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47 6 – ASPECTOS URBANÍSITICOS

Por aspectos urbanísticos são entendidos, neste trabalho, tanto os condicionamentos formais e legais ao processo de ocupação quanto os elementos do Plano Diretor Físico do Campus Universitário Darcy Ribeiro, no que se refere ao ordenamento urbano e territorial do Distrito Federal (ainda que de forma restrita e localizada). Em especial, é importante situar nessa análise o conjunto de documentos legais que incidem sobre o ordenamento territorial, sua fiscalização e as responsabilidades de gestão pelo Poder Executivo do Governo do Distrito Federal e os instrumentos de planejamento urbano que permitem a implementação de ajustes em aspectos específicos do uso do solo, entre outras possibilidades previstas na legislação.

Deve-se ter claro que o processo de ocupação do Campus Universitário Darcy Ribeiro implica definido exercício do direito de

construir, forma de direito administrativo público exercido pelo Poder

Executivo Municipal – sendo que, no caso do Distrito Federal, atribuições específicas dos Estados Federativos e dos Municípios brasileiros são detidas simultaneamente.

A legislação urbanística incidente sobre o processo de ocupação do Campus implica a consideração de diversos planos de intervenção, desde a competência da própria instituição universitária - pertencente ao sistema de ensino público da esfera federal, instituída como fundação pública –, para propor a iniciativa de ocupação, até aspectos relacionados à preservação e conservação do meio ambiente natural e transformado, à observação do plano urbanístico do Plano Piloto de Brasília, como patrimônio cultural, entre outros aspectos.

Alguns desses aspectos são abrangidos pelo Estatuto da Fundação Universidade de Brasília, como o de sua autonomia administrativa; pela legislação federal e distrital relativa ao meio ambiente e ao patrimônio cultural e pela legislação distrital relativa ao ordenamento territorial e urbano e aos padrões de qualidade das edificações – sobretudo as que se destinarão ao uso público.

Neste capítulo sobre os aspectos urbanísticos da ocupação do Campus, deter-nos-emos em elementos da legislação ambiental e de projeto urbano, dado que:

• os elementos da proposta de setorização e zoneamento que explicam as diretrizes de observação do plano urbanístico do Plano Piloto de Brasília são expostos mais extensamente ao longo do Capítulo 8, Vetores de Ocupação; Capítulo 11, Impacto das

Atividades; Capítulo 12, Paisagem Criada. Contudo, deve-se

informar que o Campus Universitário Darcy Ribeiro não possui

uma só de suas edificações inscritas no Livro de Tombo do Departamento do Patrimônio Artístico e Histórico do Distrito Federal - o que não é problemático, mas revela a omissão dessa

prioridade até o momento (desde 1988, quando o Livro de Tombo foi criado), devendo ser tratada a inscrição das edificações históricas como incumbência prioritária da instância de planejamento físico do Campus; a inscrição das edificações históricas em médio prazo deve ser vista como trabalho que torna ainda mais consistentes as intenções declaradas de respeito ao plano urbanístico da cidade;

• aspectos que também dizem respeito a diretrizes específicas do projeto urbano são detalhadamente expostos no Capítulo 15, Proposta de Setorização e Zoneamento, e no Capítulo 16, Descrição dos Setores Físicos; observa-se que o presente Plano Diretor Físico não configura um projeto urbanístico, mas um corpo normativo que tem validade restrita ao âmbito da gestão

universitária, na forma e no prazo que a administração superior da instituição determinar. Como veremos, sua implementação terá

conseqüências mais amplas para o próprio corpo normativo da gestão urbana.

A ênfase nos aspectos gerais do projeto urbano e dos aspectos de meio ambiente foi escolhida por ser, neste momento, uma forma de introdução ao significativo conjunto de condicionamentos indispensáveis para a implementação do Plano Diretor Físico.

