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Capítulo II – O curso de Capoeira para os professores

2.3. Planejamento das atividades

Levando-se em conta todos esses aspectos que descrevi até o momento, o planejamento elaborado por mim e pelo Mestre Tulé teve a intenção de apresentar a Capoeira como uma manifestação cultural que sofreu transformações no decorrer dos tempos, mas que possui um determinado repertório gestual, musical e ritual.

Assim, foi pensado e proposto um primeiro planejamento que se encontra no documento que apresento a seguir.

PROJETO CAPOEIRA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

1º. PLANEJAMENTO FEVEREIRO/2007

OBJETIVO: Proporcionar aos professores de educação física vivências teórico-práticas

com a Capoeira de modo que possam assimilar os elementos básicos desta manifestação cultural visando ao desenvolvimento desse conhecimento no ambiente escolar com seus alunos.

ESTRATÉGIAS: Aulas com dramatização; apresentação de documentários, jogos e

vivências da gestualidade, musicalidade, das danças relacionadas à Capoeira e de rodas de Capoeira.

AVALIAÇÃO: Processual e dialogada.

78 Cada uma dessas manifestações culturais citadas têm suas peculiaridades que serão explicadas à medida que se tornar necessário para a compreensão do processo de ensino-aprendizado dos professores.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:

- Gestualidade: golpes, contragolpes, defesas e acrobacias;

- Musicalidade: estudo do ritmo, estudo dos sons e toques dos instrumentos musicais que compõem a charanga da Capoeira e das músicas dessa manifestação cultural;

- História: estudo de processos histórico-sociais relevantes para a compreensão da Capoeira na sociedade;

- Ritual: apresentação dos rituais da roda de Capoeira.

CRONOGRAMA DAS AULAS

DATA TEMA

09/03 – 1ª. Aula Apresentação geral (do projeto, dos professores, dos alunos), vivência musical, uma roda de Capoeira com a participação de todos e encaminhamentos para a próxima aula. Texto para leitura: Rainha Jinga ou da Silva (2002).

16/03 – 2ª. Aula Vivência musical, ginga, ensino da cocorinha, benção, meia lua de frente, negativas e esquivas e referências históricas. Texto da Reis (1997) ou Pires (1996).

23/03 – 3ª. Aula Vivência musical, alongamento “capoeirístico” e jogos específicos que trabalhem elementos da Capoeira e tratem da história do período Colonial e do Império. .

30/03 – 4ª. Aula Vivência musical, Maltas no RJ (navalha, fadista, caxinguelês,...), a proibição da Capoeira. Texto sobre a diferença entre Capoeira Angola e Regional.

06/04 – FERIADO Feriado de Sexta-feira Santa.

13/04 – 5ª. Aula Diferenças e semelhanças entre Angola e Regional (gestualidade, ritual, ritmo, histórico, etc.). Capoeira Contemporânea. Samba de roda.

20/04 – 6ª. Aula Vivência musical, jogos e gestualidade. Maculelê. 27/04 – 7ª. Aula Vivência musical, jogos e gestualidade. Maculelê.

04/05 – 8ª. Aula Vivência musical, gestualidade e acrobacias. Puxada de rede. 11/05 – 9ª. Aula Vivência musical, gestualidade e acrobacias. Puxada de rede. 18/05 – 10ª. Aula Vivência musical, ritual da Capoeira Angola e gestualidade.

Samba de roda.

25/05 – 11ª. Aula Vivência musical, movimentos complexos (improviso). Jogos em dupla.

01/06 – 12ª. Aula Vivência musical, movimentos complexos (improviso). Roda. 08/06 – FERIADO Feriado de Corpus Christi

15/06 – 13ª. Aula Vivência musical, Vivência musical, movimentos complexos (improviso). Roda.

22/06 – 14ª. Aula Vivência musical, Vivência musical, movimentos complexos (improviso). Roda.

29/06 – 15ª. Aula Vivência musical, Vivência musical, movimentos complexos (improviso). Roda.

