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Segredos por trás de cenas

Figura 37: Foto tirada na inauguração do espaço do coletivo de teatro DESCON.

Foto: Coletivo DESCON

Uma cadeira não é só uma cadeira. Um objeto psicomágico172 não é só que a cultura determina dele, no que diz respeito a atribuir significados aos símbolos. Existem vibrações presentes nos objetos, lembranças que foram impressas como memórias de parede numa casa. Existem também as nossas relações simbólicas com os objetos – e o que acontece numa improvisação ou numa criação de cena é o encontro da vibração da nossa construção simbólica com a história daquele objeto/ adereço ou vestimenta. Uma cadeira dentro do contexto que mergulho, o tarot, fala de como lidamos com a autoridade. Os quatro personagens que estão sentados em cadeiras nas imagens do baralho são figuras de autoridade: a Papisa/Sacerdotisa, a Imperatriz, o Imperador e o Papa/ Hierofante. Vale lembrar que eles não passam a vida toda sentados numa cadeira, mas é o modo como se representa um lugar de poder que, socialmente, eles ocupam e está garantido para eles, uma vez eleitos para tal função. Seguem as imagens dos arcanos citados: Papisa, Imperatriz, Imperador e Hierofante, respectivamente:

172Conceito retomado por Alejandro Jodorowsky – importante cineasta, tarólogo, ator e hoje constelador familiar - mas já presente em tribos primevas – para dizer da importância da escolha de objetos para rituais onde estes farão o papel de condutores de intencionalidade, tal como no teatro, tudo serve a energia do personagem e à mensagem que precisa ser passada. A constelação familiar também é um importante ritual de liberação emocional de padrões familiares antigos bloqueados, onde alguns terapeutas usam bonecos para representar as pessoas envolvidas em alguma situação. (JODOROWSKY, 2013)

Figura 38: Arcano Maior Papisa Versão Rider-Waite. Figura 39: Arcano Maior Imperatriz, Versão Rider-Waite. Figura 40: Arcano Maior Imperador, Versão Rider-Waite. Figura 41: Arcano Maior Hierofante, Versão Rider-Waite.

Uma Sacerdotisa passa por inúmeros rituais para adquirir familiaridade com os diferentes elementos presentes na natureza mutável disponível no universo. Uma relação sempre é uma iniciação, um modo de ver uma problemática de forma diversa e inesperada e de se atualizar perante a própria caminhada e seus desafios.

Figura 42: Improvisação em sala de ensaio na UNICAMP.

Foto: Iago Villarroel

Eu tinha escolhido o tea tree porque ele reúne três habilidades que, nenhum outro óleo essencial o faz com tanta intensidade e maestria: ele é antifúngico, antibiótico e antiviral. Por isso, ele também ajuda pessoas que sofrem muito preconceito no dia-a-dia: gays, lésbicas, artistas, negros, deficientes e obesos, para dizer alguns perfis. Uma pessoa que sofre preconceito tem que ficar se reorganizando energeticamente a todo instante suas moléculas, para ser quem é com um pouco mais de tranquilidade. Ele ativa isso: é um dos melhores reorganizadores do sistema imunológico que temos conhecimento. Em cada kit entregue aos soldados americanos em guerra com o Vietnã, tinha um óleo essencial de tea tree para momentos de emergência, para que seus ferimentos não

infeccionassem. Esse aroma definitivamente diminui o impacto de viver um dia-a-dia como se estivéssemos vivendo numa guerra – despertando o que é necessário em contextos como esse: mais solidariedade e companheirismo e menos violência e competição. Por ter propriedades tão integradas nos habilita a lidar com uma gama extensa de conflitos: por isso eu o relaciono com o teatro, o óleo essencial dos atores e atrizes.

Figura 43: Planta de tea tree.

