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Capítulo I – As políticas educacionais no Ensino Superior

4.1 Apresentando os dados da Escola de Ciência e Tecnologia ECT

Na Instituição de Ensino Superior pesquisada, foi investigado o curso de Bacharelado em Ciência e Tecnologia (BCT), curso este que faz parte do primeiro ciclo de formação interdisciplinar de diversas engenharias ofertadas na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Apesar do curso não figurar entre os que mais apresentam índices de insucesso nos dados nacionais, o mesmo apresenta dados preocupantes na Escola de Ciência e Tecnologia principalmente em seu primeiro ciclo, o qual é composto por disciplinas de nivelamento, com conteúdos básicos do Ensino Fundamental e Médio e com o objetivo de preparar o aluno para o ingresso nas disciplinas mais avançadas.

Entendemos que os fenômenos da totalidade se expressam de diferentes formas em diferentes contextos, por isso, para essa pesquisa, optamos por entrar em contato com o fenômeno a partir dos diferentes olhares que o constituem e que constituem a instituição.

Professores, Técnicos, Coordenação, Monitores, Alunos, todos estes que entendemos serem figuras de grande importância na instituição e sem os quais não seria possível a realização de tal pesquisa.

Os dados que aqui apresentaremos serão organizados da seguinte forma: partiremos da análise do primeiro momento da pesquisa, onde foram coletados dados relativos aos índices de reprovação em todas as disciplinas do primeiro ciclo do curso (dados coletados junto da Superintendência de Informática – SINFO e da Pró-reitoria de Graduação - PROGRAD; os índices de insucesso na disciplina central para essa pesquisa (disciplina de Pré-Cálculo); estrutura física da instituição; equipe de funcionários; Projeto Pedagógico do Curso; atuação da equipe; Corpo Docente e práticas de ensino; alunos da instituição e monitores.

4.1.1 Primeiros Passos da Pesquisa

Um levantamento preliminar foi realizado junto à Pró-Reitoria de Graduação (PROGRAD) e à Superintência de Informática da UFRN (SINFO), e para essas instâncias da universidade foram solicitados dados de todas as disciplinas do primeiro ciclo do bacharelado interdisciplinar em Ciência e Tecnologia. Para essa análise preliminar, foi utilizado o número de matriculados por semestre, trancamentos, reprovações e cancelamentos em todas as disciplinas do primeiro ciclo do curso de Ciência e Tecnologia, desde a sua criação, ou seja, dados do primeiro semestre de 2009 (2009.1) ao segundo semestre de 2018 (2018.2). Desde a criação do curso, no ano de 2009, proporcionalmente ao número de alunos, as disciplinas que mais apresentam índices de reprovação são iniciais, nos primeiros semestres. Essas disciplinas apresentam índices preocupantes de reprovação/retenção, ficando próximos a 50% nos semestres.

O componente curricular que aparece com os maiores índices de insucesso é o de ―Fundamentos de Matemática‖, nos currículos iniciais denominada ―Matemática Básica‖ e esta apresentava em sua ementa os fundamentos da matemática básica. Com as mudanças curriculares do curso essa disciplina também sofreu modificações, hoje tendo seu conteúdo centralizado na disciplina denominada ―Pré-Cálculo‖ – por ser a disciplina que se destaca das demais no primeiro ciclo do curso por seus altos índices de insucesso, será foco da pesquisa – que do semestre de 2015.1 a 2018.2, apresenta dados de reprovação dos alunos na disciplina,

trancamento e cancelamento próximos a 50%, como demonstrados no gráfico a seguir.

Figura 3: referente aos semestres de 2015.1 a 2018.2 da disciplina de pré-cálculo do curso de bacharelado em Ciência e Tecnologia, disciplina esta introdutória ao curso em seu primeiro ciclo.

Os semestres apresentados foram escolhidos por serem representativos de dados da disciplina em seu atual formato, já intitulada Pré-Cálculo, porém, compreendemos que os índices de insucesso acompanham a disciplina desde seu antigo formato, vinculado a antigas ementas. A partir do gráfico é possível perceber que, do semestre de 2015.1 ao semestre de 2016.2 há certa tendência de aprovação no segundo semestre de cada ano, o que poderia ser vinculada aos alunos que, retidos na disciplina, cursaram-na novamente. Porém, tal relação desaparece nos semestres de 2017.2 a 2018.2, o que levanta novos questionamentos para a pesquisa sobre a oscilação desses índices no decorrer do semestre. Para essa oscilação, alguns entrevistados responderam que se dá devido aos professores do semestre. Se o professor que está lecionando a disciplina tem ―mais paciência‖ ou não para auxiliar os alunos e ―compreende‖ ou não os problemas envolvidos no insucesso na disciplina, essas taxas de insucesso podem aumentar ou diminuir.