BIBLIOGRAFIA:

BARBOSA, Maria José Somerlate. A gramática do corpo e a dança das palavras. Disponível em: <http://muse.jhu.edu/journals/lusobrazilian_review/v042/42.1barbosa.html>. Acesso em 13 de nov. 2006

CAPOEIRA, Nestor. Capoeira: os fundamentos da malícia. Rio de Janeiro: Record, 1992. CASTRO JÚNIOR, Luis Victor.; SANT’ANNA SOBRINHO, J. O ensino da Capoeira: por uma prática nagô. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 23, n. 02, pp. 89-103, jan. 2002.

PIRES, Antônio L. C. S. Movimentos da cultura afro-brasileira: a formação histórica da capoeira contemporânea (1890 – 1950). 2001. Tese (Doutorado em História) - Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCH), Universidade Estadual de Campinas, Campinas.

_____. A capoeira no jogo das cores: criminalidade, cultura e racismo na cidade do Rio

de Janeiro (1890-1937). 1996. Dissertação (Mestrado em História), Universidade Estadual

de Campinas, Campinas, 1996.

REIS, André L. T. Brincando de Capoeira: recreação e lazer na escola. Brasília: Valcy, 1997.

REIS, Letícia V. S. O mundo de pernas para o ar: a Capoeira no Brasil. São Paulo: Publisher Brasil, 1997.

SILVA, Gladson O. Capoeira: do engenho à universidade. 2. ed.: São Paulo, 1995.

SILVA, Paula Cristina da C. A Educação Física na roda de Capoeira: entre a tradição e a globalização. Dissertação (Mestrado em Educação Física), Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, 2002.

VÍDEOS:

ABIB, Pedro. O velho capoeirista. Salvador: Fundação Cultural do Estado da Bahia; Diretoria de Imagem e som, 1999. 1 fita de vídeo – VHS/NTSC.

CAPOEIRAGEM DA BAHIA. TVE Bahia, 2000. Gravação em VHS/NTSC

MURICY, Antônio Carlos. Pastinha, uma vida pela Capoeira! Produções Cinematográficas. Rio de Janeiro: Brian Sewell, 1999. 1 fita de vídeo – VHS/NTSC.

ZIGGIATTI, Manoela et al. Iê, viva meu mestre! Instituto Nzinga de estudos da Capoeira Angola e de tradições educativas banto no Brasil, 2005. 1 DVD.

Esse planejamento buscava contemplar ambos os modos de ensino-aprendizado obtidos nos processos vividos e construídos por mim e pelo Mestre Tulé. Dessa maneira, é possível encontrar nessa proposta alguns aspectos mais próximos daquilo que eu já havia trabalhado e que considerava relevante como: a história da Capoeira através das vivências de jogos que contemplassem os períodos colonial, imperial, proibição da Capoeira; as vivências dos gestos, diferenciando a Capoeira Angola da Regional, seguindo um percurso histórico e temporal. Por outro lado, o Mestre Tulé concentrou seus esforços em organizar uma ordem no ensino da gestualidade, abordando sua técnica e os seus sentidos e significados no jogo da Capoeira, partindo de gestos mais simples para mais elaborados e o ensino da musicalidade (ritmo, cânticos e danças presentes no meio capoeirístico). Apesar das diferenças que tínhamos quanto à estruturação do cronograma dos conhecimentos a serem abordados, vale ressaltar que tanto eu como ele concordávamos que todo conhecimento que havíamos proposto deveria ser abordado dialogicamente.

Para nós, estava claro que “[...] o planejamento define-se como um instrumento didático necessário, flexível e inacabado.” (GUEDES-PINTO et al, 2006, p.21).

Após as oito primeiras aulas, considerando essa perspectiva de flexibilidade e com base numa avaliação realizada entre nós e os professores, resolvemos alterar o planejamento.

Acrescentamos mais algumas referências bibliográficas, uma vez que percebemos que seria interessante para os professores a leitura de artigos de revistas especializadas sobre Capoeira. Estes foram previamente selecionados, servindo, em um primeiro momento, de base para a segunda aula e, outros que não foram abordados nas aulas, foram indicados para a leitura.

