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Capítulo II – O curso de Capoeira para os professores

2.5. As primeiras aulas

No primeiro encontro, como descrevi anteriormente, foi realizada a aplicação do questionário e após isso houve a minha apresentação como pesquisadora, a apresentação dos professores e, por fim, a do mestre de capoeira convidado, o Mestre Tulé.

Como a parte das apresentações tomou bastante tempo, pois todos os presentes manifestaram-se, restou-nos pouco tempo do encontro e decidimos exibir o documentário “Capoeiragem na Bahia”, produzido pela TV Educativa da Bahia, em 2000. Esse documentário apresenta um pouco da história da Capoeira no Brasil e dá ênfase na sua manifestação na Bahia, descrevendo as etnias de escravos que foram levados para trabalhar nas cidades baianas, o desenvolvimento da Capoeira através dos anos, o processo de sua reinvenção pelos mestres baianos, os depoimentos de pessoas que acompanharam esse processo e a situação na qual a Capoeira encontra-se na atualidade, mencionando aspectos de sua internacionalização.

Devido ao tempo escasso, após a apresentação do documentário, não foi possível realizar uma discussão sobre os assuntos tratados. Entretanto, no encontro seguinte, alguns professores pediram-me que fizesse a cópia do documentário, pois gostariam de revê-lo e acreditavam que, talvez, ele pudesse ser um assunto nas aulas.

O segundo encontro ocorreu em 16 de março de 2007. Nessa data, o Mestre Tulé não pode comparecer. Após o planejamento prévio das atividades realizadas junto com ele, quem assumiu a aula fui eu. Havia chovido muito no período da tarde nesse dia e optei em ministrar o encontro em uma sala, nas dependências da FEF. Devido a esse fato, houve uma mudança no planejamento realizado e, ao invés de abordar o início do ensino da ginga,

trabalhei com textos diversos que abordavam fatos históricos da Capoeira e também, lendas do universo capoeirístico. Os textos trabalhados foram retirados das revistas Toques de Angola (2004), Capoeira (1998) e Praticando Capoeira (1998).

Minha intenção era a de continuar tratando do contexto histórico da Capoeira e cotejá-lo com os mitos e lendas existentes no mundo capoeirístico, de modo que os professores identificassem esses mitos e lendas nas cantigas de Capoeira, nas quais são recorrentes.

Assim, a dinâmica apresentada à turma era que em grupos, de aproximadamente cinco pessoas, os professores-alunos iriam organizar uma dramatização que abordasse o que foi lido por eles. Cada grupo estaria responsável pela leitura de um artigo ou crônica que tratava de algum personagem importante da Capoeira, fosse esse personagem uma lenda ou alguém que de fato teve sua história recontada por pesquisadores com base em fatos históricos.

Após a distribuição dos textos, os grupos fizeram a leitura e os ensaios. Depois de duas horas e quinze minutos de trabalho iniciaram-se as apresentações.

O primeiro grupo apresentou a história da rainha Nzinga, ou como também é conhecida, rainha Jinga. O texto de Francisco Bezerra (2004) relata o perfil de Nzinga e contextualiza o momento histórico no qual viveu essa poderosa soberana de Ndongo e Matamba (vide anexo 01). Nascida no séc. XVI, Nzinga destacou-se por ser descendente de uma família de governantes poderosos (apesar do termo “Rainha Nzinga”, não se deve ter como referência o sistema monárquico ocidental para definir o sistema governamental das comunidades africanas no séc. XVI, pois as conjunturas econômicas e sociais eram totalmente diferentes) e teve um papel muito importante na defesa de interesses comerciais de seus reinos nas relações com os traficantes de escravos e comerciantes portugueses.

Sua fama de hábil diplomata fez com que seu nome fosse escolhido para designar o movimento mais característico da Capoeira, a ginga. Isso se deve ao fato desse gesto servir como um momento de negociação, de barganha, para a continuação do jogo.