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 2015.1 2015.2 2016.1 2016.2 2017.1 2017.2 2018.1 2018.2 Aprovados Trancamentos Cancelamentos Reprovação

Coordenadora (1)3

[...] A gente pede que esses professores façam um tratamento diferenciado para esses alunos, por que a gente sabe de todas essas dificuldades aí. Então assim, quando ele pega um professor que tem um perfil que consegue entender mais essa problemática, que tem uma didática em sala de aula diferenciada para reconhecer essa dificuldade, então aquele aluno termina – claro que não todos – mas aquele aluno consegue absorver um pouco mais desse conteúdo e se chegar a ser reprovado, ele chega a ser reprovado, mas por muito pouco. Ele foi até o final da disciplina, ele viu o conteúdo todo. [...] Mas nem todos os professores entendem isso. Acha que tem que ir lá e dar o conteúdo do jeito que ele aprendeu, do jeito que ele viu. ―o professor me ensinou assim, então eu vou ensinar assim‖; ―funcionou assim eu vou dar assim‖. Então, essa reprovação depende do perfil do professor daquela turma também.

Ao analisar a caracterização do componente curricular, anexo ao Projeto Pedagógico do Curso temos que sua ementa é composta por conteúdos de Ensino Fundamental e Médio, o que mostra que as taxas de fracasso escolar no curso estão vinculadas, ao menos em seu primeiro ciclo, principalmente a conteúdos estudados por esses alunos no Ensino Básico de escolarização. Dessa forma, os dados preliminares da pesquisa corroboram com a hipótese inicial quanto à escolha da disciplina onde a pesquisa seria desenvolvida – uma disciplina do primeiro ciclo do curso, no caso, Pré-Cálculo.

Estes índices foram analisados principalmente a partir dos dados recebidos pela PROGRAD, tendo a SINFO disponibilizado, a partir da plataforma Dados Abertos UFRN4 outros dados referentes aos demais semestres do curso (número de alunos, concluintes da disciplina, número de reprovações, cancelamentos).

4.1.2 A Instituição

Antes de entrarmos na análise propriamente dita dos processos de ensino e aprendizagem vinculados à disciplina de Pré-Cálculo, foco desta pesquisa, é importante localizarmos a instituição, assim como a sua equipe, pois, entendemos que os processos de ensino e aprendizagem se dão não somente nos espaços dentro das salas de aula. Assim, nesse primeiro momento, serão apresentados dados referentes à instituição como um todo, sua estrutura física, assim como a equipe pela qual é formada, sendo apresentadas também falas dos participantes que, durante as entrevistas, tocaram em pontos gerais sobre a instituição.

3 Os trechos que possuem falas dos participantes serão numerados como forma de manter o sigilo. A numeração foi escolhida de forma aleatória.

4.1.3 Estrutura Física

A Escola de Ciência e Tecnologia da UFRN conta com uma estrutura predial ampla, possuindo três andares, seis anfiteatros, oito salas de aula, dez laboratórios, salas de professores, salas de bolsistas, monitores e para atendimento a discentes, salas administrativas, e demais dependências necessárias ao funcionamento integral da unidade (almoxarifado, depósitos, sanitários, copa, etc). A cada semestre ingressa cerca de 600 estudantes na instituição.

As aulas expositivas do BCT ocorrem em auditórios, salas de aula amplas e laboratórios do prédio da ECT. Com exceção das práticas de laboratório, as turmas dos componentes curriculares obrigatórios possuem em média mais de 100 alunos, podendo esse número chegar a 140 alunos. (PPC, 2017, p. 06) O curso, em seu PPC, reconhece que esse modelo de ensino é um desafio e que demanda ainda grandes ações para que consiga atingir seus objetivos de formar profissionais; aumentar a oferta de vagas no Ensino Superior na área de C&T; reduzir a evasão nos cursos de engenharia; oferecer formação interdisciplinar e oferecer opção de ênfases (PPC, 2017, p. 11.)

