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COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA : AMPLIANDO HORIZONTES NO ESPAÇO ESCOLAR Essa etapa do trabalho tem o objetivo de trazer na íntegra todo o processo

Reforçando a identidade do coordenador pedagógico no ambiente escolar

COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA : AMPLIANDO HORIZONTES NO ESPAÇO ESCOLAR Essa etapa do trabalho tem o objetivo de trazer na íntegra todo o processo

referente à c, instrumento interligado à temática, “De que maneira reforçar a identidade do coordenador pedagógico na escola?”, condizente com o eixo temático nove: “O fazer do coordenador e suas práticas de intervenção”, re- ferente ao Trabalho de Conclusão de Curso na modalidade Projeto Vivencial (TCC/PV), que será apresentado ao Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica Pública junto à Universidade Federal da Bahia (UFBA) e à Escola de Gestores da Educação (MEC) para obtenção do grau de especializa- ção em Coordenação Pedagógica.

O intuito desta Proposta de Intervenção (PI) é o de contribuir para a refl exão contínua sobre as diversas difi culdades e problemas enfrentados pelo coordenador pedagógico, buscando soluções para a viabilização desses entraves, de maneira que haja avanço signifi cativo no processo de ensino e aprendizagem, aperfeiçoamento e mais compreensão dos docentes, da equi- pe diretiva, dos pais e responsáveis acerca do papel do coordenador. O envol- vimento dos segmentos por meio de um processo democrático constitui-se numa ferramenta muito importante, que coopera positivamente para a aqui- sição de uma tão falada educação de qualidade.

Articulando os métodos para a pesquisa

Esta PI surge na tentativa de ajudar a minimizar uma das maiores difi cul- dades do coordenador pedagógico no ambiente escolar, que é o de mostrar sua identidade, conquistar seu espaço de atuação. Para tal feito, alguns ob- jetivos já foram pontuados mediante a realização deste trabalho: o ato de conscientizar os principais segmentos da Escola Municipal X (direção, pro- fessores e pais ou responsáveis) e demais coordenadores do município acer- ca da atuação da fi gura do coordenador, fazer com que os mesmos tenham a compreensão devida de quando, como e porque solicitar a realização de

uma função da coordenação, o entendimento sobre sua importância no pro- cesso educacional. Pesquisador e pesquisados participaram diretamente da proposta, que consiste em um plano de trabalho de cunho fl exível, de fácil compreensão, por meio de uma análise investigativa, sempre sendo revis- to, reavaliado e, caso seja necessário, reformulado. Como já abordado ante- riormente, ao longo do desenvolvimento deste TCC, o foco é a mudança de postura dos segmentos supracitados envolvidos no espaço escolar quanto à atuação do coordenador pedagógico. Embora essa seja uma situação bastan- te abrangente, o intento é a mudança maior no contexto local. A respeito da pesquisa-ação e os métodos para a sua realização, Thiollent (1986, p. 25) faz o seguinte comentário:

À luz do que precede, a pesquisa-ação não é considerada como metodologia. Trata-se de um método, ou de uma estratégia de pesquisa agregando vários métodos ou técnicas de pesquisa so- cial, com os quais se estabelece urna estrutura coletiva, partici- pativa e ativa ao nível da captação de informação.

A colocação do autor é bem pertinente no que se refere à proposta em questão, pois as ações interventivas delineadas para o alcance dos objetivos foram pensadas visando a busca da participação coletiva dos envolvidos, no intuito de se conquistar aquilo que é da pretensão por parte do pesquisador. As ações serão desenvolvidas basicamente da seguinte maneira: depoimento dos professores, pais ou responsáveis e equipe diretiva sobre as atribuições do coordenador pedagógico junto aos mesmos na instituição de ensino.

Para a coleta de tais informações, serão utilizados questionários devida- mente direcionados para os segmentos em questão. Sendo mais específi co, se- rão entrevistados no segmento, professores – seis pessoas –, as três pessoas da equipe gestora e mais quinze pais de alunos representando a classe. Também acontecerão reuniões com os segmentos envolvidos na pesquisa, para análise e refl exão acerca do problema, e realização das observações necessárias, reunião com a equipe pedagógica do município para apresentação dos resultados da

pesquisa e discussão sobre a mesma, reunião com a equipe escolar, pais e fun- cionários, para apresentação do projeto de intervenção sobre as difi culdades detectadas por meio da análise dos questionários, possibilitando um trabalho coletivo em prol da aprendizagem dos educandos, socialização do projeto para a equipe pedagógica da Secretaria de Educação do município e, por fi m, ela- boração de relatório embasado nas avaliações e depoimentos dos envolvidos.

