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7. A CULTURA MATERIAL – MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO

7.2. Os materiais cerâmicos

7.2.3. As tipologias dos artefactos cerâmicos

Broken dishes broken parts Everything is broken (…) Bob Dylan

Os classificadores de coisas (…) ignoram, em geral, que o classificável é infinito e portanto não se pode classificar. Bernardo Soares

Tipologia dos Recipientes

Na construção tipológica dos recipientes cerâmicos do sítio de São Pedro um dos principais constrangimentos relacionou-se com o elevado estado de fragmentação do conjunto, que tornava muito complexa a reconstrução gráfica da totalidade das peças. Assim, considerou-se que a definição de tipos com base exclusivamente em critérios métricos (nomeadamente a dimensão do recipiente) e em variações morfológicas globais da peça, ou da sua parte inferior (principalmente nas formas fechadas), eram muito arriscadas, porque não podiam ser observadas na maioria dos exemplares estudados. Tendo em atenção estas limitações e igualmente a necessidade de relacionar esta construção tipológica com as propostas da bibliografia, optou-se por seguir, no essencial, a tipologia apresentada por Manuel Calado (Calado, 1995, 2001), por um lado porque se baseava num conjunto amplo e diversificado de artefactos cerâmicos provenientes de contextos da mesma área regional (Serra d’Ossa) e de cronologias semelhantes às do sítio em estudo, e por outro lado porque estabelecia uma ligação com as tradições tipológicas do Sul peninsular (Silva e Soares, 1976-77; Arribas e Molina, 1979; Enríquez Navascués, 1990; Fernández Gómez e Oliva, 1985; Gonçalves, 1989; Martín de la Cruz, 1985, 1986; Otero, 1986), mas introduzia um conjunto de critérios de análise homogéneos e globais assentes principalmente nas características morfológicas e não em componentes técnicos ou funcionais, tornando-se por isso mais universal e ajustável a conjuntos artefactuais muito fragmentados, como os que provém de recolhas de superfície e de escavações de contextos eminentemente habitacionais (Calado, 2001, p. 43). Com efeito, a valorização de critérios essencialmente morfológicos em detrimento dos tecnológicos e funcionais na construção de uma tipologia torna-a em teoria mais universal (Balfet, et al., 1983, p. 7), mas acarreta o risco do seu artificialismo, uma vez que a produção dos recipientes cerâmicos não pretendia reproduzir formas geométricas, mas adequar-se a funcionalidades concretas. Para superar este dilema considerou-se que as análises morfológicas e funcionais deveriam ser realizadas separadamente, procurando-se com a construção tipológica organizar numa primeira fase o vasto conjunto de recipientes principalmente em termos morfológicos e realizando uma reflexão funcional posterior, que combinasse mais critérios para além destes. Estas opções foram muito condicionadas, como anteriormente se salientou, pela incapacidade de realização de análises laboratoriais às pastas e vestígios de conteúdos dos recipientes

137 cerâmicos.

Na fase de pesquisa bibliográfica teve-se em atenção a construção tipológica proposta para o sítio dos Perdigões (Valera, 1998, p. 81-85) e para os povoados da margem esquerda do Guadiana (Valera, et al., 2013, p. 184-186). Estas propostas, apesar de serem mais recentes, não se ajustavam aos objectivos deste trabalho, porque apresentavam critérios de análise heterogéneos, uma vez que alguns tipos são definidos com base na volumetria do recipiente (“mini-vasos”, “grandes potes”), enquanto a maioria dos tipos são individualizados tendo em conta a morfologia e os índices de profundidade. As designações terminológicas dos tipos também são diversificadas, utilizando-se alguns termos mais qualitativos/funcionais (prato, taça, tigela, vaso, saco) e outros mais objectivos/geométricos (esférico, globular, achatado). Para além destas questões, no conjunto em análise era muita difícil distinguir com segurança as formas taça/tigela, e as formas esféricas, globulares e achatadas, uma vez que os seus elementos distintivos se observam preferencialmente no corpo e na base do recipiente.

Tabela 15: Síntese dos critérios de organização tipológica dos recipientes de morfologia simples.