Foto Ilustrativa

Sempre gostei de cenas com cadeira. Quando tinha dez anos vi “Cabaret173”, com a atriz Liza Minelli174. Nunca mais esqueci. E, apesar de prestar mais atenção à

performance das suas parceiras de cena do que nela que pouco se mexia, a possibilidade de fazer tudo e qualquer coisa que não fosse sentar, me trazia profundo encantamento. Não era daquela época, mais de muito antes que eu me apaixonaria por musicais – talvez, penso hoje, representasse território seguro que unia gostos que herdei por parte de mãe com preferências que aprendi com meu pai. De fato, ninguém pode vir a se interessar por tal anonimato, mas a vida, tal como foi vivida na infância, diz muito de uma pessoa, e mais ainda de uma artista. Meu pai nos levou bem pequenos uma vez assistir “Fantasia”175 no centro da cidade – isso me marcou. Ele gostava de fazer as refeições com música clássica. O que na época eu nem sequer tinha repertório para compreender a importância.

Anos depois, tive um professor de corpo, Warde Max176, na Fundação das Artes de São Caetano do Sul, que deu sua primeira aula para improvisarmos livremente pela sala com músicas clássicas – achei casava tanto com o teatro, todas

173 Filme dirigido por Bob Fosse, de 1972. 174 Liza Minelli, atriz e cantora americana.

175 “Fantasia”, filme norte-americano, do gênero animação, produzido pela Walt Disney, em 1940. 176 Professor de Corpo do curso profissionalizante de interpretação da Fundação das Artes de São Caetano do Sul, em 1997.

aquelas variações vibracionais que estavam na música, estavam nas emoções. Minha mãe cozinhava cantando e seu melhor amigo de todas as manhãs era o radio, como boa nativa de uma ilha bem pequena ao sul do Chile que ela é.

Tudo isso, que sou e do que fui feita, me fazia gostar de musicais e, por influência desse musical em primeira ordem, de cadeiras. Gostar desgostando, duvidando – querendo fazer tudo com elas, menos sentar. Mas como crianças que gostam de bichos para libertá-los e não para levá-los para dentro de casa. Como uma imperatriz e um imperador num só corpo, mas no mesmo baralho, que se negam a sentar em seu próprio trono, pois autoridade é algo que se conquista antes e depois do momento de estar sentado e deve estar em cada poro do corpo e não numa postura social apenas aparente, mas numa postura ética e criativa, que abre mão do individual pelo coletivo, caso se faça necessário. Primeiro fiz uma cena que sim, realizei todo meu lado cabaret. Dancei como quem encena um musical – como quem consagra o chair dance para depois dar-lhe uma invertida. Fui quase obediente. Realizei meu sonho de vedete.

Recebi um convite para estar na inauguração da Descon – um coletivo de Teatro com qual estabeleço trocas sempre que possível, que nasceu de uma iniciativa de intervir na comunidade periférica de São Paulo, pelo projeto Vocacional da Prefeitura, mas que depois foi se configurando com autonomia de criação.

“Nós gostaríamos muito que você pudesse estar aqui com a gente. Dançar para a gente, a sua dança do ventre”, foi assim, descomprometido no melhor sentido de que possa ter sido proposto um convite. “Posso fazer o que eu quiser?”, respondi. “Claro”. Lá sempre se pode fazer o que se tem vontade. Esse coletivo de teatro chama suas cenas de “troço”, na tentativa de não institucionalizar a arte e de abrir espaço para manifestações mais hibridas. E se na arte não podemos fazer o que temos vontade, onde será que é?

Depois, num momento mais tardio do meu processo criativo retomei a cadeira algumas vezes para pensar a organicidade do corpo, como se instauram a doenças e como esse processo sempre é bem mais tranquilo quando não precisamos usar remédios químicos. A sensação de que o processo de cura é muito demorado, apenas revela o estado de falta de paciência com nossos próprios processos

crônicos, revelados na conduta acelerada que temos com o tempo do corpo, geralmente demora o tempo que precisamos – independente se precisamos de algo sintético para intervir na nossa saúde.

A cadeira não era só um objeto de cena, era também metáfora para as infinitas possibilidades de conexões entre as moléculas do nosso próprio corpo quando em busca de cura. Ou também a sobreposição simbólica de quanto mais resistimos ao lidar com uma doença, mais ela se torna um incômodo, um obstáculo, ao invés de tornar-se um parceiro de cena, onde um objeto pode adquirir diversos significados quando em movimento, auxiliando-nos na elaboração de diversos conteúdos emocionais da nossa própria vida enquanto criamos - tornando nosso processo criativo um oráculo de nós mesmos, como quem tira a foto de um sonho significativo, onde podemos atuar através de outras linguagens em diferentes camadas da psique.

