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1. CONVENÇÕES PARTIDÁRIAS:

A escolha inicial dos candidatos a cargos políticos, pelos partidos ou pelas coligações, é levada a efeito através de denominadas “Convenções Partidárias” em que têm poder de voto os filiados, ou, apenas os delegados.

O art. 15, inciso VI, da Lei 9.096/1995 atribui a competência exclusiva aos estatutos dos partidos para fixarem as condições e as formas de escolha de seus candidatos a cargos e funções eletivas.

O § 2º do art. 93, do Código Eleitoral, exigia que as Convenções Partidárias para a escolha de candidatos fossem realizadas, no máximo, até 10 (dez) dias antes do término do prazo do pedido de registro no cartório ou secretaria eleitoral.

A Lei 9.504/1997, entretanto, revogando este preceito, determinou que a escolha dos candidatos em convenção ocorra sempre entre os dias 10 a 30 de junho do ano em que se realizarem as eleições (art. 8º, caput).

Nas convenções para escolha de candidatos, os partidos políticos ou coligações poderão “usar gratuitamente prédios públicos, responsabilizando-se por danos causados com a realização do evento” (Lei 9.504/1997, art. 8º, § 2º).

2. AS COLIGAÇÕES PARTIDÁRIAS:

Convém neste ponto de nosso estudo lembrar que as coligações (entendidas como o conjunto de partidos políticos que se unem em torno de um objetivo comum) são equiparadas aos partidos políticos no que tange ao trato com a Justiça Eleitoral (Lei 9.504/1997, art. 6º, § 1º), admitindo-se coligações somente no âmbito de uma mesma circunscrição, podendo ser para eleições majoritárias ou proporcionais, ou ambas.

As coligações funcionam até o fim das eleições, como se fossem um “superpartido” ou uma “superlegenda”. Inclusive, o afastamento temporário de deputados federais no curso do mandato deve ser suprido pela convocação dos suplentes mais votados da coligação, e não daqueles que pertençam aos partidos, aos quais filiados os parlamentares licenciados.123

Permite-se, ainda, a formação de mais de uma coligação para a eleição proporcional entre os partidos que integram a coligação majoritária (Lei 9.504/1997, art. 6º, caput).

A partir da eventual criação da coligação, apenas ela (e não os partidos que a integram) se comunicará e postulará junto a Justiça Eleitoral (ex.: se houver coligação, o pedido de registro de candidatos será por ela, exclusivamente); o partido coligado (um partido que integra a coligação) “somente possui legitimidade para atuar de forma isolada no processo eleitoral quando questionar a validade da própria coligação,

durante o período compreendido entre a data da convenção e o termo final do prazo para impugnação do registro de candidatos” (Lei 9.504/1997, art. 6º, § 4º, com redação da Lei 12.034/2009).

O nome da coligação, porém, “não poderá coincidir, incluir ou fazer referência a nome ou número de candidato, nem conter pedido de voto para partido político” (Lei 9.504/1997, art. 6º, § 1º-A, com redação da Lei 12.034/2009).

3. REGISTRO DOS CANDIDATOS:

O art. 87 do Código Eleitoral (de 1965) determinava originalmente que nenhum registro de candidato fosse admitido fora do período de 6 (seis) meses antes das eleições.

Todavia, o art. 11 da Lei 9.504/1997 inovou a matéria ao dispor que o registro dos candidatos deverá ser solicitado pelos partidos políticos ou coligações124 até as 19:00 horas do dia 5 de julho do ano que se realizarem as eleições, ficando revogada a disposição anterior.

No caso de omissão do partido ou da coligação no prazo indicado, o registro poderá ser feito pelo próprio candidato nas 48 (quarenta e oito) horas seguintes

à publicação da lista dos candidatos pela Justiça Eleitoral (Lei 9.504/1997, art. 11, §

4o, com redação da Lei 12.034/2009).