Forma Simples (S) Tipo Variantes

(orientação do bordo e forma do lábio)

Subvariantes (Espessamento do Bordo)

Aberta (A)

1-Prato

1-Bordo direito e lábio convexo 2-Bordo direito e lábio aplanado 3-Bordo introvertido e lábio convexo 4-Bordo introvertido e lábio aplanado 5-Bordo exvertido e lábio convexo 6-Bordo exvertido e lábio aplanado

a-Simples b-Adelgaçado c-Espessado d-Espessado internamente e-Espessado externamente f-Espessado internamente e externamente g-Almendrado h-Almendrado médio i-Almendrado largo j-Almendrado estreito 2-Taça Fechada (F) 3-Vaso 4-Pote

No que se refere à forma geral, os recipientes cerâmicos dividem-se em formas simples e formas compósitas (ver definição página 110). A dificuldade na reconstrução da morfologia integral dos recipientes conduziu a que se considerasse que as formas simples se baseavam principalmente na esfera, sem especificar os casos em que a morfologia do corpo tendia ao alongamento ou achatamento e a da base ao aplanamento ou convexidade (Calado, 2001, p. 44). Nos recipientes compósitos, a forma da parte superior foi considerada rombóide, troncocónica ou hiperbolóide (Gonçalves, 1995; 2003; Valera, 1998) e a parte inferior em calote, convexa ou aplanada (Gonçalves, 1995; 2003).

As formas simples e compósitas subdividem-se em dois grupos: abertas e fechadas (ver definição página 67).

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que se distinguem pelo índice de profundidade (tabela 15). Os pratos apresentam um índice de profundidade até 20 e as taças apresentam um índice de profundidade entre 20 e 60. Manuel Calado não define explicitamente o limite superior do índice de profundidade das taças, pelo que se considerou pertinente seguir a proposta de Carlos Tavares da Silva e Joaquina Soares (Silva e Soares, 1976-77) colocando o limite máximo nos 60, de modo a integrar os recipientes que sendo abertos atingem profundidades mais acentuadas e que alguns autores designam por “tigelas” (Valera, 1998) ou “taças em calote altas” (Gonçalves, 1989; Sousa, 2010).

Tabela 16: Síntese dos critérios de organização tipológica dos recipientes de forma compósita. Forma Compósita (C) Tipo Variantes (orientação do bordo e forma do lábio) Subvariantes (Espessamento do Bordo) Subvariantes (Altura e espessamento da carena) Aberta (A) 5-Prato Carenado

1-Bordo direito e lábio convexo 2-Bordo direito e lábio

aplanado

3-Bordo introvertido e lábio convexo

4-Bordo introvertido e lábio aplanado

5-Bordo exvertido e lábio convexo 6-Bordo exvertido e lábio

aplanado a-Simples b-Adelgaçado c-Espessado d-Espessado internamente e-Espessado externamente f-Espessado internamente/ externamente 1-Carena não espessada Alta 2-Carena não espessada média 3-Carena não espessada baixa 4-Carena espessada Alta 5-Carena espessada Média 6-Carena espessada Baixa 6-Taça

Carenada

Fechada (F) 7-Vaso

Carenado

No grupo das formas fechadas simples incluem-se dois tipos, os vasos (3) e os potes (4), que apresentam índices de profundidade acima de 50, individualizando-se os segundos, por serem peças mais fechadas (tabela 15).

No conjunto das formas compósitas identificaram-se três tipos (tabela 16): pratos carenados (5), taças carenadas (6) e vasos carenados (7). Os pratos carenados apresentam um índice de profundidade até 20, sendo por isso formas muito rasas, com carenas tendencialmente baixas, as taças carenadas apresentam índice de profundidade entre 20 e 49. Os vasos carenados apresentam um índice de profundidade acima de 50.

Nos fragmentos em que não era possível calcular o índice de profundidade com rigor, seguiu-se o esquema de classificação expedita proposto por Manuel Calado (2001, p. 45) de observar o ângulo formado pelo bordo e a parede do fragmento com o plano de abertura (figura A4-9), considerando que até 45º se trata de pratos (de perfil simples ou carenado), de 45º a 90º de taças (de perfil simples ou carenado), 90º a 135º de vasos (de perfil simples ou carenado) e de 135º a 180º de potes (de perfil simples ou carenado).

