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Capítulo I – As políticas educacionais no Ensino Superior

4.5 Desafios na disciplina de Pré-Cálculo

Docentes e discentes foram questionados sobre as suas principais dificuldades, os desafios que encontram na prática. Configuramos como uma categoria de análise os Desafios e Dificuldades na Disciplina. Em suas respostas, os entrevistados docentes apresentaram diversas dificuldades, entre elas, uma que se destaca é a quantidade de alunos por turma.

Ter grandes turmas é uma característica específica da ECT da UFRN, a qual busca cotidianamente melhorar os aspectos de ensino nesse novo modelo de Bacharelado Interdisciplinar. Uma das coordenadoras relatou na entrevista que a ECT busca referência em outras universidades no Brasil, para que a Escola tenha uma base de como ensinar. Porém a ECT é pioneira com esse modelo de ensino com turmas grandes, como apresentado na fala de uma das coordenadoras:

Coordenadora (1)

[...] a gente já procurou nas mais diversas universidades no Brasil. Outras universidades que trabalha com turmas grandes para que a gente possa fazer esse curso com esse outro professor, trazer para cá. Mas na verdade, quem faz isso é a gente. Então a gente está aprendendo fazendo. Não tem um profissional que venha passar isso para a gente. A gente está aprendendo no nosso dia-a-dia mesmo. Então assim, é uma coisa mais interna.

Coordenadora (1)

[...] a turma grande desse jeito, quem tem é a gente. Com aulas e auditório, só a gente é quem tem mesmo. [...] a gente aprende fazendo. em outras universidades [...] a turma não é tão grande quanto a da gente. Por que turma com mais de 100 alunos quem tem a gente... ou na Europa, nos Estados Unidos. Mas desse tamanho, é o Bacharelado de Ciência e Tecnologia mesmo.

A quantidade de alunos é um importante aspecto a ser considerado, já que, apesar de existir uma proposta diferenciada de modelo de ensino, ainda é um modelo que sobrecarrega os professores na elaboração de avaliações; orientação de alunos; tirar dúvidas em sala e elaborar outras formas de avaliação além das provas, como nos mostram os trechos a seguir:

[...] é muita gente. E isso implica em tudo, por exemplo, implica também na dificuldade de uma avaliação mais detalhada, por que se você faz várias atividades você não tem condições físicas de corrigir todas as atividades. [...] Eu acho isso aí um problema por que você não consegue lidar com as dificuldades individuais, você acaba tratando como um grupo. É diferente de quando você tem uma turma de sei lá, 20 alunos, 30 alunos, que você pode chegar no aluno,olhar com mais atenção...qual a dificuldade dele. E em uma turma, como é o meu caso, com 140 alunos, como é que você faz isso? Docente (1)

Se você faz uma prova dissertativa, discursiva é difícil você entregar no tempo que você tem que entregar. Então o que acaba acontecendo, as provas... no meu caso, estou... quando você chegou eu estava elaborando a prova. Prova objetiva. Então, como é que eu vou avaliar o que o aluno

realmente aprendeu ou não. Só estou apenas assinalando o que ele errou ou não. Então, eu acho isso

complicado. Docente (6)

Como você está vendo, são cento e tantos alunos, uma prova com 10 questões, é quase 1.000

questões para você corrigir. E aqui você tem que olhar os cálculos, olhar a lógica, como é que foi

feito. Não é uma prova de marcar. [...]Agora a grande questão é corrigir prova, né?

Rocha (2018) discute tal aspecto a partir do olhar da sobrecarga de trabalho do docente do Ensino Superior, apontando para a ―massiva quantidade de discentes por turma, não dando espaço razoável para o atendimento individualizado‖ (Rocha, 2018, p, 201).

É interessante notar que no questionário respondido pelos alunos, a questão da quantidade de alunos por turma também surgiu, sendo colocada como promotora da ―difícil comunicação com o professor‖; ou causando ―dificuldade de prestar atenção nas aulas‖; ―dificuldade de assimilar o conteúdo dado em sala‖, ou ainda ―o tamanho das turmas dificulta o acompanhamento das aulas e tirar dúvidas‖.