O mesmo art. 11 da Lei 9.504/1997, em seu § 1o, relaciona os documentos que deverão ser apresentados para o registro, são eles: (a) a cópia da ata da convenção (art. 8º), (b) a autorização do candidato, por escrito, com firma reconhecida, (c) a prova de filiação partidária pelo prazo legal125 (por certidão do cartório eleitoral), (d) a cópia do título de eleitor e da prova do domicílio eleitoral de, pelo menos, um ano antes do pleito, (e) a declaração de bens, assinada pelo candidato, (f) a certidão de quitação

eleitoral,126 (g) as certidões criminais Eleitoral, Federal e Estadual, (h) a fotografia para efeito de inclusão no sistema da urna eletrônica, bem como (i) as propostas defendidas

pelo candidato a Prefeito, a Governador de Estado e a Presidente da República (esta

última exigência foi acrescida ao § 1º do art. 11 pela Lei 12.034/2009).

Os documentos indicados ficarão acessíveis a todos os interessados (Lei 9.504/1997, art. 11, § 6º, com redação da Lei 12.034/2009), especialmente para a formulação e a instrução da competente impugnação ao pedido de registro de candidatura (AIPRC).

O partido político poderá registrar para as eleições proporcionais (Câmara de Deputados, Câmara Legislativa, Assembléias Legislativas e Câmaras

124

Em tal caso, “o pedido de registro dos candidatos deve ser subscrito pelos presidentes dos partidos coligados, por seus delegados, pela maioria dos membros dos respectivos órgãos executivos de direção ou por representante da coligação” (Lei 9.504/1997, art. 6º, § 3º, inciso II).

125

Relembre-se que a filiação para efeito de candidatura deve ter sido deferida pelo menos um ano antes do pleito (Lei 9.504/1997, art. 9º, caput, in fine).

126

“A certidão de quitação eleitoral abrangerá exclusivamente a plenitude do gozo dos direitos políticos, o regular exercício do voto, o atendimento a convocações da Justiça Eleitoral para auxiliar os trabalhos relativos ao pleito, a inexistência de multas aplicadas, em caráter definitivo, pela Justiça Eleitoral e não remitidas, e a apresentação de contas de campanha eleitoral” (Lei 9.504/1997, art. 10, § 7º, com redação da Lei 12.034/2009).

Municipais) até 150% (cento e cinqüenta por cento) do número de lugares a preencher (Lei 9.504/1997, art. 10, caput); a coligação, diversamente, terá direito de pedir registro do dobro do número de vagas a preencher, independentemente do número de partidos que a integrem (art. 10, § 1º).127 Em qualquer caso, será desprezada a fração, se inferior a meio e igualada a um, se igual ou superior (Lei 9.504/1997, art. 10, § 4º).

Do número de vagas resultantes das regras acima aludidas, “cada partido ou coligação preencherá o mínimo de 30% (trinta por cento) e o máximo de 70% (setenta por cento) para candidatura de cada sexo” (Lei 9.504/1997, art. 10, § 3º, com redação da Lei 12.034/2009).

Para o cargo eletivo de Senador, o partido político ou a coligação (aqui não importa) deverá postular registro (ao TRE do respectivo Estado-membro) de um titular e mais dois suplentes (ou dois titulares, mais dois suplentes para cada, conforme o pleito), preenchendo o que determina o art. 46, §§ 2º e 3º, da Constituição Federal.

Revise-se neste ponto, para melhor aprendizado, que para preenchimento do Senado Federal, numa eleição haverá uma vaga por Estado-membro; em outra haverá duas vagas por Estado-membro (alternativamente), como prevê o art. 46, § 2º da Constituição Federal.128

Os candidatos a Presidente e a Vice-Presidente (um para cada partido ou coligação) da República serão registrados no Tribunal Superior Eleitoral.

Os candidatos a Governador, a Vice-governador (um para cada partido ou coligação), a Deputado Federal, Deputado Estadual e Senador, nos respectivos Tribunais Regionais Eleitorais.

Os candidatos a Prefeito, a Vice-prefeito (um para cada partido ou coligação), a Vereador e a Juiz de Paz, junto aos Juízos Eleitorais (CE, art. 89).

