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5 PERCURSO METODOLÓGICO

5.1 Etapas da pesquisa

5.1.3 Análise de aplicativos

5.1.3.1 Aspectos técnicos

Para a definição desses requisitos buscou-se inicialmente dentro dos manuais e padrões da política de governo eletrônico brasileiro, especificações que pudessem ser avaliadas nos aplicativos. Entretanto, não constavam nesses documentos nenhuma orientação específica para essas ferramentas.

Procedeu-se também busca por orientações técnicas específicas dentro dos manuais disponibilizados pela Identidade Padrão de Comunicação Digital, mas também não foram identificadas especificações. Buscou-se entretanto, integrar à análise, requisitos que pudessem verificar alguma aderência dos aplicativos aos princípios gerais que se relacionassem a aspectos técnicos das propriedades digitais do governo, nas quais se encaixam os aplicativos móveis, segundo a Identidade Padrão (BRASIL, 2014). O que para os aspectos técnicos, limita-se ao princípio do acesso universal, que estabelece a necessidade de facilidade de acesso aos conteúdos.

Na ausência de orientações técnicas específicas para os aplicativos nas políticas analisadas, partiu-se então para uma adaptação dos requisitos propostos por Codina et al (2011) para a realidade dos dispositivos e aplicativos móveis, considerando

características dos aplicativos relacionadas à navegação e recuperação; à comodidade e facilidade de uso; à luminosidade e à usabilidade.

5.1.3.1.1 Navegação e recuperação

Em relação a navegação e recuperação foram analisados requisitos que buscavam identificar a simplicidade e consistência da interação do usuário com o aplicativo. Assim, foram analisados os seguintes requisitos:

a) O aplicativo dispõe de um resumo geral que forneça informações sobre as principais ações disponíveis?

b) É possível acompanhar a estrutura de conteúdo de forma sequencial? c) É possível acessar diretamente qualquer seção importante da publicação

sem ter que passar por seções anteriores?

d) Existe, pelo menos uma parte do aplicativo que seja constante, ou seja, que permaneça a mesma em todas as seções do aplicativo?

e) O aplicativo contém menus ou resumos locais que facilitem conhecer detalhadamente seu conteúdo temático e acessar qualquer uma de suas partes com uma quantidade mínima de cliques?

f) Existem links usados para conectar seções ou itens que mantém entre si algum tipo de associação?

g) As etiquetas textuais, ou ícones das opções do menu são claras? h) Há sistema de acesso à informação através da busca por palavras? i) Existe algum tipo de busca avançada?

5.1.3.1.2 Ergonomia

A ergonomia, segundo Codina et al (2011) relaciona-se à “facilidade e flexibilidade nas ações do usuário na interface, à clareza do desenho e a legibilidade de fontes e tipografia utilizada” (CODINA et al, 2011, p. 245). Assim, foram analisados os seguintes requisitos:

a) As ações aparentemente mais frequentes são as mais acessíveis? b) É possível executar as mesmas ações de maneiras diferentes? c) Há contraste adequado entre texto e fundo?

d) A família e o tamanho da fonte são apropriados para uma boa legibilidade?

5.1.3.1.3 Luminosidade

O aspecto da luminosidade considera, segundo Codina et al (2011) os enlaces que a interface recebe e enlaces que dirige a outros sítios, e sua consistência e qualidade. De forma prática esses enlaces consistem na presença de links para fontes externas. Em relação aos aplicativos móveis, por serem ferramentas operacionais e funcionarem em dimensão física reduzida esse recurso é importante para que o usuário possa ter acesso a informações adicionais fora do aplicativo. Dessa forma, na versão adaptada para aplicativos móveis foram analisados os seguintes requisitos:

a) Aparecem links para fontes externas no contexto oportuno?

b) Os links estão devidamente identificados, de forma que antecipem ao leitor o resultado de ativá-lo?

c) O número e a natureza do link são adequados às características do recurso?

d) A publicação apresenta indícios de que os links foram selecionados e avaliados de acordo com algum critério claro?

e) Os links estão atualizados?

f) Há alguma informação de valor acrescentada sobre os links?