As variantes e subvariantes destes sete tipos foram definidas tendo por base critérios que influenciassem o perfil geral da peça, mas que fossem observáveis no maior número de fragmentos possível, ou seja, nas características do bordo (orientação e espessamento) e do lábio (morfologia). No

139 caso concreto das formas compósitas, as características das carenas (espessamento e localização) também permitem definir variantes (figuras A4-14 a A4-20).

Com excepção da espessura do bordo, os restantes critérios métricos não foram utilizados para a determinação de variantes em termos tipológicos, porque a percentagem de peças em que não se conseguia obter medidas significativas era relativamente elevada. No entanto, na descrição dos vários tipos procurou-se organizar os exemplares melhor conservados em classes métricas, tendo em conta principalmente o diâmetro do bordo e a espessura do bojo, apesar das fragilidades na utilização destas medidas isoladas, que apenas permitem uma ténue aproximação à real dimensão de muitos dos recipientes. Na definição das classes métricas dos bordos dos recipientes seguiu-se principalmente a proposta de Raquel Vilaça (Vilaça, 1995), por apresentar categorias mais detalhadas do que as tradicionalmente utilizadas no estudo dos contextos neolíticos e calcolíticos, reflectindo melhor a variabilidade métrica identificada no sítio de São Pedro. Assim, os recipientes pequenos subdividem- se em três categorias, os recipientes médios e grandes em quatro categorias, respectivamente e os recipientes muito grandes em três categorias, como se pode observar na tabela 17 e nas figuras A4-25, A4-26 e A4-27.

Tabela 17: Categorias de diâmetros dos recipientes.

Dimensão dos Recipientes Valores de diâmetros

Pequeno A - Inferior e igual a 5 cm B – 6-9 cm C – 10-15 cm Médio D – 16-20 cm E – 21-25 cm F – 26-30 cm G – 31-35 cm Grande H – 36-40 cm I – 41-45 cm J – 46-50 cm K – 51-55 cm Muito Grande L – 56-60 cm M – 61-65 cm N – 66-70 cm

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Tabela 18: Categorias de espessuras dos recipientes.

Espessura das paredes dos recipientes Valores de espessuras

Muito finos A – 0,1-0,4 cm Finos B – 0,5-0,8 cm Espessos C- 0,9-1,2 cm Muito Espessos D – 1,3-1,6 cm E – 1,7-2,0 cm F – Superior a 2,1 cm

Na análise das espessuras dos bojos dos recipientes cerâmicos seguiram-se alguns dos critérios propostos por Joaquina Soares (Soares, 1995). Definiram-se quatro categorias principais de acordo com os valores da espessura, todavia perante a diversidade de valores dos recipientes muito espessos considerou-se pertinente dividi-los em três subcategorias (tabela 18).

Esta proposta tipológica poderá ser considerada incompleta por se centrar demasiado na caracterização dos elementos da parte superior dos recipientes, no entanto face ao estado de conservação do conjunto e à sua dimensão considerou-se que não estavam disponíveis elementos consistentes para desenvolver outras abordagens. Outra das críticas que poderá ser efectuada a esta proposta tipológica consiste no reduzido número de tipos (7) definidos. No entanto, esta questão decorre da forma como se organizaram os vários critérios classificatórios, procurando-se evitar desdobrar tipos com base em características métricas e à preferência na análise dos elementos da parte superior dos recipientes. Assim, algumas das formas presentes noutras tipologias (Silva e Soares, 1976-77; Soares, 2013; Gonçalves, 1989) consistem em subvariantes dos tipos aqui definidos.

