• Nenhum resultado encontrado

AS NARRATIVAS

No documento Download/Open (páginas 31-39)

1 CATEGORIAS E MÉTODOS DE ABORDAGEM DO TEXTO

1.2 AS NARRATIVAS

O Evangelho de Marcos é um texto narrativo, por isso, ao referencial de gênero e exegese feminista, acrescentam-se dois recursos de acesso a textos: a narratologia e a análise do discurso. O primeiro é discutido nesta seção, o segundo na próxima.

Uma narrativa, mais do que simplesmente comunicar acontecimentos, apresenta uma forma diferente de aprender, interpretar e entender a realidade que não está necessariamente amarrada em conceitos. Ela torna um evento ou uma série deles acessíveis a uma comunidade mais ampla e transmite valores e acontecimentos fundamentais para a experiência humana. Traduz realidades profundas em forma descritiva, espacial e sensível, fazendo visualizar, em linguagem popular, experiências arquetípicas do ser humano e valores absolutos. Assim, ela parte da experiência e gera comunidade, uma vez que consegue estabelecer um vínculo entre o narrador e o ouvinte/leitor. Seus elementos constitutivos fundamentais são enredo, rede de personagens, concepção de tempo, gestão de espaço, sistema de valores e código de comunicação, no entanto, é mais do que o que aparece explícito, ela se tece de ditos e não ditos, seu tempo avança e retrocede, pois seu olhar se volta para o evento de preferência do narrador (LIBANIO, 2011, p. 7-14).

Esse vínculo comunitário estabelecido pela narrativa, que é ainda maior quando a recepção é feita de forma conjunta, depende de um código de comunicação estabelecido pela cultura que se alimenta do sistema simbólico do grupo social. As metáforas, imagens e mitos enriquecem a linguagem narrativa ao prolongar os símbolos culturais. Portanto, “mitos de origem, genealogias e etiologias, e narrativas, por exemplo, são mecanismos de construção do outro e do si mesmo” (ZABATIERO e LEONEL, 2011, p. 185). Percebe-se então que a narrativa está profundamente enraizada na cultura e no sistema simbólico do povo que a origina e a quem se destina.

Considerando que a narrativa que abordamos é apresentada na forma de texto escrito, faz sentido o que Malbon e Anderson (1993, p. 241, 242) afirmam:

A crítica literária considera o texto como uma abstração que representa o centro de um evento comunicativo: um “autor” apresenta “o texto” para uma “audiência” em um dado “contexto”. [...] Textos são parte de um vasto sistema de significados que é a cultura. Um texto reflete a cultura que o produziu, e cultura é um “texto” para ser interpretado. O mesmo é verdade para subjetividade e para identidades de gênero. A crítica cultural é considerada centro da atividade crítica.

Para Marguerat e Bourquin (2009, p. 11,12), uma narrativa não apenas transmite fatos, mas constrói um mundo narrativo, com códigos e regras de funcionamento, dentro do qual, ações são conectadas entre si em relação de causalidade seguindo uma determinada temporalidade. Para isso, conta com agentes e um enredo que integra a cadeia de peripécias em uma unidade. Esse enredo é estruturado pela causalidade-consecução das ações em jogos de causa e efeitos.

De acordo com Bakhtin (1981, p. 84-85), a narrativa é uma forma de enunciação cuja organização, com seus objetivos, demanda uma noção de tempo e espaço que depende da cosmovisão da sociedade onde surge o texto. É o cronotopo, que é a forma como a conexão espaço-tempo é colocada na literatura, que organiza os eventos fundamentais da narrativa e estabelece uma ligação entre o mundo real e o mundo representado na narrativa, conduzindo o seu significado e determinando a imagem do homem na literatura. Por isso, o cronotopo também denota a ideologia da narrativa junto com os gêneros de discurso e a sequência de fatos.

