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6.1.3 – C ONSTRUÇÃO DO MODELO TEÓRICO

6 – METODOLOGIA INTRODUÇÃO

6.1.3 – C ONSTRUÇÃO DO MODELO TEÓRICO

O desenvolvimento de um modelo teórico constitui um desafio e uma etapa importante da investigação. A sua concepção envolve um conjunto de conceitos, que representam o fenómeno que está a ser estudado. Este quadro conceptual apresenta a forma como o investigador percebe os conceitos que envolvem o seu estudo, em particular as relações que existem entre eles, que segundo Veal (1997) passam por quatro etapas chave que determinam todo o percurso da investigação (Ver Figura 25).

Figura 25 – ETAPAS DA CONCEPÇÃO DO MODELO TEÓRICO

FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA A PARTIR DE VEAL (1997)

Veal (1997) refere-nos que apesar de existirem teoricamente estas quatro etapas, as mesmas não têm necessariamente que ocorrer de forma contínua e ininterrupta. Este é um processo interactivo ao longo do estudo, onde o objectivo principal é encontrar um ponto de equilíbrio e uma solução satisfatória que se adeqúe à problemática em análise. Para que isto seja possível o investigador deve definir que tipo de estudo pretende realizar, se puramente descritivo, explicativo ou de avaliação, para assim poder escolher os melhores conceitos e técnicas a utilizar.

O modelo teórico fica enriquecido quando é possível encontrar relações entre os vários conceitos definidos como importantes para o estudo, exercício que pode ser realizado de forma individual ou em grupo, originando em muitos casos modelos sistémicos complexos, abrangentes e criativos (Veal, 1997).

Na revisão de literatura foram identificados vários autores que apresentam modelos analíticos aplicáveis ao sector turístico, explorados e interpretados de modo a conceber o nosso modelo teórico da problemática em estudo (Ver Figura 26).

Para a concepção deste modelo foi seleccionado o modelo de Leiper (1990) (Ver Figura 1), o modelo do ciclo de vida dos destinos (Butler, 1980) (Ver Figura 2), a matriz EGIC que havia sido proposta no capítulo 2 (Ver Figura 4), o modelo do posicionamento dos aeroportos (Ver Figura 9) e o modelo da evolução do papel dos aeroportos (Ver Figura 10). Estes modelos em interacção são no final analisados através da aplicação da matriz EGIC ao estudo do turismo residencial no Algarve, que iremos abordar com mais detalhe no ponto 7.3 deste estudo. O modelo final, apesar de complexo, permite-nos compreender quais as ligações que existem entre os diversos modelos apresentados.

Estabelecendo como ponto de partida o modelo de Leiper (1990), verifica-se que este é composto por três áreas distintas, a geradora, a de trânsito e a receptora, onde estão presentes diferentes intervenientes e processos. No nosso estudo iremos dar uma maior ênfase à região receptora, por ser aquela onde incide a problemática da nossa investigação, ou seja, o destino onde os turistas adquiriram uma segunda habitação.

Autores como Butler (1980) defendem que uma região receptora passa por várias etapas do ciclo de vida, sendo que ao entrar numa etapa associada ao rejuvenescimento deve adoptar estratégias inovadoras que se baseiem no trabalho conjunto e em parceria, assim como num conhecimento mais detalhado das suas características enquanto destino.

Neste sentido parece-nos importante a utilização de uma metodologia baseada numa matriz conceptual, que denominámos de Matriz EGIC (Espiral da Gestão Integrada do Conhecimento), um modelo flexível que permite uma recolha de informação sistemática e importante para avaliar diferentes aspectos da região, dos seus concorrentes e até mesmo condicionantes actuais do mercado (Ver Figura 4).

No modelo de Leiper podemos ainda encontrar num ponto de intersecção entre a região de trânsito e a região receptora, uma infra-estrutura de importância ímpar para os destinos turísticos, os aeroportos. Estas infra-estruturas apresentam actualmente um posicionamento mais dinâmico e activo relativamente às companhias aéreas e aos demais

O seu papel tem vindo a evoluir nos últimos anos, originando novas necessidades, nomeadamente as relacionadas com a recolha actualizada de informação sobre o comportamento e características da procura e actuação da oferta. Estes dados são actualmente importantes, principalmente se tivermos em conta que um mesmo destino acolhe diferentes segmentos de mercado turístico, com requisitos específicos, sendo por isso necessários adoptar estratégias personalizadas que permitam o seu desenvolvimento.

Neste sentido e indo ao encontro das necessidades específicas relacionadas com o conhecimento de segmentos de mercado turístico, propomos a utilização da metodologia associada à matriz EGIC, que tal como já havíamos referido anteriormente, é um modelo flexível e que facilmente se aplica ao estudo de uma determinada realidade.

O segmento de mercado turístico que iremos explorar com mais detalhe é o do turismo residencial. Este segmento carece de dados que permitam caracterizar o perfil dos proprietários nacionais e estrangeiros de um imóvel, tipo de utilização atribuído ao mesmo, entre outros.

A aplicação da matriz EGIC permite não só esta recolha de informação como também irá relacionar outras temáticas importantes para a sua análise. No final do processo de aplicação da matriz pretende-se avaliar a pertinência da criação de uma parceria que envolva vários stakeholders do destino em prole do desenvolvimento integrado do turismo residencial.

Os dados recolhidos, para além de constituírem a base do nosso estudo, vão em última análise, auxiliar o Aeroporto de Faro no conhecimento desta realidade em crescendo no Algarve, tanto na vertente da procura como da oferta. Toda a informação reunida irá auxiliar esta empresa na delineação de estratégias de actuação junto das companhias aéreas e demais stakeholders do destino.