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5.4 O LUGAR DA SAÚDE SEXUAL E DA SAÚDE REPRODUTIVA NO

5.4.2 O Lugar das DST/Aids no pensamento adolescente

Acerca do nível de conhecimento sobre o HIV/Aids podemos observar que, entre os garotos entrevistados, há desde os que apresentam pouco ou nenhum conhecimento sobre o assunto, até alguns mais informados. Nesse sentido, apresentamos inicialmente as falas de Marcelo e Lucas abaixo:

- O que que você sabe sobre a Aids, o que você conhece dessa doença? - Que o negócio lá é feio, né, tipo, acho que a imunidade baixa, você pega qualquer doença que puder vim, assim, até uma gripe pode te matar, direto. Você morre de outras doenças, você não morre de Aids. (Marcelo, 19 anos, 2º. EM, supletivo à distância)

Ah, dá pra ser prevenida também. Eu sei que não tem cura, que, quando você tá com ela, mesmo tomando remédio, você fica imune a

muitas doenças, que ela baixa a resistência… Sei que a perspectiva de

vida diminui bastante. Eu sei que é ruim, tem que tomar muito remédio

[…] não vai ter pessoa que vai querer fazer sexo com ela, entendeu, ela

não vai ficar falando que não tem, mentindo pras pessoas. (Lucas, 17 anos, 2º. EM, Integral)

Marcelo e Lucas, em seus discursos, apresentam conhecimento a respeito da imunodeficiência que caracteriza a doença, sendo que Marcelo enfatiza sua letalidade

a partir da contaminação de outras doenças, chamadas oportunistas. O discurso de Lucas aponta para dois tipos de implicação da doença para o indivíduo, sendo uma no âmbito da própria doença e seus sintomas, características e consequências ressaltando a diminuição da perspectiva de vida e o fato de ser incurável, porém prevenível. Sendo a outra implicação, percebida por ele, no âmbito social, interferindo na vida afetivo-sexual do indivíduo. Nesse sentido, parece haver em seu discurso uma concepção de certa obrigação moral em informar o parceiro quando houver a infecção pelo HIV.

No entanto, a maioria dos rapazes apresentaram falas que revelam desconhecimento sobre a doença, como exemplificam as narrativas de Gabriel, Jorge e Alexandre, a seguir:

A Aids, é uma doença... sexualmente transmissível […]não sei, eu

nunca fiquei com uma mina [garota], assim, pensando que ela tinha Aids, nada, então, nunca liguei pra essa parte. Já teve palestra, já, alguma coisa assim, mas nunca, prestei atenção, não.

(Gabriel, 15 anos, 1º. EM, Manhã)

- A Aids, eu sei que é uma doença sexualmente transmissível e que faz

mal pra… não sei, é uma coisa chata. Usar a camisinha você evita os

dois, né [refere-se a gravidez também]… Mas tem outros meios que você pode passar, né?

- Que outros meios pode passar, você sabe?

- Ah, acho que falaram pra mim, tipo, é, escova de dente, essas coisas assim, toalha, se a pessoa usa, passa e a pessoa vai lá e usa, acho que

isso transmite, também, sabonete, essas coisas, né…

(Jorge, 17 anos, estagiário, 3º. EM, noturno) - E o que você sabe sobre Aids? O que você conhece? - Nada.

- Nada? Nunca ouviu falar? - Já!

- Que que você já ouviu falar?

- A Aids, é… pega fazendo sexo, né. Só isso. (Alexandre, 18 anos, autônomo, EM incompleto)

O desconhecimento e desinformação acerca da Aids estão expressos nos discursos de Gabriel, Jorge e Alexandre que apenas identificam o caráter sexualmente transmissível do HIV/Aids. Vale destacar que Alexandre apresenta total desconhecimento sobre o tema, a despeito de seus 18 anos, enquanto Jorge menciona conhecimentos típicos do senso comum a respeito de outras formas de transmissão, apesar de ressaltar a camisinha como forma prevenção.

No discurso de Gabriel, podemos observar menção ao seu desinteresse mediante a oportunidade de aprendizado e aquisição de informação através de uma palestra, bem como certa confiança depositada nas parceiras sexuais, referindo nunca ter considerado a possibilidade de que a garota pudesse estar infectada com o HIV, o que reforça a ideia de uma obrigação moral em informar o parceiro quando houver a infecção pelo HIV, como apresentado no discurso de Lucas.