5.1.3.1.4 Usabilidade

Segundo Nielsen (2012), a usabilidade avalia o quão fácil é para o usuário utilizar determinada interface. Para o autor, a usabilidade é uma condição de sobrevivência para interfaces na web.

Se a página não mostra claramente o que a empresa oferece e o que os usuários podem fazer no site, as pessoas saem. Se os usuários se perderem em um site, eles saem. Se as informações de um site são difíceis de ler ou não respondem a perguntas-chave dos usuários, eles saem. Nota um padrão aqui? Não há tal coisa como um usuário lendo o manual de um site ou caso contrário, gastando muito tempo tentando descobrir uma interface. Há uma abundância de outros sites disponíveis; o abandono é a primeira linha de defesa quando os usuários encontram uma dificuldade71 (NIELSEN, 2012, tradução nossa).

Para realizar essa avaliação, Nielsen (2012) criou dez heurísticas de usabilidade que consideram a visibilidade de status do sistema; o relacionamento entre a interface do sistema e o mundo real; a liberdade e o controle do usuário, a consistência da

71 If the homepage fails to clearly state what a company offers and what users can do on the site, people

leave. If users get lost on a website, they leave. If a website's information is hard to read or doesn't answer users' key questions, they leave. Note a pattern here? There's no such thing as a user reading a website manual or otherwise spending much time trying to figure out an interface. There are plenty of other websites available; leaving is the first line of defense when users encounter a difficulty. (NIELSEN, 2012)

linguagem; a prevenção de erros; o reconhecimento através da lembrança; a flexibilidade e eficiência de uso e a estética e design.

Porém, Olibário Neto (2013) destaca que a usabilidade de dispositivos móveis é muito peculiar, pois possuem limitações que inexistem no caso dos computadores pessoais.

As limitações mais evidentes são as de caráter físico. Por exemplo, as telas dos dispositivos móveis são consideravelmente menores que as dos computadores pessoais. No caso, é oportuno lembrar que dois fatores devem ser considerados quando se cita a tela de um dispositivo como fator importante para usabilidade de interfaces: o comprimento diagonal da tela do aparelho, que define o número de polegadas que ela possui, e a resolução da tela, ou seja, a quantidade de pixels existentes em proporção à tela (NETO, 2013, p. 4).

Considerando essas e outras especificidades dos dispositivos móveis, o autor propõe que sejam utilizadas heurísticas diferenciadas para a avaliação da usabilidade de aplicativos móveis. Essas heurísticas seriam: bom aproveitamento do espaço da tela; consistência e padrões de interface; visibilidade e acesso fácil a toda a informação existente; adequação entre o componente e sua funcionalidade; adequação da mensagem à funcionalidade e ao usuário; prevenção de erros e retomada rápida ao último estado estável; facilidade de entrada de dados; facilidade de acesso às funcionalidades; feedback imediato e fácil de ser notado; ajuda e documentação; e minimização da carga de memória do usuário.

Por se tratar de objeto de estudo diferenciado, a ferramenta de análise considerou as heurísticas específicas para os dispositivos móveis aplicadas ao formato proposto por Codina et al (2011). Dessa forma foram analisados os seguintes requisitos:

a) Há bom aproveitamento do espaço em tela?

b) Há consistência e padrões de interface; o acesso é fácil a todas as informação existentes?

c) Há adequação entre o componente e sua funcionalidade? d) Há adequação da mensagem à funcionalidade e ao usuário?

e) Ocorre prevenção de erros e retomada rápida ao último estado estável? f) Há facilidade para a entrada de dados?

g) Há facilidade de acesso às funcionalidades? h) Há feedback imediato e fácil de ser notado? i) Existe mecanismo de ajuda e documentação?