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Apresentação do Time: diversidade de objetivos; convergência na

No documento PUC-SP VILMA SILVA LIMA (páginas 189-192)

4.3 Apresentação do Time: Habitus e dinâmicas do Canal Universitário de São

4.3.2 Apresentação do Time: diversidade de objetivos; convergência na

Desde o surgimento e concretização dos primeiros canais universitários e, consequentemente, de suas tevês universitárias, diversos foram os modelos editoriais e estruturais adotados, como reflexo da origem - pública e privada - das instituições, que opõem um modelo teoricamente possuidor de maior autonomia na estruturação de um perfil editorial independente a outro identificado com marketing e autopromoção de instituições que objetivam retorno, se não financeiro, ao menos institucional.

Evidentemente que essa oposição pode ser definida entre prioridade pelo interesse público, ligado à formação cidadã, e interesse privado, ligado ao interesse comercial. Não se trata, no entanto, de um entendimento único e absoluto, no qual não se considera que uma instituição, ainda que privada, não tenha interesse público ou, na outra ponta, que uma instituição pública não tenha interesse comercial de se autopromover. Sobre isso, Fernandes (2003) afirma que os programas de caráter jornalístico das televisões universitárias destacam fatos ligados à realidade das comunidades nas quais se inserem, o que confere às tevês um caráter local, em certas circunstâncias, o que não pode ser generalizado, já que das universidades que atuam em canais universitários vêm demandas pela disseminação de questões de interesse público, muitas vezes, mais abrangentes que aquelas relacionadas ao local no qual a IES está implantada. Na cidade de São Paulo, palco do CNU-SP, há tantas questões de interesse geral a serem discutidas pela comunidade acadêmica e disseminadas pelas tevês das universidades, que os temas de interesse local ficam, muitas vezes, em segundo plano. Talvez se possa, aqui, utilizar o conceito de glocal, que muito tem sido discutido, no sentido de posicionar a comunicação entre os temas de interesse local ou regional e os de amplitude nacional ou internacional. Por outro lado, a mesma pesquisadora revela a tendência à divulgação de aspectos institucionais, muitas vezes de caráter mercadológico, característica essencial dos mercados contemporâneos nos quais as IES atuam, competindo com suas congêneres na busca por alunos e na sociedade em geral, da qual pretende obter apoio e legitimidade.

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A programação das televisões que compõem o Canal Universitário de São Paulo, na mesma direção das tevês de caráter público e das demais televisões universitárias do Brasil, busca inspiração em temas relacionados às questões sociais, educativas e culturais. Sobre a linha editorial dos programas, fica evidente a qualquer cidadão com o mínimo de informação acerca do assunto [televisão] que não existe critério. Fernandes corrobora essa afirmação, pois, segundo ela, após realização de pesquisa de campo com as televisões universitárias, ―Os resultado obtidos apontam que, em geral, não há uma conduta padrão e os programas e pautas podem ser sugeridos por diferentes atores ou instâncias da Instituição‖ (Fernandes, 2003:127).

Ainda que não tenha sido feita uma análise minuciosa acerca da atual programação, uma vez que se realizou uma verificação nas sinopses apresentadas pelas televisões universitárias da Cidade de São Paulo para divulgar seus programas, é possível afirmar - em função da atuação desta pesquisadora no CNU-SP, bem como a partir de trabalhos realizados por outros pesquisadores - que a programação do Canal Universitário de São Paulo, seguindo inclusive a realidade dos canais universitários como um todo, privilegia programas educativos nos formatos de debates e entrevistas em estúdio. Segundo pesquisa73 realizada por Martinho, 62,06% dos programas veiculados pelo CNU-SP enquadram-se na categoria educação contra 24,14% na categoria jornalismo, 10,35% na categoria serviços e apenas 3,45% na categoria entretenimento.

Outra informação importante que fica evidente após análise dos dados coletados acerca da relação das tevês com os Cursos de Comunicação é que as tevês universitárias vinculadas aos CNU/SP, na maioria das vezes, não estabelecem relação com os professores e alunos, configurando-se basicamente como um exibe que escoa a programação efetivada nos laboratórios dos cursos. Nesse sentido, as tevês universitárias apresentam-se como um laboratório de aprendizagem com o escopo de oferecer aos alunos do curso de Comunicação Social horas de práticas dentro de uma emissora de televisão - um laboratório que qualifica a aprendizagem dos alunos – ou seja, um laboratório para as disciplinas da matriz curricular. Para Castro; Coutinho

73 Pesquisa realizada por Mércia David Martinho, em 1999. A pesquisadora analisou a

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(2008), a televisão universitária, utilizada como ambiente de aprendizagem, é vista como laboratório de aprendizagem para alunos de Comunicação Social na medida em que a universidade permite que esses estudantes participem dele. Outra constatação percebida é que, em nenhuma das IES participantes do CNU/SP, a tevê da universidade é percebida como um laboratório para pesquisa acerca do meio, com o objetivo de investigar o fazer televisivo ou, até mesmo, a produção de programas a partir de pesquisas que trabalham o universo televisivo, por exemplo. O que se vê na programação dos canais universitários, visto que essa realidade se faz presente na programação de todas as tevês, é a repetição de fórmulas já consagradas na tevê comercial.

Numa perspectiva pluralista, a participação do corpo discente daria espaço para a experimentação e a quebra de paradigmas do fazer televisivo. Ocorre que, nos programas observados, há pouco de inovação de linguagem. Tanto nos programas jornalísticos, quanto nos de entretenimento é possível perceber a similaridade com os modelos da tv convencional. Felizmente, há exceções. Elas se dão no momento que projetos experimentais de conclusão de curso ou derivados de oficinas de criação são veiculados na tv universitária. Esses programas não possuem uma regularidade na transmissão, o que pode indicar que os alunos com repertório têm dificuldade em produzir trabalhos com qualidade, por falta de recursos estruturais e técnicos (Mello, 2004)74.

A tevê universitária deve desempenhar papel institucional, desse modo não pode servir a esse ou àquele curso e tampouco pode se reduzir a um canal experimental. Ela pode servir aos fins didáticos e de aprendizagem sem, no entanto, deixar de atuar no âmbito das funções da universidade.

74 No período de 5 a 11 de abril de 2004, a pesquisadora observou a programação do Canal

Universitário de São Paulo, visando à produção do artigo: As sombras na caverna da Televisão Universitária, apresentado no Congresso da ALAIC - Asociación Latinoamericana de Investigadores de la Comunicación daquele ano.

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No documento PUC-SP VILMA SILVA LIMA (páginas 189-192)