Até 45 (quarenta e cinco) dias antes da data das eleições, “todos os pedidos de registro de candidatos, inclusive os impugnados, e os respectivos recursos, devem estar julgados em todas as instâncias, e publicadas as decisões a eles relativas” (Lei 9.504/1997, art. 16, § 1º, com redação da Lei 12.034/2009), sendo certo que esses feitos terão prioridade de tramitação sobre quaisquer outros, estando autorizada a realização de sessões extraordinárias e a convocação de juízes suplentes pelos Tribunais, “sem prejuízo de da eventual aplicação do disposto no art. 97 e de representação ao Conselho Nacional de Justiça” (Lei 9.504/1997, art. 16, § 2º, com redação da Lei 12.034/2009).

127

Mas “nas unidades da Federação em que o número de lugares a preencher para a Câmara de Deputados não exceder a 20 (vinte), cada partido poderá registrar candidatos a Deputado Federal e a Deputado Estadual ou Distrital até o dobro das respectivas vagas; havendo coligação, estes números poderão ser acrescidos de até mais 50% (cinqüenta por cento)” (Lei 9.504/1997, art. 10, § 2º), tendo a Resolução 20.046, de 9.12.1997 estabelecido que o acréscimo “de até 50%” a que se refere a cláusula final deste § 2º incide sobre “até o dobro das respectivas vagas”.

128

“A representação de cada Estado e do Distrito Federal será renovada de quatro em quatro anos, alternadamente, por um e dois terços”.

4. A VERTICALIZAÇÃO DAS COLIGAÇÕES:

O termo “verticalização de coligações” implica no estudo e na compreensão de que a “coligação para eleição presidencial seria o limite para as demais coligações”,129 de tal sorte que os “partidos que ajustarem coligação para eleição de presidente da República não poderão formar coligações para eleição de governador de estado ou do Distrito Federal, senador, deputado federal e deputado estadual ou distrital com outros partidos políticos que tenham, isoladamente ou em aliança diversa, lançado candidato à eleição presidencial” (TSE, Resolução 21.002/2002).

Esse foi o entendimento que predominou até as eleições de 2006, quando então veio à lume a nova redação do art. 17, § 1º, da Constituição Federal. Vejamos:

“É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações eleitorais, sem

obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de

disciplina e fidelidade partidária”.130

O Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADI n. 3.685-0 (DJU de 10.08.2006), acatou efetivamente o pedido de mérito para “fixar que o § 1º do artigo 17 da Constituição, com a redação dada pela Emenda Constitucional n. 52, de 8 de março de 2006, não se aplica às eleições de 2006, remanescendo aplicável à tal eleição a redação original do mesmo artigo”.

Quanto às eleições que se realizarem de 2010 para frente, em conclusão, a regra da “verticalização de coligações” não mais será aplicável às eleições de âmbito estadual e municipal, seguindo-se estritamente o que consta no art. 17, § 1º, da Constituição Federal.

5. IMPUGNAÇÃO DE CANDIDATURAS E DE MANDATOS:

São basicamente seis os instrumentos eleitorais capazes de lograr um provimento jurisdicional indeferindo o pedido de registro de candidatura, cancelando o mandado eletivo ou reconhecendo a inelegibilidade de determinado candidato, antes ou depois de sua posse.

Aqui estamos nos referindo (a) à ação de impugnação de pedido de registro de candidatura (AIPRC), (b) à ação de investigação judicial eleitoral (IJE), (c) à ação de impugnação de mandato eletivo (AIME), (d) ao recurso contra a diplomação (RCD), (e) à ação de captação de sufrágio (ACS) e (f) ação eleitoral de captação ilícita de verbas e de gastos ilícitos.

O rol não é taxativo (temos ainda, por exemplo, a representação geral por violação da Lei 9.504/1997, demanda que tem seu rito previsto no art. 96), mas dará uma aprofundada lição sobre a prática na Justiça Eleitoral no que tange a avaliação das condições de elegibilidade, das inelegibilidades e dos abusos eleitorais.

129

Queiroz, Direito Eleitoral, p. 112. 130

Deverão ser observadas as seguintes regras no que tange à tramitação das ações eleitorais que versam sobre abuso de poder econômico e de poder de autoridade (LC 64/1990, art. 26-B):

“O Ministério Público e a Justiça Eleitoral darão prioridade, sobre quaisquer outros, aos processos de desvio ou abuso do poder econômico ou do poder de autoridade até que sejam julgados, ressalvados os de habeas corpus e mandado de segurança.

