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4.5 – A EVOLUÇÃO DA RELAÇÃO DOS AEROPORTOS COM OS STAKEHOLDERS DA REGIÃO

4 – ANÁLISE DA ACTIVIDADE DOS AEROPORTOS INTRODUÇÃO

4.5 – A EVOLUÇÃO DA RELAÇÃO DOS AEROPORTOS COM OS STAKEHOLDERS DA REGIÃO

O posicionamento de um aeroporto no mercado deve ter em conta o destino onde está inserido e os interesses dos stakeholders da região, ou seja, as partes interessadas ou intervenientes envolvidos num processo (clientes, colaboradores, investidores, fornecedores e comunidade), pois só assim irá estabelecer estratégias de actuação sustentadas, realistas e adequadas aos interesses de todos. No capítulo 7 iremos salientar as estratégias que têm vindo a ser desenvolvidas pelo Aeroporto de Faro nos últimos anos.

Suau (2007a) salienta que as alterações do mercado e do ambiente que envolve os

stakeholders podem ter efeitos directos no destino onde o aeroporto se insere,

exemplificando com o caso das companhias aéreas de baixo custo, que ao deixarem de operar para um determinado aeroporto afectam o destino e os vários intervenientes que directa ou indirectamente trabalham com a companhia aérea ou que prestam serviços aos passageiros transportados.

O autor (Suau, 2007a) sugere no seu estudo, um modelo que visa demonstrar que existe uma interligação entre as companhias aéreas, os aeroportos e o território. As características territoriais afectam o aeroporto e atraem as companhias aéreas. As companhias aéreas afectam o êxito dos aeroportos e os impactes económicos deste no território.

As características do aeroporto atraem determinadas companhias aéreas que por sua vez determinam o tipo de impacte que o mesmo tem no território. O autor refere-se a esta interligação como uma “relação triangular”, que é também afectada pelos actores e pelas características do mercado, ou seja, se por um lado a segmentação do mercado

determina a acção dos aeroportos e afecta o território, por outro os actores alteram o equilíbrio da relação entre as companhias aéreas / aeroporto / território, com o objectivo de conseguir um maior benefício (Ver Figura 11).

Figura 11 – RELAÇÃO TRIANGULAR ENTRE AEROPORTOS/COMPANHIAS AÉREAS/TERRITÓRIO

FONTE: SUAU, 2005INSUAU (2007A)

O desenvolvimento de uma rota é um bom exemplo, pois é um processo complexo que para além de um aeroporto e de uma companhia aérea tem que envolver vários intervenientes, classificados pela STRAIR (2005) como intervenientes do destino, da rede e influenciadores (Ver Figura 12).

Este processo por ser tão participado deve permitir o desenvolvimento sustentado do destino e acima de tudo apelar à colaboração e ao trabalho em parceria de modo a que sejam delineadas estratégias comuns para a região, que potenciem a melhoria de processos entre parceiros e o aumento da sua atractividade perante novos investidores e potenciais clientes.

Figura 12 – INTERVENIENTES ABRANGIDOS NO DESENVOLVIMENTO DE ROTAS

FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA A PARTIR DE STRAIR (2005)

A questão das parcerias pode constituir no futuro uma relação-chave para o crescimento dos destinos, primeiro porque cada um dos parceiros tem informação importante sobre o comportamento do mercado e requisitos dos diferentes segmentos de mercado, e em segundo porque ao unirem esforços os vários parceiros podem delinear estratégias concertadas, que reforçam a imagem de destino coeso, integrado e sustentado.

Um aeroporto enquanto dinamizador regional deve potenciar a discussão e o debate entre parceiros, apelando para a partilha de informação que exista e que seja importante para conhecer com detalhe o comportamento e as tendências da procura, assim como a oferta actual e futura que se perspectiva para a região. Esta atitude vai permitir uma sistematização de dados, importantes para a identificação dos pontos fortes e pontos fracos da região e dos diferentes serviços prestados pelos vários parceiros, assim como as oportunidades e ameaças frente aos seus concorrentes.

Esta questão vem de encontro aos conceitos teóricos salientados no capítulo 2, onde se focava a importância que assume o conhecimento e a sua gestão integrada e partilhada entre os interessados. Do nosso ponto de vista a aplicação da matriz EGIC a esta realidade específica é interessante e poderia permitir uma partilha de conhecimento, de problemas comuns e acima de tudo uma estruturação de informação válida para todos os intervenientes (Ver Figura 13).

Neste contexto poderia ser potenciado o estudo periódico da procura de modo a avaliar comportamentos, requisitos e necessidades dos vários segmentos de mercado e deste modo adequar a oferta de rotas, assim como de outros serviços e equipamentos no aeroporto.

No capítulo 7 deste estudo iremos apresentar um estudo de caso onde se evidencia na prática a aplicação da matriz EGIC ao estudo de um segmento de mercado específico e o contributo que o conhecimento gerado pode oferecer a um aeroporto essencialmente turístico tanto na percepção das tendências da procura e da oferta associadas ao mesmo segmento como para a delineação de estratégias futuras de actuação com as companhias aéreas e demais intervenientes.

FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA A PARTIR DE ARC (1999 E 2003); FREATHY (1998); GRAHAM (2003); HUMPHREYS (2002); WALL (1998); HOLSAPPLE (1999); VON KROGH (2000); BOUTHILLIER (2002); SCHUTE (2007); GIBBERT (2002); COAKES (2002); REINHARDT (2002); HOEGL (2005) E COOPER (2006)

CONCLUSÃO

No final deste capítulo é possível compreender a natureza e importância de um aeroporto no contexto regional e nacional e a evolução do seu papel ao longo das duas últimas décadas. Os dados apresentados permitiram uma reflexão sobre a complexidade das suas operações, nomeadamente as que envolvem a negociação de rotas com as companhias aéreas, processo complexo e que deve ser partilhado com outros intervenientes da sua área de intervenção de forma a delinear estratégias coordenadas e concertadas com o todo que é uma região.

A integração deste capítulo no contexto do nosso estudo permite-nos percepcionar a importância que os aeroportos assumem actualmente para os destinos turísticos e de que modo estudos actualizados podem contribuir para um maior conhecimento e para a delineação correcta de estratégias por parte dos aeroportos.

No capítulo seguinte iremos salientar com detalhe o segmento de mercado do turismo residencial e evidenciar quais as principais tendências que têm determinado o crescimento deste segmento nos últimos anos.

5 – ANÁLISE DE UM SEGMENTO DE MERCADO