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2.5 – APLICAÇÃO DA MATRIZ EGIC NUMA ETAPA DE REJUVENESCIMENTO DE UM DESTINO

2 – O PROCESSO DE GESTÃO DO CONHECIMENTO APLICADO AO SECTOR TURÍSTICO

2.5 – APLICAÇÃO DA MATRIZ EGIC NUMA ETAPA DE REJUVENESCIMENTO DE UM DESTINO

Como referimos no capítulo 1 deste estudo, a matriz EGIC deveria ser utilizada pelos vários intervenientes do sector público e privado como etapa prévia à definição de estratégias gerais do destino assim como o âmbito da parceria a ser desenvolvida.

A definição da estratégia de destino deve ser analisada numa perspectiva macro onde devem constar acções comuns a todos os segmentos de mercado turístico, assim como estratégias de âmbito micro relacionadas com cada segmento de mercado per se.

Na delineação de estratégias para um destino turístico deve ser dada uma atenção especial à diversidade de processos comuns, mas também individuais, que existem entre os vários segmentos de mercado, pois só assim se podem definir as actividades de informação, comunicação/promoção e formação, e estabelecer um plano de monitorização, acompanhamento e avaliação.

As estratégias de destino devem integrar os diversos segmentos de mercado e infra- estruturas existentes, analisados individualmente e segundo metodologia semelhante à da matriz EGIC. Em nosso entender a análise por segmento de mercado teria mais-valias para o destino, pelo facto de permitir um estudo detalhado da procura (o perfil, características e necessidades do cliente que lhe está subjacente) e da oferta existente na região, entre outras características nem sempre perceptíveis em análises mais simples e menos aprofundadas.

A estruturação de informação resultante da aplicação da matriz EGIC poderia, entre outros, ajudar na inventariação de quais os intervenientes que participam na cadeia de valor associada ao segmento de mercado e quais aqueles que desempenham um papel preponderante para o seu desenvolvimento.

Estes dados seriam importantes para avaliar quais os intervenientes a integrar uma parceria estratégica no futuro. A pertinência de um ou outro parceiro poderia ser consubstanciada com o papel desempenhado na cadeia de valor, processos e tipo de actividades em que participam.

De acordo com Inkpen (1998) as parcerias proporcionam às organizações uma oportunidade única de demonstrar as suas potencialidades com a ajuda dos parceiros. Ao juntarem numa mesma parceria diferentes tipos de organizações é criado novo conhecimento e logo uma plataforma mais rica, potenciando todos os parceiros envolvidos e o destino onde operam.

No presente estudo não se pretendem apresentar soluções relativas à estratégia de um destino, pretende-se sim analisar um dos segmentos de mercado turístico que tem vindo a assumir uma importância crescente no Algarve, o turismo residencial. Apesar da sua importância, existem ainda poucos estudos e análises que permitam definir estratégias concertadas de desenvolvimento.

Deste modo e tendo como referência os pressupostos inerentes à Matriz EGIC, apresentados anteriormente (Ver Figura 4) e as directrizes de autores como Wall (1998); Holsapple (1999); von Krogh (2000); Bouthillier (2002); Schute (2007); Gibbert (2002); Coakes (2002); Reinhardt (2002); Hoegl (2005); Waddock (1989); Holsapple (1987, 1999, 2000, 2001a, 2001b, 2002, 2005); von Krogh (1997,2001); Nonaka (1994, 1995, 1996, 1998, 2000, 2006); Erden (2008); e Cooper (2006) foi efectuada uma aplicação que visa demonstrar como se pode analisar um segmento de mercado turístico de forma integrada e estruturada com vista à criação de uma parceria entre vários intervenientes do sector que lhe está associado (Ver Figura 5).

O modelo de análise apresentado tem por base a mesma filosofia da matriz EGIC per se, ou seja, a existência de conhecimento sobre um determinado segmento de mercado que está disperso, pouco estruturado e que não é partilhado pelos intervenientes que trabalham directa e indirectamente com ele.

FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA A PARTIR WALL (1998); HOLSAPPLE (1999); VON KROGH (2000); BOUTHILLIER (2002); SCHUTE (2007); GIBBERT (2002); COAKES (2002); REINHARDT (2002); HOEGL (2005); WADDOCK (1989); HOLSAPPLE (1987, 1999, 2000, 2001A, 2001B, 2002, 2005); VON KROGH (1997,2001); NONAKA (1994, 1995, 1996, 1998, 2000, 2006); ERDEN (2008); E COOPER

O modelo sugere que se avance para a metodologia inerente à espiral da gestão integrada do conhecimento, que passa por quatro etapas, associadas a componentes metodológicas distintas:

Etapa 1: Inventariação - Após se ter identificado o segmento de mercado a estudar

inicia-se um processo de recolha de informações em diversas fontes, tais como jornais e revistas da especialidade, artigos científicos, dados estatísticos disponíveis em organismos oficiais, entre outros, que permitam reunir dados suficientes para compreender quais as características e requisitos deste mesmo segmento de mercado turístico. Nesta etapa, podem ocorrer sessões de debate ou reuniões entre potenciais parceiros, que permitam a partilha de informação, preocupações comuns, identificação de factores que condicionam a actividade dos vários intervenientes e acima de tudo para uma reflexão conjunta;

Etapa 2: Captação – A segunda etapa surge após se ter inventariado e avaliado a

informação existente. Não deve ser esquecido o facto de que a informação vai sustentar um conjunto de estratégias e acções pelo que é importante uma recolha de dados actuais que sejam suficientemente abrangentes de modo a captar elementos relativos à procura e à oferta que sustentem as decisões futuras. Sempre que possível deve ser identificada a cadeia de valor inerente ao segmento de mercado em estudo por constituir uma ferramenta de trabalho abrangente que demonstra as relações que existem entre os vários intervenientes. As técnicas metodológicas a utilizar para a captação da informação devem ser adaptadas à realidade em estudo.

