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33 4 – ASPECTOS ADMINISTRATIVOS

Por aspectos administrativos deve-se compreender, do ponto de vista do planejamento físico, o conjunto de temas e atividades relacionado ao gerenciamento dos recursos humanos, financeiros, físicos e patrimoniais universitários que reúne os instrumentos que medeiam e viabilizam os objetivos de operação da universidade. Para o Plano Diretor Físico do Campus Universitário Darcy Ribeiro interessará o modo pelo qual se exercerá o controle administrativo sobre o uso dos espaços e como se explorará a máxima capacidade de utilização dos recursos disponíveis. Também interessam as formas pelas quais a própria estrutura física do Campus possa viabilizar a captação de recursos (o

Campus como lugar urbano privilegiado para a promoção de eventos do interesse de diversos agrupamentos comunitários e institucionais).

4.1 – O DEBATE DA AUTONOMIA ADMINISTRATIVA

Uma das mais importantes transformações por que passa a universidade pública ocorre por sua reorganização em instâncias autônomas. A autonomia universitária nasce, como princípio organizativo, na Constituição Federal de 1988 (Art. 207: “As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão”). O debate de alternativas para a autonomia administrativa universitária tem, em seus desdobramentos, conseqüências no âmbito da ocupação física do Campus, que devem ser consideradas.

Essa dimensão da autonomia universitária pode acarretar diversas alternativas para a organização espacial do Campus, em médio e longo prazo. A autonomia administrativa atua sobre a organização

espacial, e tem sua importância aumentada com a (possível) diversificação das organizações autônomas, criadas no âmbito da Fundação Universidade de Brasília - FUB. Em especial, a progressiva descentralização administrativa e o exercício autônomo da gestão de

Unidades Acadêmicas e órgãos universitários, como o Hospital Universitário, ou de um Centro de Convenções autônomos, devem exigir o estabelecimento de padrões mínimos de projeto, construção e uso que imponham níveis aceitáveis de qualidade dos espaços construídos, de sua acessibilidade e segurança, etc. Essas organizações, ao se

determinarem em suas respectivas faixas de autonomia, expressarão necessidades próprias de ordenamento espacial. O conjunto da

Universidade de Brasília, ao crescer em porte e ao diversificar seus padrões de atividades, tornar-se-á mais complexo, devendo-se coordenar a unidade urbanística do Campus e a diversidade das organizações descentralizadas.

Do ponto de vista do planejamento físico, é essencial a unidade e coerência no âmbito do complexo processo decisório institucional, que envolve instâncias formuladoras das políticas institucionais - e deliberativas - nos planos acadêmicos do ensino, da pesquisa e da extensão, bem como nos planos da administração de pessoal e de recursos financeiros e materiais, e ainda no plano comunitário. A gestão administrativa, no nível do conjunto da Universidade, está diretamente associada à execução das políticas institucionais em âmbitos mais restritos, como os dos recursos humanos, financeiros e materiais.

A execução de políticas acadêmicas é realizada por outra esfera de administração, estritamente acadêmica, que tem papel fundamental no estabelecimento das políticas institucionais referentes aos recursos

tecnológicos (ainda que as Unidades Acadêmicas exerçam o poder de

definição dessas políticas de modo ainda heterogêneo, em impulsos originados por iniciativas lançadas desde diferentes origens e orientadas por diversos interesses, como no caso da REDUnB, as políticas tecnológicas podem associar a totalidade das Unidades Acadêmicas e demais órgãos universitários, numa coordenação de investimentos que somente pode ocorrer de forma centralizada).