A concepção de narrativa de Ricoeur (1994, 1995, 1997) é de um ato comunicativo, logo, interpretativo, levado a termo através da linguagem pela imaginação produtora3 e que reflete a experiência temporal humana, como conjunto

das ações. Ela é componente do discurso humano na operação de significação do mundo. A narrativa surge de uma espécie de imitação das ações vivenciadas e das memórias do mundo cultural e, por isso, é uma forma de compreender e significar o mundo e a sua temporalidade. Como parte da imaginação, tem um aspecto ficcional, não sendo a simples reprodução dos acontecimentos. A noção de imitação não pode ser encarada como a simples reprodução dos conteúdos significados, mas ela dá espaço à ficção no qual o mundo se torna o objeto da arte de compor.

Aprofundando essa noção, temos que a narrativa, por ser comunicativa, exige o contato com o outro, a vontade de comunicar algo a ele e a especulação sobre a sua reação. Com isso, compreende um contrato, o compartilhamento de símbolos comunicativos, onde a narrativa pode transmitir e se fazer compreender porque há um terreno comum. Ao mesmo tempo, exige esse contato dialético com a alteridade que coloca as noções pessoais à prova.

Para Ricoeur (2006, p. 118, 119), numa narrativa, o tecer da intriga serve de mediação entre os diversos acontecimentos ou peripécias, tirando uma história inteligível a partir deles. Fornece aos elementos heterogêneos reunidos o estatuto de uma unidade dinâmica que responde à pergunta: ‘o que se está contando?’. A partir desse conceito, um acontecimento dentro de uma narrativa é, portanto, mais que uma ocorrência singular e precisa ser caracterizado por sua contribuição à progressão da intriga. Os elementos heterogêneos são os componentes da narrativa: estilo, circunstâncias, atores, interações, meios, espaços, resultados acidentais. Por isso, a análise da narratividade e a narratologia são difíceis de separar.

O tecer uma intriga faz a mediação à temporalidade própria da composição, que mistura a sucessão pura de peripécias e o ato configuracional da narração, tornando-as um conjunto. Assim, a criação de um todo temporal se coloca entre o tempo como passagem e como duração, criando uma identidade temporal. É a relação de temporalidade, onde os fatos são dispostos, que configura a noção de

3 Imaginação produtora “é a competência de produzir novas espécies lógicas, por assimilação

predicativa, a despeito da resistência das categorizações usuais da linguagem” (RICOEUR, 1994, p. 10), ou seja, a capacidade que o sujeito possui de pôr em prática uma nova pertinência semântica a partir da própria pertinência anterior.

causalidade entre esses fatos. A configuração de uma narrativa se dá em três etapas relacionadas com a vivência temporal humana. A mimese I, refere-se à memória, seria o mundo prefigurado. Este passa a ser configurado no texto no processo de mimese II, que se refere ao tempo da ação. Para, enfim, ser refigurado pela apropriação do leitor na mimese III, que se refere à espera ou às expectativas (RICOEUR, 1994). As expectativas possibilitam que o receptor faça associações entre o seu mundo cultural e as especulações inseridas na narrativa de forma que gere imagens antecipatórias a respeito da narrativa, que interferem na sua apreensão e interpretação da história.

Essa extensão temporal entre passado, presente e futuro existente numa narrativa é disposta no tecer da intriga por meio de alguns elementos: a verossimilhança, os personagens, a peripécia, o efeito surpresa, o reconhecimento e a catarse. Estes elementos fazem com que a narrativa seja um todo concordante- discordante, isso quer dizer que na narrativa aparecem elementos que não concordam, mas todos são conduzidos no ato configuracional a um estado final.

Ricoeur (1995) entende o verossímil como a capacidade de narrar aquilo que se faz possível de acontecer no mundo da história. Não é uma simbolização do verdadeiro, mas indica um mundo fabulado cheio de sentido no qual se dá a narrativa. Como toda obra tem um aspecto ficcional, a categoria da verossimilhança não trata da verdade, mas de fazer um leitor implicado acreditar no que se conta.

