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A televisão por assinatura

No documento PUC-SP VILMA SILVA LIMA (páginas 75-81)

A televisão brasileira, desde seu início, vem introduzindo significativas modificações tecnológicas e ampliando sua ação na sociedade. Os anos 1990 foram ricos nesse aspecto, apresentando novas possibilidades de acesso à produção e à

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veiculação de mensagens, em função de novas tecnologias de transmissão. É nesse cenário que novos modelos de transmissão televisiva começaram a ocupar o espectro.

O modelo de televisão paga pelos telespectadores, e não apenas pelos anunciantes, é tão antigo quanto o próprio meio em questão. Apesar disso, grandes discussões éticas e técnicas foram travadas, já que há a necessidade de convencer o telespectador a pagar por algo que tradicionalmente é gratuito e, ao mesmo tempo, encontrar um meio de restringir o sinal aos não assinantes.27

A história faz constar que a televisão por assinatura surgiu na década de 1940, nos EUA, para resolver problemas de recepção de sinais da tevê aberta. No Brasil, a história foi semelhante, já que também surgiu para resolver problemas de ordem técnica: fazer com que a tevê aberta chegasse às cidades serranas do Rio de Janeiro com boa qualidade de imagem e som. Essas cidades passaram a ser atendidas por uma rede de cabos coaxiais que transportavam os sinais depois de serem recebidos por antenas que simulavam a cabeça de rede (espécie de headend)28.

Se o Brasil foi o primeiro país da América Latina a implantar a tevê, foi o último país a ter o sistema de tevê por assinatura29. Para Hoineff (1998), esse atraso tem algumas justificativas: a primeira delas diz respeito à hegemonia das redes abertas; a segunda está relacionada à pequena capacidade cultural da sociedade brasileira; a terceira e última justificativa reside no limitado espírito empreendedor dos envolvidos no negócio das comunicações no país, uma vez que, ainda segundo esse

27 Quando falamos em ―gratuito‖, falamos acerca do serviço de distribuição via satélite – como o

Direct to Home / DTH –, que utiliza o ar público sem pagar nada. Segundo Duarte (1996), o Comitê de Comércio do Senado (dos EUA , em 1958) requereu à FCC (Federal Communication Commission) que parasse os testes com TV paga até que o congresso decidisse o que fazer com a questão. Isso fez com que, na época, qualquer teste com TV paga pelo ar fosse bloqueado. Cabe lembrar que, naquele momento, os testes com TV por assinatura via cabo, que não precisavam de autorização do FCC, continuavam a todo vapor.

28 Central onde ficam todos os equipamentos de imagem da empresa, de onde se gerencia toda a

operação.

29 A primeira regulamentação ocorreu em 1985, quando José Sarney e Antonio Carlos Magalhães,

respectivamente, Presidente da República e Ministro das Comunicações, assinaram o decreto 95.744/85.

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autor, os empresários deste setor sempre dependeram do Estado para desenvolver as atividades da área.

A tevê por assinatura, segundo Brittos (2001), define-se como um sistema de transmissão de imagens e som que utiliza qualquer meio de emissão de sinais codificados, sendo acessado mediante pagamento.

2.3.1 Tevê por assinatura e a distribuição dos sinais

Desde 1817, quando o químico sueco Jakob Berzelius descobriu o selênio, muitas coisas relativas às tecnologias de transmissão de imagens mudaram – da tevê colorida à transmissão digital.

No Brasil, a partir dos anos 1980, quem tem possibilidade para pagar e manter uma assinatura mensal pode optar pelas seguintes tecnologias de transmissão: micro- ondas (MMDS), satélite (DBS, DTH) e cabo. Este último, atualmente, configura-se como o suporte mais popular entre os sistemas de distribuição de sinais encontrado no país. Há ainda uma quarta possibilidade, no entanto, pouco relevante em função de sua pequena expressão no segmento – UHF – codificado com apenas um canal de programação.

O gráfico a seguir indica a hegemonia da tecnologia do cabo.

Gráfico 11 – Assinante por tecnologia

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2.3.2 Distribuição por micro-ondas

MMDS - Multipoint Multichannel Distribution System

Esse modo de distribuição de sinal, a mais antiga forma de oferecimento de tevê paga (1991 – grupo Abril), configura-se de maneira similar à de uma emissora de televisão, ou seja, recebe, codifica e transmite os sinais das programadoras por meio de micro-ondas terrestres.

O número de canais deste tipo de sistema é inferior ao do cabo – 31 (trinta e um) analógicos -, no entanto espera-se que, com a implantação da tevê digital, sua capacidade seja ampliada. O custo do MMDS é pequeno, visto que suas antenas são instaladas à medida que surgem novas solicitações.

Essa tecnologia foi regulamentada, no Brasil, pelo Decreto n.º 2.196, de 1997, como uma das modalidades do Serviço Especial de Telecomunicações. Os sinais do MMDS cobrem uma área com raio de até 50 quilômetros, levando a programação tanto às áreas urbanas quanto às rurais. Permite também a transmissão de programação local, pois o headend está situado no local da prestação do serviço.