As práticas administrativas que se articulam em torno do processo decisório e das ações executivas encontram rebatimentos fundamentais na gestão dos espaços físicos e no processo de ocupação do Campus. À medida que a autonomia administrativa é descentralizada e formalmente transmitida, desde a administração superior da Universidade de Brasília

até o conjunto de Unidades Acadêmicas e órgãos universitários, também ocorre a necessidade de coordenação das diferentes pautas de prioridades de ocupação e uso dos espaços disponíveis. O Plano Diretor

Físico do Campus deve orientar a formação e o disciplinamento das faces de gerenciamento comum entre as instâncias administrativas descentralizadas. O cenário de instâncias organizacionais autônomas

está associado à gestão coordenada da ocupação física do Campus. 4.2 – A NATUREZA ADMINISTRATIVA DO PLANO DIRETOR FÍSICO DO CAMPUS

O Plano Diretor Físico pode ser apresentado como instrumento

auxiliar da gestão institucional, diretamente relacionado tanto com os

aspectos do planejamento institucional quanto com as ações executivas empreendidas na consecução das políticas institucionais. Enfatiza-se, nas práticas administrativas que se orientam para a gestão dos espaços construídos, a importância das funções de controle e avaliação concernentes:

a) à qualidade ambiental e segurança dos locais de trabalho; b) ao atendimento da programação arquitetônica das edificações

às necessidades das atividades previstas (dimensionamentos e condicionantes ambientais, entre outras determinações da programação físico-funcional);

c) ao efetivo padrão de uso e ocupação dos espaços construídos, à disposição das Unidades Acadêmicas e órgãos universitários (freqüência de uso, densidade de ocupação ou lotações verificadas, cumprimento dos objetivos colocados pelos grupos de trabalho, etc.);

d) ao desempenho dos serviços de manutenção e dos sistemas prediais mantidos (elementos da edificação, instalações, equipamentos, etc.).

4.3 – MÉTODOS E TÉCNICAS APLICADOS NA GESTÃO DOS ESPAÇOS CONSTRUÍDOS

O trabalho administrativo lança mão de instrumentos de controle e avaliação para retro-alimentar o processo decisório. Para o planejamento físico, essa retroalimentação ocorre, em especial, pela avaliação de pós-

ocupação dos espaços construídos: uma vez em uso, os edifícios são

monitorados, avaliando-se o seu desempenho segundo vários critérios, como os citados acima (qualidade ambiental, adequação dos ambientes, programação de uso e, ainda, seu dimensionamento, mobiliário, instalações, entre outros pontos).

A Avaliação de Pós-Ocupação – APO permite a formação de uma memória acerca do alcance (ou frustração) dos objetivos postulados pelos projetos técnicos de arquitetura e engenharia, bem como pelo Plano Diretor Físico do Campus, e ainda pelas instâncias decisórias atuantes no processo de programação arquitetônica. O conhecimento obtido por meio de APOs sistematicamente realizadas nos espaços construídos permite o refinamento dos critérios de projetos, das tecnologias construtivas, dos padrões de organização físico-funcional, entre outros pontos. Quando procedimentos de APOs são adotados no planejamento físico, há ainda a criação de um mínimo de continuidade entre diferentes momentos da gestão dos espaços físicos: um novo grupo de administradores se beneficia com a experiência acumulada pelas gestões anteriores (e a

descontinuidade nas gestões é um traço persistente de nossa cultura

administrativa, revelando-se na repetição de erros, na imprevidência que caracteriza as instituições de planejamento deficitário, na heterogeneidade dos níveis de qualidade verificados no desempenho de seus diferentes grupos de trabalho, etc.).

Várias medidas administrativas a serem consideradas pelas instâncias de planejamento físico e institucional dizem respeito à ocupação gradual do Campus – como eventos de organização físico- territorial, que podem ser previstos por meio de cenários de ocupação do Campus (desde os problemas de fluxo de pessoas e informações até o redimensionamento das equipes de segurança, limpeza e manutenção num Campus ocupado).

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA / GABINETE DO REITOR / PREFEITURA DO CAMPUS

PLANO DIRETOR FÍSICO DO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DARCY RIBEIRO

PARTE I - DIRETRIZES DE PLANEJAMENTO FÍSICO E INSTITUCIONAL / ASPECTOS ADMINISTRATIVOS

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