Peripécia, efeito surpresa e reconhecimento são componentes dos jogos de inversão, ou da trama, que levam personagens de uma situação à outra. Essa mudança de situação leva tempo, o tempo da história que é diferente do tempo da situação real. Esse tempo é preenchido na sequência de ações pelos jogos de inversão, que regulam a extensão da história. São esses efeitos de inovação da trajetória da história que fazem com que ela fique interessante para o receptor e também verossímil. A peripécia é a inserção de obstáculos ou agentes contrários que impedem ou atrasam a conclusão da ação. O efeito surpresa são golpes do acaso fora das expectativas, não necessariamente inversos ao destino final dos personagens. Já o reconhecimento é a transformação da ação entre seu início e seu fim.

O efeito de catarse é entendido como a identificação do leitor/receptor com a situação narrada, unindo cognição, imaginação e sentimento. São emoções, como piedade e terror, que, ao mesmo tempo que são geradas pela narrativa, permitem a

sua compreensão. É um efeito figurado pelo autor no seu ato configuracional (mimese II) tendo em vista um leitor/receptor implicado (mimese III) (RICOEUR, 1994, 1997).

Para entender a narrativa, é preciso perceber que o trabalho imaginativo não parte do nada, mas se liga aos paradigmas já construídos e a uma tradição. O passo seguinte é identificar os paradigmas sedimentados e inovações com os quais a narrativa tem uma relação diversificada. O trabalho imaginativo parte da significação anterior dada à memória em uma dialética entre o novo e antigo. Essa compreensão historiciza o ato comunicacional. A identidade de uma obra seria, então, o ponto de equilíbrio entre os processos de sedimentação e inovação. Além disso, a identidade de uma narrativa está além do texto, emerge da interação entre o mundo do texto, aquele apresentado pela ficção diante de si mesma, e o mundo do leitor/receptor, o mundo efetivo no qual a ação real se desvela. Se por um lado, os paradigmas recebidos fornecem uma estrutura às expectativas do leitor/receptor, ajudando-o a identificar a regra formal, gênero ou tipo da história narrada, por outro lado, é o ato da leitura que atualiza a sua representação, acompanhando o jogo entre a inovação e a sedimentação dos paradigmas e preenchendo as lacunas e indeterminações da narrativa (RICOEUR, 2006, p. 124-129). O que é comunicado em um texto, além da sua significação interna, é “o mundo que se projeta e o horizonte que se constitui” (RICOEUR, 2006, p. 129).

É necessário também entender que a significação de uma narrativa como o Evangelho de Marcos se dá dentro da linguagem religiosa. Esta tem como referente a redescrição de experiências limites da realidade vivencial humana (morte, sofrimento, culpa, mas também plenitude, alegria, criação)4. Por isso, tem forte

capacidade de reorientar a vida através de um engajamento total do ser humano. (RICOEUR, 2006b, p. 204-211).

As narrativas bíblicas intensificam alguns traços do conjunto das narrações por pertencerem à classe das narrativas sagradas, pois, em sua identidade narrativa, constituem a identidade da comunidade que as contam e re-contam. Elas

4 Para Croatto (2010, p. 198) a linguagem religiosa se faz nos mitos, rituais, orações, relatos

históricos, linguagem sapiencial etc. Ela tem presente em si o pensamento humano mais antigo e fala de “sua origem e destino, de seu lugar no cosmo, do sentido da vida e suas vicissitudes, do mundo e das coisas. São perguntas metafísicas respondidas com linguagem religiosa. O ser e o sentido estão no centro da experiência religiosa. No símbolo e no mito os grandes temas do ser humano se fazem palavras e relatos” (grifo do autor). Nesse sentido, apresenta o mesmo raciocínio de Ricoeur com respeito ao referente da linguagem religiosa.

enraízam o discurso teológico na linguagem ordinária. Além disso, elas são tradicionais, se fizeram autoridade e são também litúrgicas, pois alcançam significação quando reativadas em contextos cultuais. Narrativas bíblicas têm uma quase historicidade, elas ignoram a distinção entre ficção e história. Ao mesmo tempo, elas não possuem o clima de invenção e nem a pretensão de ser evidência documental. Ao lado disso, são compostas de diversos modos de discurso, narrativo ou não, como leis, profecias, ditos sapienciais, hinos etc., que levam a transição entre o discurso narrativo e o discurso explicitamente teológico (RICOEUR, 2006a, 290-297).