Letícia Vidor de Sousa Reis (1997), quando trata em sua obra dos componentes da roda de Capoeira, descreve a ginga como uma movimentação “boa para pensar”, tanto no sentido que faz da Capoeira uma manifestação que transita entre o esporte, a dança e/ou a

luta, como na capacidade que ela tem em impedir o contato direto entre os capoeiristas. A autora (1997, p.216) afirma:

O jogo de capoeira é marcado pela oposição ataque/esquiva, o que nos remete à oposição espaço cheio/vazio. Como o enfrentamento é indireto, não se bloqueia o golpe adversário. Dessa forma, o contra-golpe vem sempre preencher o espaço vazio deixado pelo golpe. Ritmado pela

ginga, pauta enunciadora dos golpes e contra-golpes, o corpo de um

capoeirista está sempre preenchendo o espaço vazio deixado pelo corpo do outro.

Procurando retratar a personalidade da rainha Nzinga, o primeiro grupo valeu-se de um dos episódios narrados no texto para demonstrar o poder dessa personagem. Eles encenaram a narrativa de quando ela foi visitar o governador de Luanda. O texto lido pelos professores ao final da representação narra que:

Entre outras histórias, está o caso do encontro dela com o governador, que propositalmente colocara apenas almofadas diante de seu trono. Nzinga, entrando na sala para a audiência, percebe a artimanha, faz com que uma de suas escravas fique de gatinhas e senta sobre ela. Ao terminar a reunião, deixa a escrava na sala. Quando perguntam o porque, disse que não costumava levar a cadeira em que se assentara. (BEZERRA, 2004, p. 17)

A apresentação foi breve e uma das professoras desempenhou o papel de Nzinga. Ela entrou na sala carregada por três professoras que lhe fizeram uma “cadeirinha” com os braços e a conduziram até diante do “governador” que era um dos professores. Assim que chegou próximo ao “governador”, a “Nzinga-professora” começou a gingar, fazendo uma alusão da representatividade da personagem para a Capoeira, e gingando até o “trono do governador” percebeu que não tinha onde se sentar, pois no chão havia três bolsas que representavam nesse caso, as almofadas citadas na história. Notando isso, a “Nzinga- professora” foi até uma das três professoras que havia feito a cadeirinha para carregá-la e colocou-a de seis apoios no chão para que ela servisse de cadeira em frente ao “trono”. Foi simulado um diálogo entre o “governador-professor” e a “Nzinga-professora”. A “Nzinga- professora” levantou-se e se retirou da sala do “trono”, quando uma das “escravas- professoras” mostrou-lhe a escrava de seis apoios, como se ela a tivesse esquecido.

Conforme a história, a “Nzinga-professora” deu de ombros demonstrando desprezo pela “escrava” que havia lhe servido como cadeira. A cena foi “congelada” nesse momento e um dos professores que até então não havia participado da encenação fez a leitura do texto que transcrevi acima. A apresentação foi aplaudida e na seqüência começou a apresentação do segundo grupo.

Esse grupo leu a história de Manoel Henrique Pereira, conhecido no meio capoeirístico como “Besouro de Magangá”. Eles valeram-se do artigo da Revista Capoeira (1998) e Revista Praticando Capoeira (1998) (vide anexos 02 e 03) que apresenta uma das lendas mais conhecidas do meio capoeirístico que é a desse personagem que foi um homem que viveu no início do século XX, na cidade de Santo Amaro da Purificação, no Estado da Bahia, e era conhecido por ser muito destemido e valentão. Diz a lenda que ele tinha o “corpo fechado90” e nos confrontos com a polícia e com seus inimigos ele sumia rapidamente igual a um besouro. Ainda contam que “Besouro” só foi morto porque lhe esfaquearam com uma faca de ticum que foi capaz de quebrar o encanto.

Na primeira cena, uma das professoras, dentre as que tinham uma vivência maior na Capoeira, entrou na sala de aula tocando um berimbau e todos os demais componentes vieram atrás. Outra professora agachou-se à frente daquela que tocava e começou a narrar algumas características de “Besouro” dizendo que ele era um capoeirista que viveu no período que a Capoeira era proibida e que havia sofrido muitos preconceitos como o de cor e o de ser analfabeto. Em seguida, essa professora convidou o professor que era o “Besouro” para jogar Capoeira e ambos fizeram golpes e contragolpes acompanhados pelo som do berimbau e pela assistência dos demais componentes do grupo.

