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APROXIMAÇÕES E DISTANCIAMENTOS NAS RESPOSTAS ENTRE PROFESSORES E ALUNOS

PROFESSORES X ALUNOS : DOIS OLHARES , UMA MESMA QUESTÃO

APROXIMAÇÕES E DISTANCIAMENTOS NAS RESPOSTAS ENTRE PROFESSORES E ALUNOS

Ao se comparar as respostas dos professores com as dos alunos, pode se chegar às seguintes conclusões: assim como os professores, os alunos também reconhecem o valor educacional das tecnologias, representando a parcela mais entusiasta dos que se mostraram a favor uso pedagógico das TIC.

Ao se fazer a comparação dos recursos tecnológicos que mais são utilizados nas aulas de Artes apresentados pelos professores e pelos alu- nos, estes últimos trouxeram uma maior variedade de equipamentos que os primeiros, que, por sua vez, limitavam suas respostas ao computador, Datashow, TV e aparelho de som. Não obstante, eles concordaram que a utilização dos mesmos era quase inexistente e que a função destes recur- sos dentro das aulas era de meros apresentadores de conteúdo ou imagens, sem um trabalho prático com estes equipamentos. Além disso, um bom número de educandos foi mais enfático ao afi rmar que não se utilizava ne- nhum tipo de TIC nas aulas da disciplina.

Apesar das questões não estarem perguntando sobre quais outros ti- pos de recursos didáticos são utilizados nas aulas de Artes, os alunos trou- xeram importantes informações, que pintam o verdadeiro quadro de como tem acontecido as aulas desta disciplina. Eles informaram que, na maioria das vezes, os recursos presentes nessas aulas são folhas de ofício, que tam- bém se encontravam, muitas vezes, em falta, e que as atividades eram mais escritas, provocando nos educandos uma imagem equivocada de como deviam ser as aulas de Artes, consequentemente, gerando uma aversão à disciplina. Estas informações não trazem nenhuma novidade. Alguns dos professores, ao esclarecerem como realizavam as aulas, colocaram a falta de recursos como desculpa para fi car desenvolvendo atividades escritas ao invés de práticas.

Desta forma, observa-se que as aulas ministradas pelos professores fogem completamente à Teoria Triangular do Ensino de Arte-educação, de Ana Mae Barbosa (1998), apresentada nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) (BRASIL, 1997), segundo a qual o ensino de Artes deve passar por três fases que estão intimamente interligadas, que são: apre- ciar, conhecer e fazer, conforme a Figura 2.

Figura 2 - Abordagem triangular do ensino de Arte

Fonte: Elaboração da autora (2015).

Nesta proposta não dá para conceber o ensino de Artes pautado ape- nas em apresentação de conteúdo e atividades escritas. Ainda que a coorde- nação pedagógica aconteça no sentido de romper com a forma tradicional de educação, a atuação dos professores não é propícia ao que se espera da disciplina.

Neste momento, é importante abrir um parêntese para que seja veri- fi cado qual o papel do professor de Artes em comparação aos demais pro- fessores. A princípio, parece não haver muita diferença, já que todo edu- cador tem a função de “[...] mediador e gerenciador do conhecimento [...]”. (BULGRAEN, 2010p. 37) Segundo Libâneo (1994, p. 88 apud BULGRAEN, 2010, p. 35): “O trabalho docente é atividade que dá unidade ao binômio ensino-aprendizagem, pelo processo de transmissão-assimilação ativa de conhecimentos, realizando a tarefa de mediação na relação cognitiva en- tre o aluno e as matérias de estudo.” Sendo assim, é preciso perceber que, se por um lado o professor das demais disciplinas tem o papel de mediar conhecimentos inerentes à sua área específi ca, sejam elas em Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza ou Ciências Humanas, contribuindo li- mitadamente nas outras áreas de conhecimento, no caso do professor de Artes, a sua mediação não acontece apenas nos conhecimentos ligados à lin- guagem, já que esta disciplina se encontra dentro do eixo das Linguagens, nem tão pouco em Artes, propriamente.

Abordagem triangular no ensino de Arte

Conhecer

Para os PCNs (BRASIL, 1997, p. 15), “A educação em arte propicia o de- senvolvimento do pensamento artístico, que caracteriza um modo particu- lar de dar sentido às experiências das pessoas: por meio dele, o aluno amplia a sensibilidade, a percepção, a refl exão e a imaginação.” Tendo todos estes sentidos aguçados, aprender e produzir conhecimento acontece de forma mais natural. Segundo Nascimento (2012, p. 11), o p rofessor desta disciplina tem o dever de “pensar numa educação que dê ao aluno a chance de po- der desenvolver seu potencial de criação, de produção, de execução de suas atividades.”

No entanto, a pesquisa mostrou que os professores desta instituição ainda não conseguiram romper com esta mentalidade, que pensa em um ensino de Artes longe de seu apropriado método e real propósito. Primeiro, pelo tempo que alguns deles necessitam para se adaptar a esta realidade. Como eles não fi cam por muito tempo lecionando esta disciplina, não conseguem se alinhar aos outros tipos de artes e às formas de ensino de acordo com a Metodologia Triangular em Três Eixos, muito menos tendo as TIC como ferramenta educacional. É o caso do P1, que está lecionando Artes este ano, mas na entrevista deixou claro que não continuaria ensinando essa disciplina, pois pretendia fi car apenas com a disciplina de Matemática, na qual é formado. Segundo, porque Artes, para muitos professores, é uma matéria secundária. Assim, eles geralmente não participam dos planeja- mentos e ofi cinas oferecidas pela Secretaria de Educação para esta discipli- na e fi cam insistindo em manter um modelo atrasado de lecionar.

Diante disto, fi ca difícil desenvolver nos professores o senso de res- ponsabilidade com o ensino de Artes, de fazê-los compreender a favor de que advogam os Parâmetros Curriculares Nacionais, de mostrar-lhes que Arte tem uma função tão relevante quanto os outros conhecimentos no processo de ensino e aprendizagem. (BRASIL, 1997)

A situação fi ca mais crítica quando se desconsidera o uso das TIC nas aulas desta disciplina. Elas não devem ser usadas apenas para apresentação

de conteúdo, como foi observado na pesquisa. Mas têm um papel impor- tante no desenvolvimento das atividades propostas pela coordenação peda- gógica, que busca trabalhar com os alunos as quatro áreas das artes: artes visuais, música, dança e teatro, nas quais são focados, para as séries ofe- recidas nesta escola,os nove primeiros dos onze tipos (MARTINS, 2011) de artes,apresentados no Quadro 2, que são:

Quadro 2 - Tipos de artes

Ordem Arte Abordagem

1ª Arte Música Som

2ª Arte Dança/Coreografi a Movimento

3ª Arte Pintura Cor

4ª Arte Escultura Volume

5ª Arte Teatro Representação

6ª Arte Literatura Palavra

7ª Arte Cinema Imagem, som e movimento

8ª Arte Fotografi a Imagem

9ª Arte Arte sequencial Banda desenhada, história em quadrinhos e 10ª Arte Jogos de Computador e de Vídeo Jogos desde a Terceira

Geração dos Videogames 11ª Arte Arte digital

Artes gráfi cas computadorizadas 2D, 3D e

programação Fonte: Elaboração da autora (2015).

Percebe-se que muitas destas formas de artes precisam diretamente do uso das tecnologias para serem trabalhadas. Entretanto, não é isso que se obser- va nas repostas presentes, tanto nas entrevistas dos professores, quanto nos questionários dos alunos. É preciso mudar esse quadro e fazer do ensino de Artes com o uso das tecnologias um fato.