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1. INTRODUÇÃO:

Recurso, no direito processual em geral, é o instituto jurídico- processual que permite a revisão de uma decisão judicial pelo próprio prolator ou por outro órgão superior, mantendo-se “viva” a mesma relação processual.

No Direito Eleitoral há plena aplicabilidade desta noção de recurso, mas é mister lembrar que aqui também temos as chamadas “ações autônomas de impugnação” (exs.: mandado de segurança eleitoral, ação rescisória eleitoral, habeas

corpus eleitoral etc).

O Código Eleitoral e a legislação extravagante prevêem uma séria imensa de recursos eleitorais, os quais detém notável especialidade em face da legislação processual em geral, pelo que o leitor deve manter absoluta atenção aos detalhes.

O primeiro ponto que chama atenção se liga ao fato de que os recursos eleitorais não terão efeito suspensivo (CE, art. 257), salvo se houver expressa disposição em sentido contrário.

Excepcionam esta regra, porém, (a) a apelação criminal eleitoral contra a sentença condenatória (que suspende a expedição de mandado de prisão, salvo incidência do art. 312 do Código de Processo Penal) e (b) o recurso inominado contra a procedência da ação de impugnação de pedido de registro (AIPRC), que autoriza que o candidato continue sua campanha eleitoral.272

Há quem diga que se trata de recurso também com efeito suspensivo ao contrário da regra geral no Direito Processual Eleitoral, de modo que o candidato recorrente poderá continuar exercendo o mandato cassado, aplicando-se aqui do preceituado no art. 216 do Código Eleitoral, em detrimento do art. 257 do mesmo diploma.273

Predomina, porém, o posicionamento em sentido contrário, entendendo-se que a decisão proferida na AIME tem eficácia imediata, não se aplicando o disposto no art. 216 do Código Eleitoral274 e a suspensividade dela somente poderá ser obtida em casos excepcionais através do uso da ação cautelar.275

Assim, havendo julgamento de procedência na AIME, o candidato cassado será imediatamente afastado do cargo.

2. PRAZOS:

272

Exemplo: “Caso Pedro Wilson” no pleito eleitoral do ano de 2004. 273

Nesse sentido: Joel José Cândido, Direito eleitoral brasileiro, pp. 267-268. 274

TSE, REspe 28.391, 4.03.2008, MC 1833, 28.06.2006 e Ac.-TSE 1.302/2004, 1.277/2004 e 21.403/2003. 275

Caso a lei não estabeleça prazo especial, o recurso eleitoral deverá ser interposto em 3 (três) dias (CE, art. 258).276

São exceções, entretanto, (a) a apelação criminal eleitoral (10 dias, nos termos do art. 362), (b) o recurso em sentido estrito (5 dias, nos termos dos arts. 586 do CPP e 364 do CE), (c) o recurso parcial (que deve ser interposto imediatamente, nos termos dos arts. 165, § 1o, inciso IV e 169, § 2o) e (d) os recursos das decisões sobre direito de resposta e sobre representações baseadas no art. 96, da Lei Eleitoral (24 horas, conforme prescrevem os arts. 58, § 5o e 96, § 8º da Lei 9.504/1997).277

As intimações da via fac-símile durante o período eleitoral deverão ser realizadas exclusivamente na linha telefônica indicada previamente pelo candidato, por ocasião do preenchimento do requerimento de registro de candidatura (Lei 9.504/1997, art. 96-A, com redação da Lei 12.034/2009).

2.1. CONTAGEM DOS PRAZOS:

Aplicam-se as regras gerais do Código de Processo Penal e do Código de Processo Civil para contagem dos prazos processuais eleitorais, pelo que se deve excluir o dia do começo e incluir-se o dia do vencimento (CPC, art. 184), ressalvado o art. 16 da Lei Complementar n. 64/1990278 e eventual disposição em contrário contida em lei ou em resolução do TSE.

2.2. PRECLUSÃO ELEITORAL:

Os prazos processuais eleitorais são preclusivos, de forma que a não impugnação no prazo legal impede recurso subsequente que comportaria a matéria, salvo em se tratando de matéria constitucional (art. 259).