Entretanto, nenhum dos garotos referiu conhecer alguma pessoa que conviva com o HIV ou com a Aids, porém, alguns reconhecem a possibilidade de conhecerem a pessoa mas desconhecerem seu diagnóstico, a exemplo das falas de Wagner e Lucas, abaixo:

- Você já conheceu alguém que tinha a doença?

- Não que eu saiba. (risos), mas, se conhecesse, normal, sem preconceito. Mente aberta

(Wagner, 16 anos, aprendiz, 1º. EM, noturno)

Não, não conheço ninguém com a doença […] ninguém chega falando

também, né: Ah, eu tenho Aids… Pode ser que eu tenha conhecido, mas,

que eu saiba ainda não.

(Lucas, 17 anos, 2º. EM, Integral)

Os discursos de Wagner e Lucas expressam o desconhecimento de pessoas que tenham sido contaminadas pelo HIV, ressaltando a impossibilidade de se reconhecer o indivíduo HIV positivo sem que haja alguma menção ao fato. Assim, identificam, em seus discursos, que em termos das relações sociais a questão do HIV permanece restrita ao nível do individual e privado. No entanto, as falas de Pedro Paulo Gabriel apontam para experiências e observações distintas, sugerindo a possibilidade de reconhecimento do diagnóstico a partir da aparência:

- E o que que acontece na vida da pessoa que tem essa doença?

- Ah, acaba. Você vê… o moço que morava ali… o cara era forte, era

bem forte, acordava todo dia cedo […] Ele fortão mesmo, saradão de

força, aí de alguns dias que eu vi o cara… seco, magro, acabado, não

conseguia nem andá sozinho. A Aids fez isso com ele. (Pedro Paulo, 19 anos, autônomo, EF incompleto)

- Você já conheceu alguém que tenha Aids?

- Já! Um colega meu. Ele luta até hoje contra o câncer. Câncer, Aids,

ele tinha… Ah, não sei! Sei que é um troço lá que ele tem… E ele não

caiu tudo, esses dia. Nossa… Só que tá voltando a crescer… Ele luta contra o câncer com maconha.

(Gabriel, 15 anos, 1º. EM, Manhã)

Pedro Paulo e Gabriel apresentam em seus discursos uma concepção confusa acerca da Aids e seus sintomas, ao que parece, a partir da observação de pessoas supostamente contaminadas e o estado de saúde destas, o que aponta para uma ideia da possibilidade de reconhecimento da doença através da aparência física. Vale notar que Gabriel parece nem mesmo diferenciar a Aids do câncer, entendendo as duas enfermidades como semelhantes, a despeito das grandes diferenças que guardam, especialmente em relação ao modo (ou não) de contágio, evolução e história natural.

Contudo, os garotos entrevistados, em sua maioria, identificam implicações na vida da pessoa que contrai o HIV ou desenvolve a Aids, conforme podem ilustrar as falas de Lucas e Leandro, descritas abaixo:

- O que que muda na vida da pessoa que tem Aids? Que você acha? - Ah, tem que mudar toda a rotina dela, né, que, sempre tomar os remédios, não é tudo que pode fazer depois porque fica fraco, e tal. Ah a pessoa muda, que ela fica doente, tem que mudar totalmente os hábitos da pessoa, né. Pra se adequar melhor a doença.

(Lucas, 17 anos, 2º. EM, Integral)

você vai perder sua vida toda né, porque vai ter que começar a tomar aquele monte de remédio, não vai poder mais sair, se você for uma pessoa assim, cabeça, né. Se bem que quem já pegou Aids não tem muita cabeça pra pensar nessas coisas… Mas, você tipo, perdeu sua vida toda. Tecnicamente vai morrer antes dos 30, se não se cuidar. Então, entendeu, é tolice não se cuidar, pegar uma doença dessas. (Leandro, 18 anos, estagiário, EM completo)

Em seu discurso, Lucas identifica implicações na vida da pessoa que se convive com HIV/Aids em relação a mudanças em sua rotina, especialmente à necessidade de medicamentos e a seu aspecto físico, fazendo referência a uma suposta magreza e fraqueza que supostamente acompanham a contaminação pela doença. A menção à exclusão social, pelo estigma e preconceito pode ser observada no discurso de Leandro, assim como implicações da Aids para um projeto de vida, acarretando em uma interrupção do mesmo e consequente perda do sentido da vida. Vale ressaltar, ainda, que Leandro já faz referência a uma ideia de prevenção.