§ 1o É defeso às autoridades mencionadas neste artigo deixar de cumprir qualquer prazo previsto nesta Lei Complementar sob alegação de acúmulo de serviço no exercício das funções regulares.

§ 2o Além das polícias judiciárias, os órgãos da receita federal, estadual e municipal, os tribunais e órgãos de contas, o Banco Central do Brasil e o Conselho de Controle de Atividade Financeira auxiliarão a Justiça Eleitoral e o Ministério Público Eleitoral na apuração dos delitos eleitorais, com prioridade sobre as suas atribuições regulares.

§ 3o O Conselho Nacional de Justiça, o Conselho Nacional do Ministério Público e as Corregedorias Eleitorais manterão acompanhamento dos relatórios mensais de atividades fornecidos pelas unidades da Justiça Eleitoral a fim de verificar eventuais descumprimentos injustificados de prazos promovendo, quando for o caso, a devida responsabilização”.

A par disso, a LC 135/2010 estabeleceu a possibilidade de suspensão cautelar de inelegibilidade, como já examinado antes.

Trata-se do que dispôs o art. 26-C da LC 64/1990 (acrescido pela indicada LC 135/2010):

“Art. 26-C. O órgão colegiado do tribunal ao qual couber a apreciação do recurso contra as decisões colegiadas a que se referem as alíneas d, e, h, j, l e n do inciso I do art. 1o poderá, em caráter cautelar, suspender a inelegibilidade sempre que existir plausibilidade da pretensão recursal e desde que a providência tenha sido expressamente requerida, sob pena de preclusão, por ocasião da interposição do recurso.

§ 1o Conferido efeito suspensivo, o julgamento do recurso terá prioridade sobre todos os demais, à exceção dos de mandado de segurança e de habeas

corpus.

§ 2o Mantida a condenação de que derivou a inelegibilidade ou revogada a suspensão liminar mencionada no caput, serão desconstituídos o registro ou o diploma eventualmente concedidos ao recorrente.

§ 3o A prática de atos manifestamente protelatórios por parte da defesa, ao longo da tramitação do recurso, acarretará a revogação do efeito suspensivo.”

Agora, analisemos em separado cada um dos poderosos remédios judiciais, que tanto são importantes para a prática do operador de direito eleitoral, como para aqueles que se preparam para os concursos públicos em que a matéria é exigida.

6. AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE PEDIDO DE REGISTRO:

A denominada “ação de impugnação de pedido de registro de candidatura” (AIPRC), que visa justamente (a) indicar defeitos na candidatura de outrem (não preenchimento de condição de elegibilidade ou existência de alguma inelegibilidade) ou (b) a existência de violações especificamente indicadas em lei (exs.: arts. 75131 e 77,132 da Lei 9.504/1997), encontra-se regulamentada basicamente na Lei Complementar n. 64/1990 (arts. 3º a 15).

Tem a mesma por objetivo, conforme o próprio nome está a enunciar, obter como resultado de mérito o indeferimento de pedido de registro de algum candidato com base em fatos irregulares ocorridos até a data do registro.133

Deve referida ação ser proposta junto ao Juízo Eleitoral (1ª instância da Justiça Eleitoral), se o escopo é questionar a candidatura de vereador, vice- prefeito e prefeito; ao Tribunal Regional Eleitoral, se a impugnação se volta contra candidatos a deputado estadual, deputado federal, senador, vice-governador e governador; e ao Tribunal Superior Eleitoral se o ataque é contra a candidatura a presidente ou a vice- presidente da república (LC 64/1990, art. 2º).

