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1. NOÇÕES E COMPETÊNCIA PARA APURAÇÃO (art. 158):

Terá competência para apurar os votos nas eleições para a presidência e vice-presidência o Tribunal Superior Eleitoral, de conformidade com os resultados parciais remetidos pelos Tribunais Regionais Eleitorais; os Tribunais Regionais Eleitorais, por sua vez, terão competência para apurar os votos nas eleições para governador, vice-governador, senador, deputado federal e estadual, respeitadas as remessas parciais relativas às Juntas Eleitorais.

Enfim, as Juntas Eleitorais serão responsáveis pela apuração dos votos nas eleições para prefeito, vice-prefeito e vereador.

A competência para apurar não significa simplesmente atribuição para contar e computar os votos existentes, mas principalmente para proclamar os eleitos.

2. APURAÇÃO NAS JUNTAS ELEITORAIS:

3.1. PERÍODO DE APURAÇÃO:

A apuração eleitoral deverá ser concluída em, no máximo, 10 (dez) dias (art. 159, caput do Código Eleitoral e art. 14, da Lei 6.996/1982), admitida a prorrogação por outros 5 (cinco) dias, mediante justificação ao Tribunal Regional Eleitoral (CE, art. 159, § 2o).

A apuração deverá ocorrer diariamente, ao menos, das 8:00 às 18:00 horas (CE, art. 159, § 1o).

Ocorrendo ultrapassagem do prazo para a conclusão da apuração, a Junta Eleitoral perderá a competência, passando o Tribunal Regional Eleitoral a conduzir os trabalhos (CE, art. 159, §§ 3o e 4o).

Atualmente, com a apuração eletrônica, a regra é a conclusão da mesma no próprio dia da votação, havendo raros casos de ultrapassagem de um ou dois dias.

3.2. FISCALIZAÇÃO:

Admitir-se-á no máximo 3 (três) fiscais por junta ou, conforme o caso, por turma (art. 161, caput, e § 1o), entretanto, somente poderá atuar 1 (um) por vez (art. 161, § 2o), sendo-lhe assegurado o direito de fiscalizar à distância não superior a 01 (um) metro da mesa (art. 87 da Lei 9.504/1997).

3.3. INTERRRUPÇÃO DE CONTAGEM DE URNA:

Em apuração manual, somente por motivo de força maior haverá interrupção da contagem de urna, devendo-se na espécie consignar a circunstância na respectiva ata, recolhendo-se as cédulas e documentos à mesma, efetuando-se novo lacre (CE, art. 163).

3.4. NÃO APURAÇÃO:

A Junta Eleitoral deixará de apurar os votos de urna que não estiver acompanhada dos documentos legais e lavrará termo relativo ao fato, remetendo-a, com cópia de sua decisão, do TRE (art. 165, § 5º).

3.5. ABERTURA DA URNA:

No ato de verificação da urna eletrônica ou convencional, a Junta Eleitoral deverá analisar (a) se houve eventual violação, (b) a regularidade da constituição da Mesa Receptora, (c) a autenticidade das folhas de votação, (d) a hora e local em que se realizou a eleição e se a mesma não se encerrou antes das 17:00 horas, (e) a observância do sigilo do voto durante a votação, (f) a localização da seção, (g) se foi permitida normalmente a fiscalização partidária, (h) se eleitor excluído do alistamento votou sem ser seu voto tomado em separado,210 (i) se votou eleitor de outra seção, a não se nos casos expressamente admitidos,211 e (j) se houve demora na entrega da urna (art. 165).

Havendo violação das diretrizes do art. 165, do Código Eleitoral, o Juiz Eleitoral deverá imediatamente se posicionar, acatando as seguintes indicações legais: havendo violação do item ‘a’, deverá nomear perito, instaurando incidente previsto no § 1o, do art. 165; no caso de mácula aos itens ‘b’ a ‘e’, a junta anulará a votação, fará a apuração em separado e recorrerá de ofício ao TRE (art. 165, § 3º) e, enfim, havendo violação dos itens ‘f’ a ‘j’ a junta decidirá se a votação é nula ou não, e decidindo pela nulidade, fará a apuração em separado e recorrerá de ofício para o TRE (art. 165, § 4º).

Mas é bom sempre registrar que a eventual incoincidência entre o número de votantes e o de cédulas oficiais encontradas na urna tradicional não constituirá motivo de nulidade da votação, desde que não resulte de fraude comprovada (art. 166, §§ 1º e 2º).

3. DAS IMPUGNAÇÕES E DOS RECURSOS (art. 169):

As impugnações aos votos eventualmente apresentadas pelos fiscais, delegados partidários ou representante do Ministério Público serão decididas de plano pela Junta Eleitoral, por maioria de votos (CE, art. 169, § 1o).

Da decisão da Junta caberá recurso (parcial) imediato (verbal ou por escrito) devendo ser fundamentado dentro de 48 (quarenta e oito) horas (CE, art. 169, § 2º).

Caberá também recurso, no caso da votação tradicional, fundado em contagem errônea de votos, vícios de cédulas ou sobrecartas para voto em separado, as cédulas, neste caso, permanecerão em invólucro em separado e acompanharão os recursos (CE, art. 172).