A exceção relativa à matéria constitucional não implica dizer que o recurso poderá ser interposto fora do prazo, “mas apenas que o que nele se deveria conter poderá ser alegado em outro momento processual adequado”, nos termos do art. 259, parágrafo único e da Súmula 11 do TSE.279

3. PRESSUPOSTOS RECURSAIS:

Os pressupostos dos recursos eleitorais são idênticos aos dos recursos em geral (legitimidade e interesse, somado à adequação, recorribilidade,

276

(Magistratura-GO, 2009, prova A01, tipo 004, questão 78) O prazo para interposição de recurso

ordinário e recurso especial contra decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais e de agravo de instrumento contra despacho denegatório de recurso especial é de: (a) 5, 5 e 10 dias, respectivamente; (b)

15, 15 e 10 dias, respectivamente; (c) 3 dias; (d) 3, 5 e 5 dias, respectivamente; (e) 5 dias (a alternativa “c” é

a correta, nos termos do art. 258 do Código Eleitoral).

277

(Magistratura-GO, 2004) Os prazos para recurso contra decisão sobre o exercício do direito de

resposta, contra diplomação, ação de impugnação de mandato e impugnação ao registro de candidatura é de, respectivamente: (a) 24 (vinte e quatro) horas; 03 (três), 15 (quinze) e 05 (cinco) dias; (b)

03 (três) dias; 15 (quinze), 15 (quinze) e 05 (cinco) dias; (c) 03 (três) dias; 24 (vinte e quatro) horas; 05 (cinco) e 15 (quinze) dias; (d) 05 (cinco), 15 (quinze) dias; 24 (vinte e quatro) horas e 03 (três dias) – (no

gabarito oficial, a alternativa “a” é a correta, recomendando-se a releitura do texto principal, e também dos arts. 14, § 10, da Constituição Federal e 3º, caput, da Lei Complementar 64/1990).

278

Por esta norma, o prazo eleitoral poderá se iniciar em fim de semana ou feriado. 279

tempestividade e regularidade formal)280 acrescentando-se, conforme o caso, a necessidade de prévia impugnação (ex.: CE, art. 171281).

Observe-se, contudo, que inexiste exigência de preparo (pagamento de despesas recursais) em se cuidando de recursos eleitorais, conforme entendimento já antigo do Tribunal Superior Eleitoral.282

4. RECURSOS DAS DECISÕES DOS JUÍZES ELEITORAIS:

Admitem-se contra as decisões proferidas pelos Juízes Eleitorais os recursos de (a) apelação criminal eleitoral (art. 362), (b) o recurso em sentido estrito (CE, art. 364 c/c CPP, arts. 581 a 592), (c) o recurso inominado (art. 265) e (d) os embargos de declaração (art. 275).

Permite-se também impugnar tais decisões de 1º grau pelo mandado de segurança, pela ação cautelar e pela revisão criminal (CE, art. 364 e CPP, arts. 621 a 631), que não têm natureza jurídica de recurso, sendo típicas ações autônomas de impugnação.

4.1. APELAÇÃO CRIMINAL ELEITORAL:

A apelação criminal eleitoral encontra-se prevista no art. 362 do Código Eleitoral.

Admite-se a interposição de apelação contra a sentença penal eleitoral, condenatória ou absolutória.

Como já se viu, o prazo para interposição será de 10 (dez) dias, contados da intimação da sentença.

4.1.1. EFEITOS:

A apelação é dotada de duplo efeito, vale dizer, devolutivo e suspensivo.283 Aliás, a apelação é um dos poucos recursos eleitorais com efeito suspensivo, conforme já se acentuou.

4.1.2. FORMA DE INTERPOSIÇÃO:

A apelação deve ser interposta por petição ou termo nos autos. As razões, ao contrário do que ocorre na sistemática do Código de Processo Penal (CPP, art. 600), devem ser ofertadas no ato de interposição do recurso, pois não existe o prazo duplo no Direito Eleitoral (para recorrer e para arrazoar).284

280

Sobre os pressupostos recursais: Aldo Sabino de Freitas, Manual de processo civil, v. 1, pp. 280-283. 281

“Não será admitido recurso contra a apuração, se não tiver havido impugnação perante a Junta, no ato da apuração, contra as nulidades argüidas”.

282

Acórdão n. 2.424-DF, Rel. Min. João Thomaz da Cunha Vasconcellos Filho. 283

Salvo absolutória (CPP, art. 596) ou se presentes os pressupostos de aplicação do art. 312, do CPP. 284

4.2. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO (arts. 364 do Código Eleitoral c/c 581 a 592 do Código de Processo Penal):

O recurso em tela encontra-se previsto nos arts. 581 a 592 do Código de Processo Penal, segundo cabível no processo penal eleitoral por força do art. 364 do Código Eleitoral, inclusive no caso de decretação de extinção de punibilidade.285

O recurso em sentido estrito será interposto no processo penal eleitoral nos casos previstos expressamente no art. 581, do Código de Processo Penal, e no prazo de 5 (cinco) dias (art. 586 do diploma citado).

