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41 5.2 – UMA PAUTA PARA A COMUNIDADE

A freqüência e permanência das pessoas no Campus levanta vários problemas merecedores de análise no projeto físico do Campus, que deve considerar as necessidades dos diferentes grupos componentes de sua comunidade. Examinemos alguns,

pautados por sua relevância, envolvendo várias escalas do projeto, desde o planejamento urbano até o planejamento arquitetônico, de cada uma das edificações e logradouros:

♦ a acessibilidade e as necessidades especiais – a acessibilidade às edificações e a liberdade de movimento sem barreiras arquitetônicas e com elementos físicos que dêem proteção e amparem as pessoas que se deslocam em cadeiras de rodas ou que têm outras limitações ao seu deslocamento pessoal, as que têm deficiência auditiva e/ou visual; a pessoa com necessidades especiais impõe cuidados nos vários pontos da programação arquitetônica referentes à segurança, à higiene, ao conforto ambiental; segue-se o princípio de que um espaço bem adaptado para pessoas com necessidades especiais apresenta excelente nível de conforto para as demais pessoas;

♦ a orientabilidade – relativamente, poucos membros da comunidade universitária conhecem todos os locais do Campus e são capazes de orientar-se e descrever os percursos corretos a um visitante desinformado; o número crescente de visitantes ou usuários não-iniciados exige que os locais de acesso e de distribuição dos fluxos de pessoas, assim como de escape, sejam visíveis e facilmente identificáveis; o desenho urbano deve conter sistema de comunicação visual que permita a imediata identificação dos diversos locais endereçados; deve-se evitar “pontos cegos” ou a formação de labirintos (como nos locais de circulação pública de onde não se vê o acesso pelo qual se veio); a poluição visual do Campus – por meio de imagens e textos

em outdoors, placas de toda ordem, e outros suportes – prejudica a orientabilidade e a qualidade visual dos espaços do Campus, devendo ser evitada;

♦ a segurança – o Campus é local relativamente seguro, apesar de ocorrências freqüentes de furtos e mesmo de violência e vandalismo em episódios isolados mas preocupantes; a manutenção da segurança das pessoas e do patrimônio exige esforço permanente, à qual o desenho urbano e o planejamento arquitetônico podem acrescentar mais recursos, com respeito, por exemplo: ao planejamento da iluminação pública nos locais de acesso de veículos e pedestres; à visibilidade dos espaços internos; à solução dos sistemas de instalações de proteção e combate a incêndios; à especificação de materiais e mobiliário resistentes ao uso; à identificação dos depósitos de materiais que ofereçam risco, entre diversas outras situações (discutidas ao longo deste trabalho); a implantação de novas edificações deverá implicar discussão dos programas arquitetônicos atinentes a cada edifício, bem como dos apoios que passam a ser necessários à estruturação das novas áreas (especialmente, neste ponto, com respeito a guaritas, locais de pronto-atendimento, postos policiais internos, entre outros).

♦ o silêncio – como local de estudos, o Campus deve ser lugar silencioso ao longo dos períodos de trabalho; as atividades de lazer e os eventos públicos ao ar livre devem ser organizados e programados para que ocorra a mínima interferência por poluição sonora; em paralelo ao zoneamento das áreas de lazer e convívio (destinação de uso que se restringe aos locais em que edificações especiais podem ser implantadas) deve ocorrer a aplicação de posturas específicas quanto às atividades previstas;