Incluímos também um encontro a mais para a confecção de instrumentos musicais da Capoeira, dado o interesse demonstrado com relação à musicalidade da Capoeira, inclusive a sugestão desse encontro partiu dos próprios professores.

Alteramos o cronograma, pois o ritmo e tempo das aulas eram bem diversos do que havíamos previsto. O tempo das aulas mostrou-se insuficiente para abordarmos tudo o que queríamos e tivemos de priorizar o ensino da gestualidade e musicalidade em detrimento do ensino das danças ligadas à Capoeira, bem como, da realização de rodas, pois percebemos

que deveríamos primeiro aumentar o repertório de gestos dos professores para que eles tivessem mais recursos no jogo.

Além disso, tivemos de mudar os temas das aulas, pois preferimos seguir o ritmo e curiosidade dos professores à medida que eles apropriavam-se dos conhecimentos trabalhados. A abordagem proposta pelo Mestre Tulé prevaleceu, no qual o ensino da gestualidade e musicalidade eram complementares aos aspectos históricos e ritualísticos da Capoeira respeitando o interesse dos professores, sem seguir uma linearidade temporal.

Outro ponto adotado foi a abordagem na qual o mestre preferiu não trabalhar com os jogos temáticos infantis propostos por mim, pois ele pensava que o processo de ensino- aprendizado dos professores seria diferente do das crianças. Para ele, os adultos teriam mais capacidade de assimilar a complexidade crescente dos gestos e do jogo da Capoeira a partir da demonstração da técnica do gesto, sua repetição e sua contextualização no jogo. Além do mais, o grupo de professores era menor que o das turmas escolares, o que beneficiaria um acompanhamento mais detalhado de cada professor-aluno, o que de fato ocorreu.

Por sua vez, as aulas de educação física, a partir do desenvolvimento dos jogos temáticos, que adotei em alguns momentos do meu estágio como aluna da licenciatura, mostrou-se uma atividade eficiente na inclusão dos alunos das turmas ajudando-os a aprender a gestualidade.

Nesse método de abordagem, a dos jogos temáticos, buscou-se aliar o ensino do gesto com contextos da história da Capoeira como, por exemplo, o jogo “Fuga da Senzala”, no qual os “jogadores-escravos” fugiriam dos “jogadores-capitães-do-mato”, que tentariam recapturá-los; estes, por sua vez, para não serem pegos deveriam se esconder nas “capoeiras” imaginárias – nesse caso, sinônimo de mato ralo – na posição de “negativa”, que é um gesto de defesa da Capoeira. Se os “jogadores-escravos” fossem capturados pelos “jogadores- capitães-do-mato”, deveriam ficar na posição de “cocorinha”, outra defesa da Capoeira, até outro “jogador-escravo” libertá-lo fazendo o gesto da meia-lua-de-frente (golpe da Capoeira).

Penso que esse modo de ensinar os golpes é bastante interessante e ele foi desenvolvido no estágio supervisionado em 2006 e, posteriormente, nas escolas nas quais acompanhei o trabalho de campo, obtendo, em ambos os casos, um resultado positivo com as

crianças. Porém, concordo que nos jogos o aprendizado do gesto não tem um enfoque privilegiado, entretanto vejo que é uma abordagem mais lúdica.

Assim, a reestruturação do planejamento, realizada em maio de 2007, teve um caráter de avaliação, pois revendo as idéias e propostas iniciais, pudemos projetar a capacidade de realização que ainda tínhamos pela frente, pois estávamos bem na metade do semestre. Nesse sentido concordo com Guedes-Pinto et al (2006, p.26), pois “O planejamento possibilita uma avaliação e revisão freqüentes do nosso trabalho e dos avanços dos alunos”.

Ainda com relação à reestruturação, atualizamos o cronograma com o que havíamos trabalhado nas oito aulas já realizadas e planejamos os conhecimentos que seriam importantes de serem abordados.

