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35 Evidentemente não se pode enxergar apenas edifícios ocupando

a paisagem antes liberada: a ocupação física é ocupação por atividades reais, implica a ampliação da organização, dos grupos de trabalho, dos ramos da instituição. Tanto o trabalho acadêmico (no ensino, na pesquisa e na extensão) quanto o trabalho de apoio administrativo transformam-se – aos quais são adicionados outros serviços de apoio, dirigidos ao conforto da comunidade universitária ou de entidades colaboradoras que eventualmente obtenham espaço no Campus. A localização dos grupos

de trabalho no espaço físico do Campus é decisão fundamental no processo de planejamento e depende largamente de fatores de gerenciamento – apesar de a decisão locacional também se associar ao

processo histórico de ocupação do Campus, às evidências do sítio físico do Campus, à formação de sua paisagem urbanizada ou, como se pode conceber, criada. A localização dos grupos de trabalho (em ensino, pesquisa e extensão e apoio administrativo) exige discussão que caracterize as diretrizes de gestão dos espaços construídos. Critérios gerais de localização são abordados no Capítulo 8, Vetores de

Ocupação.

Tanto fatores estruturais de ordenamento territorial como as diretrizes gerais de ocupação e plano urbanístico, quanto fatores de ordenamento local, referentes às diretrizes de planejamento das edificações, devem ser observados do ponto de vista do administrador. A informatização do Campus, como exemplo, reúne fatores que exigem a consideração simultânea da organização do trabalho em nível geral e local, que é de fundamental relevância para a programação arquitetônica das edificações.

A informatização crescente de várias tarefas pode ampliar e facilitar a emergência de outras, pela liberação de tempo e de controles tornados desnecessários –, assim como criar novas necessidades. Disso resulta que o uso intensivo de tecnologias da informação exige a previsão de espaços interiores flexíveis que possam ser reestruturados com facilidade, que respondam rápida e adequadamente a demandas de grupos quase instantâneos de trabalho (nas pesquisas, nas comissões administrativas, etc.); as instalações prediais devem ter facilitado o acesso à sua manutenção, sendo imprudente embuti-las nas alvenarias ou criar

elementos de mobiliário fixo que dificultem a mudança nas compartimentações dos pavimentos. Essas observações apenas exemplificam princípios já praticados na projetação arquitetônica que respondem à demanda de formas de organização de trabalho de inegável dinâmica. Novas organizações de trabalho emergem, e enfatiza-se o fato de a programação arquitetônica (que realiza vínculo entre os métodos e os objetos do planejamento intitucional e os do planejamento físico) constituir prática permanente, como instrumento de proposição, normatização e avaliação – e não somente como atividade pontual, preliminar à elaboração do projeto de arquitetura.

Espaços físicos devem ser recicláveis, e o dimensionamento de vãos, a liberdade na colocação de divisões internas, a qualidade do sistema construtivo, bem como o condicionamento natural (da iluminação e ventilação dos ambientes), permitem a sua adaptação para significativa diversidade de utilizações. Ainda assim, muitos ambientes de trabalho acadêmico são extremamente exigentes quanto ao condicionamento ambiental, às instalações necessárias, aos materiais empregados e mesmo à forma física (proporções, pé-direito ou alturas internas úteis, geometria).

Espaços de grande flexibilidade e espaços de maior especificidade, de um certo ponto de vista, compõem os programas arquitetônicos das edificações do Campus e dão a elas suas características funcionais. A gestão dos espaços construídos, na organização universitária, ainda não avalia os custos da construção associados à funcionalidade (como a medida de seu desempenho como recipientes de atividades) de suas edificações. O Plano Diretor Físico do Campus propõe modelo de programação e avaliação com base na análise das densidades de ocupação e na freqüência de usos dos espaços associados a atividades – Capítulo 9, Densidades de Ocupação e

Freqüências de Usos. Essa abordagem conduz a programações

arquitetônicas exigentes quanto ao controle dos custos de utilização e manutenção dos espaços construídos. Desdobra-se daí a diretriz de

padronização de espaços e materiais construtivos, de sistemas de

não seja obstáculo à diversidade e riqueza de concepções arquitetônicas, o que exige a permanente discussão técnica e conceitual dos modelos de padronização adotados em torno de princípios comuns).