♦ a higiene – o mobiliário urbano do Campus deve prever lixeiras e locais para os containers do Serviço de Limpeza Pública do Distrito Federal, facilitando a cooperação comunitária e a operação de eliminação de resíduos sólidos,

contribuindo com a limpeza do Campus; o projeto e a localização dos banheiros públicos e de pessoal devem prever as especificidades das pessoas portadoras de necessidades especiais; as especificações de materiais laváveis e duráveis são importantes; as edificações devem evitar que animais proliferem, nidificando ou criando tocas e locais de postura em suas coberturas, subsolos ou desvãos; ♦ o encontro – a maior parte da comunidade do Campus é

composta por jovens e o Campus universitário é local de encontro da juventude, por períodos de permanência e em freqüência tais que não se encontra paralelo em outros lugares da cidade; também é composto por pessoas das mais diversas faixas etárias que se comunicam intensamente, que se encontram muito: o Campus é lugar de encontro e seu

desenho deve facilitar, promover, estimular o encontro entre as pessoas; os espaços internos às edificações devem

conter pátios ou outros lugares que atraiam os grupos para a conversa, com conforto; os espaços entre as edificações, os logradouros, devem ser planejados para que os encontros casuais tenham lugar, assim como se requer que os pontos de cruzamento dos passeios de pedestres sejam apoiados por serviços ou mobiliário (lanchonentes, cafés, pergulados, telefones, etc.), reforçando a rede de percursos a céu aberto e seu uso pelas pessoas; ao mesmo tempo em que o Campus não é lugar adequado para clubes ou edificações de lazer ou uso comunitário restrito, todo o Campus é lugar para o encontro entre as pessoas que o freqüentam;

♦ o espaço pessoal – mesmo abrigando fluxos maciços e crescentes de pessoas, é necessária a existência de espaços em que os estudantes, funcionários e professores possam desempenhar atividades individuais, em isolamento (ou mesmo restritas a pequenos grupos de trabalho); na programação arquitetônica atual, esses espaços são escassos, sobretudo para os estudantes; a grande dificuldade quanto a sua inclusão reside no aproveitamento irregular dos espaços individuais – ora usados intensivamente, como se

espera, ora subutilizados, ou utilizados inadequadamente; os

espaços pessoais devem ser associados a uso efetivo e intensivo, justificável; o espaço pessoal pode ser criado em

meio a espaços coletivos: nichos em grandes ambientes de encontro, varandas e porticados com arquiteturas que permitam a separação dos eixos de passagem e de lugares para, simplesmente, estar são recursos ainda pouco utilizados e de grande versatilidade; no caso dos ambientes de trabalho dos funcionários, existem muitos casos em que prevalecem o reaproveitamento de mobiliário inadequado e a aglomeração física de pessoas e equipamentos, prejudicial ao desempenho, à concentração no trabalho – e ao seu sigilo, em algumas situações, de necessária previsão;

♦ os ciclos das atividades – é notável o padrão de funcionamento efetivo do Campus Universitário, de um modo geral: a maior parte das atividades desenvolvidas é encapsulada temporalmente, num quadro extremamente previsível e de fácil planejamento (em tese); uma das transformações mais importantes no padrão de uso dos espaços construídos pode ocorrer pelo uso adequado dos ciclos de atividades; anualmente, a maior parte da comunidade se reúne em em torno de atividades realizadas ao longo de oito meses, programando-se com um grau de inflexibilidade que torna comum a realização concentrada de trabalho em picos localizados, entre os quais é menor o aproveitamento dos espaços disponíveis; os ciclos circadianos, das semanas, dos meses e semestres letivos – dos verões, das próprias gestões da administração universitária e dos currículos dos cursos regulares, cíclicos -, ainda não são coordenados de modo a se tirar deles proveito (pela utilização contínua dos espaços, pela programação contínua de atividades, pela conciliação entre trabalho e estudos, entre outros aspectos); a coordenação dos ciclos de trabalho envolve vários interesses e aspectos – poderia ser corretamente debatida como aspecto acadêmico e administrativo fundamental -, mas, ainda do ponto de vista da

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA / GABINETE DO REITOR / PREFEITURA DO CAMPUS

PLANO DIRETOR FÍSICO DO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DARCY RIBEIRO

PARTE I - DIRETRIZES DE PLANEJAMENTO FÍSICO E INSTITUCIONAL / ASPECTOS COMUNITÁRIOS

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