Nesse sentido as falas de Marcelo e Jorge, a seguir, expressam situações que podem ser comuns entre os rapazes, e que revelam as vulnerabilidades a que estão

expostos, em relação à possibilidade de contaminação pelo vírus HIV e por outras doenças sexualmente transmissíveis:

- Eu tenho um medo do caramba, se eu fizer sexo com uma mulher sem camisinha, eu fico achando que eu posso ter pegado Aids.

- Você já pensou isso…?

- Eu já, eu já pensei, por isso eu sempre uso camisinha. - Isso foi uma preocupação pra você?

- Hãhã. Sim. Ah! É gostoso com camisinha, também, mas é melhor sem, né… (risos)

(Marcelo, 19 anos, 2º. EM, supletivo à distância)

- Eu me preocupo, seu eu pegar [Aids] um dia vai ser mó chato. Ainda bem que só tem ela [a namorada] por enquanto, né. Eu ela tamo tranquilo. Agora, se caso, uma pessoa que eu for, tiver e eu não saber, sei lá, é chato.

- Mas, com relação as meninas que você já transou [sem camisinha], você se preocupou com isso alguma vez?

- [pausa longa] Acho que não. É… eu queria aproveitar [pausa]. Tipo,

se você tem Aids, mais pra frente ele vai apresentando ferida, essas coisas, né?

- Nem sempre…!

- Não? [pausa] AH! …o sangue! Quando faz exame de sangue. Eu já fiz exame de sangue, pra entra no [local onde trabalha] eu fiz vários exames, e tal. Acho que devo ter feito alguma coisa [referência ao exame para identificar HIV positivo]!

- […] Então, hoje em dia você tá tranquilo…?

- Hoje eu tô, e ela também não tem porque ela era virgem. (Jorge, 17 anos, estagiário, 3º. EM, noturno)

Marcelo apresenta em seu discurso um reconhecimento acerca da condição vulnerabilidade nas relações sexuais desprotegidas, reforçando sua prática de prevenção constante, muito embora enfatize a interferência que o preservativo representa, na sua percepção, para o prazer, como será discutido no item 5.4.3.

Enquanto o discurso de Jorge descortina o desconhecimento de alguns garotos acerca da própria vulnerabilidade a que estão expostos, sendo que, no decorrer da entrevista, à medida que foi sendo indagado acerca de suas práticas, o mesmo pôde refletir e identificar algumas experiências de risco por terem ocorrido relações de modo desprotegido. Tal reflexão lhe proporcionou um momento de dúvida acerca da própria condição de saúde, aliviada perante a lembrança da realização do exame de sangue. Podemos notar, ainda, em seu discurso a confiança depositada na atual parceira, ou seja, sua namorada, especialmente devido à virgindade desta no início do namoro, o que parece indicar a não adoção de métodos

preventivos nas relações sexuais com esta garota. Assim como identificado em estudos como o de Pirotta (2002), que a indicam que, à medida que o relacionamento se estreita, as prática preventivas vão sendo deixadas de lado inclusive como uma possível reafirmação de confiança no parceiro no que se refere à fidelidade.

Ainda em relação à vulnerabilidade e a percepção desta pelos jovens, alguns entrevistados apresentaram uma ideia de cadeia epidemiológica, a exemplo das narrativas de Pedro e Leandro, descritas abaixo:

- E o que que você sabe sobre a Aids, o que você pensa da Aids? - Aids, pra você pegar ela é rapidinho. É lógico. Ah depende, né, vai

saber… você tá com a pessoa ali, você não sabe… Não dá pra saber,

tipo assim…Você tem que se prevenir, mano, vai sair pegando qualquer

uma menina aí, é… o rapaz também, né… porque tipo assim, essas menina aí, ele vai, pegando uma, vai comendo uma e vai comendo as

outras, assim… aí vai passando, vai passando. Certeza… (risos) onde

passa um, passa um monte. Alguma coisa tem ali no meio. (Pedro Paulo, 19 anos, autônomo, EF incompleto)

- Assim, nunca conheci… não conheço ninguém que tem, ou que teve

Aids… Mas eu acho assim, que, sei lá, deve ser bem comum hoje em

dia, porque… todo mundo fica com todo mundo… Eu conheço pessoas assim, que já, cinco amigos já ficaram com a mesma garota… então, sei lá, se um daqueles cinco amigos tinha Aids, os outro quatro

pegaram também…

- E a garota...?

