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5.4 – APLICAÇÃO DA MATRIZ EGIC AO ESTUDO DO TURISMO RESIDENCIAL

5 – ANÁLISE DE UM SEGMENTO DE MERCADO TURÍSTICO: TURISMO RESIDENCIAL

5.4 – APLICAÇÃO DA MATRIZ EGIC AO ESTUDO DO TURISMO RESIDENCIAL

Perante todas as alterações que se sucedem diariamente no mercado, torna-se cada vez mais importante para os destinos conhecerem com detalhe os vários segmentos de mercado turístico que nele operam e que têm potencial para se vir a desenvolver no futuro. Este diagnóstico deve estar assente em recolhas periódicas e estruturadas de informação com vista a conhecer as características e reunir dados que permitam delinear estratégias individuais e em parceria entre vários intervenientes com um objectivo comum, tornar o destino mais competitivo e preparado para as novas mudanças e alterações constantes do mercado.

No capítulo 2 deste estudo foi apresentada a Matriz EGIC, cujo objectivo visa uma análise estruturada de uma determinada temática que no final gere conhecimento pertinente para um sector ou segmento de mercado. Como a matriz é flexível e facilmente adaptada a diferentes tipos de realidade, apresentamos uma proposta de aplicação ao estudo do turismo residencial tendo como base de trabalho as informações secundárias recolhidas no processo de revisão de literatura (Ver Figura 15).

Numa análise mais detalhada ao modelo apresentado verifica-se que este é composto por três grandes eixos, um primeiro onde se identifica o conhecimento tácito e explícito existente sobre o turismo residencial, um segundo que se refere à espiral de gestão

integrada do conhecimento, onde estão integradas quatro etapas e um terceiro eixo que

se refere às parcerias estratégias que podem vir a ser criadas no âmbito deste segmento de mercado turístico. Nesta fase do estudo, ainda sem recolha primária de dados, e recorrendo simplesmente a dados secundários, concluímos que se quiséssemos aplicar a matriz ao estudo do turismo residencial não seria possível ir mais além do que a etapa de inventariação de conhecimento.

A informação analisada permite-nos verificar que este é um segmento de mercado pouco caracterizado estatisticamente, dificultando a fundamentação de teorias relativas ao comportamento dos clientes ou até mesmo ao tipo de utilização que é dada aos imóveis.

Figura 15 –MATRIZ EGIC APLICADA AO ESTUDO DO TURISMO RESIDENCIAL

FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA A PARTIR DE WALL (1998); HOLSAPPLE (1999); VON KROGH (2000); BOUTHILLIER (2002); MALHOTRA (2003); SCHUTE, 2007; GIBBERT (2002); COAKES (2002); REINHARDT (2002); HOEGL (2005) E COOPER (2006)

Por outro lado temos o facto de não se conseguir avaliar com detalhe quais as principais características associadas à procura (processos inerentes à decisão de compra de uma segunda habitação, comportamento dos proprietários durante a sua estada e qual o tipo de utilização do imóvel) e à oferta (caracterização da cadeia de valor de um projecto de imobiliário residencial-turístico, seus intervenientes e actividades, oferta existente na região em estudo, entre outros).

Dos vários conceitos teóricos apreendidos ao longo da revisão de literatura efectuada e de todo o processo de recolha de dados inerente à metodologia deste estudo, foi possível compreender a diversidade de pontos de vista que existem por parte de vários autores relativamente ao conceito de turismo residencial, suas condicionantes, benefícios, desafios e impactes para os destinos, que se resumem de seguida:

 Turista residencial é o indivíduo que viaja do seu local de residência (região geradora) para um destino (região receptora) que não o da sua origem;

 Fica alojado num casa própria, arrendada ou emprestada por amigos e/ou familiares;

 Apesar de não viver no destino para onde se desloca compra uma casa a pensar nos

benefícios económicos que poderá vir a ter;

 As actividades que procura neste destino não são associadas a uma actividade

remunerada, mas sim de lazer, ócio, saúde, desporto, entre outras;

 Em termos económicos o turismo residencial está associado a uma actividade

económica dedicada à urbanização, construção e venda de moradias turísticas residenciais que constituem uma oferta paralela à hotelaria tradicional;

 Estes alojamentos são oferecidos ao meio turístico, quase sempre fora dos canais oficiais e estão situadas, na sua grande maioria, em zonas litorais;

 A sua construção nem sempre é considerada como um processo de desenvolvimento

urbano, mas sim como uma política urbana irracional que se baseia essencialmente nos lucros que os municípios e empresários podem ter a curto prazo esquecendo os de médio e longo prazo, colocando em causa questões de planeamento e ordenamento do território.

As diferentes opiniões e interpretações deixam perceber a necessidade de criar regras de

classificação e definição deste fenómeno, que constitui, segundo Mellado, 2001inJunta

de Andalucia (2001), uma das parcelas dentro da actividade turística mais desconhecida, onde existe informação pontual, fragmentada e de carácter irregular. Vera Rebollo (1995) salienta a este propósito que o desconhecimento estatístico deste fenómeno está associado a uma indefinição da sua classificação como turistas e da dificuldade na concepção de uma definição que seja abrangente e real em diferentes contextos.

Quando se analisam as questões relativas ao turismo residencial, é fácil perceber que existe uma dificuldade em aceder a dados que permitam avaliar a real dimensão deste fenómeno, sendo que uma das principais razões tem a ver com a utilização de diferentes definições, com um cunho pessoal e reflectindo experiências individuais, e a outra com a dificuldade que existe em encontrar ferramentas estatísticas que permitam apreciar regularmente dados relativos a este tipo de turismo. Neste sentido e tendo em conta o exposto, foi efectuada uma análise que nos permitiu conhecer as diferentes metodologias que têm vindo a ser aplicadas por vários autores principalmente em destinos europeus (Ver Tabela 15).

Mellado, 2001 in Junta de Andalucia (2001), refere que por não ter conseguido

inventariar dados que suportassem uma análise mais correcta sobre a região Andaluza, optou por criar o seu modelo de análise da oferta e da procura, que se baseou nos dados da oferta do ano de 1991, através dos Censos de Viviendas de 1991 (INE) e no número de obras registadas nos Colégios Oficiais de Aparejadores y Arquitectos Técnicos, assim como na entrevista a promotores e urbanizadores a operar na Andaluzia. Para avaliar a procura foram criados dois questionários, um aos proprietários de uma segunda residência e outro aos utilizadores de time-share, clientes com comportamentos distintos e que necessitam ser diferenciados em termos de análise estatística.

Tabela 15 –TURISMO RESIDENCIAL –PROPOSTAS DE METODOLOGIAS DE MEDIÇÃO

AUTORES METODOLOGIA UTILIZADA ÁREA EM

ESTUDO ENFOQUE

JUNTA DE