Etapa 3: Análise dos dados recolhidos - Processo de análise e interpretação dos

dados recolhidos, de forma a estruturar informação relativa às características do segmento de mercado, factores que condicionam o seu desenvolvimento, características da procura, elementos que integram a cadeia de valor e por fim uma análise da oferta existente e da opinião dos vários intervenientes relativa ao segmento em estudo. Sempre que possível, devem ser integradas directrizes relativas ao posicionamento dos concorrentes de modo a perceber como actuam no mercado.

Etapa 4: Transferência e uso – Envolve a transferência do conhecimento obtido de

modo a que o mesmo possa ser utilizado na delineação de estratégias e acções conjuntas que permitam o desenvolvimento do segmento de mercado em estudo.

A matriz EGIC está assente num terceiro pilar que finaliza o modelo, ou seja, as parcerias e o trabalho em rede, que deve ser suportado pelo trabalho conjunto entre os vários parceiros do sector público e privado associados à cadeia de valor do segmento em causa, assim como uma ou mais instituições académicas, permitindo um nível de actuação mais dinâmico e interactivo.

A triangulação de parceiros do sector público, privado e académico iria incutir à parceira uma maior credibilidade e acima de tudo permitir que as análises efectuadas tivessem abordagens multidisciplinares.

Rowan, 1981 in Grant (2004) salienta que os investigadores podem desempenhar neste processo um papel de agente de mudança e os restantes participantes o papel de co- investigadores, o que iria permitir uma partilha mais saudável e uma participação mais activa e participada de todos os interessados. Esta situação é ainda mais premente quando a temática a estudar é abrangente e envolve diferentes áreas de saber e realidades empresariais, sendo que uma estrutura composta por diversas entidades poderia ser benéfica para uma análise mais detalhada e aperfeiçoada.

Uma estrutura deste tipo deveria envolver distintas actividades e áreas de actuação, nomeadamente prestação de serviços por via da elaboração de estudos periódicos de caracterização da procura e da oferta relativa ao segmento em análise, concorrentes, condicionantes, entre outras, assim como actividades relacionadas com a formação, promoção e investigação e desenvolvimento. Deste modo a parceria teria um nível de actuação superior incutindo-lhe dinamismo e inovação.

As parcerias, do nosso ponto de vista, devem constituir sempre que possível uma das estratégias das empresas, nomeadamente as turísticas, pois podem beneficiar os vários intervenientes, pela:

(i) partilha de informação, conhecimento e experiências; (ii) partilha de recursos financeiros, materiais e humanos; (iii) plano de comunicação comum;

(iv) presença conjunta em feiras e outros eventos;

(v) maior poder de negociação com fornecedores de serviços;

(vi) maior facilidade na obtenção de informações devido às sinergias criadas; (vii) melhor posicionamento frente aos concorrentes, entre outros.

O processo apresentado constituiu uma etapa essencial para o desenvolvimento do modelo teórico da problemática em estudo, onde se contempla o modelo do sistema turístico proposto por Leiper (2004) que foi apresentado no capítulo 1, o modelo do ciclo de vida dos destinos turísticos (Butler, 1980), com referência à etapa de rejuvenescimento e por fim a uma aplicação da matriz EGIC à análise de um segmento de mercado turístico (Ver Figura 6).

FONTE: ELABORAÇÃO PRÁTICA A PARTIR DE LEIPER (2004); BUTLER (1980); WALL (1998); HOLSAPPLE (1999); VON KROGH (2000); BOUTHILLIER (2002); SCHUTE (2007); GIBBERT (2002); COAKES (2002); REINHARDT (2002); HOEGL (2005); WADDOCK (1989); HOLSAPPLE (1987, 1999, 2000, 2001A, 2001B, 2002, 2005); VON KROGH (1997,2001); NONAKA (1994, 1995, 1996, 1998, 2000, 2006); ERDEN (2008); E COOPER (2006)

CONCLUSÃO

Ao longo deste capítulo foram apresentadas diversas análises teóricas sobre a construção do processo de gestão do conhecimento aplicado ao conceito de organizações de diferentes sectores de actividade, assim como as barreiras que existem nas mesmas que impedem que todo este processo decorra de forma simples e fluida.

Tendo em conta que o enfoque principal da nossa investigação recai sobre o sector turístico e em concreto sobre um segmento de mercado específico, o turismo residencial, foi apresentada uma metodologia assente numa matriz desenhada com base nos conhecimentos apreendidos, que visa uma análise detalhada de um segmento.

Neste capítulo salientou-se a importância que a problemática da gestão integrada do conhecimento pode ter no sector turístico. Segundo Davenport (1988) e Hjalager (2002) ainda existe dificuldade na percepção desta importância por parte de muitas empresas turísticas. Foi ainda avaliada a relevância que o trabalho em parceria e em rede pode ter para a partilha de conhecimento e para a constituição de estratégias coordenadas entre intervenientes do sector turístico.

O capítulo seguinte pretende salientar a questão das parcerias e do trabalho em rede de modo a avaliar a opinião de vários autores relativamente à sua importância para as empresas, nomeadamente as turísticas. Este capítulo surge pelo facto do nosso modelo teórico da problemática em estudo apontar para a constituição de uma parceria que vise o desenvolvimento integrado do segmento de mercado turístico em estudo, o turismo residencial.

3 – O TRABALHO EM REDE E AS PARCERIAS