- É, e a garota… É… e com quem mais ela dormiu, né.

(Leandro, 18 anos, estagiário, EM completo)

Os discursos de Pedro Paulo e Leandro apresentam uma compreensão acerca da estrutura de cadeia epidemiológica de transmissão do HIV/Aids e demais Doenças Sexualmente Transmissíveis a medida que identificam a alta rotatividade de parceiros presente nas práticas sexuais, entre jovens de seus convívios. Vale ressaltar que tal compreensão pode ser fundamental para a adoção de métodos preventivos, pelo reconhecimento da condição de vulnerabilidade que a prática de sexo desprotegido proporciona.

Sobre outras doenças sexualmente transmissíveis (DST)

Quando indagados sobre outras Doenças Sexualmente Transmissíveis, os garotos, em sua maioria, apresentaram discursos que apontam desconhecimento, ou

apenas um conhecimento relativo, como podem ilustrar as falas de Alexandre, Lucas, Agenor e Wagner, abaixo:

- Você conhece outras doenças que também pega pelo sexo, assim? - Não.

- Você sabe se existe? - Não sei.

- Nuca ouviu falar? - Não. Existe?

(Alexandre, 18 anos, autônomo, EM incompleto)

- você conhece outras doenças sexualmente transmissíveis?

- Bom, não sei por nome, tipo, várias, ah, já ouvi falar bastante, mas, tipo, que eu recorde assim, agora, não.

(Lucas, 17 anos, 2º. EM, Integral)

- não tem bem só a Aids né, tem bastante doenças.

- É mesmo. E você conhece alguma outra doença que é sexualmente transmissível, além da Aids?

- Vixi! Eu sabia, mas eu esqueci o nome…

- Não lembra de nenhuma assim…?

- Não lembro… é que a Aids é que você tá sempre ouvindo falar, né. (Agenor, 16 anos, autônomo, 1º. EM, matutino)

Alexandre em seu discurso apresenta total desconhecimento sobre qualquer outra DST, além do HIV/Aids, a despeito de seus 18 anos. Enquanto Agenor refere ter conhecimento da existência de outras doenças, não sendo capaz, entretanto, de nomeá-las à medida que reconhece haver maior exposição de conteúdo informativo acerca do HIV/Aids em seu cotidiano. Lucas apresenta um conhecimento relativo acerca das DST, expressando informação apenas acerca da existência de tais doenças, mas sem ser capaz de nomeá-las.

Dados semelhantes podem ser encontrados em estudos de diversos autores (SANTOS et. al., 2002), que revelam o amplo desconhecimento e falta de informação que permeia a questão, no universo dos jovens. Pesquisa recente aponta, igualmente, o grande desconhecimento acerca das DST inclusive entre jovens universitários.3

3

Trata-se de uma pesquisa realizada na Unicamp, com alunos de graduação da Unicamp, de 16 a 29 anos, de ambos sexos, matriculados em 2011 e 2012 nos diversos cursos da Universidade, de acordo com matéria de Edimilson Montalti, publicada em 30/04/2013 no site da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP, disponível em <http://www.fcm.unicamp.br/fcm/fcm-hoje/noticias/2013/pesquisa-aponta-desconhecimento-dos- alunos-da-unicamp-sobre-dst>

Marcelo e Pedro Paulo, no entanto, apresentam experiências contrastantes entre si em relação ao conhecimento acerca de outras DST, além da HIV/Aids, como pode ser observado nos excertos abaixo:

- Sei! Eu já peguei uma vez, mas eu já curei já, era… sífilis. Já ouviu

falar da sífilis? […] Nossa, foi ruim! O médico falou, porque eu peguei,

acho que foi isso daí, uma vez de eu não usar a camisinha, eu acho que

é isso, que dá isso também, ele falou se não se prevenir […] aí eu fui,

cuidei, tomei tantas injeções […] Aí depois disso nunca mais […]

- E outras doenças, você conhece outras, além dessa que você pegou? - Outras não. Não conheço mais não.