Esse modelo de turmas grandes em um contexto marcado pela baixa relação candidato/vaga nos processos de acesso ao BCT, pelas deficiências históricas do Ensino Médio brasileiro e pelo alto grau de abstração dos componentes curriculares de C&T representa um desafio inédito para o processo de ensino-aprendizagem no Brasil. Soma-se a isso as questões de logística implicadas, por exemplo, na realização de avaliações simultâneas em diversas turmas. (PPC, 2017, p. 06)

Apesar da estrutura preparada para receber um grande contingente, a compreensão acerca dos processos de ensino e aprendizagem parecem se resumir à sala de aula. O prédio conta com apenas uma sala de estudos individuais para os estudantes que está sendo usada pelos professores, devido uma reforma que está sendo feita na sala dos professores 5. Para os alunos, foi improvisada uma sala de estudos em uma das salas de aula. Os alunos não possuem espaço de convivência e, mesmo quando a sala de estudos estava em uso pelos alunos, a mesma não possui tamanho suficiente para suprir a demanda de aproximadamente 3.000 matriculados.

Uma imagem comum ao chegar à instituição é a grande quantidade de grupos de alunos sentados no chão dos corredores e nas escadarias do prédio, com seus cadernos e livros abertos, estudando em grupo, ou sozinhos, ou mesmo lanchando/almoçando. Em uma das

5

No segundo semestre de 2018, devido às fortes chuvas, parte do teto das salas dos professores da Escola, ficou comprometida. As salas, que já estavam com infiltrações, ainda estão sendo reformadas. Os professores então foram deslocados para salas provisórias, (sala de estudos dos alunos e sala dos professores substitutos), onde continuaram a exercer suas atividades de planejamento, orientação, entre outras.

entrevistas (docente 1, trecho a seguir), o participante afirmou que essa forma de improvisar espaços de convivência entre os alunos não foi vista com bons olhos na instituição e medidas institucionais foram criadas para impedir tal prática.

Docente (1)

[...] criou-se uma lei aqui, os professores criaram uma lei para eles não sentarem nas escadas. Ou seja, vão sentar onde? Onde é que eles sentam? Onde é que eles estudam? É muito fácil dizer que os alunos não estudam ―vou reprovar 95% da turma‖. [...] existe muita dificuldade.[...] não tem onde esses alunos conviverem; não tem onde esses alunos trocarem idéia; serem felizes; conviverem... não tem. Não tem. Eu passei ali agora na grama, que eles ficam numa graminha aqui do lado, botaram uma plaquinha [...]―isso não é praia‖. acho que o pessoal da UFRN [...] que estava limpando. [...] ai eles não estão mais lá, por que aquilo não é praia. Tipo, eles vão ficar onde? Fizeram aqui um reboliço por que eles sentavam para comer nas escadas.

De acordo com Juceviciene e Tautkeviciene (2003), a aprendizagem não ocorre apenas em sala de aula, mas sim onde os alunos possam ter acesso a fontes de informação para utilizá-las na construção de novos significados e conhecimentos. Essa falta de espaço de convivência para os alunos pode demonstrar a compreensão que a instituição tem sobre os processos de ensino e aprendizagem. Além disso, as relações econômicas necessárias para manter tamanho projeto podem estar comprometidas, após a redução do financiamento pelo projeto REUNI. Os processos de ensino desenvolvidos na instituição e a de formação de profissionais qualificados acabam também comprometidos devido à falta de recursos necessários para manter a instituição de maneira eficiente.

Apesar de ainda possuir uma estrutura física conservada – com ares-condicionados em funcionamento, elevador, projetores, laboratórios em bom estado – o prédio, de maneira geral, necessita de reparos. Paredes infiltradas, rachaduras nas paredes e no piso, portas dos auditórios quebradas. Essa necessidade de reparos talvez seja indício de que os recursos que foram empregadosna construção do prédio e sua fundação, talvez não sejam suficientes para sua manutenção

O Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI) possibilitou a implantação da Escola de Ciências e Tecnologia, que abriga o Curso de Ciências e Tecnologia - Bacharelado,sediado no campus central da UFRN, na cidade de Natal. (PPC, 2017, p. 08) Dessa forma, entendemos que há uma necessidade de planejamento das políticas públicas, tanto ao que se refere o acesso, assim como de sua manutenção. A criação de uma Escola ampla, responsável pela maior quantidade de vagas na UFRN e pela maior quantidade de estudantes, necessita ser vista como tal. Quando a própria política afirma que ―o REUNI, criado no ano de 2007, teve como um de seus objetivos ―ampliar o acesso e a permanência na

educação superior‖ (p. 31)‖, está se referindo ao que é necessário para a manutenção dessas instituições. Infelizmente, essa não é a realidade atual.