Quanto ao mais, as regras são as processuais penais (exs.: prazo de dois dias para arrazoar e contra-arrazoar, existência de juízo de retratação etc.), que se encontram nos arts. 581 a 592, do Código de Processo Penal.

O recurso em sentido estrito, ao contrário da maioria dos recursos eleitorais, admite o denominado juízo de retratação (CPP, art. 589), que é uma decisão obrigatória onde o juiz, antes de determinar a remessa dos autos à superior instância, confirma ou retifica (altera) o conteúdo de sua decisão.

4.3. RECURSO INOMINADO (art. 265):

Admite-se comumente a interposição do recurso inominado contra decisão do Juiz Eleitoral que (a) julgar impugnação à nomeação de escrutinadores e auxiliares (art. 39), (b) julgar pedido de inscrição eleitoral processada pelo Código Eleitoral (art. 45, § 7o), (c) julgar pedido de transferência de domicílio eleitoral (art. 57, § 2o), (d) julgar pedido de inscrição eleitoral processado pela Lei 6.996/82 (art. 7o, § 1o), (e) julgar pedido de cancelamento de inscrição e/ou exclusão eleitoral (art. 80), (f) julgar alegação de impedimento e de designação de mesário (arts. 120, § 4o e 121, § 1º, respectivamente) e (g) a reclamação da designação das seções eleitorais (art. 135, § 8o).

Cabe, enfim, recurso inominado nos casos em que o Juiz Eleitoral (h) julgar, por sentença, a ação de impugnação de pedido de registro de candidatura, a ação de impugnação de mandato eletivo e a investigação judicial eleitoral.286

4.3.1. PRAZO DE INTERPOSIÇÃO:

Em regra, o prazo para interposição será de 3 (três) dias, salvo contra atos, despachos ou resoluções das Juntas Eleitorais, casos em que deverá ser interposto de imediato (CE, arts. 169, § 2o e 265, par. único).

4.3.2. JUÍZO DE RETRATAÇÃO:

Havendo a interposição do recurso inominado, o juiz poderá sempre modificar a sua decisão (CE, art. 267, § 7º), isso em face da existência do denominado efeito regressivo ou juízo de retratação.

285

Nesse sentido: TJMG, RC 1792008, Rel. Sílvio de Andrade Abreu Júnior, julgado em 29.04.2008. 286

Não há espaço para esse juízo de retratação, porém, quando o recurso inominado for interposto contra decisão proferida pelas Juntas Eleitorais (CE, art. 169).

4.3.3. RITO:

O recurso em questão será interposto, independentemente de termo, por petição devidamente fundamentada e instruída, se for o caso, com documentos, dirigida ao Juiz Eleitoral (art. 266).

Recebendo o recurso, o Juiz Eleitoral intimará o recorrido para, no mesmo prazo de interposição do recurso (geralmente três dias), apresentar contra-razões, acompanhadas, ou não, de novos documentos (art. 267, caput).

Ocorrendo a juntada de documentos pelo recorrido, o recorrente, naturalmente, terá nova vista dos autos para manifestação em 48 (quarenta e oito) horas (art. 267, § 5o).

Ato contínuo, os autos serão conclusos para que o Juiz Eleitoral mantenha ou reforme sua decisão, no exercício do denominado “juízo de retratação” (art. 267, § 6o). Caso reforme a decisão recorrida, “poderá o recorrido, dentro de 3 (três) dias, requerer suba o recurso como se por ele interposto” (art. 267, § 7o).

Não reformando, remeterá os autos ao Tribunal Regional Eleitoral respectivo no prazo de 48 (quarenta e oito) horas (art. 267, § 6o, primeira parte).

4.4. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO (art. 275):

4.4.1. PRAZO E CABIMENTO:

Deverão os embargos declaratórios ser opostos em 3 (três) dias (art. 275, § 1º), toda vez que houver obscuridade, dúvida, contradição ou omissão na decisão ou sentença do juiz objurgada.

