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43 comunidade, significa uma associação com o modo pelo qual

emprega seu tempo e tem condições de desenvolver sua produção, com o melhor desempenho possível; espaço, tempo, recursos e atividades relacionam-se com a qualidade de vida comunitária na universidade – como comunidade de

trabalho acadêmico -, e a forma com que são coordenados

significa a diferença entre os desempenhos existentes;

♦ o conforto ambiental – o condicionamento natural da temperatura do ar, a iluminação e a ventilação naturais são possíveis, em nosso País, ao longo de todo o ano; é surpreendente a utilização indiscriminada de aparelhos condicionadores da temperatura do ar em muitos ambientes do Campus, que se beneficia, além dos fatores climáticos da região, da proximidade do Lago Paranoá; o conforto ambiental também está relacionado ao proveito das vistas do Campus (não se restringindo ao aspecto físico e à higiene dos ambientes da edificação ou à escala urbana), dos elementos de paisagismo, dos jardins e da água das fontes (não temos uma só fonte, na atualidade, nas edificações ou em espaço aberto, no Campus), que podem ser associados e tornar os ambientes bio-climatologicamente mais confortáveis, além do conforto psicológico associado à visão do exterior (temos uma paisagem francamente subaproveitada e de projeto paisagístico ainda incompleto); o conforto ambiental como elemento fundamental da qualidade de vida no Campus é matéria a ser debatida em cada etapa de expansão dos espaços arquitetônicos;

♦ a representação – o Campus Universitário Darcy Ribeiro é, por outro lado, importante espaço de representação da cidade – e do País, por sua privilegiada localização na Capital Federal; autoridades representantes dos interesses de diversos países amigos nos visitam com freqüência e o Campus é a porta de entrada de estudantes estrangeiros para o contato com a ciência e a cultura brasileiras; autoridades do País, professores visitantes, estudiosos de diversas origens e interesses são recebidos pelos professores, funcionários e

estudantes (freqüentemente em suas casas, para onde acaba por estender-se a Universidade); a aptidão para a recepção

dos visitantes, seu conforto e boa estadia são aspectos da vida comunitária que devem ser cultivados de modo consistente: fisicamente, o Campus abraça e acolhe os estudiosos, dentro da milenar tradição universitária; o

projeto físico do Campus, então, compromete esse componente: o de lugar a visitar e, por meio dele, recolher impressões sobre o povo e o País brasileiro; essa dimensão deve criar equilíbrio entre a abordagem comunitária introvertida, voltada para o planejamento do atendimento das necessidades de seus componentes, e a abordagem comunitária extrovertida, voltada para o Campus como espaço de recepção e representação do País.

5.3 – A QUALIDADE DO ESPAÇO COMUNITÁRIO E INSTITUCIONAL

Avalia-se com moderação a situação atual do Campus, em termos da qualidade dos seus espaços físicos e dos níveis de manutenção que têm conseguido manter. Poucos investimentos de grande porte se fizeram no Campus Universitário desde a década de 1970, e a escassez das verbas públicas destinadas à UnB a tem mantido entre situações deficitárias e situações de precário equilíbrio financeiro. Esse descompasso se reflete nos espaços físicos, que naturalmente se desgastam e obsolescem. Toda essa situação se reflete

negativamente, em diferentes graus de gravidade, e é expressa na qualidade dos espaços construídos existentes, assim como em outros aspectos da própria organização universitária: como num organismo, alguma debilitação pode implicar níveis de exigência menos rigorosos. Em termos da qualidade dos espaços construídos,

temos como indício de exigência deficitária a aceitação, em episódios recentes, de padrões arquitetônicos inferiores aos praticados no Campus desde sua fundação (a atual sede da Prefeitura do Campus, construída há cerca de oito anos, exemplifica a aceitação de níveis precários dessa ordem, entre outras situações).

Contudo, diversas medidas, ainda que parciais ou paliativas, têm- se tomado para que não ocorra o agravamento na queda da qualidade de vida no Campus; especialmente no campo da segurança pessoal, o policiamento militar ostensivo contribuiu para que o Campus não se tornasse lugar violento, sobretudo nos últimos cinco anos. Diversas iniciativas nos campos do investimento tecnológico (como a REDUnB), da captação de recursos (como o CESPE), entre outras, podem ser apontadas como provas da capacidade institucional de buscar soluções – e encontrá-las.