[...] O REUNI pretendeu alcançar o total de 92.240 novas inscrições nas instituições federais de ensino superior. Desse modo, em 2007 foram ofertadas 139.875 vagas na graduação presencial das universidades federais, saltando para 231.530, com crescimento de mais 91.655 lugares, em 2011.(Prestes et al, 2017)

É imprescindível pensar também os espaços das instituições, para que sejam possíveis novas formas de convivência entre alunos e professores e melhor aproveitamento dos processos de ensino e aprendizagem. Tanzi (2011) traz em sua tese que ―no Brasil, muito se sabe sobre as questões cognitivas e os processos de ensino-aprendizagem em diferentes contextos escolares, mas ainda pouco se reflete sobre as influências desse espaço nos seus envolvidos‖. (p. 23)

Entendendo que o baixo rendimento acadêmico dos alunos na IES está vinculado a inúmeros determinantes, propiciar aos alunos espaços de convivência também se apresenta como uma ação que possibilita melhor aproveitamento dos estudos. Por isso, é interessante que olhemos também para tais espaços. Além disso, espaços destinados para encontros em grupo, reuniões e/ou estudos podem suprir a necessidade daqueles alunos que não dispõe de lugares em suas residências onde possam estudar. Pensar esses espaços é pensar também processos de ensino que estão para além da sala de aula e, como apontado por um docente durante a entrevista, é pensar inclusive em processos de saúde mental que ali estão envolvidos, como apresentado no seguinte trecho:

Docente 1

[...] é muita gente preocupada [...] com a saúde mental dos alunos. É verdade, elogiável [...] Mas assim, às vezes o sofrimento vem sendo causado ao longo do ano e é muito fácil chegar numa hora e dizer que eles têm a mente fraquinha; que eles pensam besteira; que eles são fracos; que eles são uma geração muito frágil. Mas ao mesmo tempo a UFRN devia pensar saúde mental todos os meses do ano. Estou falando saúde mental envolve tudo. Envolve você chegar aqui e eu ouvir [...]. Envolve ter onde sentar, ter onde estudar, ter onde comer, ter onde estar. Então, saúde mental é qualidade de vida.

Ações que visem expandir o Ensino Superior e não se responsabilizam pela criação e manutenção de seus espaços nada mais está fazendo além de contabilizar número de ingressantes nas IES, pois as possibilidades de mediação pedagógica necessitam, inclusive e primeiramente, de uma estrutura física que os supra. De acordo com Hubner & Kuhn (2017)

A crescente busca pela educação superior traz desafios às universidades e faculdades. Estas instituições estão expandindo suas áreas de atuação, com a criação de novos cursos e investindo, seja em programas de ensino inovadores ou em espaços de aprendizagem, para garantir a qualidade de ensino. (Hubner & Kuhn, 2017, p. 52).

Na tentativa de minimizar as problemáticas que envolvem essa expansão e ainda o modelo de curso com grandes turmas, a Escola buscou adaptar os horários, de maneira a conseguir suprir as demandas do contingente de alunos.

Com a entrada de novas turmas ficou evidente que, com uma quantidade menor de horários de aula disponível no período noturno, o número de alunos que conseguia se manter nivelado era muito reduzido. Esta retenção também ocasionava problemas em termos de infra estrutura física desde que as aulas se concentravam em apenas dois turnos. Devido a essas questões, a partir do primeiro semestre de 2012, a estrutura curricular do curso noturno sofreu uma alteração no tempo de formação, ampliando o tempo de formação original, de 3 anos para 3 anos e meio. O curso diurno também sofreu modificação a partir de 2012, passando de vespertino para matutino e vespertino. (PPC, 2017, p. 07)

Mesmo diante dos problemas cotidianos e dos recursos escassos, a Escola de Ciência e Tecnologia se mantém e tem ciência de seus desafios

Tem-se consciência de que o projeto da Escola de Ciências e Tecnologia – cujo modelo é praticamente desconhecido fora da UFRN e até mesmo por algumas unidades acadêmicas da própria instituição apresenta enormes desafios, a começar pela falta de modelos anteriores sobre os quais pudesse ser embasado. Este Projeto Pedagógico busca incorporar algumas soluções possíveis para as questões apresentadas, bem como algumas reflexões e sugestões de ação para os próximos anos. Quase todas são ações coletivas, exigindo uma integração e dedicação ao modelo em nível institucional.(PPC, 2017, p. 07-08).