4.4.2. EFEITO:

Em que pese o disposto no art. 275, § 4o, do Código Eleitoral, prevalece que os embargos de declaração na Justiça Eleitoral “interrompem” o prazo para a interposição de outros recursos, salvo se manifestamente protelatórios e assim declarados na decisão que os rejeitar.287

Este entendimento, que se baseia em analogia ao art. 538, do Código de Processo Civil, foi esposado pelo Tribunal Superior Eleitoral já por diversas vezes.288

5. RECURSOS DAS DECISÕES DA JUNTA ELEITORAL:

287

Além disso, os embargos protelatórios sujeitam o embargante à multa prevista no art. 538 do Código de Processo Civil (TSE, ac. 2.105, de 23.5.2000).

288

As decisões da Juntas Eleitorais podem ser impugnadas por meio (a) de recurso inominado (art. 169), (b) de recurso parcial (art. 261) ou (c) de recurso contra a diplomação (art. 262).

5.1. RECURSO INOMINADO:

O recurso inominado em tela tem exatamente a mesma disciplina do recurso inominado que ataca as decisões dos Juízes Eleitorais, exceto no que tange ao prazo, à forma de interposição e à inexistência juízo de retratação.

Pois bem. O recurso inominado contra decisão proferida pela Junta Eleitoral (a) não tem prazo, devendo ser interposto imediatamente, logo que vislumbrado o prejuízo (art. 169, § 2º); (b) a interposição pode ser verbal ou por escrito, sendo as razões obrigatórias, devendo ser ofertadas em 48 (quarenta e oito) horas, sob pena de não seguimento (arts. 169, § 2º, in fine e 265, par. único).

Além disso, (c) não se admite no recurso aludido contra decisão da junta a exaração do juízo de retratação.

5.1.1. CABIMENTO:

O recurso em exame será admissível, residualmente, em todo e qualquer caso resolvido pela Junta Eleitoral que não se referir às urnas, cédulas ou seus conteúdos, pois nestes casos caberá recurso parcial.

Autoriza-se, pois, a sua interposição de decisão que resolver impugnações e demais incidentes verificados durante os trabalhos de contagem e da apuração (arts. 40, II e 195, inciso V); do descredenciamento de fiscal; dos atos que cerceiem a atividade fiscalizadora dos partidos; quando não expedir a Junta os boletins de apuração mencionadas no art. 179 (art. 40, III) etc.

5.2. RECURSO PARCIAL (CE, arts. 169 e seguintes, e 261):

5.2.1. PRAZO E ADMISSIBILIDADE:

O recurso parcial contra decisão da junta eleitoral deverá ser interposto imediatamente, logo que constatado prejuízo referente a apuração de urnas, cédulas e seus conteúdos.289

5.2.2. FORMA:

A interposição deverá ser por escrito ou verbalmente.

A apresentação de razões é obrigatória e deve obedecer ao prazo de 48 (quarenta e oito) horas, sob pena de não seguimento (arts. 169, § 2o e 265, par. único).

O parecer recursal do Ministério Público Eleitoral junto à primeira instância também poderá ser oral.

289

5.2.3. RITO:

Formulada a inconformidade – por escrito ou verbalmente –, autua-se a mesma com a cédula, com a cópia do boletim de urna e com uma sumária certidão onde conste o motivo da impugnação, a síntese do parecer do Ministério Público e a decisão (CE, art. 169, § 4º).

5.3. RECURSO CONTRA DIPLOMAÇÃO (CE, art. 262):

Como o próprio nome está a indicar, trata-se de um “recurso” que

visa atacar um ato administrativo, que é a diplomação, o que se pode fazer com base em alegação de inelegibilidade infraconstitucional superveniente ao pedido de registro, inelegibilidade constitucional, erro na aplicação do sistema proporcional ou até no caso de captação de sufrágio (CE 262).

Conquanto tenha tratamento de recurso, o RCD (recurso contra diplomação) tem natureza jurídica de “ação eleitoral de cunho impugnativo à diplomação”,290 e assim deve ser porque esta (a diplomação) não é uma decisão judicial, mas um ato administrativo.

Assim, por meio do RCD, ataca-se originariamente o ato administrativo de diplomação.

É tradicional o ensinamento de que o recurso contra diplomação exige como pressuposto a exibição pelo recorrente, já no ato de interposição, da prova

pré-constituída do fato gerador alegado,291 o que pode ser obtido em investigação judicial eleitoral, ainda que não transitada em julgado.292

Vem se entendendo, contudo, que não somente cópia dos autos de investigação judicial podem servir como prova pré-constituída para interposição de recurso contra a diplomação, mas qualquer outra já formada em outros autos, “sem que haja obrigatoriedade de ter havido sobre ela pronunciamento judicial ou trânsito em julgado”.293

Entretanto, registre-se que mais modernamente tem-se visto na jurisprudência julgados que dispensam a exibição de prova pré-constituída no recurso contra diplomação.294

290

Roberto Moreira de Almeida, Curso de direito eleitoral, p. 438. 291

Nesse sentido: TSE, REsp 19.518, Rel. Min. Luiz Carlos Madeira e TRE-GO, Recurso de Diplomação 115.122.2001, Rel. Dr. Sílvio Mesquita, j. 04.03.2002.