Tipologia das Colheres

Na construção da tipologia referente às colheres relacionaram-se as características morfológicas da pá com as do cabo, seguindo-se genericamente as propostas apresentadas por H. Camps-Fabrer (1987), J. Pascual Benito (1998) e A. Valera (1998), mas ao contrário destes autores, considerou-se mais prudente não utilizar as características métricas para organizar variantes, uma vez que os exemplares que constituíam o conjunto em análise se encontravam muito fragmentados. Assim, evitou-se propositadamente designações como colherão e concha, por se considerar que o estado de conservação do nosso conjunto as tornava pouco viáveis. Os cinco tipos de colheres definidos variam principalmente nas características do cabo, uma vez que em termos globais se encontram mais bem conservados e são mais fáceis de identificar do que as pás, que surgem bastante fragmentadas, o que dificulta a reconstrução da sua morfologia (tabela 19 e figura A4-46).

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Tabela 19: Definição dos diferentes tipos de colheres.

Tipos de Colheres Descrição

C-O.P. 2 Colher de pá oval e cabo pontiagudo curto

C-O.P. 3 Colher de pá oval e cabo pontiagudo alongado

C-O.A.1 Colher de pá oval e cabo arredondado apenas sugerido

C-O.A.2 Colher de pá oval e cabo arredondado curto

C-O.A.3 Colher de pá oval e cabo arredondado alongado

Tipologia das queijeiras ou cinchos

Tabela 20: Definição dos diferentes tipos de queijeiras.

Tipo Queijeira Descrição

Q.C.1 Queijeira de morfologia cilíndrica com o bordo arredondado

Q.C.2 Queijeira de morfologia cilíndrica com o bordo aplanado

Na organização tipológica das queijeiras ou cinchos utilizou-se a forma geral para definir os tipos e a morfologia do bordo para identificar variantes. O estado fragmentado do conjunto, associado ao reduzido número de exemplares analisados, apenas permitiu definir um tipo de queijeira com duas variantes (tabela 20 e figura A4-51).

Tipologia dos componentes de tear

A tipologia dos componentes de tear foi exposta de forma mais detalhada na tese de mestrado apresentada anteriormente (Costeira, 2010). Nesse primeiro trabalho pretendia-se construir uma tipologia ampla e aberta, que se aplicasse a outros contextos arqueológicos com componentes de tear, o que se veio a comprovar com os trabalhos realizados com os materiais do Paraíso (Mataloto, et al., 2012), Torre Velha 3 (Alves, et al., 2009), ou Alto de Brinches 3 (Costeira, 2013) e com a revisão bibliográfica de vários contextos do Sul peninsular (Costeira e Mataloto, 2013). Estes trabalhos associados à análise de todos os componentes de tear do sítio de São Pedro permitiram efectuar algumas revisões e melhoramentos da base tipológica apresentada em 2010.

Os critérios utilizados na organização tipológica dos componentes de tear do sítio em análise continuam a basear-se, essencialmente nos aspectos morfológicos das peças, ou seja, em características facilmente identificáveis em exemplares inteiros e fragmentados, servindo os elementos métricos para distinguir variações nas formas definidas.

Os componentes de tear em análise dividem-se em duas grandes formas: placas e crescentes, de acordo com as suas características gerais.

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Tabela 21: Definição dos diferentes tipos de placas rectangulares. Variantes das

Placas Rectangulares

Descrição

P-I.1.2A Placa rectangular de arestas vincadas e cantos angulosos, com 1+1 perfurações em cada

extremidade centradas

P-I.1.2B Placa rectangular de arestas vincadas e cantos angulosos, com 1+1 perfurações em cada

extremidade periféricas (próximo de uma das extremidades laterais)

P-I.1.3 Placa rectangular de arestas vincadas e cantos angulosos, com 2 perfurações numa das

extremidades e 1 na outra

P-I.1.4A Placa rectangular de arestas vincadas e cantos angulosos, com 2+2 perfurações em cada extremidade centradas

P-I.1.4B Placa rectangular de arestas vincadas e cantos angulosos, com 2+2 perfurações extremidades periféricas (próximo das extremidades laterais)

P-I.1.6 Placa rectangular de arestas vincadas e cantos angulosos, com 3+3? perfurações em cada

extremidade

P-I.2.2A Placa rectangular de arestas e cantos arredondados, com 1+1 perfurações em cada extremidade centradas