É fato indiscutível que o papel do coordenador pedagógico já é algo defi - nido pela legislação, contudo é salutar o desejo e a luta pelo reconhecimento de seu trabalho e a mostra, mediante estratégias, do seu papel e forma de atuação no ambiente escolar, para que pais, direção e professores não mais continuem tendo uma visão errônea neste sentido.

A unidade escolar: caracterização do espaço

O local submetido para esta proposta de intervenção é a Escola X, localiza- da no povoado X, município de Ibipitanga, estado da Bahia. Localizada no sertão da Chapada Diamantina, sendo a caatinga sua principal vegetação, o município de Ibipitanga é banhado pelo Rio Paramirim, afl uente do Rio São Francisco. A população do município, segundo o último censo, está estima- da em média de 15.000 habitantes. A Escola X foi fundada no ano de 1986. A construção inicial possuía duas salas de aula, dois banheiros, uma sala de professor, uma cantina e um corredor. Nesse período, a instituição atendia a uma clientela de ensino fundamental I.

No ano de 1999, o prédio foi ampliado, tornando-se um colégio para atender às modalidades de ensino fundamental I e II. A estrutura foi amplia- da, fi cando com quatro salas de aula, uma sala de professor, uma cantina, dois banheiros e dois corredores. Com a ampliação, foi organizada na escola uma pequena sala específi ca para funcionar com um telefone que atendia às necessidades de todos da comunidade no sentido de facilitar a comunicação. Em 2011, foram construídos uma sala e um banheiro acessíveis, mais uma sala

de aula, um depósito e um pequeno pátio. Hoje, a escola conta com uma boa estrutura física que contribui para o bom acesso e aprendizagem dos alunos.

As principais atividades econômicas da localidade são a agricultura e a pecuária, realidade da grande maioria das famílias dos discentes. A escola tem procurado trabalhar mediante uma fi losofi a que prioriza a boa convivên- cia com todos os segmentos da comunidade (família, associações, igreja etc.). O estabelecimento de ensino sempre tem estado disponível para a realização de eventos pela comunidade. A Escola X é constituída de uma clientela composta por alunos de famílias com renda mensal entre um e dois salários mínimos, em sua maioria, agricultores. A maior parte das famílias é benefi ciada com pro- gramas sociais do governo. No aspecto cultural, é predominante o “reisado” e o “samba de roda”, que contribuem para enriquecer a formação e valorização culturais presentes na comunidade. A escola é acompanhada por uma equipe de coordenadores pedagógicos que auxiliam os professores em suas tarefas. Essa coordenação não é exclusiva da escola, na verdade, trata-se de um gru- po de coordenadores que dá suporte aos núcleos fundamental I e II em todo o município, realizando visitas periódicas à escola e acompanhando as ACs. Vale salientar que essa coordenação tem articulado propostas, atividades, projetos, ofi cinas, tudo vinculado ao projeto político pedagógico da instituição, além de realizar diversos trabalhos técnicos na SME.

A Escola Municipal X atualmente possui um total de 123 alunos, sendo que são estudantes da própria comunidade e de localidades circunvizinhas, e funciona nos turnos matutino, vespertino e noturno. O quadro docente é com- posto por 13professores, a maioria com formação acadêmica. A equipe gestora é composta por: um diretor, um vice-diretor e uma secretária escolar. A equipe de apoio conta com um porteiro, quatro auxiliares de serviços gerais e cinco merendeiras. A instituição oferta a Educação Básica (Educação infantil, en- sino fundamental I e II) Educação Especial, Educação de Jovens e Adultos, e em parceria com a Secretaria do Estado, oferece também o Ensino Médio com Intermediação Tecnológica (EMITEC).

