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21 3 ASPECTOS DO PLANEJAMENTO ACADÊMICO

Por aspectos acadêmicos deve-se compreender, do ponto de vista do planejamento físico, o conjunto de temas e atividades relacionado às práticas de ensino, pesquisa e extensão universitários que reúne os principais instrumentos e objetivos de operação da universidade. Para o Plano Diretor Físico do Campus Universitário Darcy Ribeiro interessará o modo pelo qual se deve organizar - e expressar - no espaço territorial a própria instituição universitária, considerando-se sua natureza e finalidades. A discussão dessa organização está no centro da concepção do projeto físico do Campus, como seu lugar urbano.

Desse modo, como fundamento para todo o planejamento, está a análise dos aspectos acadêmicos: como se organizam as atividades universitárias, qual o seu desempenho – e os instrumentos e critérios de avaliação da instituição -, como se pode aprimorá-las e expandir o alcance dos objetivos da universidade, entre outras questões.

A seguir, faremos a apresentação de texto que baliza o planejamento institucional da UnB quanto aos aspectos acadêmicos (Consolidação do Campus – Gabinete do Reitor, 1997-1998). Apesar de ainda mais descritivo que crítico, é introdução ao conhecimento da organização universitária em seus aspectos acadêmicos básicos. Está em andamento o trabalho de consolidação do planejamento estratégico para toda a Universidade de Brasília, coordenada pela Secretaria de Planejamento (SPL), órgão da administração superior universitária. Até 1999, um quadro mais completo das metas de planejamento acadêmico deve estar definido, possibilitando a progressiva programação da ocupação do Campus em médio prazo.

Reconhece-se que há muitas relações a serem definidas entre os padrões de atividades, critérios de avaliação e de geração de alternativas para os cenários futuros, envolvendo toda a instituição – ou, em outras palavras, de construção de uma base comum e mais consistente para a ação comum entre planejamento institucional e planejamento físico. Essa base é crucial para a

racionalidade do processo de ocupação física do Campus, e

seu Plano Diretor Físico deve representar o estabelecimento de canal concreto para o alcance desse estágio mais refinado de planejamento.

Deve-se considerar que o Plano Diretor Físico tanto recebe quanto gera informação para o planejamento institucional. Ao dar a conhecer uma proposta de organização

espacial viável e definida, permite a necessária referência para a tomada de decisões diretamente relacionadas com a organização acadêmica, seu apoio administrativo e técnico, seu programa de investimentos, entre outros pontos.

Porém, mais que apenas espelhar o status quo ante da organização universitária e propor cenário de ocupação territorial que apenas extrapola a situação existente, é fundamental o estabelecimento de instrumental metodológico que efetivamente permita a construção de alternativas a partir da iniciativa acadêmica. Esse instrumental é desenvolvido na Parte 2 deste trabalho, em

Diretrizes de Projeto e Ocupação, e, de forma especialmente

voltada para a avaliação e proposição de padrões de atividades acadêmicas, é exposto roteiro com maior detalhamento no Capítulo 10, Estabelecimento de Padrões de Atividades.

Alguns princípios devem ficar preliminarmente estabelecidos, afirmando:

a) a prioridade do padrão de atividades

acadêmicas sobre todos os demais: toda a

organização de apoio administrativo, organizações complementares e colaboradoras (pertencentes à instituição ou extra-institucionais, com representação no espaço do Campus) devem ser coerentes e consistentemente articuladas e fundamentadas na proposta de padrões de atividades acadêmicas, que gera as diretrizes de ocupação do Campus e de projeto e implantação de novas edificações e investimentos;

b) a autonomia acadêmica, administrativa e

financeira, entre outras dimensões possíveis, deve ser associada à coordenação de atividades e serviços comuns – o que, do ponto de vista do

planejamento físico, implica a tomada de decisões sempre considerada no contexto de toda a estrutura do

Campus, sua organização físico-funcional, sua infra- estrutura, sua segurança e qualidade ambiental;

c) na concepção de programação arquitetônica

de áreas acadêmicas e complementares deve ser demonstrado o princípio estatutário da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão: a programação arquitetônica que se refere às

atividades de ensino, como exemplo, deve argüir a inter- relação e simultaneidade dos componentes de pesquisa e extensão apropriados, refletindo-se isso nas programações de espaços para a pesquisa e para a extensão; de um modo geral, a programação arquitetônica é oportunidade de resgate da integridade dos padrões de atividades universitárias e deve ser ajustada às suas premissas.

3.1 – INTRODUÇÃO ÀS PREMISSAS DE PLANEJAMENTO INSTITUCIONAL NA ÁREA ACADÊMICA

“A Universidade de Brasília foi criada pela Lei nº 3.998, de 15 de dezembro de 1961, tendo por objetivos atuar como instituição de promoção do ensino superior e da pesquisa - em todas as áreas do conhecimento - e exercer a função de centro de divulgação científica, técnica e cultural. Para assegurar o desenvolvimento destas atividades, a Universidade contou com uma instituição mantenedora: a Fundação Universidade de Brasília - FUB.

Para implementar uma proposta de ensino superior flexível, abrangente e fundamentada em uma concepção integrada do ensino e da pesquisa, a UnB inovou na sua organização acadêmica. As atividades básicas da Universidade desenvolver-se-iam, quando plenamente consolidadas, a partir de nove Institutos responsáveis pelo desenvolvimento de ensino e pesquisa nas áreas de ciências básicas e de onze Faculdades, as quais ficariam responsáveis pela transmissão dos conhecimentos associados às ciências aplicadas. No início da década de 80, quando foi concluída a última grande edificação construída no Campus Universitário - a Faculdade de Estudos Sociais Aplicados - a UnB já tinha estrutura acadêmica bastante complexa, embora distante do projeto original: cinco

Institutos; quatro Faculdades e três órgãos suplementares (a Biblioteca Central, o Centro de Processamento de Dados e a Editora). Na segunda metade da década de 90, quando o seu corpo discente ultrapassa os 15.000 alunos, a Universidade passa a ter uma estrutura acadêmica próxima daquela idealizada pelos seus criadores: nove Institutos; oito Faculdades e, além dos órgãos suplementares criados anteriormente, o Hospital Universitário.

Nesta década a Universidade de Brasília se consolida como uma das maiores instituições públicas de ensino superior e de pesquisa do País, devido à qualidade do ensino e da pesquisa por ela desenvolvida. Em 1994, a UnB é reconhecida como uma das quatro primeiras universidades brasileiras, no que se refere à qualificação do seu corpo docente; na mesma época pesquisadores do ensino superior atribuem-lhe a mesma posição no desenvolvimento de pesquisas.

Para atingir o objetivo de ser reconhecida como a melhor instituição de ensino superior do Brasil nos próximos anos, é necessário dar início ao processo de consolidação do Campus Universitário, ampliando a área física construída para o ensino e a pesquisa e destinando espaços exclusivos à prestação de serviços a empresas e órgãos públicos. Com isso, a Universidade pretende ampliar a capacidade de geração dos recursos próprios, capazes de financiar o desenvolvimento e a ampliação das atividades acadêmicas, cumprindo, dessa forma, os fundamentos da sua proposta original: usar o patrimônio e os recursos oriundos de sua administração para custear o desenvolvimento das atividades acadêmicas.

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA / GABINETE DO REITOR / PREFEITURA DO CAMPUS

PLANO DIRETOR FÍSICO DO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DARCY RIBEIRO

PARTE I - DIRETRIZES DE PLANEJAMENTO FÍSICO E INSTITUCIONAL / ASPECTOS DO PLANEJAMENTO ACADÊMICO

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