131

Trata da proibição, nos três meses que antecederem as eleições, da contratação, em inaugurações, de

shows artísticos pagos com recursos públicos, conduta que poderá gerar, sem prejuízo da suspensão imediata

do ato, a cassação do registro ou do diploma. 132

Cuida da proibição de qualquer candidato “comparecer, nos 3 (três) meses que precederem o pleito, a inaugurações de obras públicas”, comportamento que sujeita o infrator à cassação do registro ou do diploma. 133

(Ministério Público do Estado de Goiás, 2004) Assinale a alternativa correta acerca da Ação de

Impugnação de Registro de Candidatura: (a) Deverá ser proposta no prazo de 10 dias, contados da

publicação do pedido de registro do candidato; (b) A legitimidade para a propositura da ação é exclusiva dos partidos políticos, coligações e candidatos; (c) A sentença que cassa o registro de candidatura é passível de recurso no prazo de 5 (cinco) dias; (d) Poderá ter como fundamento somente fatos que envolvam o candidato até a data do registro (no gabarito oficial, a alternativa “d” é a correta; releva observar que a

legitimidade para referida ação é do Ministério Público, dos candidatos, dos partidos e das coligações, devendo ser proposta no prazo de 5 dias, e não em 10 dias, da publicação do pedido de registro).

6.1. LEGITIMIDADE:

Terão legitimidade para promover a impugnação em questão qualquer candidato, antes mesmo do deferimento de sua candidatura (basta ter protocolizado o seu pedido de registro de candidatura),134 partido político, coligação ou o Ministério Público Eleitoral (Promotor Eleitoral na primeira instância, o Procurador Regional Eleitoral no TRE e o Procurador Geral Eleitoral no TSE), nos termos do art. 3º,

caput, da Lei Complementar 64/1990.135

Caso o Ministério Público Eleitoral não seja o autor, deverá ele figurar na relação processual como interveniente obrigatório (fiscal da lei), manifestando- se após as partes (CPC, art. 83, inciso I), sob pena de nulidade.

O eleitor não é parte legítima para pedir a instauração da presente ação, mas poderá obviamente fazer uso do direito constitucional de petição (CF, art. 5º, inciso XXXIV, alínea ‘a’), comunicando o suposto defeito da candidatura ao Juiz Eleitoral, ao Promotor Eleitoral ou a algum dos legitimados,136 para que estes tomem as providências cabíveis.

6.2. PETIÇÃO INICIAL E PRAZO PARA AJUIZAMENTO:

A petição inicial da presente impugnação, subscrita

obrigatoriamente por advogado, deverá ser formulada com observância do art. 282 do Código de Processo Civil137 (aplicável por subsidiariedade), abrangendo naturalmente a descrição do motivo ensejador da inelegibilidade, da falta de condição de elegibilidade, da falta de desincompatibilização ou então de alguma das violações legais previstas nos arts. 75 e 77, parágrafo único da Lei 9.504/1997 (causa de pedir).

Na exordial deverá, ainda, o impugnante especificar, “desde logo, os meios de prova com que pretende demonstrar a veracidade do alegado”, arrolando até 6 (seis) testemunhas para oitiva na instrução (art. 3o, § 3o).

Embora haja ligeira divergência sobre o assunto, prevalece que o pedido de mérito em tal ação será de indeferimento de registro da candidatura impugnada, de cancelamento desse registro, se já efetivado (pedido principal) ou de eventual nulidade de diplomação (ou cassação de mandato), caso haja julgamento posterior à mesma (pedido subsidiário, à luz do art. 289, do Código de Processo Civil), tudo nos termos do art. 15, da Lei Complementar 64/1990.

134

Nesse sentido: Joel José Cândido, Direito eleitoral brasileiro, p. 136, argumentando que por ocasião do prazo da AIPRC, ninguém tem o registro ainda deferido, como parece ser óbvio. Contra: Fávila Ribeiro sustenta que a “condição de candidato para compartilhar dessa qualidade postulacional é definida precisamente com o registro”, razão pela qual, em sua visão, “enquanto não se efetiva o registro há apenas o estado potencial de candidato” (p. 281).

135

(MPF, Procurador da República, 21º Concurso) A impugnação do registro de candidatura pode ser

feita: (a) nas hipóteses de inelegibilidade, apenas pelo Ministério Público; (b) em petição fundamentada, por

candidato, partido político, coligação ou Ministério Público; (c) somente no prazo de 5 (cinco) dias contados do registro, sob pena de preclusão mesmo se se tratar de inelegibilidade constitucional; (d) por qualquer eleitor, desde que filiado a partido político (a alternativa “b” é a correta, nos termos do art. 3º da LC

64/1990).

136

Nesse sentido: Torquato Jardim, Direito eleitoral positivo, p. 69 e Joel José Cândido, Direito eleitoral brasileiro, p. 136.