Em seguida, apareceu uma das personagens (professora) que chamou o “Besouro” para entregar uma correspondência. Ele andou até o outro extremo da sala, simulou que batia à porta de uma casa e entregou a tal correspondência a outra personagem (outra professora). Essa abriu a carta e pediu a “Besouro” que permanecesse no lugar. Ela foi até onde estavam os demais componentes do grupo, que eram seus “comparsas” na encenação e fez gestos de que todos eles deviam lutar contra “Besouro” e matá-lo. Após esse momento, iniciou-se uma

90 Corpo fechado significa que através de feitiços e rezas a pessoa protege-se de todo o mal que lhe possam fazer em uma luta corporal. Entretanto, na lenda de “Besouro de Magangá”, o seu corpo só estava desprotegido de uma arma que era a faca construída de ticum, que é uma espécie de madeira feita de um coco que é nativo do Estado da Bahia.

cena bem engraçada na qual os professores simulavam uma luta contra “Besouro” na qual utilizavam armas de fogo, golpes de boxe e de Capoeira. Na cena, quando fingiam que estavam atirando, “Besouro” esquivava-se dos tiros, tal qual os personagens do filme “Matrix91”. A cena era inusitada, pois misturava a ficção científica do cinema norte- americano com a lenda do imaginário popular brasileiro. Tudo aconteceu ao som de um toque de berimbau em ritmo “ultra-rápido”. A cena foi finalizada com um dos professores, que fazia parte dos inimigos de “Besouro”, simulando uma facada em suas costas e com uma das professoras (praticante de Capoeira) cantando uma música sobre “Besouro”, bem com o “Besouro-professor” caído no chão como se estivesse morto.

Essa cena tem uma forte representatividade, pois demonstra a emboscada narrada na crônica lida pelos professores que descreve que a correspondência que “Besouro” entregou a um fazendeiro da região onde vivia, declarava que o portador daquela carta deveria ser morto. De acordo com o texto, a idéia é que “Besouro de Mangangá”, que era valentão e por isso conseguia angariar vários inimigos, nutria o desejo de se vingar de vários fazendeiros poderosos da região onde morava, pois defendia interesses contrários aos deles entrando muitas vezes em confronto com a polícia. É importante dizer que essa história é uma lenda, pois recentemente foi realizada uma pesquisa histórica por Pires (2002), na qual se comprova que “Besouro” existiu, morou no Recôncavo Baiano, confrontou várias vezes a polícia, foi morto a facadas, mas não houve, de acordo com o pesquisador, como descobrir os motivos que levaram ao seu assassinato. E, nos dados levantados, “Besouro” apesar de manter a fama de valentão, não representava uma ameaça aos fazendeiros onde morava.

O terceiro grupo leu um artigo da Revista Praticando Capoeira (vide anexo 04) que tratava de alguns aspectos históricos da Capoeira praticada pelas maltas, na cidade do Rio de Janeiro, no período colonial. Nesse texto, era descrito como as maltas rivais enfrentavam-se utilizando armas como a navalha e de como esses grupos exerciam um poder paralelo na cidade nesse período. Para complementar foi disponibilizada uma crônica da Revista Capoeira (1998) sobre “Manduca da Praia” que também é uma personagem do repertório de lendas do mundo capoeirístico (vide anexo 05).

91 Matrix é um filme de ficção científica, produzido pela indústria cinematográfica norte-americana, que conta a história de um rapaz que vive em um mundo virtual, como se fosse num vídeo-game. Daí a idéia dos professores utilizarem a cena do confronto de “Besouro” com os seus inimigos onde ele se esquiva dos tiros como em um jogo de vídeo-game.