Na entrevista com a psicóloga da instituição, a mesma também afirma perceber a quantidade de alunos por turma como um impedimento para uma prática de ensino de qualidade

Psicóloga (1)

Eles dão aulas em anfiteatros. [...] tem salas aqui, mas nem todos os docentes conseguem salas. Então, até essa questão de formar grupos, tem professor aqui que faz, utilizam estratégias assim, fazem, digamos, milagres. Então se organiza com os monitores, forma grupos mesmo em anfiteatro, mas até o ambiente não é o mais favorável para colocar em prática algumas das propostas.

Esses aspectos deixam ainda mais claro que a quantidade de alunos por turma além de sobrecarregar o professor, ainda dificulta o processo de aprendizagem dos alunos que se sentem impedidos de acessar o professor e buscam nos monitores a mediação de que necessitam. Além disso, a quantidade de alunos por turma não significa somente maior quantidade de trabalho além das aulas, mas também maior quantidade de dúvidas durante as

aulas, mais atenção a ser cobrada por parte dos alunos e maior possibilidade de ―atraso‖ do conteúdo a ser ministrado

Docente (6)

[...] Às vezes, quando surgem muitas dúvidas dos alunos, se você não der um basta, você não acaba aquele conteúdo que você planejou para dar naquela aula. Mas em termos de docência, de dar aula, de sala de aula eu não vejo muita coisa entre uma turma grande e uma turma pequena. Agora do ponto de vista da aprendizagem deles, é obvio que com a turma menor você faz mais coisas.

A quantidade de alunos por turma é uma proposta inovadora da ECT, que busca formar um grande contingente de profissionais. Entretanto, é esse mesmo modelo que promove um grande contingente de discentes que não conseguem acompanhar as rápidas aulas, e docentes presos à grande quantidade de avaliações e listas de exercícios para corrigir.

Outro aspecto que surgiu sobre as dificuldades dos professores foi a relação dos alunos com as bases matemáticas. Essa mesma falta de bases surge no discurso de outros atores da instituição como sendo o principal motivo da reprovação dos alunos na disciplina, inclusive aparecendo no discurso dos próprios alunos, quando no questionário, para a questão sobre dificuldades da disciplina de Pré-Cálculo, alguns alunos responderam que lhes faltam as bases matemáticas, alguns ainda justificando terem vindo da rede pública de ensino.

Na totalidade das respostas dos alunos participantes foi possível perceber que a dificuldade com a disciplina não está vinculada somente aos advindos da rede pública de ensino, como se pensaria. Os desafios enfrentados por aqueles que cursam o componente curricular são enfrentados por todos, o que mostra que essa ―falta de bases matemáticas‖ que tanto aparece nos discursos é fruto de uma cultura de não análise real do fenômeno.

Sabemos que as dificuldades relacionadas à matemática são reais e muito atrapalham a vida de jovens universitários e de o ensino básico deixa bastante a desejar em seus aspectos de qualidade, como bem discutido por Kranz (2014)

No Brasil, atualmente, a realidade educacional, explicitada no interior das escolas como também nos índices de reprovação e das avaliações externas, revela-se altamente excludente, apontando certa incompetência da escola para com a aprendizagem, inclusive matemática, de seus alunos (Kranz, 2014, p 84)

Entretanto, analisar o insucesso desses jovens apontando principalmente para essas dificuldades não é o melhor caminho a ser seguido para que o problema seja solucionado. O discurso da falta de bases é aceito por grande parcela dos participantes, o que se mostra um dado preocupante.

Docente (2)

[...] a grande dificuldade que os alunos entram aqui é que eles não aprenderam o que deveriam ter

aprendido no Ensino Médio. Às vezes não é nem culpa do aluno. Tem muitas escolas que não dão.

Tem tópicos que estão na ementa do Ensino Médio e não são ministrados por que normalmente não caem no ENEM. [...] tem isso, a base é muito fraca, a maioria dos casos, e o ritmo de estudo também é muito diferente aqui.

Coordenadora (2)

[...] aluno deixa tudo para ultima hora. Não só para estudar, mas também para tirar dúvida.

Em outra entrevista a questão das bases matemáticas surge também de maneira a apontar a falta de financiamento público para a educação básica

Docente (5)

[...]você tem problemas de base. O Brasil investiu no terceiro grau, esses últimos governos, mas nunca investiu no primeiro e segundo grau como deveria. [...] você tem uma ementa para cumprir e o tempo todo, o que mais me dá trabalho é ir lá... pegar o trabalho , falar ‗olhe, isso aqui você errou numa coisa que é de primeiro grau, você não pode fazer mais isso‘. Então acho que isso é o pior que a gente enfrenta no terceiro grau.