Segundo Ricoeur, a forma em que se dá a narrativa, um evangelho, é o terreno comum e limitado de inter-significação em que se deve considerar os diferentes tipos de discurso (creias, controvérsias, parábolas, episódios de cura, e seu ápice na narrativa da Paixão) em convergência de significação entre ações e palavras em termos de mútua interpretação que contém também uma interferência simbólica (RICOEUR, 2006b, p. 190-191).

Das ideias de Ricoeur, percebe-se que as narrativas bíblicas apresentam uma autoridade numinosa geradora de sentido que faz com que homens e mulheres tenham seus parâmetros como modelo de comportamento e de identidade. Os textos evangélicos são, até hoje, orientadores da vida social e religiosa de comunidades cristãs, moldando uma identidade narrativa comunitária a partir dos referentes da linguagem religiosa. Definem valores e relações a partir do paradigma colocado pela figura de Jesus. Jesus é apresentado nos evangelhos canônicos como um ser humano fantástico, que se faz a própria interferência de Deus na história e cujas práticas de relacionamento baseadas no agrupamento comunitário, no ensino, curas e exorcismos, recuperam a identidade daquelas pessoas que o encontram e o recebem. Ele as livra de diversas situações de opressão, seja sócio- econômica, de gênero, religiosa ou física e estabelece assim um novo modelo relacional5.

Com respeito a abordagens acadêmicas das narrativas em geral, Ricoeur (2006, p. 119-124) afirma que a inteligibilidade narrativa tem mais afinidade com a sabedoria prática que com a razão teórica. A narratologia é uma simulação da

5 No seu livro El milagro de las manos (2011, p.102-112) (O milagre das mãos), Richter Reimer

elabora a questão do ‘modelo de ação’ para esse novo modelo relacional a partir da análise das curas descritas nos evangelhos: o processo de buscar e deixar-se tocar; uma acolhida animadora a partir de uma dinâmica de reconhecimento e a criação de espaços de solidariedade.

inteligência da narrativa e desloca o interesse do nível da mensagem para o nível do código. Ela é um discurso de segunda ordem, tem o mesmo nível de racionalidade de outras ciências da linguagem. A narratologia é um corpo estranho à inteligibilidade das próprias narrativas. Porém, esse recurso aos procedimentos analíticos é um desvio que, partindo da compreensão ingênua, através da explicação, está a serviço de uma compreensão mais amadurecida e instruída.

Em busca desse tipo de compreensão sobre a narrativa completa de Marcos, este trabalho fará uma análise de sua narrativa, buscando compreender o funcionamento desses elementos configurantes (tempo, espaço, personagens, circunstâncias, estilo, jogos de inversão, catarse). Para isso, busca-se recursos na narratologia.

Elizabeth Struders Malbon (1993, 2000) traz uma teorização sobre a utilização da narratologia para o Evangelho de Marcos. Segundo a autora, uma vez que os métodos histórico-críticos, em busca de fontes, problemas redacionais e evoluções das narrativas, tiveram como consequência a fragmentação do texto bíblico, a resposta a isso veio com os métodos literários. Estes focam na unidade do texto em si, em busca do seu significado interno, que é relacional. Logo, elementos narrativos são investigados como sistemas de relações.