137

A peça referida deverá ser protocolada na Justiça Eleitoral em 5 (cinco) dias, contados da publicação do pedido de registro de candidatura (art. 3o, caput).

É essencial que seja subscrita por advogado, salvo se o proponente for o Ministério Público Eleitoral, naturalmente.

6.3. RESPOSTA E INSTRUÇÃO:

Protocolado o pedido de impugnação no prazo de lei (cinco dias, como já visto), o magistrado determinará a “citação” – embora admita que a Lei Complementar 64/1990 utilize indevidamente a expressão “notificação” – do impugnado para, querendo, apresentar sua contestação, o que deverá ser feito no prazo de 7 (sete) dias (art. 4o).138

Na contestação, que poderá ser apresentada pelo candidato, pelo partido político ou pela coligação, deverá o impugnado juntar documentos, indicar rol de testemunhas (até seis) e “requerer a produção de outras provas, inclusive documentais, que se encontrarem em poder de terceiros,139 de repartições públicas ou em procedimentos judiciais, ou administrativos, salvo os processos em tramitação em segredo de Justiça” (LC 64/1990, art. 4o, in fine).

Não havendo necessidade da produção de provas em audiência, o Ministério Público Eleitoral – se não tiver sido o autor da impugnação – terá oportunidade para se manifestar, após o que o magistrado proferirá julgamento.

Ao contrário, se pertinente a produção da prova oral eventualmente requerida, o juiz designará um dos 4 (quatro) dias seguintes para a inquirição, numa só assentada (art. 5o, § 1o), das testemunhas do impugnante e do impugnado, “as quais comparecerão por iniciativa das partes que as tiverem arrolado ou mediante prévia notificação judicial” (art. 5o, caput).

Caso não haja apresentação de defesa pelo impugnado, será decretada a revelia, estado que somente induzirá a eficácia formal (dispensa de intimações posteriores, nos termos do art. 322 do Código de Processo Civil), mas não material, de sorte que o juiz não presumirá a veracidade das afirmações constantes da petição inicial devendo avaliar a prova produzida pelo autor, isto porque a questão vertente na demanda (exs.: falta de condição de elegibilidade, inelegibilidades, falta de desincompatibilização etc.) é de ordem pública, equiparável a direito indisponível (CPC, art. 320, inciso II).

6.4. ALEGAÇÕES E JULGAMENTO:

Após a instrução oral, em 5 (cinco) dias, o Juiz, ou o Relator (caso o processo corra pelo TRE ou pelo TSE), “procederá a todas as diligências que determinar, de ofício ou a requerimento das partes” (art. 5o, § 2o), podendo ouvir testemunhas referidas (§ 3o) e requisitar novos documentos em poder de terceiro (§ 4º).

138

Note-se que os prazos nesta ação são peremptórios e contínuos não se suspendem nos feriados e finais de semana (LC 64/1990, art. 16).

139

Se eventualmente este terceiro, sem justa causa, não exibir o documento, poderá o Juiz contra ele requisitar providências criminais por crime de desobediência (CE, art. 347), efetivando-se a prisão em flagrante (melhor interpretação do art. 5º, § 5º da LC 64/1990).

Em seguida, as partes e o Ministério Público Eleitoral poderão apresentar alegações finais no prazo comum de 5 (cinco) dias (art. 6o), sendo os autos conclusos ao Juiz ou relator para julgamento (art. 7o, caput).

O Juiz Eleitoral deverá proferir sentença no prazo de 3 (três) dias, “passando a correr deste momento o prazo de 3 (três) dias para a interposição de recurso para o Tribunal Regional Eleitoral” (art. 8o, caput).

Sendo eventualmente proferida sentença ou julgamento de procedência, a conseqüência será (a) o indeferimento do pedido de registro ou (b) cancelamento do mesmo, se já tiver sido efetivado ou, enfim, (c) a declaração de nulidade do diploma, se já expedido (art. 15).

É sempre bom lembrar que a eventual declaração de inelegibilidade “do candidato à Presidência da República, Governador de Estado e do Distrito Federal e Prefeito Municipal não atingirá o candidato a Vice-Presidente, Vice-