Entretanto, apesar de nosso esforço, não conseguimos realizar o décimo sexto encontro demandado pelos professores para a confecção de instrumentos musicais da Capoeira. O motivo pela sua não realização deveu-se à sobrecarga de todos os envolvidos no curso, tanto os professores, como de minha parte e da parte do Mestre Tulé.

Segue abaixo o planejamento reestruturado.

PROJETO CAPOEIRA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Replanejamento – Maio de 2007

OBJETIVO: Proporcionar aos professores de educação física vivências teórico-práticas

com a Capoeira de modo que possam assimilar os elementos básicos desta manifestação cultural visando ao desenvolvimento desse conhecimento no ambiente escolar com seus alunos.

ESTRATÉGIAS: Aulas com dramatização; apresentação de documentários e vivências da

gestualidade, musicalidade, das danças relacionadas à Capoeira e de rodas de Capoeira.

AVALIAÇÃO: Processual e dialogada.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:

- Gestualidade: golpes, contragolpes, defesas e acrobacias;

- Musicalidade: estudo do ritmo, estudo dos sons e toques dos instrumentos musicais que compõe a charanga da Capoeira e das músicas dessa manifestação cultural;

- História: estudo de processos relevantes para a compreensão da Capoeira na sociedade.

CRONOGRAMA DAS AULAS

DATA

TEMA

09/03 – 1ª. Aula Apresentação geral (projeto, dos professores, dos alunos), depoimento dos professores e vídeo “Capoeiragem na Bahia”

16/03 – 2ª. Aula Dia de chuva – Aula em sala com os alunos divididos em grupos para a leitura e dramatização dos artigos: Rainha Jinga, Maltas e História de Besouro Mangangá..

23/03 – 3ª. Aula 1ª. Aula na quadra, vivência musical, início da ginga. 30/03 – 4ª. Aula Aula na quadra, vivência musical, ritmo, ginga, gestos da

Capoeira Angola. 06/04 – Sexta-feira

Santa

Feriado.

13/04 – 5ª. Aula Aula na quadra, vivência musical, ensino das negativas. 20/04 – 6ª. Aula Aula na quadra, vivência musical, movimentações no

chão com negativas e benção. Ritual da Capoeira Angola. Conversa sobre a diferença entre Regional e Angola com base no trabalho de Silva (2002).

27/04 – 7ª. Aula Aula em sala de aula. Ensino da gestualidade e discussão sobre os textos de Maria José Somerlatte Barbosa.

04/05 – 8ª. Aula Avaliação das aulas realizadas, vivência musical, ensino da meia lua de compasso, bananeira, queda de rim.

11/05 – 9ª. Aula Ensino da gestualidade e musicalidade. 18/05 – 10ª. Aula Ensino da gestualidade e musicalidade.

25/05 – 11ª. Aula Jogos de Capoeira em duplas para preparação para a roda. 01/06 – 12ª. Aula Jogos de Capoeira em duplas para preparação para a roda. 08/06 – FERIADO Feriado de Corpus Christi

15/06 – 13ª. Aula Jogos de Capoeira em duplas para preparação para a roda. 22/06 – 14ª. Aula Não haverá aula.

29/06 – 15ª. Aula Jogos de Capoeira em duplas para preparação para a roda. 01/07 – 16ª. Aula Construção de instrumentos musicais e confraternização.

BIBLIOGRAFIA:

BARBOSA, Maria José Somerlate. A representação da mulher nas cantigas de capoeira. Disponível em: <http://www.plcs.umassd.edu/plcs12texts/barbosajun162006.doc>. Acesso em: 02 out. 2008.

BESOURO MANGANGÁ. Revista Praticando Capoeira. São Paulo: D+T, vol. 1, n. 04, 1998, p. 42.

BEZERRA, Francisco. Rainha Jinga: soberana do Ndongo e Matamba. Revista Toques

d’Angola. São Paulo: Instituto Nzinga de estudos da Capoeira Angola e de tradições

educativas Banto do Brasil – INCAB, vol. 1, n. 2, 2004, pp. 16–19.