A cena apresentada pelo grupo foi muito criativa e demonstrou o sentimento que seus componentes tiveram ao tomar contato com o histórico da Capoeira que eles não conheciam. De acordo com uma conversa que tive com o grupo, antes da apresentação, eles disseram-me que não faziam idéia de que o universo da Capoeira, no período imperial tivesse sido tão violento. Para eles, a Capoeira sempre representou uma luta/dança, manifestação cultural, que os escravos utilizavam como uma forma de conquista da liberdade. Eles jamais haviam imaginado que a Capoeira serviu aos propósitos de disputa de poder entre grupos políticos e que havia confrontos entre os capoeiras. De um modo geral, a visão desses professores era muito romântica, pois julgavam que a Capoeira era uma luta do “bem contra o mal”, ou seja, dos escravos contra a escravidão.

A partir dessas impressões e das leituras, o grupo elaborou uma cena em que uma das professoras entrava na sala e assim que se aproximava da mesa, na qual iria sentar-se, ficava de frente com outra professora que fazia gestos com as mãos acima da cabeça dela – insinuando que “colocava” idéias na cabeça da colega. Em seguida a professora – cheia de idéias na cabeça e muito animada – sentava-se e começava a ler os artigos que disponibilizei ao grupo. Nesse momento, um professor que estava fora da cena, aproximava-se da mesa onde a professora lia os artigos, e começava a desferir, de forma simulada, sem contato corporal, golpes de Capoeira na professora. Essa fingia que sentia os “golpes” da leitura dos artigos, que para a platéia dava a impressão que somente a leitura atingia e fragilizava a professora, pois em seu rosto suas expressões demonstravam espanto, inconformismo e indignação com aquilo que lia. Um detalhe curioso é que a professora que sofria os “golpes” encontrava-se sentada, em frente a uma mesa, na sala de aula e estava, na época, grávida, com uma barriga bem grande. Num ângulo de fundo, a professora que colocou “idéias” na cabeça dela, passou a fazer um giro bem lento e à medida que girava, ia em direção ao solo, desmoronando. A cena terminou com o professor que dava os golpes finalizando o ataque com uma cabeçada (golpe descrito nos artigos, como característico do período) e se retirando da cena, ficando de costas para o público. Ao mesmo tempo, a professora que lia os artigos colocava as duas mãos no rosto, demonstrando a decepção com a leitura e a professora que estava no plano de fundo, já havia “desmoronado” totalmente e se encontrava deitada no chão.

Após as apresentações, foi feito um debate para que cada grupo explicasse o que quis representar nas cenas e igualmente para abordar os assuntos dos textos lidos.

Vários pontos importantes foram levantados pelos professores, dentre eles a preocupação em apresentar uma cena em que os demais compreendessem o que eles leram, já que o desafio da atividade era apresentar com o corpo (sem palavras) o que foi lido.

A discussão iniciou-se com o texto do grupo 1 em que uma das professoras relatou a complexidade do tráfico de escravos no século XVI e como se estabeleciam as relações comerciais entre as lideranças africanas e os traficantes. Com base nessa discussão, penso que o caso da Rainha Nzinga é muito peculiar, pois ela foi uma personagem que de fato viveu esse período e participou ativamente desse comércio, mas representa até hoje um símbolo que mistura a obtenção de poder através da diplomacia.

Um fato destacado pela professora, que explicou o texto lido pelo grupo 1, é que na cena apresentada talvez o desprezo demonstrado pelo governador que recebe Nzinga e lhe oferece somente almofadas para se sentar reflita o preconceito dela ser uma liderança feminina. Mas, na discussão não se chegou a um consenso, pois não existiam subsídios suficientes, de minha parte ou dos professores, para compreender as relações sociais existentes nos grupos africanos. Porém, no que se refere às relações estabelecidas entre Nzinga (uma liderança feminina) e os comerciantes ocidentais, poder-se-ia supor que houvesse preconceito.

Foi destacado pelos demais professores o desconhecimento que se tem sobre a história do continente africano e dos meandros do tráfico de escravos negros para o Brasil. A história da rainha Nzinga mostra que ora ela defendia os interesses de seu povo, ora o dos portugueses e ora o de outros povos, como os holandeses, com isso ela visava, talvez, à resistência ao tráfico de escravos.