Há diferenciação entre história e discurso contidos em uma narrativa. A história indica o conteúdo da narrativa (eventos, personagens e a sua interação como trama), enquanto o discurso indica como a história é contada, ou seja, a retórica utilizada na narrativa. O discurso é o local da interação entre duas criações do autor real, que é a pessoa que concebe a história a ser narrada. Essas criações são o autor implícito, que é a figura que apresenta a história, a imagem que o autor real deseja passar, e o leitor implícito, que é o destinatário ideal a quem entrega a mensagem. Existe ainda o narrador (quem narra a história não é necessariamente o autor implícito, podendo ser um personagem ou uma terceira pessoa) e o narratário (quem recebe a história do narrador, este não é necessariamente leitor, pois a história pode ser elabora de forma que outra figura o receba). Assim o modelo esquemático de uma narrativa seria: Autor real -> Autor implícito -> narrador -> narratário -> leitor implícito -> leitor real (MALBON e ANDERSON, 1993, p. 249). Sendo que alguns desses papéis podem se sobrepor quando esta for a intensão do autor real. Por exemplo, para Rhoads, Dewey e Michie (1999), que fazem uma análise narratológica do Evangelho de Marcos como um todo, o autor real, o autor

implícito e o narrador não são distinguíveis no Evangelho de Marcos, assim como o narratário e o leitor implícito.

Os elementos-chave para a crítica da narrativa são o cenário (espacial e temporal), personagens, trama e retórica. O cenário é o ‘onde?’ e ‘quando?’ da narrativa, define a localização espacial e temporal da mesma. Interessa o valor simbólico ou a conotação das marcas espaciais e temporais. A retórica é a arte da persuasão, no caso do Evangelho é uma retórica narrativa, um ‘como a história é contada’, fazendo justaposição de cenas com o uso do contraste, comparação e repetição, além de símbolos e de perguntas retóricas que permanecem com a audiência. A trama é o ‘o quê?’ e o ‘por quê?’ da narrativa. A trama é uma sequência ordenada de ações e eventos. Os evangelhos não dependem de intrigas e suspense para suas tramas. Suas tramas são desconhecidas, mas os principais eventos têm certa inevitabilidade divina. O que é intrigante nos Evangelhos é o entrecruzamento das linhas dos dois maiores grupos de personagens baseados na sua resposta a Jesus, cuja história é a linha central: os líderes religiosos judaicos e os discípulos (e discípulas). Dentre esses dois grupos principais, os autores convidam a audiência a se identificar com os discípulos em seu engajamento e em seus problemas para entender Jesus (MALBON e ANDERSON, 1993, p. 247).

Os personagens são os atores das ações da trama, aqueles cuja a história é narrada. São trazidos à vida para o leitor implícito pelo autor implícito. A caracterização pode ser dita diretamente pelo narrador ou mostrada no caminhar da narrativa. Percebe-se os personagens pelo que dizem e fazem e pelo que os outros dizem e fazem em relação a eles. No caso do Evangelho de Marcos, seus personagens são mais revelados pelo desdobrar da ação do que por descrições diretas. Os personagens podem trazer uma ou várias características ou traços. Pela quantidade e evolução desses traços são chamados de personagens planos (simples e consistentes) ou redondos (complexos e dinâmicos). A maioria dos personagens dos evangelhos é plana, unidimensional. Apenas Jesus e os discípulos são redondos e multidimensionais, com possibilidades de desenvolvimento. É bem convencional da literatura antiga a caracterização por tipos. No caso do Evangelho de Marcos, isso é feito pela apresentação de grupos contrastantes (MALBON e ANDERSON, 1993, p. 247; MALBON, 2000, p. 9-12).

Com esse trabalho conjunto de análise narratológica e narratividade e de gênero, deseja-se mostrar que ao construir uma nova identidade narrativa para uma

comunidade de fiéis, o Evangelho de Marcos tem entre as suas características novas concepções de relação de gênero que são descritas no conjunto das perícopes em que as mulheres aparecem. Ali, no referente da situação extrema, seja a busca por cura, seja a morte, ou ainda na entrega de vida em favor de um novo projeto de sociedade, as mulheres e Jesus são reconhecidos como modelos e um efeito patético é esperado com relação aos receptores.

1.3 A LINGUAGEM EM MOVIMENTO NO TEXTO: DISCURSO IDEOLÓGICO,

No documento Download/Open (páginas 31-39)