Tais questões remetem ainda ao componente curricular, cujo objetivo não está sendo atingido como apontado pelos dados trazidos anteriormente

Docente (5)

[...] o primeiro grau não está tão ruim, mas o segundo grau está péssimo e aí ele chega na faculdade com deficiências muito grandes então você não pode cobrir toda deficiência. O Pré-Cálculo tenta e não consegue.

Docente (3)

[...] primeiro os alunos tem uma base muito fraca do Ensino Básico. Então acho que isso ai é unânime, não posso dizer que não é. Alguns vem de algumas escolas muito boas e a maioria não vem. Muitos vêm de escolas públicas em outros estados, do interior.

TAE (3)

[...] tem muitos alunos que chegam realmente com a base muito fraca e até mesmo a disciplina de Pré-Cálculo, que é inicial e que é básica para a área de exatas, eles sentem muitas dificuldades.

Monitor 3

Interessante perceber como esses trechos corroboram com a fala de Kranz sobre como tal forma de pensar somente ―categoriza aqueles que têm capacidade para aprender a matemática e aqueles que não a tem‖ (Kranz, 2011, p. 35) e como tais categorizações surgem na fala desses docentes como sendo um reflexo de um ensino básico deficitário.

Para alguns docentes e discentes, esse déficit pode estar relacionado ao desempenho dos alunos em conteúdos básicos. Em outro relato o docente afirma que os alunos não prestam a devida atenção nas aulas por acreditarem já saber o conteúdo, o que dificulta ainda mais o processo de ensino

Docente (4)

[...] o cara já viu no Ensino Médio função inversa, função logarítmica, função não sei o quê e está lá eu dizendo o que é uma função. Só que você percebe nas suas provas e conversando com os alunos que eles não entenderam o que é Função. Mas é como se tivesse um bloqueio por que parece eu estou

falando de uma coisa que você já sabe.

Outro ponto merece destaque. A concepção de ensino e aprendizagem que o docente expressa, quando se refere às dificuldades encontradas na disciplina de Pré-Cálculo

Docente (4)

[...] Então, o que o Pré-Cálculo faz [...] como Pré-Cálculo não consegue de fato ensinar em dois meses isso, o papel do Pré-Cálculo é filtrar, fazer o trabalho que o ENEM não fez. Por que o cara que não sabe somar fração, [...] tem dificuldades muito básicas, não tem sentido esse cara fazer Cálculo II e Física. Simplesmente ele não vai conseguir, por que ali você está falando de outra coisa.Aí são ferramentas, você não vai ser ensinado. Então, se não tivesse o Pré-Cálculo, esses caras iam chegar em Cálculo e não tinha o que fazer. Então, o Pré-Cálculo é como dizer assim ‗olha, você pode ir; você não pode ir‘. Então, é quase como um filtro. Não me parece que uma pessoa que não sabe, aprenda. Bom, claro que tem as exceções, não sei. Mas acho que em grande modo, quem não sabe, não aprende em Pré-Cálculo. Pré-Cálculo mais filtra do que outra coisa.

Para o entrevistado, a disciplina age como uma forma de selecionar os alunos que possuem as bases matemáticas necessárias para avançar no curso, e os que não possuem.

É interessante perceber que apesar de os discursos apontarem motivos específicos para o insucesso dos alunos, esses mesmos discursos afirmam que essa reprovação é multicausal, não existindo apenas um fator para tal fracasso, como exemplificado nos seguintes trechos:

Monitor (3)

[...] Tem muita gente aqui que chega com a base muito fraca, muito fraca mesmo; desinteresse, por que tem gente que entra aqui no curso por que é o que a nota dá. Tem gente que quer outros cursos,

mas a nota só dá para C&T. Ai vem e entra em C&T, mas não é aquilo que ele quer, então ele fica

totalmente desmotivado. Alguns professores desmotivam, por que tem professor que assume que tem prazer em reprovar aluno. Para mim, eu acho isso horrível. Tem professor que se orgulha em dizer ―na minha turma só teve 7% de aprovação‖. Isso é horrível. Também digo que é o aluno prepotente, que é o que acha que sabe, mas não sabe [...], e também falta de atenção, por que tem muito aluno que faz as coisas certas, mas na questão errada [...].