P-I.2.2B Placa rectangular de arestas e cantos arredondados, com 1+1 perfurações em cada extremidade periféricas (próximo de uma das extremidades laterais)

P-I.2.3 Placa rectangular de arestas e cantos arredondados com 2 perfurações numa das extremidades e 1 na outra

P-I.2.4A Placa rectangular de arestas e cantos arredondados com 2+2 perfurações em cada extremidade centradas

P-I.2.4B Placa rectangular de arestas e cantos arredondados com 2+2 perfurações em cada extremidade periféricas (próximo das extremidades laterais)

P-I.2.6 Placa rectangular de arestas e cantos arredondados com 3+3? perfurações em cada extremidade

Tabela 22: Definição dos diferentes tipos de placas ovaladas. Variantes das

Placas Ovaladas Descrição

P-II.2A Placa ovalada com 1+1 perfurações em cada extremidade centradas

P-II.2B Placa ovalada com 1+1 perfurações em cada extremidade periféricas (próximo de uma das

extremidades laterais)

P-II.4A Placa ovalada com 2+2 perfurações em cada extremidade centradas

Os tipos de placas foram definidos com base no contorno geral da peça, distinguindo-se as variantes a partir das diferenças nas características das arestas, dos cantos, no número e localização das perfurações (tabelas 21 e 22, figuras A4-47 e A4-48). Com o alargamento do conjunto de componentes de tear em análise considerei que o tipo placa hiperbolóide (P-III) tinha pouca operacionalidade (Costeira, 2010, p. 52), uma vez que apenas se identificou um exemplar, o que me levou a anular esta subdivisão. Assim, definiram-se dois tipos de placas principais: placas rectangulares e placas ovaladas, com múltiplas variantes (tabelas 21 e 22).

143 número de perfurações e a sua localização são relativamente constantes no conjunto estudado, e na maioria das peças conhecidas, sendo difícil de isolar características com expressividade para definir variantes coerentes (tabela 23 e figura A4-49). De facto, a variabilidade das curvaturas e contornos dos crescentes são difíceis de quantificar e de observar nas peças fragmentadas, podendo resultar essencialmente da originalidade na moldagem da peça.

Tabela 23: Definição dos diferentes tipos de crescentes. Tipos de

Crescentes Descrição

C-I.2 Crescente de secção ovalada com 1+1 perfuração em cada extremidade

C-II.2 Crescente de secção sub-rectangular com 1+1 perfuração em cada extremidade

C-III.2 Crescente de secção circular com 1+1 perfuração em cada extremidade

C-IV.2 Crescente de secção ovalada robusto, com 1+1 perfuração em cada extremidade

Uma das principais críticas efectuada a esta tipologia, no decorrer das provas de mestrado em 2011, incidiu na sua excessiva compartimentação, no entanto, com o desenvolvimento dos trabalhos sobre os componentes de tear e com a leitura de bibliografia referente à reconstituição de teares no âmbito da arqueologia experimental, considera-se que as características morfológicas e o número e a disposição das perfurações das placas condicionam a sua utilização num tear, sendo por isso critérios consistentes para a definição de variantes tipológicas. O peso também poderia consistir num importante critério de diferenciação tipológico-funcional, contudo o estado de conservação do conjunto em análise, com um predomínio das peças fragmentadas tornou difícil a sua utilização.

Tipologia dos Cossoiros

Na organização tipológica dos cossoiros seguiram-se as propostas de Fabienne Médard (2003, p. 385-386), Zaida Castro Curel (1980, p. 138) e Teresa Pereira (2013, p. 688), definindo os tipos a partir da variação morfológica da secção da peça (tabela 24 e figura A4-50).

Tabela 24: Definição dos diferentes tipos de cossoiros.

Tipo Cossoiro Descrição

A - Esférico Cossoiro de morfologia esférica, faces convexas e perfuração central

B - Cilíndrico Cossoiro de morfologia cilíndrica, faces convexas ou aplanadas e perfuração central

C - Discóide Cossoiro de morfologia discóide, faces aplanadas e perfuração central

D - Bitroncocónico Cossoiro de morfologia bitroncocónica simétrica, com faces convexas e perfuração central