292

TSE: “Recurso especial eleitoral. Recurso contra expedição de diploma. A hipótese do art. 262, inciso IV, do Código Eleitoral, pressupõe prova pré-constituída em investigação judicial eleitoral (LC n. 64/90, art. 22), independentemente de decisão transitada em julgado” (REsp 19.518, Rel. Min. Luiz Carlos Madeira). 293

TSE, Resp 19.568, Rel. Min. Fernando Neves, de 12.03.2002, onde se fixou também o entendimento de que a “declaração de inelegibilidade com trânsito em julgado somente será imprescindível no caso de o recurso contra a diplomação vir fundado no inciso I do art. 262 do Código Eleitoral, que cuida da inelegibilidade” (Boletim do TRE-GO n. 54); no mesmo sentido: TRE-GO, Processo 179.512.2004, Rel. Dr. Eládio Augusto Amorim Mesquita, julgado em 25.04.2005 e Processo 179.703.2004, Rel. Dra. Carmecy Rosa Maria Alves de Oliveira, julgado em 04.05.2005.

294

Nesse sentido: na doutrina, Ney Moura Teles, Novo direito eleitoral, teoria e prática e, na jurisprudência, TRE-GO, Processo n. 179.512.2004, Rel Dr. Eládio Augusto Amorim Mesquita, julgado em 25 de abril de 2005.

5.3.1. EFEITO:

O recurso contra a diplomação não possui efeito suspensivo, de sorte que a sua interposição não implicará em qualquer impedimento ao exercício do mandato pelo recorrido (CE, art. 216).

5.3.2. LEGITIMIDADE:

Detém legitimidade para interpor o competente recurso contra a diplomação apenas os partidos políticos, as coligações, os candidatos e o Ministério Público Eleitoral.

O eleitor não tem legitimidade para apresentar aludida forma de impugnação porquanto o art. 3o da LC nº 64/1990 revogou a autorização contida no art. 97, § 3o do Código Eleitoral.

Em que pese isso, poderá o eleitor, após ciência do fato, prova ou circunstância que sirva de fundamento para o recurso, informar ao Juiz Eleitoral ou ao Ministério Público Eleitoral para providências, fazendo uso do Direito Constitucional de Petição (CF, art. 5o, inciso XXXIV, alínea ‘a’).295

Caso o Juiz Eleitoral, diante da denúncia, não tomar providências, poderá o eleitoral repetir o “direito de petição” junto ao Tribunal Regional, ao Tribunal Superior Eleitoral e até ao Supremo Tribunal Federal.296

5.3.3. HIPÓTESES DE ADMISSIBILIDADE:

Cabe recurso contra a diplomação (a) quando presente inelegibilidade ou incompatibilidade de candidato, (b) quando ocorrer errônea interpretação da lei quanto à aplicação do sistema de representação proporcional, (c) se ocorrer erro de direito ou de fato na apuração final, quanto à determinação do quociente eleitoral ou partidário, contagem de votos e classificação sob determinada legenda e, ainda, (d) quando houver concessão ou denegação do diploma, em manifesta contradição com a prova dos autos, nas hipóteses do art. 222 do Código Eleitoral (vício de falsidade, fraude, coação, interferência do poder econômico ou abuso de poder de autoridade) e do art. 41-A, da Lei 9.504/1997 (captação vedada de sufrágio).

O rol em tela, segundo entendimento jurisprudencial, é taxativo, não admitindo analogia.297

5.3.4. DIVERGÊNCIA DOUTRINÁRIA:

Para Cândido, o campo de incidência ficou restringido após a LC 64/1990, com a introdução da “ação de impugnação de mandato eletivo”, que cuidará dos casos de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude.

Para Torquato Jardim não houve diminuição do âmbito de aplicabilidade, contudo, nos casos previstos para a ação, o recurso perde no que tange ao

295

Nesse sentido: Cândido, Direito eleitoral brasileiro, pp. 239-240. 296

Cf. TSE, Ac. 12.375, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJU 21.09.92. 297

prazo de interposição (três dias contra quinze dias), e ainda, no que pertine à exigência da prova pré-constituída dos fatos que ensejarem a sua propositura, opinião mais correta e que tem prevalecido.

