugestão de meu orientador. Quando meu filho era pequeno, assisti algumas vezes, o filme “Nanny Mc Phee e as lições mágicas”, que conta a história de uma babá que tem um bastão mágico para fazer com que crianças cumpram as ordens que ela dá. O que, após tantos anos sem vê-lo me chamou atenção foi que, à medida que as crianças iam aprendendo a respeitar e compreender que cumprir as tarefas era bom para elas, os traços de feiura da babá iam desaparecendo. Isso me trouxe acolhimento pela sensação de que não havia problema se uma mulher adulta também precisava rever algumas tarefas ao conviver e educar crianças – isso redimensionou as tarefas que Vasalisa precisava cumprir para Baba Yaga como conto de teor apenas infantil, inclusive dando força a visão de Clarissa Pinkola Estés – isto é, que o arquétipo da mulher selvagem tem diversas facetas conviventes.

30 Expressão presente na obra de Guimarães Rosa, literato brasileiro. “Felicidade está em horinhas de descuido”.

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Quando não nos exigimos e não nos exigem posturas avaliativas. Quando há espaço para a informalidade do conhecimento.

Quando é necessário encontrar um estímulo para sair de casa e não se importar em se perder. Quando o idioma que aprendemos e ouvimos desde pequena pela boca de nossa mãe e, o aprendemos concomitantemente ao idioma do país que nascemos, não faz mais sentido nenhum em outra toada e ritmo. Quando tudo que é familiar parece estar dentro da gente e nunca fora. Quando expressar algo em sua língua não diz da cultura que agora você está imersa. Quando expressar é, às vezes, dizer o que só tem sentido na língua estrangeira. E nos descobrimos assim, mais brasileiras do que qualquer um podia imaginar, sentindo saudades de coisas que eram tão corriqueiras e disponíveis diariamente. E em regresso a sua pátria, saudades do que tínhamos dificuldade em nos acostumar no estrangeiro.

Foi nesse clima de tudo mais diferente do que jamais pudesse imaginar, pois espanhol foi uma língua que aprendi junto com o português, que eu vivi um ano na Colômbia sem saber que ônibus pegar ou que horas realmente chegar para assistir uma peça de teatro.

Sai, em absoluto, da minha zona de conforto. Não entendia a lógica das ruas, pois apesar da maior parte dos endereços ser pautado em lógica cartesiana, sempre precisava ir a um endereço que estava fora desse pressuposto. Todas as expressões que, por meus pais serem chilenos, entendia e conhecia de um jeito, eram muito distintas do que eu estava acostumada a ouvir. Os ônibus paravam segundo a necessidade do passageiro, não havia pontos de ônibus, pelo menos na ordem das paradas para desembarque. Não se podia abraçar as pessoas à vontade, sem que alguém não pensasse que podia ser um ato de insinuação – tudo culpa da cultura.

Não percebia, na época, a beleza do que havia me acontecido. Pois então, tudo que ouvia em muitas aulas de improvisação, de Antônio Januzelli31, estavam

31 Professor da disciplina de Improvisação da ECA-USP – Escola de Comunicações e Artes/Universidade de São Paulo, atualmente já aposentado. Foi o responsável por apresentar-me o Teatro da pessoalidade, lógica onde defendia que a vida não se separa da arte e que um artista está sempre fazendo a mesma obra, pois no fim de contas, aprimora seu discurso através da linguagem explicitada pela busca de sua própria poética.

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acontecendo, mas sem o romantismo que a atriz esperava, parecia maldição. Era como ter sofrido um acidente, ficado com parte dos membros comprometidos e ter que aprender a caminhar novamente do zero. Não é possível fingir intimidade – e por isso mesmo, meu caminho criava uma dimensão mais profunda, eu já não era capaz de sobreviver na superfície, de que experimentava algo por primeira vez sem tê-lo feito – como em alguns laboratórios teatrais vivenciados de forma totalmente artificial.

Comecei, desesperadamente, buscar sentido para estar naquele país. Meu primeiro passo foi tentar gostar do lugar pela geografia e suas belezas – sempre fui apreciadora da Natureza e sua multiplicidade. Fiz um amigo: Juan Valero, ele era guia de caminhadas. Ele me ensinou a gostar de trilhas de lá, e mais das daqui quando voltei. Mas me ensinou muito também sobre humildade, pois ao ir a um páramo32, ecossistema de clima frio típico da Colômbia, me carregou um pedaço de montanha, pois distendi a minha perna e não consegui terminar meu primeiro sendero33 sozinha – talvez fosse metáfora, para dizer que, eu realmente precisava de ajuda para cruzar as fronteiras dos meus condicionamentos naquele momento. Nesse dia, ele me ensinou sobre perseverança, solidariedade e profissionalismo também. E eu aprendi um pouco mais comigo mesma sobre dor que só a gente pode resistir e sobre aceitar a condição da fragilidade para assim, poder realmente integrá-la. Com o tempo, ganhei um bastão dele que, ao voltar para o Brasil, foram tantas as mudanças de casa que, precisei me desapegar dele, mas o significado iniciático que ele imprimiu em mim permaneceu.

Algo voltou a fluir a partir dali, mesmo dentro do tempo da cidade de Bogotá, que é muito diferente do tempo de São Paulo. A gratidão sincera por esta experiência eu só pude ter muito depois, confesso. Mas ali, aconteceram muitos pequenos milagres que com o passar dos anos, pude realmente compreender. Dei aulas para filhos de camponeses, num festival quase anônimo, organizado por uma mulher que não falava espanhol, apenas inglês. O pagamento das crianças era em legumes e frutas e o lugar ao qual me refiro se chama San Agustín, uma cidade

32 Paisagem típica de clima frio, com especificidades de deserto: planície com plantas rasteiras, Tradução mais próxima charneca.

Referências

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