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1. ZONA ELEITORAL:

Zona Eleitoral é a delimitação da jurisdição eleitoral em unidade territorial sob a titularidade de um Juiz de Direito, na função de Juiz Eleitoral. Em outras palavras, a zona eleitoral é a área que limita a jurisdição eleitoral com as seções que nela ficarem encravadas.

As seções eleitorais compõem a Zona Eleitoral, e estas, “por sua vez, formam a Circunscrição Regional, que pode, em certos casos, abranger mais de um município ou um município abranger mais de uma Zona”.115

Exemplificando o que foi dito, em Goiás há zona eleitoral que abrange mais de um município (uma mesma zona eleitoral abarca os municípios de Formoso, Trombas e Montividiu do Norte), e há também município englobando mais de uma zona (o município de Anápolis tem quatro zonas eleitorais).

Compete ao TRE fazer a indicação ao TSE da divisão do Estado em zonas eleitorais ou a criação de novas, ficando a cargo deste último órgão a aprovação da indicação (CE, arts. 23, inc. VIII, c/c 30, inc. IX).

Compete ao Juiz Eleitoral, de outro lado, dividir a zona eleitoral em seções (CE, art. 35, X).

Saliente-se, contudo, que essas as seções eleitorais não constituem delimitação da competência jurisdicional, vez que estão sob a competência do mesmo juízo (compõem a mesma zona eleitoral), tratando-se apenas de simples subdivisão de grupos de eleitores, constituído na designação de um local para a recepção de votos (mesa receptora de votos).

2. SEÇÃO ELEITORAL:

Seção eleitoral é a subdivisão da área territorial da zona eleitoral, visando a maior comodidade dos eleitores. Sua criação tem por finalidade a organização do exercício do voto, objetivando sempre a maior racionalização dos serviços eleitorais e conforto do eleitor no momento da votação.

A cada seção eleitoral corresponde uma mesa receptora de votos (CE, art. 119), que conterá uma urna eletrônica.

As seções eleitorais não podem ter mais de 500 (quinhentos) eleitores na capital e 400 (quatrocentos) nas demais localidades e nem menos de 50 (CE, art. 117 alterado pela Lei 6.992/1982 e pela Resolução 14.250 do TSE), salvo autorização do Tribunal Regional eleitoral respectivo, outorgada em casos excepcionais.

3. MESA RECEPTORA:

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Mesa receptora é o lugar onde são recebidos os votos dos eleitores (“lugar receptor de votos”), onde estejam presentes o presidente, os mesários, e os secretários (geralmente é uma sala de aula de alguma escola pública ou particular requisitada pela Justiça Eleitoral).

A mesa receptora é composta de um presidente, 1º e 2º mesários, 1º e 2º secretários e 1 (um) suplente (CE, art. 120).

Os componentes da mesa receptora são nomeados pelo juiz eleitoral 60 (sessenta) dias antes da eleição, em audiência pública, cabendo reclamação do partido no prazo de 5 (cinco) dias (art. 63 da Lei 9.504/1997) e da decisão sobre a reclamação cabe recurso (inominado) ao TRE no prazo de 3 (três) dias (CE, arts. 120 e 121).

Entretanto, não podem ser nomeados presidentes e mesários os candidatos e seus parentes (até o 2º grau), os membros de diretórios partidários desde que exerçam função executiva, as autoridades e agentes de polícia, os servidores com cargo de confiança no Poder Executivo e aqueles que pertencerem ao serviço eleitoral (CE, art. 120, § 1º).116

O não comparecimento dos nomeados ao local de votação acarreta (a) a imposição de multa, (b) a suspensão por quinze dias se for funcionário público (CE, art. 124, § 2º) e (c) responsabilidade criminal (CE, art. 344).117

4. CIRCUNSCRIÇÃO ELEITORAL:

Trata-se da unidade destinada a organizar territorialmente o eleitorado. A circunscrição representa uma forma de distribuir o eleitorado no território do país, com base no seu domicílio eleitoral, em função dos candidatos a serem sufragados.

Segundo o Código Eleitoral, a circunscrição abrange todo o país, nas eleições presidenciais; todo o estado, para as eleições federais e estaduais; e todo o município, para as eleições municipais (art. 86).

O “sistema circunscricional” (comentado neste tópico) se contrapõe ao chamado “sistema do distrito eleitoral” (sistema distrital), que, ao menos por enquanto, não é adotado no Direito Eleitoral Brasileiro, como sabemos.

5. DOMICÍLIO ELEITORAL:

Domicílio eleitoral é o lugar de residência ou moradia do pretenso eleitor; havendo mais de uma residência, considera-se domicílio eleitoral qualquer delas (CE, art. 42).