CAPÍTULO 8 – 8.1. CIGANA

Figura 44: Carta IV do Tarot da Criação.

SIMBOLOGIAS177

ENERGIA ATIVA: RITUAL

PERSONAGEM: CIGANA/ MEDÉIA/ JOANA AROMA: CIPRESTE

ARCANOS: MAGO/DIABO CONCEITO: JORNADA

ACONSELHAMENTO: FAÇA O SEU RITUAL E RENOVE ENERGIAS DE CURA LINK: https://www.youtube.com/watch?v=5xdmF9Roy8I

“Eles pensam que a maré vai, mas nunca volta. Até agora, eles estavam comandando meu destino e eu fui. Fui. Fui recuando, recolhendo Fúrias. Hoje eu sou onda solta e tão forte quanto eles me imaginam fraca. Quando eles virem invertida a correnteza, quero ver se eles resistem a surpresa e quero saber como que eles reagem à ressaca.178

(BUARQUE, Chico179.1975)

177 Todos os termos aqui cunhados merecem artigos ou futuras publicações com explicações detalhadas e desdobramentos à altura, no entanto, não quis excluir da visão panorâmica da obra influências que se ramificam para serem desenvolvidas numa vida, visto que este trabalho é uma pesquisa que valoriza a intuição que, muitas vezes, vem de uma vez e não aos pedaços ou acompanhando a linearidade comportada de uma obra completa. Porém, para fins esclarecedores imediatos existe um caderno com um glossário que está na caixa de madeira onde também estão outros materiais criativos que integraram o projeto de pesquisa.

178Personagem Joana, a Medéia brasileira, criada por Chico Buarque. 179 Trecho da peça teatral “Gota d’água”, falas da personagem Joana.

Passos de andança, passos ciganos. Carta que não tem no tarot, mas tem no baralho cigano: um casal de ciganos que roubam uma criança não-cigana que, depois, por interferência de Nossa Senhora é devolvida aos pais. O baralho foi criado para isso - reforçar preconceitos infundados desde a Inquisição – que também queimou ciganos como feiticeiros. Passaram pelos Holocaustos não só de judeus – pois a raça dos ciganos era feita de uma mistura indeterminada, portanto não identificável. Dotados de notável saúde e resistência, alguns foram isolados nos campos de concentração, para experimentos mais radicais, como alguns gêmeos, nos casos de judeus.180

A liberdade é perigosa - isso explica o medo de tantas crianças serem levadas por ciganos: invenção de mentiras. À revelia de todo esse preconceito, não existem relatos de crianças maltratadas ou abandono de velhos nas comunidades ciganas, a saber. Antônio, personagem de Bartolomeu Campos de Queirós, no livro “Os ciganos”, ainda que menino, provavelmente sabia que os ciganos guardavam as crianças perdidas, adotavam-na - a alimentavam e a cuidavam para um dia poder devolvê-las aos pais. Os bebês ciganos, atualmente, quando nascem antes de serem batizados nas igrejas são batizados no seu primeiro banho com ervas, vinho e moedas de ouro. Mas a poucos anos atrás, se mesmo os delinquentes entravam na Igreja, os ciganos não, pois quiromancia e arte de adivinhação eram concorrentes da possibilidade de conexão com o sagrado. Ciganos eram merecedores do lado de fora do templo cristão.

Ao longe, com pés na terra e cabeça no céu, arrasta seus pés uma cigana que sabe181. Sabe que para dançar não é preciso palco, mas é muito necessário

honrar as quatro direções do vento para consagrar a comunicação com os espíritos livres que regem um caminho nômade. Caminho nômade que às vezes tem janta, mas não tem café da manhã. Teatro Mambembe das refeições, às vezes o alimento é a companhia na empreitada. Às vezes a cama é ao relento, pois casa é com estrelas no meio. Às vezes, tem circo de morrer de rir e, outras vezes tem vida de