A unidade escolar X possui uma estrutura física composta por seis salas (sendo que uma é utilizada como sala dos professores), um depósito, uma sala do Atendimento Educacional Especializado (AEE), uma secretaria, uma cozi- nha, dois banheiros e um pátio coberto. Por ser uma escola de pequeno porte, a área de lazer se restringe a um pátio coberto e a uma quadra poliesportiva, po- rém, descoberta, existente na localidade. Referente aos equipamentos, o quadro a seguir demonstra toda a composição daquilo que pertence à escola. Materiais que são utilizados objetivando que as exigências atuais possam ser atendidas: Quadro 1 - Lista de equipamentos da Escola X

Equipamento Qtde Equipamento Qtde

computador 4 Bebedouro 3

Notebook 4 Conj. de mesas plásticas c/ 4 cadeiras 10

Kit Bocão* 2 Ventilador 7

TV monitor 22” 1 Liquidifi cador 2

Impressora 6 Violão acústico 5

Aparelho de DVDs 2 Violão elétrico 1

TV 32” 1 Pandeiro 4

Data show 1 Flauta doce 9

Caixa amplifi cada 1 Microfone 2

Fogão industrial 4

bocas 1 Berimbau completo 2

Fogão industrial 2

bocas 1 Corpo atabaque 1

Freezer 1 Agogô duplo 1

Geladeira 1 Armário de cozinha 1

Mesa para reunião 1

*O Kit bocão constitui-se num conjunto de objetos representativos da arcada dentária, confeccionados à base de plástico rígido e resina, desenvolvido para o ensino da higiene bucal.

Os recursos fi nanceiros são administrados pela unidade executora da escola a partir de diagnósticos das demandas da mesma e da criação e exe- cução do plano de ação a ser desenvolvido durante o ano letivo. Esse plano de ação é democraticamente criado e assistido por todos os segmentos des- ta comunidade escolar. O transporte e a alimentação escolar são fornecidos através de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), com suporte da Prefeitura Municipal.

Concernente à participação dos pais, entende-se que este é o principal meio de assegurar a gestão democrática da escola, possibilitando o envol- vimento de profi ssionais e usuários no processo de decisão e no funciona- mento da instituição escolar. Segundo Libâneo (2001), no que diz respeito à participação dos pais: “Proporciona um melhor conhecimento dos obje- tivos e metas, da estrutura organizacional, das relações da escola com a co- munidade e favorece uma aproximação maior entre professores, alunos e pais”.

A Escola X conta com uma participação não tão ativa dos pais nas ati- vidades escolares, uma vez que este contato basicamente se resume às reu- niões de pais e mestres por bimestre ou ciclo de aprendizagem, e esporadi- camente quando convocados para eventos e pequenos projetos que a escola realiza, entretanto, esse é um quadro que aos poucos está mudando, pois neste ano específi co de 2015, a participação dos responsáveis pelos alunos foi bem mais intensa que em anos anteriores.

No tocante à localidade, alguns aspectos interessantes podem ser pon- tuados, por exemplo: a existência de alguns problemas que mais a afetam, como acentuada violência nas ruas, falta de políticas públicas adequadas (saúde, saneamento etc.) e o desemprego.

Segundo uma pesquisa feita por uma equipe de cursistas, da qual faço parte, que estão se capacitando em gestão escolar, foi constatado que a es- cola precisa desenvolver projetos e parcerias com alguns órgãos ou associa- ções importantes, como Secretaria de Saúde, Assistência Social, Secretaria

de Meio Ambiente, Conselho Tutelar e Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), na busca pela interatividade social e aquisição de informações e conhecimento. Também foi descoberto que te- mas relevantes para o ensino, como não violência, respeito mútuo, valores humanos e ética, cidadania, drogas, sexualidade e saúde, precisam ser tra- balhados de forma mais intensa na unidade escolar. Dentre os principais problemas que afetam as crianças e adolescentes na comunidade, estão a violência doméstica e a gravidez na adolescência, contudo, é importante registrar que, apesar das imensas difi culdades, nos últimos dois anos, a es- cola desenvolveu algumas atividades em parceria com a prefeitura, igrejas e associação da localidade, visando conscientizar a comunidade a respeito de toda esta problemática local e circunvizinha.