- E você sabe as consequências dessa doença que você pegou?

- Nossa, eu não vi não. Mas minha irmã viu lá, falou que tem muitas consequências, ela não falou, mas falou que tem bastante se não cuidar… ela tinha falado lá, que acho que fica cego, você, pega

negócio, é… machucado no pênis, esse negócio aí que ela falou…

(Pedro Paulo, 19 anos, autônomo, EF incompleto)

- Sífilis, gonorreia, ah, tem uma pancada de doença, aí, né… herpes.

- Você se preocupa com essas doenças também?

- Eu me preocupo (risos). Sempre olho, é, pra vê se tem alguma coisa ali. […] Eu sempre uso camisinha. Hoje em dia não faço mais, assim, sexo com outras pessoas, mas quando fazia eu usava camisinha, nunca fui de transar sem camisinha. Ah, eu sou muito preocupado, sabia que você tá falando com uma pessoa hipocondríaca, né.

(Marcelo, 19 anos, 2º. EM, supletivo à distância)

Pedro Paulo, embora tenha se contaminado com sífilis, apresenta em seu discurso um desconhecimento acerca da própria doença, seu modo de contaminação, história natural e implicações. Marcelo, por sua vez, apresenta algum conhecimento a respeito de outras DST, além do HIV/Aids, não apenas em nomeá-las, mas também quanto à prevenção e a prática de um autoexame, para um possível diagnóstico precoce. Tais conhecimentos e informações foram adquiridos, ao que parece, a partir de seu próprio interesse em pesquisar o tema, dada sua grande e constante preocupação com seu estado de saúde, conforme reafirmou em outros momentos da entrevista. Desse modo é possível depreender dos discursos de Pedro Paulo e Marcelo que a aquisição de conhecimento e informação nem sempre se dá em decorrência de uma experiência, como é o caso de Pedro Paulo, mas, pode ocorrer em função de um interesse pessoal, como no caso de Marcelo.

Dentre a maioria dos garotos entrevistados, embora o conhecimento apresentado sobre as DST seja praticamente inexistente, e, sobre HIV/Aids seja

relativo, quando indagados sobre a melhor forma de prevenir as DST/Aids foi possível observar um reconhecimento geral da camisinha como método mais eficaz de prevenção, conforme podem ilustrar as falas de Lucas e Leandro a seguir:

- Eu não vou, tipo, pegar uma doença agora, jogar minha vida toda pro alto, assim, por causa de uma noite, por exemplo. Então é sempre bom tá prevenido né, se prevenir…

- Qual a melhor forma de prevenir?

- Camisinha. Tá sempre procurando ir no médico, conversando com os pais… é a base de tudo.

(Leandro, 18 anos, estagiário, EM completo)

- Qual a melhor forma de prevenir a Aids e outras doenças?

- Ah, preservativo né… acho que é a melhor maneira. Ou não fazendo

sexo… (risos) vira freira. Ou padre, aí você não tem Aids, de jeito

nenhum. […] Ou uma troca de sangue, sei lá.

(Lucas, 17 anos, 2º. EM, Integral)

Como podemos obervar, os garotos em seus discursos, identificam uso o preservativo como método fundamental e seguro para a prevenção das DST/Aids, a despeito da falta e informação sobre DST/Aids que permeia suas falas, tal como pode ser encontrado em diferentes estudos acerca do tema, segundo, Santos et. al., 2002).

Vale ressaltar que Lucas identifica ainda o possível contágio por vias não sexuais, enquanto Leandro, em seu discurso, reforça o uso da razão que envolve a prática da prevenção, colocada por ele como uma opção enquanto projeto de vida, frente a uma única experiência fugaz de prazer. Pode-se observar, ainda em seu discurso, nova referência ao diálogo, dessa vez com os pais, bem como a procura de profissionais como médicos, o que aponta para a possibilidade de que as experiências afetivo-sexuais dos jovens em geral, apesar de fortuitas, podem não ser tão pautadas pela impulsividade, havendo possibilidade para o planejamento, e para a prevenção, portanto.

5.4.3 Sobre contracepção e prevenção das DST/Aids: práticas, riscos e