5.3.5. RITO E PRAZO DE INTERPOSIÇÃO:

O recurso em questão deverá ser interposto em 3 (três) dias após a contar da diplomação (art. 258), mas não haverá intimação para tal mister.

A interposição do recurso contra a diplomação neste caso (de eleições municipais) se dará junto ao Juízo Eleitoral (protocolo da zona eleitoral respectiva).

Havendo interposição, o Juiz Eleitoral fará o primeiro juízo de admissibilidade sobre o recurso (analisará a tempestividade, o interesse, a legitimidade etc.) e, na seqüência, sendo o caso de recebimento, abrirá vista dos autos para a oferta de contra-razões pela parte recorrida (também em três dias).

Após isso, remeterá os autos ao Tribunal Regional Eleitoral para processo e julgamento.298

6. RECURSOS DAS DECISÕES DO TRE:

Poderão as decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais ser impugnadas (a) por recurso parcial, (b) recurso contra a diplomação, (c) recurso inominado, (d) recurso especial, (e) recurso ordinário e (f) agravo.

Admite-se ainda a interposição de embargos de declaração (art. 275) e revisão criminal, que não são recursos no sentido técnico, mas, como se viu, simples incidente da fase recursal e ação autônoma de impugnação, respectivamente.

Convém desde logo ressaltar que, ao contrário do que ocorre com as Justiças Comuns (Estadual e Federal), não cabe recurso do Tribunal Regional Eleitoral diretamente ao Supremo Tribunal Federal, sendo obrigatória a “passagem” do inconformismo pelo Tribunal Superior Eleitoral.

6.1. RECURSO PARCIAL (art. 261, § 1o):

298

(Magistratura-GO, Concurso de 2007, questão 093) Marque a alternativa correta. Estando de posse

das provas necessárias, o Promotor Eleitoral de certo município pretende interpor Recurso contra Diplomação do candidato a Prefeito eleito e recém diplomado. Esse recurso: (a) Deverá ser interposto

perante o Juízo da Zona Eleitoral respectiva, onde será processado e julgado; (b) Deverá ser interposto perante o Tribunal Regional Eleitoral, pelo Procurador Regional Eleitoral, onde ser processado e julgado; (c) Deverá ser interposto perante o Juízo da Zona Eleitoral respectiva, onde será processado, mas será remetido ao Tribunal Regional Eleitoral para julgamento; (d) Deverá ser interposto perante o Juízo da Zona Eleitoral respectiva, que o remeterá imediatamente ao Tribunal Regional Eleitoral, a fim de ser processado e julgado

(a alternativa “d” é a correta no gabarito oficial, devendo-se ter atenção apenas para o fato de que o Juiz Eleitoral, antes de enviar o Recurso contra Diplomação para o TRE, deve dar oportunidade para a oferta de contra-razões pelo recorrido, como se encontra dito no texto principal da apostila).

Poderá o recurso parcial ser interposto contra as decisões do Tribunal Regional Eleitoral – dirigido ao Tribunal Superior Eleitoral – em apuração de eleições estaduais ou federais que versem sobre votos, cédulas e urnas.

No mais, aplicam-se as regras já estudadas quanto ao recurso parcial contra decisão das Juntas Eleitorais de primeiro grau de jurisdição.

6.2. RECURSO CONTRA DIPLOMAÇÃO (art. 276, inciso II, alínea ‘a’ e § 1o):

Esta forma de irresignação segue exatamente a mesma regulamentação do recurso contra diplomação operada pelas Juntas Eleitorais de primeiro grau de jurisdição, à qual se remete o leitor do presente trabalho.

Note-se, porém, que a diplomação impugnada pelo recurso em questão somente poderá ser a de senadores, suplentes, governador, vice-governador, deputados, justamente as de competência dos Tribunais Regionais Eleitorais.

Segundo ensinamento de Joel José Cândido, no caso dos Tribunais Regionais Eleitorais, propõe-se “o Recurso Contra a Diplomação por Recurso Ordinário, em 3 dias, conforme o art. 276, inciso II, ‘a’, e § 1o, do Código Eleitoral”.299

6.3. RECURSO INOMINADO (art. 264):

O recurso inominado ora examinado será interposto em 3 (três)