Discorrendo agora sobre o currículo da Escola X, a consideração a ser feita é que a proposta curricular elaborada pela coordenação para este ano foi experimental, pelo fato de que não havia nada formalmente elaborado neste aspecto. Entende-se que uma proposta curricular deve ser avaliada, criticada, adaptada a partir das brechas que a mesma contenha dentro de suas inúmeras expressões sociais, políticas, econômicas, culturais e sub- jetivas. A Proposta Pedagógica Unifi cada foi discutida junto aos professo- res, iniciativas estas com a perspectiva de construção do currículo escolar propriamente dito, ou seja, construção e implementação formalizada do do–cumento norteador. Os projetos interdisciplinares desenvolvidos na Escola X e devidamente inseridos no Projeto Político Pedagógico(PPP) tam- bém fi zeram parte do planejamento da Proposta Unifi cada, que norteou e direcionou as atividades dos professores ao longo do ano.

O principal problema enfrentado pela Escola X é o que trata diretamen- te da aprendizagem. São muitas as difi culdades dos alunos relacionadas ao desenvolvimento das habilidades de leitura, escrita e interpretação. Não há dúvidas de que o domínio da leitura, da produção escrita e do cálculo ma- temático, associados à baixa autoestima, à distorção idade/série e à falta de

acompanhamento familiar, são os fatores que mais fazem relação com a falta de aprendizagem e, consequentemente, um elevado número de reprovação ao fi nal do ano letivo. Combater o fracasso escolar e a reprovação são metas primordiais para a equipe gestora e para a coordenação da Escola X. Diante disso, ao longo deste ano, foram colocadas em prática algumas estratégias visando minimizar esse problema, como aulas de reforço por meio de ofi ci- nas pedagógicas no contraturno e diversas reuniões para que haja um maior envolvimento das famílias na educação dos fi lhos. A seguir, um quadro apre- sentando a evolução (ou não) da escola sobre o Índice de Desenvolvimento da Educação da Básica (IDEB):

Quadro 2 - Evolução do IDEB na Escola X – anos fi nais do ensino fundamental

Esfera IDEB observado Meta

2005 2007 2009 2011 2013 2015

IDEB Brasil 3.5 3.8 4.0 4.1 4.1 4.5

IDEB Estado 2.6 2.7 2.8 3.3 3.5 3.9

IDEB Município 3.2 3.4 3.2 3.5 4.0 4.4

IDEB Escola Mul. X - - 3.3 2.6 3.7 4,0

Fonte: PDDE Interativo (2014 ).

O comprometimento de toda a equipe escolar está fi rmado no sentido de buscar forças por meio de um trabalho de persistência e dedicação para que a aprendizagem evolua e as metas projetadas pela escola sejam de fato alcançadas.

Colegiado Escolar: esta é uma recente conquista da Escola X. No últi- mo dia 16 de outubro de 2015, por meio de eleição direta, foram escolhidos pela comunidade escolar os representantes de cada segmento, titulares e suplentes, compondo o Colegiado Escolar da Escola X. Após muito tempo sem a existência deste conselho, as coisas tendem a melhorar bastante, pois o colegiado possui papel importantíssimo no acompanhamento de todas as ações nas mais diversas esferas, como a burocrática, administrativa,

pedagógica, fi nanceira, dentre outras. Não há dúvidas de que a unidade es- colar muito ganhou com esse processo. Num período em que tanto se fala em gestão democrática, as decisões referentes à Escola X serão, de agora em diante, compartilhadas por um conjunto de pessoas com igual autoridade.

Instrumentos utilizados

Na pesquisa realizada com os professores da Escola X, participaram da ati- vidade proposta por meio de um questionário avaliativo para a coleta de informações, seis professores, três pessoas da equipe diretiva e 15 pais de alunos, representantes dos segmentos da unidade escolar. Antes da aplica- ção, os objetivos a serem alcançados por meio dos questionários foram rela- tados e socializados para todos, o que cooperou para a compreensão devida.

Observação dos dados obtidos

Para a execução da pesquisa, foram entrevistados mediante os questionários elaborados, seis professores da unidade escolar, os três representantes da equipe gestora e 15 pais de alunos que se dispuseram a participar da mesma.