Um detalhe mencionado foi o do limiar entre a história oficial levantada na documentação do período histórico no qual Nzinga viveu e as histórias mitológicas sobre ela. Percebeu-se que o limite entre a historiografia e mitologia é muito tênue, pois, por vezes, no texto e no debate, não havia referências claras do que ocorreu ou o que era somente imaginação, dada a forte figura representada por Nzinga. Ela até hoje representa a força de um mito, pois era uma mulher, rainha, guerreira, diplomata, uma pessoa que foi capaz de ser

recebida por governantes portugueses e negociar de igual para igual com eles e que se converteu ao catolicismo para defender os interesses de seus súditos.

No debate sobre o segundo texto, que era o do “Besouro de Mangangá”, os professores explicaram a história e destacaram alguns pontos muito interessantes.

O primeiro foi relativo aos apelidos. De acordo com uma das professoras, que é praticante de Capoeira, contaram-lhe que os apelidos dos capoeiras surgiram no tempo da escravidão, pois nesse período era uma forma deles planejarem fugas e rebeliões sem serem identificados pelos capatazes ou pelos seus senhores.

Outro ponto levantado por outra professora, também capoeirista, foi que, de acordo com a lenda de “Besouro”, ele foi morto com uma facada nas costas. Para ela, isso tem uma simbologia singular porque no jogo da Capoeira nunca os jogadores dão as costas um para o outro. Os golpes e contragolpes são desferidos com ambos olhando-se nos olhos ou de frente, com a preocupação de se defender ou atacar adequadamente. O fato dele ser apunhalado pelas costas, num gesto de traição, igualmente contribui para se pensar os limites éticos no jogo da Capoeira.

Foi comentado por uma das professoras o preconceito social pelo qual a Capoeira passou no início do século XX, uma vez que sua prática era vinculada aos negros ex- escravos – que carregavam um forte estigma de serem pertencentes a uma raça inferior – e também aos indivíduos “fora-da-lei”, vinculando a imagem da Capoeira aos ambientes ligados à marginalidade. Fui indagada por essa mesma professora sobre quando a Capoeira passou a ser aceita com outro olhar pela sociedade brasileira e respondi que foi a partir da década de 1950, com o processo de reinvenção de sua prática encabeçado pelos mestres soteropolitanos. Foi com essa reinvenção da Capoeira, através dos mestres baianos, que surgiu um referencial diferente da imagem que se tinha da Capoeira que era praticada no Rio de Janeiro, no período imperial até o final do século XIX. E esse foi o tema estudado pelos professores do grupo 3.

Eles leram um texto sobre as maltas do Rio de Janeiro, do ano de 1850, e descrevia como esses grupos organizavam-se dividindo a cidade em pedaços nos quais disputavam entre si o poder de atuação, seja no âmbito político ou de demonstração de poder.

Esse grupo focou sua explicação no sentimento que tiveram ao ler os fatos narrados pelo texto que “desmontou” o imaginário que eles tinham da Capoeira no período da

escravidão. Mas, apesar da “decepção”, eles relataram o quanto aprenderam com a leitura feita e apresentaram detalhes de como era a formação das maltas, os trajes dos capoeiras e os personagens que foram representativos da Capoeira como o Major Vidigal e Manduca da Praia.

Uma das professoras relatou que se frustrou demais quando descobriu que no período histórico estudado a ênfase maior da Capoeira era de luta e combate, vale mencionar que essa professora foi uma das que acompanhei na segunda fase do trabalho de campo. Ela e a outra professora (que foi “golpeada” na apresentação) destacaram que as maltas defendiam os interesses de partidos políticos e colocavam isso à frente dos seus ideais. Ela sempre havia alimentado a idéia de que a Capoeira era uma luta, mas que congregava em seu seio todos os negros. Em minha opinião, essa professora nunca havia imaginado que poderiam haver movimentos de disputa entre os escravos, dada a situação desfavorável na qual se