4.4 – CUSTOS E AUTO-SUSTENTAÇÃO DO PROCESSO DE OCUPAÇÃO FÍSICA DO CAMPUS

A gestão dos espaços construídos implica, assim, a gestão dos custos de construção e manutenção desses espaços: é proibitiva a

indicação de ocupação do Campus, de expansão da organização universitária, sem a previsão de mecanismos de captação de recursos que viabilizem sua manutenção adequada. Podem-se captar

recursos por meio de eventos promovidos no espaço do Campus. Um Centro de Convenções, como exemplo, é espaço que se pode auto- sustentar financeiramente, ter pessoal próprio, serviço de manutenção especializado – e gerar excedentes que possibilitem melhorias em outras organizações da Universidade de Brasília.

A diretriz de auto-sustentação transforma as premissas convencionais de aporte de recursos públicos na única ou predominante fonte de dotações para a construção e manutenção dos espaços físicos do Campus. Essa diretriz vai ao encontro da concepção de autonomia administrativa e financeira, por meio da criação de organizações universitárias, no âmbito da Fundação Universidade de Brasília, que possam empreender a captação de recursos e novos investimentos, viabilizando patamares de ocupação física de difícil consecução sem as alternativas de auto-sustentação.

Nessa perspectiva, é fundamental a discussão das formas de coordenação entre as instâncias autônomas. Os objetivos fundamentais da instituição universitária devem orientar o modelo de auto-sustentação. A ocupação do Campus pode ser concebida a partir de cenários a) que combinem empreendimentos que criam empreendimentos (como no exemplo do Centro de Convenções, que se associa à criação de espaços para a exposição de trabalhos de caráter científico, artístico, comunitário, etc., em maior escala); e b) em que organizações são planejadas

centralmente (categoria que se associa à maioria das Unidades

Acadêmicas e ao apoio técnico-administrativo – apesar de admitir-se esta categorização como discutível, se se reconhecer que as Unidades Acadêmicas têm a capacidade e a possibilidade de projetos autônomos).

A evolução dos mecanismos de captação de recursos deve ser apreciada para que se acompanhe a criação de formas de auto- sustentação de algumas organizações universitárias, no âmbito da FUB. A seguir, apresentamos texto elaborado por instância de planejamento institucional da UnB, referente a essa evolução (Consolidação do

Campus – Gabinete do Reitor, 1997-1998).

4.4.1 – DADOS ACERCA DA CAPTAÇÃO DE RECURSOS O aumento da captação de recursos busca estimular a exploração do potencial de prestação de serviços das unidades acadêmicas e administrativas. Para tanto, foi reduzido o tempo de tramitação de processos na administração central, agilizadas a elaboração e assinatura de contratos e ampliando-se, com tais iniciativas, o volume de recursos arrecadados pelos órgãos prestadores de serviços. A implementação das medidas destinadas a promover o aumento da captação elevou o volume de recursos orçamentários da Universidade.

O aumento das receitas verificado nos últimos anos pode ser creditado ao esforço desenvolvido pela UnB, no sentido de estabelecer parcerias com órgãos da administração federal e do Distrito Federal, que possibilitaram, no último quadriênio, a transferência de expressivo volume de recursos do orçamento desses órgãos para a Universidade.

Um dos mais importantes resultados obtidos com o aperfeiçoamento da gestão financeira da Universidade foi a estruturação de órgãos e programas destinados a ampliar a captação de recursos próprios, com o objetivo de reduzir a dependência da Universidade dos repasses do Tesouro (Tabela 4.1). Como resultado, os principais órgãos descentralizados da UnB passaram a arrecadar diretamente maior volume de recursos (Tabela 4.2). Essas verbas adicionais foram utilizadas, em primeiro lugar, no custeio das atividades inovadoras implementadas por essas unidades. Em segundo, para financiar atividades com dotação orçamentária insuficiente ou, ainda, para implementar programas

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA / GABINETE DO REITOR / PREFEITURA DO CAMPUS

PLANO DIRETOR FÍSICO DO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DARCY RIBEIRO

PARTE I - DIRETRIZES DE PLANEJAMENTO FÍSICO E INSTITUCIONAL / ASPECTOS ADMINISTRATIVOS

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