Foram três questionários distintos, um para cada segmento, tratando sobre a questão do coordenador pedagógico, entretanto, algumas pergun- tas se repetiram para todos os segmentos, outras para apenas dois e hou- ve as perguntas que foram totalmente direcionadas para um segmento em específi co. Diante do assunto abordado, nem todas as questões elaboradas seriam necessárias para serem feitas a todos ao mesmo tempo: determina- dos tópicos relacionados ao tema central seriam relevantes para todos, en- quanto outros, apenas para dois ou um segmento apenas. Segue o resumo do trabalho:

Quadro 3 - Você sabe qual é o papel do coordenador na unidade escolar²

Fonte: Elaboração do autor

A primeira questão tratou de uma indagação pertinente aos três seg- mentos. De forma direta, foi perguntado se eles sabem o que compete a um coordenador pedagógico. A tabela mostra que, num aspecto geral, há uma compreensão de que a responsabilidade maior do coordenador é a de pla- nejar junto aos professores, trabalhar e lidar com corpo docente, contudo, a discrepância aconteceu no segmento “pais”, onde dois terços, apesar de relatarem a função do coordenador diante do professor, salientaram que ele também deve acompanhar os demais funcionários da escola, fi scalizando-os e corrigindo-os. Em outros tempos, o coordenador tinha de fato uma atu- ação mais abrangente, como uma espécie de supervisor, fi scal de todos na escola. Conforme as palavras de Saviani (1999, p. 16-17):

O pedagogo era inicialmente, na Grécia antiga, o escravo que tomava conta da criança e a conduzia até o mestre do qual rece- bia a lição. Depois passou a signifi car o próprio educador, não apenas porque, em muitos casos, ele passou a se encarregar do próprio ensino das crianças, mas também porque, de fato, sua

Professores (6) Pais (15) Diretores (3)

6 Acompanhar e coordenar os planejamentos e articular as ações pedagógicas junto aos professores 5 10 Acompanhar os professores, coordenar todos os funcionários da escola em geral, acompanhar o trabalho de todos corrigindo- os quando necessário 3 Acompanhar e planejamento aos professores

função, desde a origem, era a de estar constantemente presente junto às crianças, tomando conta delas, isto é, vigiando, contro- lando, supervisionando, portanto, todos os seus atos.

Constata-se, conforme o esperado no tocante às respostas dadas por este segmento, que o mesmo precisa compreender melhor o papel do coordenador. Referente à segunda questão, direcionada apenas aosprofessores e à direção, a respeito da organização das salas de aulas, contrariando o su- cesso nas opiniões tecidas na primeira indagação, os depoimentos foram mais preocupantes, principalmente por parte dos professores, onde a imensa maioria afi rmou que o coordenador deve organizar as salas de aula. Organização da sala de aula, ao contrário, é tarefa dele, do professor. Ao co- ordenador cabe, nas reuniões de planejamento, apresentar sugestões de for- matos para que as aulas sejam as mais prazerosas possíveis. Evidente que, caso seja solicitado para tal, o coordenador pode sim dar essa contribuição.

Outro dado preocupante sobreveio na terceira pergunta. Conforme ex- posto no gráfi co, cem por cento dos entrevistados de ambos os segmentos entendem que o coordenador deve realizar trabalhos burocráticos e admi- nistrativos. O mais alarmante: os gestores também entendem assim. A dú- vida inquietante é se isso ocorre por falta de mais análises e estudos nesse sentido, ou porque estes realmente não querem assumir todas as respon- sabilidades a eles pertencentes. Pensar em gestão democrática não trata de transferir responsabilidades ou deixar de assumi-las integralmente. A res- peito das diversas tarefas que são prioritárias ao coordenador, Clementi (2006, p. 61) discorre o seguinte:

O dia-a-dia do coordenador exige que ele administre seu tempo para cumprir inúmeras tarefas. Tem de formar o professor e, para isso, planejar reuniões; atualizar-se e planejar etapas para atualizar os professores e pensar em procedimentos específi cos e nas necessidades de seu grupo. O coordenador necessita tam- bém levar em conta o aluno. É preciso encaminhar alguns para especialistas, conversar com os pais; retomar os encaminha-

mentos; falar com os profi ssionais; retornar aos pais; e retornar ao professor. Ainda precisa cumprir uma série de atividades burocráticas em relação à organização do trabalho: preenchi- mento de fi chas de dados dos alunos; fi chas de entrevistas; re- latórios; organização dos protocolos de observação das salas de aula; organização de cartas aos professores e registros das reu- niões, participa de reuniões com a equipe não-docente da esco- la; participa de projetos coletivos elaborados nesse momento; lida com questões organizacionais e burocráticas (organizar e participar de seleção de alunos, preencher papéis solicitados pela Secretaria da Educação, entre outros).

Obviamente, existem diversos pontos que se entrelaçam nesta relação