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(Magistratura-GO, 2009, prova A01, tipo 004, questão 73) A respeito da composição das Mesas

Receptoras de votos considere: I – Serventuários da justiça; II – Agentes policiais; III – Eleitores da própria Seção Eleitoral; IV – Os que pertencerem ao serviço eleitoral; V – Os parentes por afinidade de candidatos, até o segundo grau, inclusive. NÃO podem ser nomeados presidentes e mesários, dentre outros, os indicados SOMENTE em: (a) II, IV e V; (b) III, IV e V; (c) I, II e V; (d) I, II, III e IV; (e) I, III e

IV (a alternativa correta é a “a”, nos termos do art. 120, § 1º, do Código Eleitoral). 117

“Recusar ou abandonar o serviço eleitoral sem justa causa: Pena – detenção até 2 (dois) meses ou pagamento de 90 (noventa) a 120 (cento e vinte) dias-multa”.

O domicílio eleitoral é relevante para o alistamento eleitoral, além do que é também condição de elegibilidade (CF, art. 14, § 3º, inc. IV).

O domicílio eleitoral não se confunde com o domicílio civil (CC, art. 70), porque somente exige o elemento objetivo (residência) – e às vezes até menos que isso –, dispensando o subjetivo (ânimo definitivo). Além disso, qualquer vínculo profissional (exs.: manutenção de uma empresa, prestação de serviço de medicina etc.), patrimonial (ex.: propriedade rural ou urbana) ou comunitário (exs.: participação de comunidade religiosa, auxílio em festas populares e folclóricas etc.) do eleitor já é suficiente para caracterização do domicílio eleitoral.118

Como já se disse, fala-se ainda em “domicílio histórico” (sentimental ou afetivo). É que como não existe em Direito Eleitoral transferência obrigatória, sendo por isso possível (e lícito) que o eleitor altere seu domicílio, mas mantenha seu título eleitoral vinculado ao domicílio anterior, mesmo sem que haja a ligação jurídica mencionada (profissional, patrimonial ou comunitária).119

6. TRANSFERÊNCIA ELEITORAL:

Transferência eleitoral é a mudança do domicílio eleitoral após estar o eleitor devidamente alistado em alguma zona. Tecnicamente, somente se considera transferência a mudança de zona eleitoral.

Ressalte-se, para conhecimento, que a modificação de endereço para outro dentro da mesma zona não é considerada transferência eleitoral, sendo apenas necessária a atualização de cadastro para que, conforme o caso, haja a modificação da seção eleitoral (CE, art. 58, § 4o).

São requisitos da transferência eleitoral (a) a formulação de requerimento junto ao Cartório Eleitoral antes de 150 (cento e cinqüenta) dias das eleições (Lei 9.504/1997, art. 91),120 (b) o transcurso de pelo menos 01 (um) ano da inscrição anterior, (c) a residência mínima de 03 (três) meses no novo domicílio e (d) a quitação das obrigações perante a Justiça Eleitoral (CE, art. 61).121

Quando se tratar de servidor público civil e militar (e dos respectivos familiares dos mesmos), que tenha sido transferido ou removido, exige-se apenas o requisito previsto no art. 91, da Lei 9.504 (entrada do requerimento em Cartório até 150 dias antes) e a quitação eleitoral para o deferimento da transferência, dispensando- se os existentes nos incisos II e III do § 1o, do art. 55, do Código Eleitoral (art. 55, § 2o).

Para lograr a transferência eleitoral, o eleitor deve naturalmente protocolar requerimento no Cartório Eleitoral respectivo, observando o prazo indicado no art. 91, da Lei 9.504/1997.

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TRE-GO, Processo n. 57/2000. 119

Michels, p. 17, citando Tupinambá Nascimento. 120

Releva ressaltar que referido preceito revogou o art. 55, § 1º, inciso I, do Código Eleitoral, que previa prazo de 100 (cem) dias antes das eleições como limite para o protocolo do pedido de transferência eleitoral. 121

(Magistratura-GO) Em caso de mudança de domicílio, a transferência do eleitor somente será

admitida se o requerimento for feito no cartório eleitoral do novo domicílio até: (a) Cem (100) dias antes

da data da eleição; (b) Cento e cinqüenta dias antes da data da eleição; (c) A qualquer tempo, desde que antes da data da eleição; (d) Cento e vinte (120) dias antes da data da eleição (a alternativa certa é a “b”,

O juiz eleitoral, à luz do pedido, determinará a publicação na imprensa oficial (se no interior, basta publicação em cartório), passando a correr o prazo de 3 (três)122 dias para eventual apresentação de impugnações.

Havendo ou não impugnação, o juiz eleitoral proferirá decisão (CE, art. 57 e § 1º), cabendo recurso inominado ao Tribunal Regional Eleitoral do indeferimento do pleito.

122

Este prazo encontra-se previsto na Resolução-TSE 19.875/1997 (art. 19), estando afastada a previsão contida na parte final do art. 57, caput, do Código Eleitoral (10 dias).

CAPÍTULO VI – REGISTRO DE CANDIDATURAS E AS AÇÕES ELEITORAIS DE