180 Algumas informações disponibilizadas neste capítulo são facilmente acessadas na série de vídeos pertencentes ao documentário “Filhos do Sol”, no youtube pelos links: https://youtu.be/xLCP7RLEghA; https://youtu.be/9fRdSg8Tfhl; https://youtu.be/-tUuXzz_-xM

181 Interlocução escolhida por mim, de livre inspiração, cuja a referência é o diálogo com a mulher dos ossos, um espírito ancião que viaja pelo deserto, presente no livro de contos de Clarissa Pinkola Estes, “Mulheres que correm com os lobos”. (ESTES, 1996)

morrer de fome. Protegidos por terem escondido o prego do meio da testa de Jesus, nunca ficam doentes e nem lhes falta comida – mas é preciso caminhar, pois este é o pacto de troca para ter tal proteção.182

Cidadãos hindus em exílio, estrangeiros por opção, da própria Mãe-Terra: tudo que recebemos não é nosso, pegamos emprestado e logo devolveremos. No entanto, somos conhecidos como ladrões. Por que? Porque a liberdade assusta. Não querer comprar tudo para ser alguém é libertador, mas também profano. Povos sem pátria e componentes de uma nação – cidadãos do mundo.

A cigana lê: corpos passantes, transeuntes de toda espécie, lê parte de corpos, linhas das mãos, cartas - ela as embaralha como quem mistura pétalas de rosa de diferentes cores para falar de amor e destino. Lê música e dança, mas não lê livro nenhum não. Gosta e perde tempo lendo almas e deliciando-se com elas. Não lê livro porque fala. Fala a língua popular dos anjos, descendente do sânscrito que ninguém mais sabe fora eles: os povos ciganos. Cultura ágrafa tem os encantos do aprofundamento da qualidade sonora refinada nas diferentes intensidades de vibração em sons de seus intervalos pouco visitados por outras culturas.183

Uma cigana canta para reprogramar os caminhos do universo, para encontrar fios da rede de luz que guarda todas as histórias de todos os povos com quais ela se mistura e acha que é ela. Quando uma substância se misturou de verdade com outra, ela acha que foi sempre assim tal como é agora – que aquilo que é do outro, sempre foi dela.184 Uma cigana canta para explorar sensações da própria alma de

182 Outras informações são de livre inspiração em prol de uma escrita acadêmica poética a partir das belas imagens presentes no filme documentário “Latcho Drom (música & dança do povo cigano)”, dirigido por Michèle Ray-Gravas, sobre o caminho dos ciganos, através dos tempos, disponível em: https://youtu.be/BrAaJADV3V0 e sugerido como material didático no curso de Danças Ciganas, de Kamilla Mesquita.

183As múltiplas influências culturais recebidas na música cigana incluem o uso de intervalos musicais que estão fora do trânsito de afinação tradicional no Ocidente, o que sugere para mim, como artista e aromaterapeuta, que este povo, tal como os árabes, hindus e japoneses, possuem uma flexibilidade emocional mais ampla que os povos ocidentais. Isto está expresso na cultura musical e na habilidade em permanecer em lugares mais inusitados da escala emocional como expressão artística – que poderia indicar uma resiliência diferenciada em sua personalidade, mas, isto ainda é apenas especulação.

184Tal como uma sinergia de aromas que se reconfigura organicamente e completamente antes de ser incluída num bom carreador, adquirindo novas propriedades que só são conseguidas na junção dos óleos essenciais, sugiro aqui que, a personalidade da cultura cigana foi se mimetizando com a influência dos lugares na mesma proporção que adquiriu personalidade única e bastante autêntica nessas inclusões de referências de outras culturas.

sentimentos intraduzíveis do cotidiano que solicita perdas e escolhas alternadas o tempo todo.

As ciganas cantam para se recordarem que, na grande travessia de cada um pelo deserto nesse mundo, poderão existir momentos de pouca água, mas nem por isso ela é menos sagrada – muito pelo contrário, será ainda mais profana e sagrada ao mesmo tempo em que alguém a põe entre os dedos e molha seus lábios em cada gota por vez.