[...] em relação a essa questão da reprovação dos alunos, [...] de relato do que eles trazem para os docentes e os docentes trazem para mim também, não só fala dos alunos, mas dos docentes também [...] essa questão de base. Da formação básica deles. [...] Alunos que falam ‗já faz um bom tempo que eu terminei o Ensino Médio‘, outros que tem uma formação básica, digamos assim, mais deficitária em termos de apreensão do conteúdo; desenvolvimento do raciocínio para alguns cálculos [...]. Outra que eu percebo também, dificuldade que o aluno traz, é alguns casos também pontuais, específicos, de

algumas práticas de ensino, de algumas estratégias de ensino. Não é geral.Que digamos, não é as que favoreceriam mais a aprendizagem daquele aluno, em termos de métodos de avaliação, a

didática,a forma de conduzir a aprendizagem do aluno. Então são alguns pontos que tem ficados mais evidentes nesse sentido, para contribuir para isso. E assim, uma outra questão que aí os dados podem ajudar a confirmar isso, é que também entram muitos alunos [...] tem também essa questão de ter um número maior de vagas [...]. A escolha da profissão não está madura ainda e aí [...] é umas das

demandas de orientação profissional mesmo, eles acabam entrando em C&T por que diz ‗olha [...]

eu gosto de Matemática, mas eu não sei ainda. Pode ser que seja alguma Engenharia‘. Aí entra e ele tem como base aquela matemática do Ensino Médio que era uma que ele se saía bem, tirava altas notas, pensa ‗eu sou bom em matemática, eu acho que dá certo‘. Ainda não está com a escolha madura em relação ‗com que profissão eu me identifico‘. Não tem a informação ainda do que esses profissionais fazem e acabam selecionando C&T. Justamente ‗ah, lá eu vou ter mais tempo‘, então isso é um relato [...]. Não foi de um, dois alunos, de vários que passaram pela orientação profissional. E assim, entrou; encontrou uma matemática, Cálculos, enfim, diferenciados, encontrou um desafio; Tem acesso, começa a investigar, a se informar mais sobre as engenharias e acaba identificando que não quer, ou encontrando desafios no primeiro semestre e terminam por sair mesmo. Esse índice de evasão também sobe quanto está nesse primeiro período, passando por Pré-Cálculo e tal. Então, muitas vezes acaba sobrando para esses componentes, desse primeiro período [...], em relação à orientação profissional. [...] Tem um índice de evasão alto nesse sentido também, no caso desses alunos específicos.

O fomento ao ingresso no Ensino Superior acompanhou o desenvolvimento do mercado e de suas necessidades de capital humano. Conforme aponta Carnoy (2002), essa pressão por formação ―exerce uma forte pressão sobre os resultados dos diplomados do Ensino Superior‖ Carnoy (2002, p. 41), assim como sobre aqueles que ainda estão por ingressar, em outros níveis de ensino (Genghini, 2006).

Discutir questões relativas à escolha profissional dos alunos que ingressam na Escola de Ciência e Tecnologia não é o objetivo dessa dissertação. Porém, é válida a reflexão a respeito das demandas de Orientação Profissional que chegam ao setor pedagógico. Em alguns poucos questionários os alunos responderam na questão ―motivo da escolha do curso‖ que optaram por cursar o Bacharelado em Ciência e Tecnologia devido o valor da pontuação que alcançaram no ENEM ter sido suficiente para ingressar no curso e tal fato pode apontar para outras questões, para além da escolha profissional.

4.5.1 Principais Dificuldades dos Alunos

As questões sobre as dificuldades de professores e alunos se vinculam a outra dificuldade, especificamente referente ao desempenho desses últimos. Nos questionários de todos os participantes da pesquisa havia uma pergunta específica sobre as principais dificuldades dos alunos na disciplina de Pré-Cálculo, pergunta essa que tinha por objetivo

analisar as diferentes concepções acerca do insucesso dos discentes. As respostas dos participantes, em sua maioria, trouxeram aspectos relativos ao tempo da disciplina, como sendo muito curto; à falta de bases matemáticas do ensino básico, necessárias para o sucesso na disciplina; à facilidade no acesso ao curso, devido à grande quantidade de vagas; a falta de esforço dos alunos para estudar; o choque de realidade entre o Ensino Médio e o Ensino Superior.