Entretanto, apesar de o PPC afirmar sobre um esforço de ações coletivas, foi possível perceber a ainda insuficiência de tais ações, que através de lentas melhorias, tentam cotidianamente contribuir para o funcionamento da instituição.

No documento, há indicações de ações a serem realizadas com fins de melhorar a qualidade dos processos de ensino na instituição. São 7 (sete) pontos que destacam ações importantes para a execução de tamanho projeto e são eles: equipe de apoio ao professor de grandes turmas; Equipe de apoio ao estudo extraclasse; Soluções de TI voltadas à realidade do BCT; Orientação Acadêmica; Programa de Capacitação dos Docentes; Programa de Assistência Psicopedagógica, e Aperfeiçoamento da logística de apoio ao processo de ensino e aprendizagem.

Tais pontos são ações colocadas pela instituição que contribuirão para o seu funcionamento e para o aperfeiçoamento dos processos de ensino e aprendizagem do curso de Bacharelado em Ciência e Tecnologia.

Pela complexidade do projeto, sua execução vai muito além das questões usuais, relacionadas à estrutura curricular, à infraestrutura e ao processo de ensino-aprendizagem em sala de aula. Ela depende fortemente do bom funcionamento de mecanismos de apoio. (PPC, 2017, p. 35).

Entretanto, nem todas as ações são passiveis de execução devido principalmente à questões financeiras que envolvem diretamente o financiamento federal, como explicitado pela coordenadora do curso, ao ser questionada sobre esses pontos do Projeto Pedagógico:

Coordenadora (1)

[...] esses que são ―equipe de apoio ao aluno‖ é o tutor e o monitor. Isso aí a gente realmente conseguiu implantar. A equipe de auxilio ao professor, hoje a gente só tem o monitor que também auxilia, mas a idéia era que a gente tivesse um professor auxiliar, que as nossas turmas tem de 120 a 140 alunos. Mas aí esse projeto do professor, da figura do professor auxiliar não deu certo. A gente não teve apoio financeiro para isso e aí, realmente, isso não aconteceu até hoje. Quem está apoiando o professor são os monitores.

A coordenadora também trouxe informações sobre as ações que funcionaram por certo tempo, quando a universidade recebia financiamento do projeto REUNI

Coordenadora (1)

[..] o que a gente teve ainda, acho que de 2009, foi quando teve a primeira turma do BCT, até por volta de 2011, era o bolsista REUNI, que era um aluno que fazia Mestrado ou Doutorado, que recebia bolsa específica do projeto REUNI, que aí ele tinha essa figura de auxiliar o professor nas turmas. Mas aí, como o projeto REUNI acabou, essa figura desse bolsista REUNI também acabou. Então a ideia era que a gente substituísse esse bolsista REUNI por um professor auxiliar, contratado pela FUNPEC ou pela própria universidade. Mas aí, não se concretizou por falta de apoio financeiro realmente.

Ações necessárias para uma qualitativa exequibilidade do curso necessitam de trabalho coletivo e, principalmente de financiamento a partir de políticas públicas, Os cortes financeiros das universidades federais que vem ocorrendo há anos somente prejudicam o funcionamento dessas instituições, o que contribui para os índices de insucesso dos estudantes e consequentemente para as altas taxas de evasão. Apesar das dificuldades, ações como projetos de Monitoria; Tutoria; Projetos de Extensão; uso de laboratórios para aulas, Orientação Acadêmica; Apoio ao Discente; Atendimento Psicológico e algumas outras continuam em funcionamento efetivo, qualificando os processos de aprendizagem na instituição.

Dessa forma, vamos agora conhecer a instituição de maneira mais profunda, apresentando inicialmente aqueles que dela fazem parte, sua função e atividades desempenhadas. Em seguida, discutiremos os aspectos específicos do componente curricular foco desse estudo, a disciplina de Pré-Cálculo.