Cada gota tem a informação da vibração do centro da Terra que pode transmutar a energia de todo nosso corpo. Por isso, os acordes das músicas também são intermediários – para que possamos abrir espaços em nossos corpos para sentimentos impensados de alegria e de sofrimento expressar - pois a alma não se adivinha, cada vez é de uma maneira e em diferente intensidade, tem diversas extensões e durações: lamentos ou gargalhadas devem ser sem nenhuma borda de censura quando somos honestos com a gente mesmo.

A cigana: fala de amor, como quem fala de parente próximo e íntimo. Conta nossa história como se fosse outra da mesma e como se desembaraçasse as linhas da mão como quem junta as três forças da vida em fases e forma uma só trança na qual são entrelaçadas infância, maternidade e velhice. Já viveu muitas traições. Já foi sensual, mas também já foi confundida com puta e diaba. Já fez saia de fita colorida para espantar julgamentos por baixo de sua saia - mostrando seu colo de briga e acalanto num decote estratégico para valorizar sua beleza, mas sem precisar revelar suas coxas aos estranhos - pessoas momentâneas da vida. O que adiantou na sua busca de espiritualidade só durou até a próxima estação de trem ou carona do caminho; ela precisa recarregar energia de alguma forma – o tempo cigano não é linear, nem projeta o tempo para frente; ele é circular, presta atenção nas urgências. Não há adivinhação do futuro para o povo que crê que meu futuro foi ontem e que tudo está para além das aparências imediatas. O que há são conexões.

Estrangeira cigana, cheia de influências penduradas nas roupas, desacompanhada que está do sedentarismo monocórdico e bonita que sempre é da variável constante de cada nova cidade conhecida e por conhecer, alguém sempre se aproveita, fingindo ser um mal entendido a ostentação ou hostilidade do olhar

para tirar uma lasquinha, fazer uma piada preconceituosa ou desmerecer a feminilidade a flor da pele que tantos gostariam de exibir em cada poro.

Gipsy: é um enigma de princípio. Vindos do Egito: egyptian. Gostam de ser chamados de roma, gipsy é pejorativo. Da Índia, passando pela Europa, numa diversidade de países até a Espanha – alguns contam que até passaram também pela Pérsia - nunca ninguém compreendeu o que move cada espírito livre desse a continuar sendo exatamente do jeito que é. Tentamos bater o pé com a mesma convicção que eles fazem, mas acontece que são as andanças e seus calos que fazem cada golpe e cada som do pé em contato com o solo reverberar por todo o mapa do planeta, mesmo que tenham escolhido algum lugar para dormir esta noite, temporariamente. Não é simulacro, é intensidade de vida – cada passo uma decisão que se pendura na dúvida e se diverte com as escolhas andarilhas que ajudam no contato com o pulso mais concentrado da alma.

8.2. Lado B

Figura 45: Foto na apresentação do espetáculo Danças do Mundo III.

Quando resolvi dançar esse campo energético, pensei em cura e logo em desapegos – já que mesmo turca, a dança em questão era uma dança cigana.

Pensando em desapego não havia como não pensar no aroma de cipreste, do qual eu mais me simpatizo com a variedade do aroma que é anti-inflamatória – lusitânia. Com alfa-pinenos185 presentes em sua composição, invocando os seres mais antigos e mais ancestrais deste planeta – os que surgiram primeiro na história da Terra.

A variedade mais comum é o Cipreste semprevivens – a planta que geralmente compõe o cenário da maioria dos cemitérios – que eu relaciono com a personagem grega Medéia186. O quimiotipo Cipreste lusitânia faço a correlação com a personagem Joana187, a Medéia brasileira. Na Grécia Antiga, matar os filhos não era crime; no Rio de Janeiro do século XX era. Portanto, a variedade que é mais antiinflamatória só podia estar relacionada com a personagem Joana, mais passional do que a Medéia, e muito mais disposta a ir até onde fosse preciso para se sentir vingada. Importante lembrar que o que define um quimiotipo é o seu entorno – tudo o que diz respeito ao ambiente: luz, solo, temperatura e quantidade de água; pois estas características farão a planta desenvolver certas características relacionadas a capacidades terapêuticas específicas, segundo as habilidades que desenvolveu nas experiências que passou – tal como nós, pessoas da mesma