Retomar níveis superiores de qualidade, especialmente no sentido físico, dos espaços construídos, exige investimentos significativos, associados a concepções de padrões de atividades e de espaços arquitetônicos bem-qualificados. O processo de ocupação do Campus

deve ser operado por meio de instrumentos que garantam a retomada de níveis superiores de qualidade para os espaços construídos e para a própria organização universitária.

Num amplo sentido, a comunidade universitária tanto é objeto quanto é sujeito no processo de transformação que delineamos, na direção de um Campus Universitário plenamente ocupado e bem organizado. O fortalecimento das instâncias participativas, de forma associada ao conhecimento da comunidade universitária (num sentido ampliado, como o que se vai trabalhar), deve conduzir importantes aspectos de um processo de ocupação qualificado.

Por outro lado, tanto o corporativismo (no corpo docente, discente e de funcionários) quanto o assistencialismo (como forma de cooptação e desvio de finalidades dos recursos disponíveis) representam o mais sério risco dos processos participativos institucionais, insubestimável empecilho ao planejamento orientado por padrões de desempenho. O Campus Universitário Darcy Ribeiro ainda não apresenta problemas associados a iniciativas de ordem corporativa ou assistencialista, mas seu Plano Diretor Físico dispõe claramente, por exemplo, acerca do limite de crescimento da área habitacional em seu território – uma categoria de uso necessária, mas que deve ser limitada física e funcionalmente em níveis próximos aos atuais (ver, no Capítulo 16, Descrição dos Setores Físicos, os fichamentos das Unidades Físicas SN-5 e SP-2, respectivamente, a área habitacional da Colina e a Casa do Estudante Universitário). O conforto de

professores, funcionários e estudantes será previsto nas respectivas programações arquitetônicas, dentro do plano de obras que deve resultar da definição de metas institucionais.

5.4 – CENÁRIOS DE PROJETO (SOBRE A VIDA COMUNITÁRIA)

Deve-se considerar que a proposta final do Plano Diretor do Campus Universitário Darcy Ribeiro (configurada como sua Setorização e Zoneamento – ver a Parte III deste trabalho) considera que a ocupação plena do Campus possibilita a quintuplicação dos espaços construídos

e da freqüência de população, considerados os níveis atuais – ver as Tabelas-resumo dos Setores Físicos do Campus, no final do Capítulo

16 – Descrição dos Setores Físicos. Essa será a situação de plena ocupação do Campus, à qual se estima chegar entre os horizontes dos anos 2030 a 2050 (se for aceita uma progressão de investimentos anual, em espaços construídos, entre 20.000 m2 e 35.000 m2 por ano, bem como a manutenção das taxas de ocupação e índices de aproveitamento preconizadas neste Plano Diretor Físico, desde que plenamente aplicados). Mais de 150.000 pessoas poderão freqüentar diariamente o Campus plenamente ocupado, o que o converterá numa fração urbana de destacada importância para os deslocamentos, para a realização de eventos, para o encontro das pessoas no contexto do território do Distrito Federal. Que comunidade será essa ?

A projeção da população no tempo não é o mesmo que a projeção da comunidade, também no tempo. A comunidade

universitária é marcadamente funcional e formal, mesmo que se apontem importantes traços de organicidade, mantidos sobretudo por grupos de funcionários e professores que compartilham memórias e vivências por sua própria interpretação da história da instituição (a memória da comunidade também é distinta da memória da instituição e sua interpretação é relevante para o planejamento físico, como discutiremos no Capítulo 8, Vetores de Ocupação, e no Capítulo 12, Paisagem

Criada; esse é aspecto distintivo desta universidade, que mantém uma

memória comunitária que é crítica da memória institucional, fruto do longo período de intervenção militar; em um plano que nos interessa, temos que

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA / GABINETE DO REITOR / PREFEITURA DO CAMPUS

PLANO DIRETOR FÍSICO DO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DARCY RIBEIRO

PARTE I - DIRETRIZES DE PLANEJAMENTO FÍSICO E INSTITUCIONAL / ASPECTOS COMUNITÁRIOS

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