possível, ao desenvolvimento do presente Plano Diretor Físico do Campus Universitário Darcy Ribeiro. A maior atenção presente repousa no processo de elaboração do Plano Diretor Local (PDL) de Brasília, indispensável para que se retome, num contexto de atualização do planejamento físico da cidade-monumento, o controle sobre seu ordenamento urbano e territorial. Nesse aspecto, o Plano Diretor do Campus deve representar contribuição e estímulo ao seu prosseguimento, dado que ainda são muitos os aspectos pendentes e merecedores de apreciação, em benefício da qualidade de vida na Capital Federal.
6.2 – ELEMENTOS DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL CONCERNENTE
Vão-nos interessar os aspectos de impacto ambiental promovido pela ocupação do Campus, que ocupa parte da Área de Proteção Ambiental do Lago Paranoá. Desenvolvemos a seguir sucinta apresentação dos principais conceitos e definições legais em jogo, devendo-se desde já esclarecer que:
- somente as Unidades Físicas do Campus que abrigam a Estação Experimental de Biologia e o conjunto do Centro Olímpico e da Casa do Estudante Universitário pertencem ao polígono definido para a Área de Proteção Ambiental do Lago Paranoá;
- outros aspectos relacionados à questão ambiental desde as destinações de uso com estrita preservação dos elementos de meio ambiente até as diretrizes de projeto de infra- estrutura e paisagismo são desenvolvidos ao longo do Plano Diretor Físico.
As Áreas de Proteção Ambiental (APAs) “são de interesse
público, determinadas pelo Poder Executivo como de benefício para a
proteção ambiental, de modo a assegurar o bem-estar das populações humanas e a conservar ou melhorar as condições ecológicas locais” (SEMATEC, 1994).
A APA do Paranoá destina-se à conservação do cerrado, das várzeas e das matas ciliares protetoras dos mananciais que deságuam no Lago Paranoá e à proteção de espécies da fauna nativa.
De acordo com o artigo 3º do Decreto nº 12.055, de 14 de dezembro de 1989, do Governo do Distrito Federal, são objetivos da APA do Lago Paranoá:
I - garantir a preservação do ecossistema natural ainda existente na bacia, com os seus recursos bióticos, hídricos, edáficos e aspectos paisagísticos;
II - proporcionar a preservação de espécies endêmicas, raras ou ameaçadas de extinção ali existentes;
III - manejar a recuperação da vegetação às margens dos diversos córregos que contribuem para o Lago Paranoá;
IV - promover a proteção e recuperação qualitativa e
quantitativa dos recursos hídricos existentes na bacia, contribuindo
para a redução do assoreamento e poluição do Lago Paranoá;
V - assegurar a proteção dos ninhais de aves aquáticas e outros locais de pouso;
VI - desenvolver programas de educação ambiental e atividades
de pesquisa sobre os ecossistemas locais;
VII - favorecer condições para recreação e lazer em contato
com a natureza.
Não há proibição da presença humana nas APA - esta restrição pode ocorrer nas Áreas de Conservação de Uso Indireto. Cabe ao Poder Executivo estabelecer normas limitando ou proibindo:
a) a implantação e o funcionamento de indústrias potencialmente poluidoras, capazes de afetar mananciais de água;
b) a realização de obras de terraplanagem e a abertura de canais, quando tais iniciativas importarem em sensível alteração das condições ecológicas locais;
c) o exercício de atividades capazes de provocar uma acelerada erosão das terras e/ou um acentuado assoreamento das coleções hídricas;
d) o exercício de atividades que ameacem extinguir na área protegida as espécies raras da flora e da fauna regionais.
De acordo com o artigo 8º do Decreto nº 12.055, de 14 de dezembro de 1989, do Governo do Distrito Federal, são proibidas na APA da Bacia do Lago Paranoá, ouvido o Conselho de Política Ambiental:
I - a implantação e/ou funcionamento de quaisquer atividades industriais;
II - a implantação de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, capazes de afetar mananciais de água;
III - atividades de desmatamento, terraplanagem, mineração, dragagem e escavação que venham a causar danos ao meio ambiente ou degradação dele e/ou perigo para as pessoas ou para a biota;
IV - o exercício de atividades capazes de provocar uma acelerada erosão das terras e/ou um acentuado assoreamento das coleções hídricas;
V - o exercício de atividades que ameacem extinguir as espécies raras da biota regional;
VI - o uso de biocidas capazes de causar a mortandade de animais.
A ocupação de terreno na APA do Lago Paranoá depende da apreciação de Estudo de Impacto Ambiental - EIA, a ser encaminhado à apreciação da SEMATEC, com o respectivo Relatório de Impacto Ambiental - RIMA. Esses estudos destinam-se à análise da viabilidade da implantação de qualquer parcelamento de solo na área, seja para finalidades rurais ou urbanas. Rigorosamente, a
proposta de setorização e zoneamento não se converte em parcelamento. Todo o conjunto da área sob a propriedade da Fundação Universidade de Brasília é tratado como gleba ou conjunto de glebas com a destinação
voltada para o desenvolvimento de atividades universitárias de ensino, pesquisa e extensão – e para o seu apoio. A unicidade de uso urbano e
a integridade de sua propriedade são pressupostos básicos do Plano Diretor Físico do Campus Universitário Darcy Ribeiro, devendo-se
evitar qualquer interpretação de ação parceladora.
De acordo com o documento técnico do PDOT, a criação da APA do Paranoá, como unidade de preservação ambiental, teve por objetivo a preservação do cerrado, das várzeas e das matas ciliares que protegem as margens dos mananciais que deságuam no Lago Paranoá. O Campus possui trecho de grande importância para o alcance desse objetivo, na região do Arboreto, que é cruzado por riacho e possui aflorações do lençol freático, nascentes ainda nãomapeadas e avaliadas com precisão. A maior parte da área do Campus, sobretudo o seus Setores Sul e Central (como veremos na proposta de setorização e zoneamento), não apresenta tais características, embora a sua ocupação desorganizada possa representar risco ambiental significativo.
O impacto relativamente baixo, em termos ambientais, das atividades ordinárias nas instituições de ensino permite a exploração de proposta de ocupação em harmonia com as diretrizes de preservação ambiental. Grande parte das áreas ainda desocupadas ou subutilizadas localizadas ao norte da Esplanada dos Ministérios (especialmente o Setor de Embaixadas Norte e parte do Campus Universitário, abrangendo ainda o setor de chácaras isoladas entre o Iate Clube e o trecho ocupado pelo IBAMA e Telebrasília) apresenta graus de degradação – essas áreas chegam a incluir uma grande edificação em ruínas, às margens do Lago Paranoá, construída e abandonada; destinada ao lazer e à realização de eventos oficiais, é obra inacabada e de difícil recuperação, de propriedade da União.
A APA do Paranoá deve ser considerada como um todo, como
efetiva Unidade de Conservação que se integra pela existência do Lago
Paranoá e de todos os elementos de sua bacia. Segundo o PDOT, não existe um levantamento detalhado “de alguns de seus aspectos, que se
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA / GABINETE DO REITOR / PREFEITURA DO CAMPUS
PLANO DIRETOR FÍSICO DO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DARCY RIBEIRO
PARTE I - DIRETRIZES DE PLANEJAMENTO FÍSICO E INSTITUCIONAL / ASPECTOS URBANÍSTICOS