2.3.3 Distribuição por satélite

DTH – Direct to Home

Esse modo de distribuição de sinal ocorre a partir da instalação de uma miniantena parabólica e de um receptor/decodificador na residência do assinante. O sinal é emitido diretamente de um satélite. O custo desse sistema é bastante alto, já que envolve aluguel de espaço em satélite. A grande diferença do DTH em relação ao cabo e ao MMDS é a não inserção de programas com conteúdo local, uma vez que a programação do DTH é a mesma para todos os assinantes de sua área de cobertura, que se dá em nível nacional ou até mesmo continental. Todos os serviços desse tipo de transmissão usam sinais digitais, visando a um melhor aproveitamento do espaço que

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ocupa nos satélites. Assim como o MMDS, o DTH também é regulamentado pelo decreto 2.196.

2.3.4 Distribuição por cabo

A rede de cabo é o sistema de distribuição de sinal de tevê por assinatura mais utilizado no país, como foi demonstrado pelo levantamento realizado pela ABTA - Associação Brasileira de TV por Assinatura. Apesar de o preço de instalação ser o mais alto em relação aos demais sistemas, deve-se levar em conta, no entanto, que uma rede de cabo pode ser utilizada para outros serviços, como transporte de dados, acesso à internet, telefonia, etc.

Em São Paulo o primeiro sistema de distribuição de sinais de tevê por cabo ocorreu no ano de 1976, com a implantação de um sistema de cabos que distribuía sete canais de VHF em São José dos Campos.

O sistema de distribuição por cabo combina cabos ópticos e coaxiais. Os ópticos, que são os mais sofisticados e caros do sistema, transportam o sinal de

headend (cabeça de rede) até os hubs (distribuidores) secundários. A partir daí, os sinais ópticos são transformados em sinais elétricos que transportam os sinais, via

cabos coaxiais, até a residência dos assinantes, por via aérea ou subterrânea.

O serviço de tevê por cabo cobre, basicamente, as áreas urbanas e permite a transmissão de programação com conteúdo local, já que o headend está situado no local da prestação de serviço da operadora.

Para que o assinante receba o sinal da tevê por cabo, o televisor deve ser compatível para receber sinais do cabo e, além disso, utilizar um conversor,30 que recebe os sinais e os torna compatíveis com o aparelho.

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2.3.5 Distribuição pelo TVA – Serviço Especial de TV por Assinatura

UHF – Ultra Hight Frequency

O canal UHF localiza-se acima do VHF (tevê aberta) e abaixo do sinal da tevê por cabo. Essa modalidade de tevê foi criada em 1988, na gestão do Presidente José Sarney, e previa a distribuição de sons e imagens para assinantes com sinais codificados. No decreto de criação (95.744/88) estava prevista também a transmissão de parte da programação via sinal aberto, ou seja, para todos os cidadãos que recebessem sinal da tevê aberta. Atualmente 25 (vinte e cinco) grandes grupos têm licença para transmitir por meio dessa modalidade de tevê, entre eles destacam-se a RBS, a Abril, o Globo, o Dia.

Se hoje essa modalidade de tevê tem sido vista como bom negócio, já que tem as mesmas características da tevê digital (sinais codificados em canais UHF) e pode levar a tevê móvel para o celular, em sua fase inicial foi considerada um grande fracasso, pois, logo após sua implantação, chegaram ao país as tevês distribuídas por cabo, satélite e micro-ondas. Das vinte e cinco licenças autorizadas a transmitirem em UHF, quatro estão em São Paulo, cinco estão no Rio de Janeiro, duas em Porto Alegre, três em Curitiba, cinco estão em Belo Horizonte, duas em Brasília (DF), uma em Fortaleza (CE), uma em Salvador (BA), uma em São Luis (MA) e uma em Itapemirim (ES).

2.3.6 Legislação

As tevês por assinatura, no Brasil, são regulamentadas pelas seguintes leis, normas e regulamentos:

Lei Geral das Comunicações (Lei 9.472/97); Lei do Cabo (Lei 8.977/95);

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Norma do MMDS (002/94 – REV97)– Multipoint Multichannel Distribution System;

Regulamento do Cabo (Decreto 2.206/97);

Regulamento dos Serviços Especiais (Decreto 2.196/97); Norma do DTH – Direct to Home (008/97).

O serviço de tevê por assinatura, no caso do cabo, é autorizado por meio de concessão, após processo licitatório solicitado à Anatel – Agência Nacional de Telecomunicações. Para os sistemas MMDS e DTH, não é dada concessão, e sim uma autorização.

A Anatel divulga, por meio de editais publicados no Diário Oficial da União e nos principais jornais, a relação das localidades para as quais os serviços serão licitados e, a partir daí, as empresas interessadas em participar do processo podem se candidatar e participar. No caso de inexistência de interessados, a Anatel permite que qualquer cidadão, desde que cumpra as exigências legais, candidate-se a uma outorga. Esse pedido é levado à consulta pública e, caso não haja manifestações em contrário, a concessão pode ser dada. Essa prática tem por objetivo dar condições para que todos os municípios tenham, pelo menos, uma concessão de tevê paga.

No documento PUC-SP VILMA SILVA LIMA (páginas 75-81)