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Relembre-se que na votação eletrônica não se admite qualquer tipo de colheita de voto em separado (Lei 9.504/1997, art. 62).

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Na votação eletrônica não há permissão para a colheita de voto de eleitor não cadastrado na seção, mesmo que se trate do Juiz Eleitoral ou do Promotor Eleitoral (Lei 9.504/1997, art. 62). Em casos que tais, deverão tais autoridades se valer da justificação eleitoral.

Veja-se, contudo, que segundo o art. 171, do Código Eleitoral, não se admitirá o “recurso contra a apuração, se não tiver havido impugnação perante a Junta, no ato da apuração, contra as nulidades argüidas”.

4. DIRETRIZES PARA A CONTAGEM TRADICIONAL:

5.1. VOTOS NULOS E BRANCOS:

Os votos em branco e os nulos serão carimbados e rubricados pelo Presidente da Turma (art. 174, § 1o), não sendo contados ou computados para qualquer efeito (cf. Lei 9.504/1997, arts. 2º, caput, 3º, caput e 5º).

5.2. IMPUGNAÇÃO DE CÉDULAS – MOMENTO:

O momento único para suscitar questões referentes às cédulas é o de sua leitura em voz alta (art. 174, § 4º), sob pena de preclusão.

5.3. HIPÓTESES DE NULIDADE DE CÉDULAS:

Podem as cédulas ser impugnadas (a) por não correspondência ao modelo oficial, (b) por falta de autenticação (basta uma assinatura das três exigidas) e (c) pela presença de expressões que possam identificar o eleitor (art. 175).

5.4. HIPÓTESES DE NULIDADE DE VOTOS:

Nas eleições para cargos majoritários ocorrerá nulidade de votos, de outro lado, pela marcação no quadrilátero de 2 (dois) ou mais candidatos para o mesmo cargo e assinalação fora do quadrilátero próprio, desde que torne duvidosa a manifestação da vontade do eleitor (CE, art. 175, § 1º).

Nas eleições para cargos proporcionais ocorrerá nulidade por falta de clareza para diferenciar o candidato de outro concorrente ao mesmo cargo, mas de outro partido (quando o eleitor não indica a legenda); constar o nome ou o número de mais de um candidato ao mesmo cargo, pertencentes a partidos diferentes; e quando não ocorrer manifestação, ou se o fizer de maneira dúbia, escrever duas ou mais legendas (CE, art. 175, § 2º).

5.5. CONTAGEM DE VOTOS APENAS PARA A LEGENDA:

Contar-se-ão os votos, na eleição tradicional, apenas para a legenda (a) quando constar apenas a sigla do partido, sem nome do candidato, (b) se o eleitor escrever o nome ou o número de mais de um candidato do mesmo partido ou (c) se o “eleitor não indicar o candidato através do nome ou do número com clareza suficiente para distingui-lo de outro candidato do mesmo partido” (art. 176).

5.6. CONTAGEM NAS ELEIÇÕES PROPORCIONAIS:

A inversão ou erro da grafia do nome não invalidará o voto, desde que possível a sua identificação (o que vale é a intenção do eleitor).

Quando constar o nome de um candidato e o número de outro, do mesmo ou de outro partido, o voto será contado para o candidato cujo nome esteja escrito (o escrito se sobrepõe ao numeral).

Valerá para a legenda do escolhido se constar da cédula o nome ou número do candidato e legenda de outro partido, voto apenas para o candidato, sendo que a intenção para o candidato sobrepõe à da legenda (art. 35, III resolução do TSE 19.540/1996).

Na inversão de lugares para Deputado Estaduais e Federais, o voto será contado para o candidato que teve o nome ou o número escolhido, sem maiores formalidades (art. 177).

5. PROCEDIMENTO APÓS A CONTAGEM DOS VOTOS:

Após a contagem de votos pelo sistema tradicional (votação manual), a Junta Eleitoral deverá preparar mapas por urnas, expedir boletim por seção (número de votantes, votos de cada candidato, legenda etc.) e fixá-lo em local público (geralmente na portaria do lugar da apuração), dar cópias do boletim ao comitê interparditário, documento que fará prova do resultado em caso de divergência (com os mapas do TRE e das Juntas).

Após a apresentação do boletim geral (3 dias depois de totalizado), os partidos terão vista por 2 (dois) dias a fim de que possam contestar os resultados com base no boletim de cada urna (CE, art. 179, § 7º).

Em caso de eventual divergência, a própria Junta Eleitoral recontará os votos (art. 180, II do Código Eleitoral e art. 88, I, da Lei 9.504/1997).

As cédulas colhidas eventualmente na votação tradicional serão incineradas (ou recicladas industrialmente), após 60 (sessenta) dias do trânsito em julgado da diplomação, em ato público precedido da expedição de edital de convocação (CE, art. 185 e parágrafo único).

Na apuração eletrônica, a situação é bem mais simples, devendo o Juiz Eleitoral simplesmente entregar o disquete ou pendrive (que contém os dados da votação em determinada mesa receptora) oriundo das urnas eletrônicas aos técnicos dos Tribunais Regionais para o respectivo repasse de informações “on line”, afixando-se, na seqüência, o boletim de urna no local de apuração, em lugar acessível ao público.