CAPOEIRA, Nestor. Manduca da praia; violência, poder, dinheiro e valentia. Revista

Capoeira. São Paulo: Candeia, vol. 1, n. 03, 1998, p.50.

____ Besouro Cordão-de-ouro nas terras do imaginário da Capoeira. Revista Capoeira. São Paulo: Candeia, vol. 1, n. 02, 1998, p.50.

CARVALHO, Letícia Cardoso. As maltas de Capoeira do Rio de Janeiro. Revista

Praticando Capoeira. São Paulo: D+T, vol. 1, n. 07, 1998, pp. 22-24.

REVISTA CAPOEIRA. São Paulo: Candeia, vol. 2, n. 12, 2000.

REVISTA CAPOEIRA. São Paulo: Candeia, vol. 1, n. 2, jul./ago. 1998.

É interessante colocar que à medida que o trabalho foi sendo desenvolvido o que foi sistematizado e apresentado nos planejamentos, tanto no primeiro como neste último, ganhou novas dimensões. Se, primeiramente nossa idéia (minha e do Mestre Tulé) era a de tentar seguir certa ordem na abordagem da gestualidade, musicalidade, ritualidade e dos aspectos históricos da Capoeira, o que ocorreu foi a simultaneidade do processo de ensino- aprendizado dos conhecimentos por nós e pelos professores considerados como relevantes. Isso porque determinados temas eram demandados pelos professores, ou então, o Mestre e eu víamos a necessidade de estudar um aspecto da Capoeira que em princípio não estava no planejamento na ordem prevista, então buscava-se abordar aquilo que coletivamente era detectado.

Nesse sentido vale mencionar que a concepção crítico-superadora, adotada por nós, prevê que:

[...] a fragmentação, a estaticidade, a unilateralidade, a terminalidade, a linearidade e o etapismo, princípios da lógica formal, são nesta concepção de currículo ampliado, confrontados com os princípios da lógica dialética: totalidade, movimento, mudança qualitativa e contradição que informam os princípios curriculares aqui abordados. (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p.34)

Foi na perspectiva dialética que se procurou desenvolver os temas relativos ao ensino-aprendizado da Capoeira. Buscando-se o princípio da “espiralidade da incorporação das referências do pensamento” (COLETIVO DE AUTORES, 1992) foi possível constatar que os professores compreendiam determinados assuntos estudados e esse tema tornava-se um trampolim para novos temas relacionados, circunstanciando-os no entendimento ampliado da Capoeira. Por exemplo, o jogo da Capoeira faz parte do aprendizado dos gestos da Capoeira, não é necessário que o aluno aprenda primeiro todo o repertório gestual da Capoeira para jogá-la, basta que ele domine um repertório gestual básico e entenda as regras e rituais que fazem parte de seu jogo para que ele jogue. Assim, o aprendizado da Capoeira se dá durante o fluir do próprio jogo de Capoeira, num processo em que jogo e aprendizado mesclam-se reciprocamente.

Por fim, vale dizer que planejar é escolher caminhos, rotas a serem seguidas e instrumentos para auxiliar na jornada. O caminho que percorremos no curso foi traçado meses antes, tal qual uma viagem, como o exemplo descrito por Guedes-Pinto et al (2006), no qual a diferença entre uma viagem e uma aventura é que para a viagem há uma preparação prévia com as escolhas das rotas e da bagagem, já a aventura é lançar-se ao mundo sem nada previsto.

Nesse caminho percorrido, por mim e pelo Mestre Tulé, os professores foram companhias atentas que nos auxiliaram na rota a ser traçada, mudamos os “instrumentos” que nos guiavam no meio do caminho para que chegássemos com uma integridade maior dentro do que foi planejado previamente.

Convido agora o leitor a conhecer os “viajantes” atentos que estiveram conosco, alguns durante todo o percurso e outros que ficaram nas paradas que compunham o caminho.