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Os dados obtidos estão circunscritos somente aos objetivos centrais desse trabalho. As falas gravadas foram identificadas por nomes fictícios, bem como a identidade dos sujeitos entrevistados em profundidade foram e continuarão mantidos em sigilo.

A resolução 196 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) do Ministério da Saúde, de 10/10/96, acerca de pesquisa com seres humanos coloca ao investigador a necessidade de zelar por quatro requisitos básicos: sigilo, riscos e benefícios, voluntariedade e consentimento pós-informado. Neste trabalho nos propusemos a respeitar fielmente esses preceitos, garantindo o sigilo, voluntariedade e acesso ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE (ANEXO IV), no qual estavam explícitos os objetivos da pesquisa, assim como garantias e direitos dos entrevistados. Para os sujeitos da pesquisa, menores de 18 anos, o TCLE foi assinado além da jovem ou do jovem, também por um dos pais ou responsável pelo jovem.

A pesquisa apresentou riscos mínimos aos entrevistados, havendo apenas a possibilidade de algum constrangimento mediante questões relativas à sexualidade. No entanto, os (as) entrevistados (as) foram informados verbalmente e através do TCLE, que poderiam desistir de participar a qualquer momento, sem nenhum tipo de prejuízo para eles (as). Em contrapartida, pesquisas desta natureza, ao realizarem uma entrevista em profundidade com o sujeito sobre determinado assunto, possibilitam-lhe uma reflexão sobre o tema, propiciando-lhe autoconhecimento e aprendizado como benefícios.

O projeto inicial da pesquisa foi encaminhado ao Comitê de Ética e Pesquisa da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP-USP), com parecer favorável emitido em 20/08/2012, sob o no. 77743, (Anexo V) após respostas às pendências apontadas no parecer nº 32380, de 11/05/2012, sendo que a coleta de dados apenas teve início após sua aprovação.

As entrevistas transcritas e as informações armazenadas em MP3 serão mantidas sob guarda da pesquisadora por cinco anos, juntamente com os demais documentos recomendados pelo Comitê de Ética da FSP.

4 SOBRE

ADOLESCENTES,

CARACTERÍSTICAS

E

TRAJETÓRIAS DE VIDA

A dificuldade em encontrar uma definição objetiva para juventude e/ou adolescência se fez presente nas entrevistas, pois os garotos e garotas ao serem indagados quanto a se identificarem como jovens ou adolescentes responderam de forma diversificada, como é possível observar nos Quadros 1 e 2, ilustrando a impossibilidade de se estabelecer critérios etários para tal classificação, bem como a diversidade de experiências e percepções que compõem as categorias adolescências e juventudes. Assim, meninas se dividiram igualmente em suas respostas, enquanto entre os meninos a divisão maior deu-se entre ser jovem, ou ambos (tanto faz). Apenas dois garotos se declararam adolescentes e apenas um rapaz se declarou adulto.

No que se refere à escolaridade, a maioria dos (as) entrevistados (as) cursava o Ensino Médio (EM), sendo que um rapaz e uma garota já o haviam concluído. Dois rapazes haviam deixado os estudos, sendo um na 8ª série do Ensino Fundamental (EF) e outro no 1º ano do EM, e ainda, um dos rapazes que havia deixado a escola, estava concluindo o EM através de supletivo à distância. Todos os sujeitos eram provenientes de escolas públicas, sendo que alguns frequentavam a única escola de Ensino Médio em período integral do município, o que pode ser um indicativo de que pertençam a famílias com melhores condições sociais e de renda.

É possível dizer que todos os sujeitos da pesquisa eram provenientes de famílias de classes populares e médias e a maioria residia em bairros periféricos da cidade. Porém, quando indagados acerca de suas percepções sobre o pertencimento às diferentes camadas sociais, apenas um rapaz se autorreferiu como classe média alta, e duas meninas se autorreferiram como classe média baixa. Todos (as) os (as) outros (as) jovens se autorreferiram como pertencentes à classe média, sendo comuns expressões “dá pra viver né”, ou “ninguém passa fome em casa”, associadas à identificação com tal camada, mesmo sendo evidentes as condições precárias das famílias e a vulnerabilidade social, em alguns casos.

A renda familiar por pessoa foi estimada pela pesquisadora a partir do relato dos entrevistados acerca da renda de seus familiares e de suas próprias, quando exerciam alguma função remunerada. Nesse sentido, a maioria dos sujeitos trabalhava, sendo 03 garotos e 01 garota sob a condição de jovem aprendiz, ou estagiário (a), 02 rapazes como autônomos e um deles referiu fazer “bicos” como pintor, mas sem nenhum trabalho no momento.

De acordo com o critério de inclusão da pesquisa, todos (as) os (as) jovens eram heterossexuais e possuíam alguma experiência sexual, sendo que 02 rapazes relataram experiência de paternidade, mas num dos casos, a criança havia tido óbito ainda no período neonatal.

Quase todas as meninas referiram estar solteiras, sendo que apenas uma estava namorando. Entre os rapazes, a maioria referiu estar solteiro, sendo que dois estavam namorando, um deles se referiu casado e outro separado, embora não judicialmente em ambos os casos.

Chamou-nos a atenção o fato de que, apesar de não ser o foco da pesquisa e tampouco haver perguntas específicas sobre o assunto, quatro rapazes admitiram uso de substâncias ilícitas e outros dois mencionam o uso por parte de amigos, também surgindo nas entrevistas menções ao uso de álcool e cigarro, de modo geral. Já entre as garotas o tema de uso de substâncias praticamente não aparece, sendo que uma delas refere, criticamente, o uso de álcool e substâncias ilícitas pelos (as) jovens em geral e uma outra relata um episódio de abuso de álcool.

Vale lembrar que os nomes pelos quais os sujeitos estão aqui apresentados são fictícios, tendo sido inspirados em músicos brasileiros cantores e cantoras, mencionados pelos próprios jovens em diferentes momentos de nossos contatos, sendo eles (as): Rita Lee, Maria Bethânia, Pitty (Priscilla), Marisa Monte, Cássia Eller, Ana Carolina, Gabriel o Pensador, Seu Jorge, Marcelo D2, Cazuza (Agenor), Mc Catra (Wagner), Mano Brown (Pedro Paulo), Emicida (Leandro), Chorão (Alexandre, da banda Charlie Brown Jr.) e P. Lucas (da banda Restart).