Uma informação relevante para a análise foi a falta de vínculo entre os problemas relacionados ao aprendizado e as práticas desenvolvidas na instituição, nas respostas dos participantes. Estes, ao relatarem o fracasso escolar na instituição, não parecem fazer relação direta ou fazem pouca relação, por exemplo, entre as dificuldades enfrentadas pelos alunos e os formatos de avaliação; entre a quantidade de alunos por turma e o acesso ao docente; ou ainda entre a prática de estudos fora de sala de aula e a ausência de espaços institucionais destinados ao estudo. Essa informação aparece também em outra pesquisa realizada por Kafrouni et al (2019), quando as pesquisadoras apontam o seguinte dado:

É interessante destacar a contradição existente entre a autopercepçãonegativa, aliada à culpabilização de si, e a relação direta estabelecida pelosparticipantes entre a universidade e sua vivência de sofrimento – ou seja,a contradição entre ver o seu sofrimento de maneira individualizada e aomesmo tempo perceber no ambiente universitário (portanto, em umâmbito social) as causas para esse sofrimento. (Kafrouni; Domingues & Antunes, 2019)

Ao que se refere ao tempo da disciplina, alguns alunos e professores concordam que com o formato atual, o tempo e a quantidade de assuntos não contribuem para os processos reais de aprendizagem. Nos questionários dos alunos, respostas como ―disciplina concentrada‖; ―disciplina com muito conteúdo e pouco tempo‖ e ainda sugestões para que a instituição ―prolongue o tempo da disciplina ou distribua melhor seus horários‖, foram apresentadas como dificuldades para obter sucesso no componente curricular, assim como sendo seus pontos negativos. Para alguns docentes, esse formato prejudica a apreensão do conteúdo, como exemplificado no trecho a seguir

Docente (4)

[...] Pré-Cálculo é uma quantidade de assunto muito grande. Por exemplo, Vetores e Geometria Analítica é o assunto de uma matéria que é como é visto na faculdade, tal. Pré-Cálculo é a sua vida. A matemática toda, praticamente. Você viu em 15 anos. Especialmente como é feito aqui, você vai ver em 2 meses.

Atrelada a essa questão do tempo da disciplina e a quantidade de conteúdos, aspectos como ―choque de realidade entre o Ensino Médio e o Ensino Superior‖, e sobre a ―falta de maturidade dos alunos que ingressam no curso‖ também foram enfatizados por

diversos participantes, principalmente quando se referem a necessidade de adaptação dos alunos aos processos acadêmicos institucionais

Docente 1

[...] especificamente falando da ECT, eu particularmente sou crítico da forma como a disciplina é lecionada. Uma vez que o aluno acaba de entrar na universidade... quer dizer, está conhecendo um mundo novo. E a disciplina é ministrada todos os dias, praticamente, para o aluno.

Em outras falas é colocado que o choque da realidade universitária para alunos que acabaram de sair do Ensino Médio e a dinâmica da disciplina de Pré-Cálculo também são desafios para obter sucesso

Coordenadora (1)

Esse choque de realidade entre a diferença do que é o ensino na escola e o ensino na universidade. Além do que a dinâmica da disciplina, por que a disciplina, como eu falei, são quatro vezes na semana onde praticamente toda semana o aluno está fazendo atividade avaliativa, está fazendo a prova. Então, assim, ao meu ver, não dá tempo ele absorver esse conteúdo a tempo de fazer as avaliações.

Docente (2)

No Ensino Fundamental e Médio o aluno, às vezes, se for um bom aluno, considerado dos melhores das turmas, eles estudam na manhã da prova, faz a prova a tarde e tiram uma nota muito boa. No máximo no dia anterior. Aqui, se ele não estudar continuamente ele não vai aprender o conteúdo e não vai passar. Então, o primeiro semestre, é o que eu acho que tem a maior dificuldade, por que o aluno tem que aprender. [...] Quando a gente entra na universidade, para passar nas matérias lá no Ensino Fundamental e Médio, você não precisava estudar muito. Tenho certeza, a maioria não precisava