Não se pode esquecer de que a Universidade de Brasília não formalizava sistematicamente, até recente período, propostas de regularização de seu traçado urbanístico ou de construção de novas edificações no Governo do Distrito Federal e, mais especificamente, na Administração Regional de Brasília. O Campus da UnB é tratado, desde sua criação, com inegável informalidade pelas instâncias distritais de gestão urbana. Esse tratamento é comum a diversos outros órgãos governamentais federais e distritais, mormente aqueles presentes desde a fundação da cidade, ou ainda os que foram criados ao longo da década de 60, em estágios de construção da cidade. Há prédios, na cidade e no Campus, que ainda carecem da Carta de Habite-se – do Hospital de Base do Distrito Federal ao ICC (Minhocão).

Esse conjunto de situações, formalmente irregulares, tem sua explicação no fato de a administração distrital e a coordenação da execução de obras coincidirem, ao longo de quase três décadas de consolidação da cidade, com a NOVACAP e com a ação dos órgãos federais encarregados da execução de obras. No caso destes, encaixa-se a própria Universidade de Brasília, instituição de consolidação prioritária, à qual se deu ampla liberdade para empreender sua urbanização e edificação. Na Capital Federal, ao longo do período de consolidação da cidade – que pode ser definido até a década de 80 -, as instituições federais puderam organizar-se com ampla liberdade de ação, até certo ponto necessária ao ritmo das obras e à integralização dos projetos iniciais da cidade.

O período de consolidação também representa etapa necessária para a organização crescente do próprio Governo do Distrito Federal, que se tornou autônomo a partir da Constituição Federal de 1988.

A tolerância passada ante a regularização dos projetos urbanos e de edificações é inadmissível na atualidade, dado que a cidade está consolidada, assim como sua Universidade, e deve-se considerar a maturidade do sistema de gestão e de planejamento urbano e territorial distrital como garantia de qualidade dos espaços construídos em todo o Distrito Federal. Com quase uma década de autonomia e tendo desenvolvido corpo normativo e fiscalizador adequados, o Governo do Distrito Federal se vê regularmente organizado, com equipes técnicas

aptas a acompanhar todo o processo de ocupação do território distrital, em todos os aspectos valiosos da legislação, desde os atinentes ao meio ambiente até os atinentes ao patrimônio urbanístico. Neste momento, a maior parte das obras empreendidas no Campus Universitário Darcy Ribeiro é regularizada na Administração Regional de Brasília, e o Plano Diretor Físico do Campus deve assegurar o início da integração formal de todas as suas premissas de ocupação territorial com as exigências de regularização urbanística distritais.

Deve-se compreender que esse é procedimento regularizador, necessário, inescapável e que não fere a autonomia universitária: a

organização espacial do Campus deve ser firmemente articulada segundo condicionantes que guardem total coerência entre as exigências institucionais e as exigências da gestão urbana e territorial, em sua esfera de competência.

Nessa perspectiva, as principais medidas propostas pelo Plano Diretor Físico do Campus Universitário Darcy Ribeiro, para a sua ocupação, e que apresentam impacto sobre o ordenamento territorial são baseadas em plano de setorização e zoneamento do Campus.

O que se compreende por Setor Físico do Campus, e por seu

zoneamento, é bem distinto dos conceitos e das definições homônimos

adotados pelo sistema de planejamento urbano e territorial do Distrito Federal.

O Campus Universitário Darcy Ribeiro, com exceção do Hospital Universitário, é tratado como espécie de setor urbano da cidade - apesar de não receber essa denominação (como os vizinhos Setor de Embaixadas Norte e Setor de Clubes Recreativos Norte, entre outros) desde o ponto de vista mais geral do sistema de gestão territorial e urbana. Já os Setores Físicos a que nos referiremos sistematicamente têm natureza administrativa e institucional limitada.

Os Setores Físicos do Campus (ver a Parte 3 deste Plano Diretor Físico) e suas repartições foram definidos segundo critérios considerados apropriados para o ordenamento de sua ocupação. Esses critérios, como já se declarou, têm validade estritamente administrativa no âmbito da Instituição. Apresentam-se, esses critérios, como referências de planejamento que devem permitir a integração da ocupação do Campus

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA / GABINETE DO REITOR / PREFEITURA DO CAMPUS

PLANO DIRETOR FÍSICO DO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DARCY RIBEIRO

PARTE I - DIRETRIZES DE PLANEJAMENTO FÍSICO E INSTITUCIONAL / ASPECTOS URBANÍSTICOS

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